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Poesias-->A ZONA -- 21/08/2004 - 02:12 (maria da graça ferraz) |
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A zona
mdagraça ferraz
A sala da casa dela
era tão cheia de entulhos
que um simples risco na parece
derrubaria seus muros
A sala da casa dela
era uma tribuna cheia de vozes
ardilosas,fanfarra e esparrelas
A casa dela! A casa da puta velha!
Onde todo estrangeiro
põe-lhe a mão, dá-lhe beijo,
rouba-lhe o ar ingênuo,
e cada fio de seus cabelos
A sala da casa dela
Quem a havia sacudido?
Quem havia colocado
a mordaça no bico
do papagaio, o mais bonito?
Para se caminhar,
dentro dela, fazía-se trilha,
benzía-se a deus e ao diabo
À cada esquina,
um golpe, uma mentira,um despacho,
um gigolô de colarinho
branco, a falta de amor
A sala da casa dela
Tantos sonhos atirados
ao chão...À um canto,
esquecidos ,um balão de São
João, uma pipa de papel crepom
A anarquia ali era tão grande
Que onde dava as vistas,
a impressão era a de que
um fantoche populista-
tirano disfarçado-
agachado, pularia,
pronto para comandar
a revolução da mobília
com sua espada de plástico
e seu sorriso falso
A sala da casa dela
Cheiro de café...de floresta...
de ervas desconhecidas...
da honra vencida, tombada,
após uma batalha
jamais iniciada!
Com,tantos excessos
E uma grande falta!
A falta, talvez, de um banquinho,
onde o povo, este esquecido,
pudesse sentar-se,
sentir-se amado, seguro,
escrever um verso, cantar
sem medo suas amarguras
A sala da casa dela!
Estremeço
E suas cortinas dobradas
verde-amarelas
ao mastro, tingidas,
onde as duas cores ,
sem saber como, combinam-se
E este chão vermelho,
E este chão vermelho,
do puteiro, lajotas de sangue,
que jamais será brasileiro!
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