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Poesias-->O ENFORCADO -- 17/12/2003 - 13:54 (Ricardo França de Gusmão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Toda noite ele aparece tenebroso

Sombra balançando na parede

Do meu quarto.

Nunca vi vulto tão silencioso

Mas sinto seu desespero solitário

E seu mundo enlouquecido.

Não sei por quê me visita o enforcado

Com seu corpo dependurado

Em leves movimentos para os lados

Feito um pêndulo de um ex-vivo.



Sofro tanto pelo meu amigo enforcado

Que parece que nos conhecemos

De há muito tempo,

Numa outra vida que já não me lembro

Dejaví de amizade, tragédia e sofrimento.

Percebo que sua vida fora jovem

E uma energia fluídica de paixão

Ainda em suas veias na morte percorre

Movida pela força de uma grande emoção

De algo que para sempre

Não se esquece e nunca morre.



Às vezes o lamento desse estranho

Parece povoar-me o sonho tanto

Que o ar me falta, não respiro,

Então na cama me reviro

Em pesadelo assustado

Coração bate acelerado

Balança meu corpo na ponta da corda

Indo e vindo pendurado no quarto.

Meu amigo pede uma vela e eu acendo,

A claridade me revela o rosto moço,

Cabelos cacheados, a blusa branca,

Mangas compridas que escondem fortes braços,

A cabeça tombada num dos ombros,

O roxo da pele, cor da falta de ar,

Mesmo na morte meu amigo padece

Pois não tem quem lhe vele o agoniado penar.



Nossa amizade tênue saudade

Entre o ser que fui e que hoje há

Está suspensa e perfuma de tristeza

E de melancolia o ar.

Permanecemos silenciosos

Em respeito um ao outro,

Pois eu sei que ele sofre

E ele sabe que eu sofro.



O meu amigo enforcado,

O meu amigo tenebroso,

Surgiu de mim doido passado,

O meu fantasma, o meu desgosto.

A imagem pálida levemente balança

Unindo o ontem, o hoje e o amanhã,

Meu bom amigo morreu sem esperança

Numa tarde de maio, numa linda manhã.

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