Usina de Letras
Usina de Letras
76 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62563 )
Cartas ( 21339)
Contos (13279)
Cordel (10457)
Crônicas (22549)
Discursos (3243)
Ensaios - (10496)
Erótico (13582)
Frases (50934)
Humor (20091)
Infantil (5515)
Infanto Juvenil (4840)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1377)
Poesias (140965)
Redação (3330)
Roteiro de Filme ou Novela (1064)
Teses / Monologos (2439)
Textos Jurídicos (1963)
Textos Religiosos/Sermões (6268)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Canção do Natal -- 21/01/2000 - 09:34 (sidney pires) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Ainda a pouco houvera chovido



E o céu cinzento, um chão molhado,



Viram descer pela Rua das Monções



Antes que houvesse o entardecer



Dois guris de olhar assustado



E coração de aventureiro





“Por favor, seu moço!



Tem nozes, castanhas ou avelãs?



Não?! Obrigado”





Naquela época éramos dois baixotes



Eu devia ter nove, uns oito talvez meu irmão,



E entrávamos em todo lugar



Com aparência de empório, mercadinho ou



Bar, e logo vinha o refrão:





“Por favor, seu moço!



Tem nozes, castanhas ou avelãs?



Não?! Obrigado”





A chuva, então, começara a cair novamente



Fina, como acontece de ser fina



A chuva das tardes tristes



E a poesia descia rente às calçadas



Em filetes de água cantante e colorida



Escorrendo junto à dupla animada











“Por favor, seu moço?



Tem castanhas, nozes ou avelãs?



Não?! Obrigado”





E apesar da roupa e os cabelos molhados



Nós não desistimos da empreitada



Não sei se era sonho, encantamento, esperança



Ou essa doidice própria das crianças, enchendo-nos de



Um impulso forte, aquela euforia doce e infantil



De estar descobrindo os segredos do Brasil





“Por favor, seu moço?



Tem castanhas, nozes ou avelãs?



Não?! Obrigado”





E de obrigado em obrigado



Com o olhar recatado, ao som de chinelos molhados,



Nós seguimos sempre andando



Até conquistarmos o fim da rua



Onde a poesia morria contarolando



Nas frestas de um bueiro enferrujado





Que tempos difíceis eram aqueles



Seu moço!



Somente agora é que eu percebo





Volvemos então para casa



De alma lavada e cansados quase nada



Sem as castanhas, as nozes e as avelãs



Mas no coração não cabia agrura



Somente habitava a mágica ventura, de aprender



Ponta a ponta toda aquela imensa rua





Lembro, ainda, como se fora hoje



O olhar doce de mãe, terno e admirado,



Fitando um par de mini-heróis ensopados







Pois eram difíceis, difíceis mesmo aqueles tempos



O meu pai desempregado, o dinheiro minguando e



A coisa ficando quase preta



Mas a poesia nascia com o vento



Descia no lombo do tempo e cantarolava



Colorindo até as sarjetas





Hoje em dia lá em casa temos de tudo



Nozes, castanhas, avelãs



Só vendo o absurdo!





Mas são outros os natais, outra Monções



Aos olhos de um mesmo menino aventureiro



E ele segue pela chuva, que o beija molhado



Esperançoso junto ao vento, de passo ligeiro



À procura de algum som, primícias de poesia



Cantarolando nas frestas de qualquer bueiro





Mas que nada!



Sumiu a emoção, morreu a aventura



Não há poesia nos bons tempos!













E andando de um jeito arrastado



O rosto molhado e gelado



Um medo tremendo de gripe



Volto para a casa cansado e sisudo



Sob o olhar triste dos bueiros



Que me fitam mudos.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui