Usina de Letras
Usina de Letras
41 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62744 )
Cartas ( 21341)
Contos (13287)
Cordel (10462)
Crônicas (22563)
Discursos (3245)
Ensaios - (10531)
Erótico (13585)
Frases (51133)
Humor (20114)
Infantil (5540)
Infanto Juvenil (4863)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1379)
Poesias (141062)
Redação (3339)
Roteiro de Filme ou Novela (1064)
Teses / Monologos (2439)
Textos Jurídicos (1964)
Textos Religiosos/Sermões (6296)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Noturno (trad. Manoel Bandeira) -- 03/06/2004 - 02:41 (CARLOS CUNHA / o poeta sem limites) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










Noturno











Uma noite,

Uma noite toda cheia de murmúrios, de perfumes e da música das asas.;

Uma noite,

Em que ardiam na nupcial e húmida sombra das campinas as lucíolas fantásticas,

A meu lado lentamente, contra mim cingida toda, muda e pálida,

Como se um pressentimento de amarguras infinitas,

Até o fundo mais recôndito das fibras te agitasse,

Pela senda que se perde no horizonte da planície

Caminhavas,

E nos céus

Azulados e profundos esparzia a lua cheia sua claridade branca.



Tua sombra,

Fina e lânguida,

E a minha,

Projectadas pelos raios do luar na areia triste

Do caminho se juntavam,

E eram uma,

E eram uma,

E eram uma sombra única,

Uma longa sombra única,

Uma longa sombra única...



Esta noite

Eu só, a alma

Cheia assim das infinitas amarguras e aflições da tua morte,

Separado de ti mesma pelo tempo, pelo túmulo e a distância,

Pela escuridão sem termo

Aonde a nossa voz não chega,

Silencioso

Pela senda caminhava...

E escutavam-se os ladridos dos cachorros para a lua,

Lua pálida,

E a coaxada

Dos batráquios...

Senti frio. O mesmo frio que coaram no meu corpo

Tuas faces e teus seios e teus dedos adorados

Entre as cândidas brancuras

Das cobertas mortuárias.

Era o frio do sepulcro, sopro gélido da morte,

Era o frio atroz do nada.

Minha sombra,

Projectada pelos raios do luar na areia triste,

Solitária,

Solitária,

Pela estepe desolada caminhava.

Foi então que a tua sombra

Ágil e esbelta,

Fina e lânguida,

Como nessa extinta noite da passada primavera,

Noite cheia de murmúrios, de perfumes e da música das asas,

Acercou-se e foi com ela,

Acercou-se e foi com ela,

Acercou-se e foi com ela... Oh, as sombras enlaçadas!

Oh, as sombras de dois corpos que se juntam às das almas!

Oh, as sombras que se buscam pelas noites de tristezas e de lágrimas!





José Asunción Silva - Colômbia (1865-1896)

Tradução: Manuel Bandeira











Visite a minha página clicando aqui



CARLOS CUNHA/o poeta sem limites



dacunha_jp@hotmail.com













Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui