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Poesias-->30. SEM VAIDADE -- 27/11/2003 - 06:47 (wladimir olivier) |
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Nunca mais diga besteiras,
É o aviso que lhe dou.;
Foi com chorrilho de asneiras
Que meu Umbral pretejou.
Palavras ditas à toa
Poderão não ter sentido.;
Mas, por certo, coisa boa
Não trarão ao meu ouvido.
Se é verdade que devemos
Manter os lábios cerrados,
Também é fato que iremos
Ter de falar aos calados.
Quem tem a luz do Evangelho,
Tem responsabilidade.;
Seja novo ou seja velho,
Há que viver na verdade.
Estamos compromissados
Com o bem da boa nova.;
Por isso, estamos fadados
A passar por esta prova.
O nosso voto de amor
É ato só de bondade.;
Perante o Consolador,
Pratiquemos caridade.
Foi arguto o nosso Mestre,
Ao trazer a boa nova:
Perante esse bem celeste,
Tudo agora se renova.
Caminhemos um pouquinho,
Em nossa estrada da vida.;
Ajamos com mais carinho,
Demos co’o mal de vencida.
São os versos imperfeitos?
Vamos ter de melhorar.
Somos doentes nos leitos,
Em busca de nos curar.
Queremos pôr por escrito
As idéias que nos vêm:
Da escuridão nasce o grito,
A apontar que existe alguém.
Por mais força que façamos,
Nossos versos não são bons.;
É sinal que precisamos
Refletir sobre esses dons.
Da mesma forma, os amigos
Que se sentem inferiores
Resguardem-se nos abrigos
Dos espíritos mentores.
O sonho de ser poeta
Atravessa estes espaços,
Pois, p’ra alma ser completa,
Deve dar todos os laços.
Mas como existe vaidade,
No bojo do versejar,
Ajamos com caridade,
Como é rico o céu e o mar,
E, com naturalidade,
Não iremos vacilar.
É bem grande a expectativa
Por um verso mais perfeito
Duma alma bem criativa
Que p’ra a arte leve jeito.
Declarado o treinamento,
Tudo se irá encaixar.;
Atenua-se o tormento,
A importância sai do ar.
Entretanto, nosso amigo
Sente o coração pesar:
Vai ficando muito antigo
O seu voto de ajudar.
Se lhe pedirmos paciência,
Poderemos ofender,
Pois é o que tem prevalência
Nesse seu modo de ser.
Por isso mesmo, amiguinho,
Ousaremos prosseguir,
Aceitando o seu carinho
E a vontade de servir.
Mas havemos, entretanto,
De reconhecer um fato:
Vamos melhorando tanto,
Que parece espalhafato.
Era sério o nosso verso,
No comecinho da tarde.;
Já se torna mais perverso,
Pelo fato deste alarde.
Quisera fazer poesia,
Como a água mata a sede,
Como é forte a maresia,
Como o peixe cai na rede.
Entretanto, estes versinhos
Vão somente declarando
Como são pequenininhos
Os seres que estão falando.
As águas correm p’ros rios,
Os rios procuram os mares:
Nos oceanos mais frios,
Passam nuvens pelos ares.
É esse o fim dos meus versos,
Após tantas tentativas.;
Pelas águas vão, imersos:
São lágrimas, são salivas.
Paremos o sofrimento
Desta lúgubre poesia.;
Faz-se mais forte este vento
Que nos traz doce alegria.
Sorrindo p’ros nossos versos,
Ficamos bem mais espertos,
Sejam eles mui perversos,
Terão seus destinos certos.
Caprichemos, irmãozinho,
Na feitura destes versos,
Pois é, por nosso carinho,
Que os males serão dispersos.
Hoje temos muito tempo:
Podemos desperdiçar.;
O trabalho está mais lento,
Mas a obra irá gorar.
— “Isso não tem importância” —
Diz o médium satisfeito,
— “Pois vai ser com elegância
Que bateremos no peito...”
Preocupa-se o nosso irmão
Com o volume dos versos.;
Dispara-lhe o coração
Com estes dias adversos.
Já passamos duma hora,
Efetuando os ditados.;
Agora já não demora
Para o momento esperado.
Sabendo que deveremos
Agradecer ao irmão,
É bem isso o que faremos,
Ao término do refrão:
— “Obrigado, bom amigo.;
Iremos contar contigo!”
Finalmente, a nossa prece
Ao bom Pai que está no Céu,
Que nossas almas conhece,
Apesar de espesso véu:
— “A vossa bênção, Senhor,
Para os que penam em dor.”
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