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Poesias-->IDE, VERSOS MEUS! -- 27/01/2004 - 02:01 (RICARDO MATOS DAMASCENO) |
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Ide, versos meus, como pombas sem destino,
Em busca dos cuidados de alguém em qualquer canto.
Não vos culpeis se não tiverdes rumo,
Pois sois compostos de ubiqüidade.
Ide, versos meus, ao coração distante,
Para enchê-lo de pranto ou de esperança,
Para enchê-lo de tristeza ou de ternura,
Ao longe, bem ao longe, sem destino.
Não vos culpeis se pouco êxito logrardes
Aqui e ali, por onde fordes passear.
Um dia, voltareis, como quem vai e não encontra
O pouso certo das vitórias incertas.
Ide apenas ao coração alheio
Enchê-lo do mistério de uma vida,
Do mistério das palavras ressurrectas,
Das palavras renascidas no olhar.
Ide aos olhos de quem vos deseja,
De quem vos tem como sinal alvissareiro,
Capaz de fazê-lo ver na pedra, não a pedra,
Mas a vida em gérmen, a vida em pródromo.
Ide sem despedida, sem últimos acenos,
Para não vos sentir e de vós não me vir comiserar...
Ide simplesmente e não volteis agora,
Não tão brevemente quanto minha saudade o deseje.
Saí de entre meus dedos, como grafismos,
E de minh’alma, como essências olorosas.
Ide ressignificar alguém, ajudar um coração qualquer,
Acoroçoar, algures, uma vida carecente.
Podeis, ah como podeis, porque sois verdadeiros.
Ide, abandonai-me agora, deixai-me aqui,
Sem ter-vos por enquanto.
Quem sabe de vós me venha socorrer um dia.
Socorrei-me também.
Sede a brisa amena a refrescar de leve o calor da vida,
Da vida inexorável, da vida além de mim e de minhas forças.
Ide, versos meus, ide e não volteis agora.
Ricardo Matos Damasceno
FSA, iniciado outrora e concluído em 18/19.01.2004
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