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Poesias-->as luas da parteira -- 03/07/2004 - 23:18 (maria da graça ferraz) |
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As luas da parteira
mdagraça ferraz
São eles!
Aqueles que chegam
sempre sem aviso
Sabes à quem me refiro?
Àquela gente amassada,
dobrada feito um ovóide,
sem mala de viagem
Sempre à noite, no porto,
aguardo as mesmas barcas
daquelas outras margens
Observo os velames abertos:
brancos...triangulares,
como fraldas distantes
E na proa, o passageiro
Olhos grandes surprêsos
Pele de sebo. Na boca, o dedo
Tão rosado como as manhãs
que se anunciam para aqueles
que não sentem mais medo
No porto do vai-vém
Meus braços movem-se
Estou aqui! Aqui!
O fórceps. A cólica
O choro infantil
Suada vitória
O riso fica por conta
das poderosas mandíbulas
da afiada tesoura :
Rompem o cordão do umbigo
À ferro. Sobre sangue.
Imaugura-se mais uma vida
O espírito veste a carne
no sacro-ofício
Violento encontro!
Cruelmente bonito!
Ah, estas luas desta parteira
Céu de estrelas
preso à teia
de um chão de espelhos...
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