Serra e Morro
José Mattos
Mãos nos bolsos, fronte baixa
Como errante arrependido
Desço e subo serra e morro
Cada vez mais sem sentido
Desço morro, subo serra
Com o corpo arriado
Desço morro, subo morro
Subo serra, desço serra
O corpo pedindo socorro
Minha fronte orvalhada
Fita o furo no futuro
Meus sapatos esburacados
Deixam marcas no passado
No futuro ou no passado
Minha sombra companheira
Sempre junto ao seu pard
Se arrasta aqui do lado
Mãos nos bolsos: vamos, vamos!
Ó amante arrependido,
Não se assuste,
Com as moitas que murmuram
Junto à beira caminho
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