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Poesias-->Discurso do pleno amor -- 13/10/2004 - 00:09 (Rodolfo Araújo) |
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Da tua boca desejo apenas o silêncio
A voz que tanto usaste como encanto
Não me serve como alento
nem o teu pranto
Desde já, a todos adianto
Que teu nome tão santo
Tomará contorno profano
Atirem-me as pedras os infiéis
Que de mim não arrancarão
As frases que desejam
Muito menos o senão
O hiato da memória
A lacuna da história
Nem a doce e pura
semente lisa da discórdia
Deixem-me agir!
Não quero sons para me distrair
De circo não necessito, podem ir
A tão sonhada glória chegou
Mas a tal não poderão assistir
Enfim, chegada a calmaria
Nem areia, nem maresia
Atrapalham a poesia
Que em breve irá sair
Estática, não mexa tuas linhas
Congela tua beleza onde pedi
Para que a fala não desvie
E o orador não desafie
Com teu ardor tão vil
Não resista, é tão pior
Fecha as pálpebras, em favor
Sede gentil, é o amor
Teu mensageiro, sim, eu sou
Quero-te imóvel, infinita
Desaguando teu furor
tão aflita
que a noite imita
final feliz
Teu sabor de anis
Que me corrompe
Língua tua, que fiz
Então me irrompe
O beijo que sofre, que diz
Que te socorre
E em ti morre
Pedindo bis
Mas não dê por findo meu ritual
Sucumbiste ao primeiro passo
Não ao cabal
Tuas vestes, quão inúteis!
Acobertam o torpor da humanidade
Que tão fina, sem alarde
Aflorou bela, sem avisar
Teu vestido airoso de vento
Companheiro uno
Pois nem mesmo o firmamento
Recobre teus traços
Envolvo-te, em abraços
Em delírios hereges
Por mais que tua consciência
Venha a mim pedir clemência
Digo a ti: está ausente
Sobrou-me à alma a indecência
Murmuro como rio nascente
Para que somente caiba a ti
A verdade indizível
Segredo que te reservei
Amo, amo, eu te amo
E a vida há de reservar
O mais belo dos desfechos
Repleto de afetos
Com netos, bisnetos
Histórias mil para contar.
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