Ela tenta nos levar,
por força da energia
e do amplo ribombar,
querendo a primazia,
e quase sempre consegue,
se presentes não estamos.;
e sua ação prossegue,
se ela mesma nos tornamos.
O pensamento padrão
gera elo vicioso
com a própria emoção,
instante dificultoso.
Havendo situação,
fato, ou com pessoa
que causou a emoção,
o pensamento entoa
sempre a mesma canção,
e que ela lhe ecoa,
recíproca energia
que entre ambos ressoa.
A perda da preensão
de quem somos realmente
é a grande emoção,
que das demais é semente.
Mais que medo, "sofrimento",
sentir-se abandonado,
faltando um complemento,
é sentir-se desligado.
E quanto mais nossas mentes
pretendem nos religar,
nascem novas descendentes
do "sofrimento" vulgar.
As emoções positivas,
o amor, a alegria,
são verdadeiras convivas
da graça que irradia
o Ser, quando a pessoa
interrompe o pensar
e paz profunda ressoa.;
não há voz pra escutar,
uma beleza sem par,
um cansaço ao extremo,
ou perigo a passar,
cedem ao amor supremo.
É somente um instante
de alegria intensa,
uma paz estonteante,
serenidade imensa,
um intervalo na mente,
que retoma o processo
do pensar freqüentemente,
incontrolável regresso.
Paz, alegria, amor,
não conseguem florescer.;
um costumeiro torpor
vem para os esconder.
Emoções eles não são,
estão no eu mais profundo,
e nossa maior missão
é buscar o contrafundo,
além do emocional.
Emoção desordem é,
um movimento banal
que empana nossa fé.
Estados profundos do Ser,
paz, amor e alegria
é que nos dão o poder
de gerar a energia
que não tem opositor
no nível em que opera,
pois seu grande propulsor
atrás da mente impera.
Emoções, por outro lado,
fazem parte do mental
processo descontrolado,
fluxo do bem e do mal.;
uma alegria falsa
é um prazer muito breve,
que com a tristeza valsa
e logo, logo prescreve.
O prazer não se mistura
com a alegria plena,
por ser externa figura
e parte da antecena
do ciclo alternativo
sofrimento e prazer:
um que é mal, recidivo,
outro, que não vai crescer.
Também, o amor fajuto
pode provocar prazer,
excitar por um minuto
e em ódio fenecer.
Amor que é verdadeiro
não permite sofrimento.;
alegria, por inteiro,
supera qualquer evento.
Antes de bem atingirmos
total iluminação,
é sempre bom conferirmos
o que faz religação.
Antes de nos libertarmos
do fluxo de pensamentos,
é preciso atentarmos
pra lampejantes momentos
de alegria singela,
de um amor verdadeiro
ou de paz, com descautela,
que nos pegam por inteiro.
São aspectos reais
do Ser, intensos e vivos,
que, em instantes fatais,
a mente faz inativos.
Ficamos impressionados,
desprovidos de ação,
como fôssemos roubados,
vítimas de ilusão.
Não houve perda, de fato.;
ilusão, também, não se deu:
da mente um aparato
surgiu e os escondeu.
Tal estado natural
a mente pode barrar,
mas, por ser original,
nunca pode acabar.
O Sol, se está coberto,
somente se escondeu,
e permanece aberto
em seu pleno apogeu.
Veja a seguir: Os dois lados do dindin