Sou professora de Língua Portuguesa no Colégio Metodista de Ribeirão Preto. Trabalho com as crianças do 4º ano, com os que pensam que não são mais crianças do 6º ano e com os que não querem deixar de ser crianças do 8º ano.
Amo com força todos eles. Sou amiga e amorosa. Acredito e constato que posso conseguir muito mais dos meus alunos amando-os. Eles sentem isso, mostram-se seguros nas minhas aulas, até os que têm dificuldades se esforçam para me agradar. Claro que tem os momentos broncas iradas, e como tem! Mas eu sinto que não querem me decepcionar, que é recíproco esse amor. E é tão gostoso. É gratificante ver as pequenas conquistas de cada um. É inesquecível!
Vejo tantos professores trabalhando com pesar, passam isso para os alunos. Depois querem deles um carinho jamais oferecido. E não adianta fingir, o aluno percebe o professor forçado.
Eu tenho uma farta coleção de declarações de alunos e de mães. Cartinhas, bilhetes, palavras apenas ditas e jamais esquecidas... Isso me abastece, faz que eu pense duas vezes antes de deixá-los. É... muitas vezes é melhor não receber uma proposta tentadora... O Metodista é uma paixão, tenho uma relação de amor com essa escola. Essa vida com meus alunos queridos é enriquecedora e eu não sei se sei viver sem essa riqueza.
Ouvir do meu amigo Cleido que eu fui a única professora com a qual seu filho Joaquim criou um vínculo me envaidece. Ouvir da Maria Julia, do oitavo ano, que fui eu quem a incentivou a escrever... sem palavras. Ela escreve muito!
Tem o João Paulo, também do 8º ano, que aprendeu a fazer parágrafos agora...
São tantas as histórias para contar. Todas cuidadosamente guardadas no meu coração. Perco minha referência sem isso.
Eu dissse para o Joaquim que talvez não seja professora dele no próximo ano e ele me falou: eu não sei como vai ser a minha vida sem você. Choro muito com isso. O amo tanto. Sei que ele ficará bem, muito bem, eu é que estou mal.
Esse texto apressado que agora fiz me acalma, alivia um pouco. Sou toda sentimento e estou toda sofrimento.