Usina de Letras
Usina de Letras
63 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62933 )
Cartas ( 21347)
Contos (13294)
Cordel (10352)
Crônicas (22570)
Discursos (3246)
Ensaios - (10572)
Erótico (13586)
Frases (51342)
Humor (20135)
Infantil (5559)
Infanto Juvenil (4897)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1386)
Poesias (141161)
Redação (3349)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2441)
Textos Jurídicos (1965)
Textos Religiosos/Sermões (6320)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->POVOAMENTO E CRUZAMENTO RACIAL -- 19/11/2004 - 14:37 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POVOAMENTO E CRUZAMENTO RACIAL



Poema de Antonio Miranda



Viver com muitas mulheres

- brancas, negras, índias –

podiam os bandeirantes

os senhores-de-engenho

os militares e – por que não? –

ainda que por exceção

também os clérigos

em seu ardoroso empenho

de prazer e povoar.



Pois a terra era vasta e vazia

e havia que multiplicar

e garantir a serventia.



Uma poligamia enrustida

(de linhagens mozárabes

ou de origens tupiniquins

correndo nas veias)

culturalmente consentida

como moeda corrente.



Uma poligamia dividida

entre o refúgio social

da casa-grande

e o subterfúgio da senzala.



Mulatos, cafuzos, mamelucos

numa multiplicação sincrética

e geomética avançando

e povoando sesmarias.



Havia naqueles cruzamentos

inter-raciais

de classes sociais distantes.;

naquela fornicação descarada

protegida pelos estamentos.;

naqueles coitos sem os devidos

sacramentos

um pacto de silêncio

e de não reconhecimento.



Filho de branco com negra

o que era: era negro.

Filho de branco com índia

o que era: era índio

e virava propriedade.



E podia o dono vender

ou esconder sob o manto

protetor

sem nenhum espanto

ou pudor,

a prole.



Até mesmo tê-los como filhos

adotivos

e educá-los

ou domesticá-los como servos

sem nenhum embaraço.



Tudo podia ser

naquela bastardia que a lei

protegia pela omissão

e que a religião ignorava

quando nada podia fazer.



O resultado já sabemos:

a morenidade de uma meta-raça

- base de toda diversidade

de nossa unidade racial

origem de nosso sincretismo

e a capacidade final

de nossa santidade

sem nenhuma beatitude.



-------

Este poema faz parte do livro-ensaio TERRA BRASILIS, em processo de criação via internet. Para ler os textos completos do projeto, acesse

www.antoniomiranda.com.br



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui