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| Poesias-->Urutau Apaixonado -- 17/07/2004 - 14:17 (José Mattos) |
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Numa noite clara como o dia
o urutau cantava olhando a lua
com o pescoço delgado abatido
Pousado no aterro ribeiro
entregava sua forma decaída
aos balanços oscilantes da lagoa
Nesta quietude tocante
espelhado toscamente contra a lua
que se deitava serena em águas nuas
Acredito ver fugir-lhe uma lágrima
misturando-se serena no remanso
criando progressiva onda dançante
Senti uma afeição alienada
pelo bicho enternecido deixado:
-- mas isso não é paixão, nobre amigo.
(disse-me o urutau questionado)
São lágrimas de comoção,
é paixão!
fiz ser um pequeno germe
em vivente
Por isso canto aqui
para lua
e choro assim no lago embebido
Pois me sinto de veras
Como se sempre tivesse existido
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