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Poesias-->SENTINDO TODA A RAIVA DO MUNDO -- 23/07/2004 - 11:52 (Alceu Silva Santinho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sinto toda a raiva do mundo:

destruo meus trens, destruo minhas ferrovias,

não deixo trilho após trilho, vergalhão sobre dormentes

e sinto orgulho disso tudo, pois sim...



Mais ainda possuo minhas duas orelhas,

e em cada lado da minha cabeça

( uma do lado direito outra do lado esquerdo da minha cabeça).



Irresponsavelmente ando pelas ruas da minha cidade.

Sou poeta, não tebho responsabilidade alguma sobre o que escrevo. As ruas da cidade perecem ruas de aldeias.



São dez mil pontes, dez mil faces,

dez mil planos e ângulos cubistas,

dez mil formas, dez mil anjos em seus cemitérios,

dez mil flores vermelhas, azuis e amarelas.



Meus olhos são dois espelhos. Prefiro ao tons azuis aos vermelhos. Desesperado procuro pela

Mulher de Azul e não a vejo.



Ela está em varios pontos, em vários planos,

ela está difusa em todas as ruas da metrópole.;

algum demônio sai do inferno e vem para a rua da metrópole, para a rua da aldeia.



a Mulher de Azul difunde-se pelas ruas da aldeia e da metrópole.



II



era uma vez um sonho

era uma vez um prêmio

uma bola na trave...



estamos em maio

possuo toda carga

eletrostática de um raio



não sei se caio

não sei se saio

dessa armadilha...



III

Mais do que a medicina moderna

Mário de Sá-carneiro possuía

a chave da verdade.



estricnina é o remédio para as doenças modernas.



Necessitode certos objetos como se fossem remédios:

uma máquina de escrever,

uma fita métrica dessas usadas pelos alfaiates,

um espelho plano

e uma bússola chinesa.



IV

O vento frio e veloz assovia na noite da minha alma,

ceifando as folhas das árvores e os ninhos dos pássaros:

exceto pelo assovio

o efeito sonoro é um silêncio

noturno de cemitério.



V

A aldeia é a metrópole degenerada.
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