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Poesias-->Pura Causalidade -- 06/02/2004 - 17:07 (Rogério Beier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pura Causalidade

por Rogério Beier - dedicado à Marilene Felinto



Hoje acordei com o barulho da passeata

que pedia a justiça da garota rica assassinada.

Os gritos clamavam por uma estranha reparação:

que a triste morte da menina servisse de exemplo para a nação

E que nossa moderna justiça

regredisse à antiga lei do Talião.

"Olho por olho, dente por dente" era o pedido da manifestação



Ao ver de minha janela toda aquela agitação

Logo vi a armadilha por trás da manifestação

que somente clama por reparação

na morte de alva e rica representante da nação.

E isso, não vêem os atrofiados olhos da população



Já não enxergam mais que diariamente

morrem pobres e negros, também gente.

Esquecidos nas periferias como indigentes

sem helicóptero, TV ou manifestações

que clamem pela justiça de suas execuções.



E essa nossa elite ainda se pergunta o porquê

De haver tamanha violência

nesse mundo criado na urgência

de lhe manter no poder. "Oras porquê?"



Não enxergam que o mundo que criaram

é sucesso de crítica e público.

E até mesmo os excluídos já o adotaram

seguindo o lema do ter como valor único.



Todos querem ter um carrão com uma anoréxica ao lado,

Uma casa de campo, uma de verão e um "apê" todo equipado.

Todos querem um celular de última geração

e um Óculos Armani para andar no seu carrão.

Porquê os excluídos não?



Sim, eles também querem ter!

Só que deram o azar de nascer

justamente onde ninguém quer ver.

Nos morros e favelas,

campos e sertões

empurrados para bem longe de suas parcelas

Onde alguns poucos cuidam dos bilhões



Vivem por pura teimosia

porque mesmo nascer na periferia

já é um exercício de rebeldia.

Insistem em nascer apesar de todo o descaso:

é o hospital distante, o atendimento escasso,

a falta de leito e nasce mais um bebê sem regaço



Oras, porquê?

Insiste a irritante pergunta burguesa.

Hipócritas, fingem não ver a pura causalidade,

a lei da ação e reação em sua mais pura simplicidade.

Pois mesmo dentre os animais, no seio da natureza,

quando acuados, lhes fala mais alto o instinto de defesa.



Como pode a população nesta manifestação

clamar pelo retorno da antiga lei do talião?

Somente se imaginarmos uma conspiração

dessa podre elite, visando apenas a eliminação

dos pobres e negros, símbolos da exclusão.



Mas exatamente como na natureza

Quando acuados, falará mais alto o instinto de defesa

E o clamado olho por olho, dente por dente

determinará um país de cegos e banguelas.

É a pura causalidade, sempre premente.

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