Um crente ajoelhou-se na mesquita, absorto em oração. Alguém perto dele ficou atraído pelos seus sapatos maravilhosos, chamados giwees, de bicos pontiagudos e tecidos com grande arte. O observador pensou quão bom seria também possuir sapatos iguais àqueles. O passo do pensamento à ação é seguidamente menor do que se pensa. Ele aproximou-se do homem que estava orando por detrás e sussurrou em seu ouvido: "Acaso não sabes que orações ditas com os sapatos calçados não alcançam os ouvidos de Deus?". O crente interrompeu sua oração e respondeu no mesmo tom suave: "Bem, caso minha oração não seja ouvida, pelo menos ainda possuirei meus sapatos".
A sabedoria não esta em pedir por aquilo que não se tem, mas em agradecer e selar por aquilo que já fora conquistado. Essa é uma das interpretações cabíveis a essa história. Não significa, entretanto, que devemos estagnar e não nos direcionar para as alternativas que constantemente a vida nos proporciona. Muito pelo contrário, conquistando o novo transformamos o velho em algo melhor, e desta forma nos reciclamos continuamente, para lidarmos de modo mais dinâmico com a evolução da vida.
Gabriela Vieira Luppi
Acadêmica de Psicologia da UFES
Bolsista do CNPq
