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| Poesias-->entra...amor,entra -- 01/12/2003 - 01:03 (maria da graça ferraz) |
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Entra...Amor, entra
Gracias a la vida
É a mesma casa. Recorda-a?
A mesma velha porta
A mesma mesa para duas pessoas
ainda está posta
Sobre ela, o jarro de vidro,
onde uma velha flor brilha,
teimosa, afogada, partida
É a mesma casa! Lembra-te?
A mesma rede. O mesmo gato.
Não faça cerimônia e entra
É a mesma casa! Ainda fincada
à ribanceira, o mesmo teu retrato
na parede, o mesmo cheiro adoçicado
de cana de açúcar por todos os lados, a mesma fechadura,
os mesmos pratos de sobremesa,
a mesma toalha encardida e barata
comprada logo ali na feira
É a mesma casa! Confira. Veja.
A única coisa que não combina
com ela é esta "eu" mesma
É a mesma casa! O mesmo formato!
Não te acanha. Deixa teus sapatos
à porta. Pisa descalço. Vem.
Não! Não há ninguém.
Desde que partiste, aqui dentro,
como lá fora, a vida se detém
Incluindo esta eu mesma
a errar o delineador, a dose do amor,
a cor do batom, a altura da saia
Mas o que isto te importa?
É a mesma casa! Recorda-te?
Desde que tu foste embora,
nada mais cresce e nem se deteriora
As coisas permanecem iguais
porque algo ficou inacabado
Finaliza, amor, o que deixaste para trás
ou para aqui não volte nunca mais!
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