Não há café com leite,nem pão.É o meu filho que me grita, logo depois o seu irmão.Em seguida o filho do meu amigo, o filho do vizinho, o filho do filho de algum outro filho.Tudo isso em vão.
Sem aguentar essa ladainha....vida bandida.Vou pro bar do Antônio, falar das lembranças de trabalho, da minha honestidade, da minha falta de oportunidade.Enfim, gastar o que não tenho, e acabo por beber no lugar do café uma birita.
Não há casa, emprego ou comida,
Não há casa, emprego ou comida
Não há casa, emprego ou comida.
É meu filho crescido, não estudou, agora ocioso, agoniza pois também tem família.
Ora,ora outro dia.Vejam só não é o meu filho?É.E o filho do vizinho algemados quem gritam.É minha senhora,a esposa do meu filho, seus filhos e aquela mãe chorando em frente ao carro de polícia.E aquele moço no chão com velas ao redor.
Meu Deus é o tião!Filho do meu irmão.
as coisas estão negras,acho melhor eu ir à missa.
Epa! que carro é aquele fantasiado de papelão?Com nomes,megafones, faixas de melhor opção...É.Só podia ser a eleição.As nossas ruas estão ai enlameadas, nossas escolas verdadeiras prisões.E por aqui ninguém vive de ilusões.Embora se aceite uma cesta de alimentos, meia dúzia de tabuas ou uma camisa para votar e se sentir petencente dessa nação.
Agora é que é,hoje cedo o meu neto, de cinco anos de idade, acordou pedindo café.Não temos nem o pão, o que será desse cidadão?
É a liberdade de um povo só é exercida quando as mãos estão revolvendo o chão, quando as mãos estão erguendo a contrução, quando as mãos estão escrevendo a letra, quando as mãos recebem do ventre o filho, quando um Pais,na medida do respeito, envolve-no na bandeira da ordem e do progresso.