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Poesias-->A manhã -- 02/07/2004 - 08:46 (José Ronald Cavalcante Soares) |
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Eu, na realidade,
não queria
esta manhã cinzenta.
Mas, ela me veio
do nada e de repente,
revolvendo o lote
desprezado dos sonhos
emurchecidos...
Meus olhos procuram
na risca do horizonte
a nave colorida
dos dias festivos,
da mocidade frenética,
das brincadeiras sem fim,
da irresponsabilidade
que beirava a loucura.
Hoje, distintamente,
os muitos afazeres
cobram dedicação exclusiva,
tempo medido e contado,
encurtamento do lazer.
Aquela estrada
aplainada,
batida pelo sol.
varrida pelo vento,
sem pedras,
sem desvios,
sem surpresas,
ficou para ontem...
Hoje esta manhã assim
pasteurizada,
desgraciosa,
inútil...
Mas, preste atenção,
há uma nesga de luz
na curva do horizonte...
Uma promessa?
Uma esperança?
Não sei ainda,
pode ser...
Vou saber esperar
e apostar nesta manhã |
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