Ò patria amada, não basta a dor da pele na carne rasgada.; não basta a dor da pele descriminada,ainda temos que nos sujeitar a miserabilidade da sociedade, que nos inventou.
Não basta a fome dos nossos filhos, não basta o sangue das nossas mãos e o desterro de nossas vidas.Ainda temos que clamar a morte como sorte para reparar essa hora de agonia.
É mãe de órfãos desafortunados,bem que te compadeces, mas não podes fazer nada.Uma vez que tu dormes calada, fingindo não ver, os teus próprios filhos te trocando por migalhas.
Essa liberdade que me ensinas, nem nas cartas da lei se tem um justo amparo.Pois o que ela diz, em bom tom, não é ouvido no gueto,nem parido na realidade.Serve de consolo para não irmos a outro inferno.
Democracia é teoria,
Liberdade é a poesia adormecida no colo do homem sonhador,é a esperança do tolo e a barganha do rico.Por isso é que fico indignado no meio do nada.
Quando bate-se em muitas portas ouve-se sempre o não...não tem trabalho, não tem comida, não tem guarida,muito menos direito alforria.
Os meus braços estão cansados, as minhas mãos calejadas e os meus pés perfurados.
A minha boca está seca, o meu couro ardido e minha carga ainda é pesada.
Todos olham,constroem muitos tetos, lavram o chão, contam grãos,dão a quem já tem pão,e voltam as suas miserias ás seis horas.Passam as suas necessidades e continuam calados, caminhando como seguindo a continuidade do nada.
Os reis, os nobres e o clero, de mesas abastadas riem-se de nós.
Nos obrigam a gritar de dor, a escravizar os nossos filhos,a prostituir as nossas filhas,a doar a nossa juventude em prol das suas vaidades, e ainda assim,são idolatrados, são os únicos letrados e não tem se quer um calo nas mãos.
Caiam as correntes,
Caiam os descendentes.Talvez a única maneira do congresso renovar, talvez a nossa esperança desse país mudar.