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Poesias-->Secos e Molhados -- 30/11/2004 - 18:20 (Ana Pierri) |
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Lembranças de Infância
- Mói um quarto de café.
- E pão, vai levar?
- Meia bengala, por favor!
- Algo mais?
- Um litro de leite Vigor.
- Trouxe a garrafa, freguês?
O dia já vem raiando.
Servir sem demora é preciso,
pois o freguês está apressado:
até o ponto de ônibus
terá de andar um bocado.
Trabalha próximo ao Centro,
não pode chegar atrasado.
E era assim por todo o dia.
E era assim no dia-a-dia, a vida na mercearia.
Mas tempo pra prosa havia naquela mercearia.
Tão logo começa a manhã
chega a dona de casa à venda.
De sabão quer um quarto de quilo.
De óleo, meio litro.
O sabão basta pesar,
o óleo é preciso bombear.
Do jabá quer um pedaço.
Tubaína também vai levar.
- Esqueci de trazer o casco,
mais tarde mando entregar.
E era assim por todo o dia.
E era assim no dia-a-dia, a vida na mercearia.
Mas tempo pra prosa havia naquela mercearia.
Lá pela tardinha,
moleque vem buscar
guaraná e paçoquinha.
- Na caderneta pode marcar,
fim do mês meu pai vem pagar.
E era assim por todo o dia.
E era assim no dia-a-dia, a vida na mercearia.
Mas tempo pra prosa havia naquela mercearia.
Tão logo anoitece,
é hora da roda de prosa
regada a rabo-de-galo.
E todo mundo espairece,
do dia cansado da lida.
E era assim por todo o dia.
E era assim no dia-a-dia, a vida na mercearia.
Mas tempo pra prosa havia naquela mercearia.
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