LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->Soneto d’Isabela -- 11/04/2004 - 16:09 (Isaias Zuza Junior) |
|
|
| |
Segunda-feira, Novembro 19
Perdida
Abro os braços para o espaço
de abrir e fechar a vida,
fazer do momento um traço
do que faço ser mantida.
Corro ao encontro do desenho
num corpo em linhas retas,
não tenho parada, eu venho
nas curvas, nunca nas setas.
Faço do olhar instrumento,
meço e perco as medidas,
faço círculo no vento.
Assim sou eu, quase um vulto,
aquela entre as perdidas,
no meio do povo em tumulto.
AddThis
Autor: Isaias Zuza Junior às 15:01:00 0 comentários
Categorias lentidão
Quinta-feira, Novembro 15
Poema-mundo
Vou formando seres de ruas, praças e colégios
sempre acompanhando homens de negócios
numas conversas de que mundo é um papel
noticiando a gente na guerra, nós de correr dias...
Eu e você, mundo com agulhas a costurar
o vai-vem da bola rolando, da bola voando,
uma novela que se desenrola na perfuração
do novelo da terra cheia de petróleo e gás...
Porque meu destino é relevo de passagem,
trago comigo a percepção por toda matéria
desde o tocar só por ser, ao sentir que tudo
em minhas mãos é de areia, centelha de explosão.
Autor: Isaias Zuza Junior às 09:08:00 0 comentários
Categorias fúria, lentidão
Quarta-feira, Novembro 14
Conveniência
Convém dizer que os sonhos não morrem,
mas que são povoados de figuras sem paisagem:
como trouxesse numa fita um recorte, morro somente
por aquilo que quero morrer, pelo desejo de perda
e desejo de posse tanta, por aqueles que morrem.
Existe na escuridão da linha em branco passagem,
feita de traço, formando no poema acidente,
construindo a razão e a função de todos os sucessos
que passam por nós e nos tocam com azar ou sorte
os sentidos e a alma, do fio do cabelo à boca do estômago.
E o que fazemos, e o que deixamos, é um sonho para ser
aperfeiçoado em figuras em série, de paisagem branca
recorte de traço, morte de tudo, como num ciclo
semente de vida, mero acidente, seqüência de ganho
mais sonho de perda, passagem sem linha e dizer de posse
pois convém dizer que os sonhos não morrem jamais.
Autor: Isaias Zuza Junior às 06:55:00 0 comentários
Categorias divagações
Segunda-feira, Novembro 12
Caminhar
Eu caminho porque os outros fiam
caminho porque tu na tua força dispõe-te
e eu te respondo com a herança divina.
Eu caminho porque os outros bradam
e caminho porque teu chamado é pleno
de redenção no que não há d’outros ter.
Caminho porque esperas minhas guias
e caminho porque te alvas em minha flecha
como centro que a mim se faz prêmio.
Eu caminho porque te fazes chegada e pódio
caminho, porque em tua estrada não há desastres
e caminho porque não és pedra, eu não sou tropeço.
Caminho, caminho, caminho - sempre contigo...
Autor: Isaias Zuza Junior às 16:42:00 0 comentários
Categorias lentidão
Sexta-feira, Novembro 9
Construção
Qualquer palavra é menos que a sensação
e o pensamento de um engenheiro na construção
faz uma aquarela caindo braços, levando amor
no dar-se ao amante como às suas pedras.
Qualquer palavra morre num momento
em que se avivam os olhares antes cegos,
numa razão impetuosa do ser, diante os corpos
equilibrados em seus elementos químicos.
Não há amor nem matéria no poema
que a palavra é qualquer coisa sem tempo
e só um pensamento a esculpir uma estátua.
E duma imagem real na junção das peles
explodindo uma só massa, juntos os dois,
faz-se a luz de uma folha, contorno de pena.
Autor: Isaias Zuza Junior às 19:15:00 0 comentários
Categorias divagações
Quinta-feira, Novembro 8
Observação poética
Carros, caminhões.
E tudo passa.
Olhares e aromas.
Vão-se as pessoas.
E é trem, canivete
ônibus e pedestres.
Talvez em uma janela
alguém tudo vê .
Nosso cotidiano ainda
é bobo e irremediável.
Autor: Isaias Zuza Junior às 17:10:00 2 comentários
Categorias lentidão
Quarta-feira, Novembro 7
Um amor para os livros
Foge-me as linhas do teu rosto,
não mais é encanto o meu amor
senão uma inconformada desilusão
de perder-te: coito imaginário.
E a cada dia que eu não te vejo
procuro lembrar o desenho facial,
e o corpo sereno para meu prazer
desesperado, porque foges sempre.
E se não chego a uma definição
saiba que não te vejo como eras
mas como és, minha ilusão...
ainda um encontro suspenso no ar.
E eu desejo colher esta flor tua,
desabrochar-me neste desejo,
e, depois, ter uma pétala guardada
entre as páginas de um livro.
Autor: Isaias Zuza Junior às 16:05:00 0 comentários
Categorias histórias iluminadas
Terça-feira, Novembro 6
O amor natural
Pedaço de fogo e brasa de pau
brisa de água e mar de tornado
tuas chamas queimam minhas enchentes
tuas florestas afogam meus fôlegos.
A natureza mata a natureza
que de mesma essência lava vulcânica
e abrir de flores se percebe que
a natureza cria a natureza.
De morte e de vida assim eu lhe tenho
sem saber quem morre primeiro e quem
fica sozinho no mundo, e vazio —
que o mundo sem natureza é nada,
sem floresta não tem respiração
sem renascimento não existe encontro.
Autor: Isaias Zuza Junior às 20:15:00 1 comentários
Categorias fúria
Poesia de um homem comum
Na minha vida não há espaço para grandes temas
pois que não tenho amor, não vou aos cinemas
nem sei por que faço poemas, se me é veia ou dó
de quem é meu irmão em sua desventura.
Se a mulher que passa não é motivo para poema,
mas apenas seu jeito de andar, e ir, e sumir,
devagar aprendi a passar da ida para a volta
e fundir modo e ação para ser tudo uma só imagem.
Hoje não tem mais carnaval, aniversário, festas,
que o poema restou como a morte: se aquietou
a quem sorri para este tipo de beleza frágil —
desculpe-me se desfaço sonhos, sou só um poeta.
Autor: Isaias Zuza Junior às 06:30:00 0 comentários
Categorias poesia
Quinta-feira, Novembro 1
Soneto d’Isabela
Era uma onda no mar
era uma onda no céu
era no céu o meu mar
e meu mar era só céu.
Era uma vez a donzela
era uma vez um sonho
uma vez que a donzela
era de vez tanto sonho
vivendo de’ra uma vez
um mar voando o céu
e o céu caindo no mar
como se fosse uma vez
donzela na água do mar
amando no alto do céu.
|
|