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Poesias-->IMEMORIAL -- 03/10/2004 - 00:58 (maria da graça ferraz) |
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Imemorial
mdagraça ferraz
O que vós sabeis
de mim? Pois de mim,
nem mesmo, eu sei
Nada sei, exceto talvez,
o que perdi, o que ganhei
Coisas poucas, mesquinhas,
que não atam nem dão ponto
O que vós sabeis
de mim? Pois de mim,
nem mesmo, eu sei
Quereis ouvir meu assobio?
Ou,talvez, prefirais ler
meus escritos , as linhas
de minhas mãos?
Ou, quiça, desejareis ouvir
a batida do meu coração
quando encosto o peito ao muro?
O que vós sabeis
de mim? Pois de mim,
nem mesmo, eu sei
Tudo que tive,
feliz ou triste, lancei
aos ventos que varrem
os mundos
Digo-vos que:
Eu alimentei pássaros
Eu construí catedrais
Eu desenhei margens de
riachos
Eu abri a porta de hospitais,
de hospícios, de quintais sombrios
E abriria mais portas
caso "eles" tivessem me permitido
O que vós sabeis de mim?
Pois de mim, nem eu sei
A grande águia da montanha,
assina meu nome
no risco do vôo alto, sem sombra
O navio que aportará
amanhã, traz no seu mastro
meu nome bordado
O grande Carvalho,
em cada uma de suas folhas,
leva minha abreviatura
O que vós sabeis de mim?
De mim, nem mesmo, eu sei
Deixai-me em paz
Sou um ser enlouquecido
Todos os oceanos pacíficos
e furiosos sabem meu destino
Todas as regiões da terra ,
mesmo as inóspitas, recônditas,
trazem meus passos
Eu sou a multidão de banidos
A turba escrava à procura
de uma Pátria inexistida
Eu sou Deus procurando
o homem
Um irreconhecido
Outro desmemoriado
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