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 | Poesias-->NO FUNDO DA VIDA A BELEZA -- 05/09/2004 - 21:29 (João Ferreira)  | 
	
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  NO FUNDO DA VIDA E DA BELEZA
 
 
  Jan Muá
  5 de setembro de 2004
 
 
 
 
  É canicular o dia
  Deslizam velozes os carros no Eixão
  Há névoa seca no horizonte do Planalto
  As linhas geométricas das quadras candangas
  Sinalizam espaços
  O azevinho, o amarelo, o rosa e o verde 
  Remarcam a fachada dos prédios 
 
 
  Há no entorno todas as marcas de uma primavera que chega
  No Eixão os brasilienses ensaiam sua movimentação livre
  Há crianças com brinquedos e bicicletas
  E adultos caminhando sob sol ardente
 
 
  Nos canteiros do parque que ladeia as pistas
  Erguem-se árvores variadas com a marca do cerrado planaltino
  Entre copas verdes firmam-se o jamelão 
  O mangueiro, a sucupira e o angico
  Todas de fronte erguida agüentando a estiagem seca 
 
 
  Em destaque 
  Como velas acesas nos altares olímpicos dos deuses
  Erguem-se figurativos e brilhantes
  Os Ipês amarelos 
  Na melhor sinfonia poética da cor
  Numa aparição que seduz os olhos pela intensidade
  E pela vida
 
 
  Paro para admirar e viver a intensidade da emoção
  Deste objeto visual intenso 
  Que bate firme e singularizado
  Num fundo amarelo dourado que reaviva a tela de minha emoção
 
 
  O céu parece de chumbo em mantilha de névoa seca
  E a retina colhe em primeiro plano o tronco escuro
  Que representa a firmeza para a árvore se repartir 
  Em ramos ostensivos engalanados
  De campânulas giallas tremeluzentes e dançantes
  Batidas agora pela brisa ofegante da manhã quente
  Agitando a vida que as possui
 
 
  São ipês que contrastam com a paisagem ainda recollhida
  No grito primaveril retardado pela hibernação
 
 
  São ostensivamente os mensageiros singulares
  Símbolos de resistência natural
  Aos secos ares do cerrado
 
 
  Organicamente florados estão aí destacados
  Vestidos de cor vivíssima praticando a força da visibilidade
  Nas sedas vegetais das campânulas balançantes
  E das tenras folhas nascentes
 
 
  Eles são o espetáculo da estação no painel vegetal do cerrado agreste
  Alegrando o banquete variado da biodiversidade
 
 
  Decorando as cercanias das quadras habitacionais da cidade-capital
  Distribuem alegria e bem-estar aos olhos dos transeuntes
  Ao lado de carros que deslizam velozes pelas pistas
  Nos vultos dos últimos modelos da indústria motora brasileira
 
 
  Eles são o porta-retrato da região do cerrado 
  Do centro-oeste
  E nos mostram o fôlego biológico e existencial 
  De uma graça viva e transitória amarrada pela cor intensa
  Tal qual os figurantes de um desfile de modelos fashion
 
 
  Para os ipês da estação florida se erguem os olhos humanos
  Sem outra filosofia que não seja a admiração das formas e das cores
  No gesto extasiado do olhar-olhar-olhar
  Do admirar-admirar-admirar
  E do extasiar-se...
  Numa repetição contemplativa entre retina e formas coloridas
  Onde o conjunto dos detalhes constrói a redoma colorida
  De um objeto agreste no tronco e delicado na flor
 
 
  No balanço da exposição natural
  Entre leves intervalos de sombras contrastantes
  Há a aparência de uma escultura de volume
  Passada à tela por artística mão pictural
 
 
  Os olhos se acalmam se extasiam
  E com o passar do tempo abranda-se a observação
  Domesticadas e dominadas que foram as emoções e as sensações
 
 
  E os olhos e a mente se despedem dos ipês-espetáculo
  Neste meio-dia tórrido
  Guardando deles a imagem-símbolo
  De uma alma primaveril que chega agora imponente
  Para exposição 
  No Planalto Central do Brasil.
 
 
  Brasília- Eixão Norte
  05 de setembro de 2004
  Jan Muá
 
 
 
 
 
 
 
 
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