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Poesias-->Queria arrumar emprego de poeta -- 02/11/1999 - 16:53 (Guilherme Felipe da Silva) |
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Queria arrumar emprego de poeta
Carteira assinada
Duas horas de almoço entre oito repartidas ao meio
Quatro no sábado e folga nos domingos e feriados
Bater cartão e ficar à janela observando a rua
As pessoas passando
Os carros passando
O guarda parado no meio do cruzamento
O camelô gritando na calçada
A fila na porta do banco
As pessoas no ponto do ônibus
Os trombadinhas batendo carteiras
Ao fundo
A serra do curral se desmanchando
As casas subindo a serra do curral
A antena da telemig recebendo as vozes do mundo
Melhor seria numa cidadezinha
Onde o tempo fica sentado no banco da pracinha
Proseando com antigos moradores
Pitando um pito de palha
Ouvindo um ou outro latido
Cumprimentando um ou outro passante
Mas na cidadezinha não tem emprego
E não precisa de poeta
Tudo é poesia
Os cascos nos paralelepípedos
As asas coloridas cortando os céus
Uma chaminé pitando
O aroma de café torrando
Volto para minha janela da capital
Sento em frente ao computador
E o que escreveria
São reminiscências
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