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Poesias-->Matéria única -- 08/04/2004 - 21:45 (Isaias Zuza Junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


I.



Por que te sei mais que a mim mesmo

se me sabes pouco durante tanto tempo

em que finjo nada nos meus olhos de tudo

quando tudo que quero são teus olhos de muito



Por que me dizes coisas do teu vento

se não vejo tuas nuvens se transformando

modos que possa eu ver e, depois de tudo,

compreender que minhas folhas se agitam por ti



Eu não sei o que é do futuro das gentes todas

e eu, e você, e da separação da luz e das trevas

e da união dos que se amam, e dos que não se sabem

– eu não conheço ninguém, não procuro ninguém

não quero nada, eu apenas vejo as coisas surgirem –



mas eu que penso coisas de fazer tua vida perto da minha

mas eu vivo coisas que me fazem crer que você não passa

dos dias, não passa para sempre, que és hoje * dia dentro de noite dentro

de dia, e assim surgem as coisas, e assim eu te conheço, eu te procuro, e

te quero, porque vejo sóis e luas sem dormir, dessa maneira unindo



poros e porras no mesmo corpo misturando minha matéria em tua matéria

e, corpo no corpo, como o mundo fez a natureza, nossa humana criatura

lembrando de tempos antigos antes qualquer natureza que fazia vento

e balançava folhas, e causava dúvidas, e causava amor, causando matéria única *



Qualquer resposta para dizer por que te amo

é perto da mentira, e é perto do medo, ao tempo

que é longe do amor, longe do estar perto, e se afasta

de tudo e fica perto do nada e do fingimento.



O que acontece de repente fica para sempre e não

acaba, e não é racional, como o dia vira noite e vira

dia no passar das nuvens que ao sol estão aqui e, quando

há lua, ficam da mesma forma aos meus longes.



Eu só sei assim as coisas, eu só conheço assim a

pinturas dos quadros, o amor das camas, e das almas...





II.



Hoje descobri que também a fumaça faz sombra

e mais que as nuvens, que são grandes e altas,

que são do mundo inteiro e para a vida inteira.



Os balões, os fogos, as comemorações, o cheiro dos carros

e as pontas dos cigarros são bem mais escuros e diferentes do sopro de Deus, não

se parecem com vida, são diferentes de mim. Estou farto!

E tão longe do caminho que sigo estão esses gases, tão longe, tão longe

que na minha sabedoria há condições próprias de se afirmar que não

existe mudança das formas, por isso não contêm vidas e em nada são parecidas

com o cão e o cavalo, a árvore e a mulher desenhados dentro de minha imaginação.

Os bens dos homens se dissipam em vaidades. A fumaça não é nuvem,

os homens não sabem construir torres, e o que alguns vêem perto de mim

nunca será sequer parte da essência do que foi visto em outra parte da aldeia,

da cidade pequena e da cidade grande, do país que nunca ouvi falar.





III.



Tudo é tão igual e verdadeiro aos cegos

que há todo tipo de cegueira para todos os fatos

e para todas as pessoas, e para mim que observo

e me perco em dúvidas tantas, quereres, e nunca tento

nada, nenhuma estrada. Eu paro, eu não caminho, eu não procuro

eu somente morro, aos poucos, aos trancos, aos berros em silêncio

dentro da vida que parece sempre voltar em forma de nuvem.



Mas também as nunvens nunca são as mesmas, se agrupam e se separam

e desenham coisas que são lendas pessoais, de forma que o que eu vejo

ninguém mais vê, e somente você enxerga o que eu conheço de outro modo,

com outros traços, outra vida – eu não vejo como vês – porque a vida foi reinventada.

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