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Poesias-->recordação 21 -- 16/07/2004 - 00:41 (maria da graça ferraz) |
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Recordação 21
mdagraça ferraz
Passear no silêncio
da grande Biblioteca,
naqueles longos corredores
encerados, cheiro de pinho,
ladeado por livros,
era como atravessar
uma alamêda que dava
para qualquer lugar
do mundo, em qualquer época
Eu era tão menina!
As prateleiras
lembrávam-me as costelas
de um peito aberto,
doado por amor, onde algo
pulsava,vivo, dentro delas
E isto dáva-me medo!
A sensação de que
um pássaro mudo
sobrevoava minha cabeça
com um olho à espreita
Ali...sozinha...menina,
onde a morte não morre,
teima, vivifica o ermo,
fecunda, semeia
Na Biblioteca,
eu passeava entre
túmulos abertos
Lajes alvas
onde a palavra
tinha fome ainda
E meus olhos
brilhavam -
tristes lamparinas
Ali,onde não havia
repouso
E o grito velho
ficara retido
como uma pedra solta
que, às vezes, resvalava,
das prateleiras acima
Ali, eu sabia...
íntima certeza...
Ali, eu me enterrei
tantas vezes
e outras tantas,
enterraria-me
Quantas? Não sei
Em nome do Pai,
do Filho, do Espirito Santo,
não sei
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