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Poesias-->A EXASPERAÇÃO DO SER -- 17/10/2004 - 11:01 (ANTONIO MIRANDA) |
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A EXASPERAÇÃO DO SER
Antonio Miranda
O ser mais feliz na sua infelicidade
infeliz por ser feliz tardiamente
por querer exacerbar e intensificar
multiplicando o tempo, esgarçando-o
até mais não poder
para mais dar e usufruir
antes de morrer
de amor.
Viva-se de amor até à exaustão
ou como queiramos entender
à consumação da chama e do ardor
em seu último estertor
em espraiar-se, em multiplicar-se
em ser plural e
mortal.
Todo o ser no deixar de ser
exacerbado, e célere, e ávido
em aderência e rejeição
em permanência e em renúncia
até à extrapolação
do último
desejo.
Avançando e retrocedendo exasperado
com ânsias de viver e de morrer
suando e sugando seivas, ser
e não ser, numa dicotomia
de paradoxos insuperáveis
por tentar avançar mas por
retroceder.
Amar, amar, amar até dissipar-se
em melancólicas consignas
para manter-se de pé
sem maiores cicatrizes
para sobreviver
ao próprio
desconcerto.
Pura arbitrariedade
anti-contemplativa e fugaz
que se refaz e contrafaz
buscando uma face
neutra e benigna
que não há
mais.
Só o enigma da
inexistência.
Poema inédito(set.2004)
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