LEGENDAS
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Poesias-->GRANDE SERTÃO VEREDAS -- 17/10/2004 - 10:49 (ANTONIO MIRANDA)
GRANDE SERTÃO, VEREDAS Homenagem a Guimarães Rosa Por Antonio Miranda Uma inalcançável geografia estende-se além de toda percepção: país-continente, numa projeção insondável sem limites visíveis, apenas perceptíveis por convenções e descrições a um tempo vagas e imprecisas. Nos extremos, a selva, o mar, as pradarias. Mapa de relevos acanhados planícies interpostas a intervalos, por arestas e frestas, por várzeas e vales e rios avolumando-se articulando-se como vértebras ou veias tributárias. Altiplanos e chapadões enfileirados escarpas, escombros, anteparos de serras como muramentos abruptos ou são encostas fracionadas, contrapostas entre os mares e os campos gerais. São degraus, camadas, terraços tabuleiros suspensos desde as costas argênteas e as extensas areias até aos elevados da Serra do Mar detendo os ventos e os movimentos humanos. Cerros aspérrimos, escarificados onde nascem as águas emendadas que descem em todas as direções para todos os quadrantes pelo leito dos mares extintos da antiguidade de Goiás: seu vulcão calado suas fissuras cortantes suas águas aflorantes/vazantes por ignotos e remotos percursos. São verões abrasantes, decomposições elementos variantes dilatações e contrações da rocha degradada e fria das estações contrastantes.; são chuvas torrenciais aguaceiros diluvianos mananciais por vertentes, desfiladeiros.; são as cheias inclementes alternando-se com a secura dos ares no estio com os vaus secos dos rios efêmeros das secas penitentes. Paredões talhados, erodidos como recifes pontiagudos (flagelos de antigos degelos) até aos espinhaços planaltinos -cortes meridionais paralelos- por onde vaza o rio São Francisco unindo e aproximando os povos e os lugares. Por patamares declinantes por flancos e barrancos pendores resvalantes, derruídos -níveis, andares, patamares- até a garganta fraturada do Salto de Paulo Afonso no sertão adusto e dali aos estuários queixosos e amplos, ermos e rasos dos depósitos sedimentários. Ao mar e sua imensidão. Do outro mar, das alturas e planuras altiplanas terras do sem-fim. Este poema faz parte do Projeto Terra Brasilis que vem sendo lançado na Internet por e-mails e reunidos no site do autor www.antoniomiranda.com.br para edição futura em forma de livro.