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Poesias-->Desgraçadinha -- 12/11/2000 - 23:37 (Alzira Chagas Carpigiani) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A desgraçadinha da minha rua

tem sua desgraça maior no olhar.

Tem frutos piolhentos no centro

da cidade e não se importa

e nem mesmo sabe que é

desgraçadinha...

come pão embolorado

como se comesse bem

e anda vencida pelo peso

dos ombros.

- Pobre desgraçadinha!

Tão jovem!

Anda pela maioridade

é mordaz leviana realista

nada teme...

também temer mais o quê?

A dor arquiteta construiu

no coração da desgraçadinha

uma obra trágica e estéril,

que prima pela deformidade,

em exposição permanente com

entrada franca.

Pensando nessa antítese da vida,

pressinto-a menos seca nos

últimos meses e como castigo

pela audácia de cultivar seu

único prazer real vai carregando

de quando em quando

uma barriga pejada de crimes.
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