ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 24
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24
-- Hoje também vai fazer um calor daqueles – comentei pouco depois, quando nos aproximávamos do pequeno vão de água doce. De fato estava muito quente e não havia nenhuma nuvem no céu.
-- É verdade! Tá muito calor – concordou Marcela, caminhando ao meu lado.
-- Sabe o que vou fazer mais tarde?
-- Não. O quê?
-- Vou tentar pescar – contei. – Já estou ficando enjoado de tanto comer frutas. Estou até emagrecendo. – Puxei a borda da sunga para mostrar-lhe o quanto estava folgada. Aliás, isso se devia mais ao uso constante dela do que a perda de peso. Claro que, depois de quatro dias naquela ilha alimentando-se de frutas e comendo pouco, uma pequena perda de peso era inevitável, mas nada parecido com o que eu fazia acreditar.
-- E como você vai fazer? – quis ela saber.
-- Vou pegar uma vara comprida, fazer uma ponta nela e mirar bem no peixe. Aí eu atiro ela. Se acertar, a vara vai fincar nele e ficar preso – expliquei, fazendo gestos com a mão para que ele fizesse uma idéia melhor.
-- Será que vai dar certo? – tornou ela.
-- Não sei. Acho que sim – respondi com insegurança. “Tem que dar certo. Não podemos ficar comendo fruta a vida toda. Não sei quanto tempo ainda vamos ficar aqui. E se não der certo, vou ter que encontrar outro jeito”, pensei.
À frente, avistei as bananeiras. Eram vários pés – cerca de vinte --, onde cachos verdes e amarelos descaiam, produzindo uma visão bela, capaz de aguçar ainda mais o nosso apetite. A maioria dos cachos estava verde. Alguns inclusive novos e pequenos, outros entretanto começavam a madurar. Agora, maduros, aptos para serem comidos, eram somente dois. Um deles aliás comido por pássaros. Podia-se ver uma ou outra banana – as mais amarelas – com um buraco.
-- A gente podia era apanhar logo essas bananas que estão maduras – sugeri –, antes que os passarinhos comam todas elas.
-- Você acha?
-- Com certeza. Ainda mais que não tem muitas assim tão maduras. Se a gente deixar elas aí, vamos acabar ficando sem o que comer – expliquei, aproximando de uma das bananeiras.
-- Depois a gente podia era apanhar aquelas ali. – Apontou para um cacho em que as bananas começavam a madurar, a adquirir um tom verde-amarelo. – Assim elas maduravam mais rápido.
-- É mesmo. Não havia pensando nisso.
-- Qualquer coisa a gente volta mais tarde e apanha elas, porque agora não vai dar para levar tudo – disse Marcela, olhando para cima, para o cacho que deveríamos cortar.
-- Vamos fazer isso, sim – concordei. – Mas agora, venha me ajudar a colher estas. Você sobe ou eu? – perguntei.
Para alcançar o cacho de bananas a única maneira era um de nós suspender o outro. Na maioria das vezes era uma das meninas que subia, pois eram mais leves e, se eu subisse, elas não conseguiam me sustentar por muito tempo.
-- Eu subo – respondeu.
-- Toma. Leva ela para você cortar, caso precise. – Entreguei-lhe a lasca de pedra, a qual era usada como faca.
Prendi uma mão na outra, firmei-as bastante. Marcela segurou em meu ombro e deu um impulso.
Enquanto ela se espichava ao máximo para alcançar o cacho de bananas, meus olhos percorreram seu corpo. Seus quadris estavam colados em meu rosto. E foi justamente nessa região – mais precisamente no meio das pernas dela – que olhei com mais atenção. E afetado, por sentir aquela parte do corpo dela tão próxima, não pude deixar de pensar: “Se minhas mãos não estivessem ocupadas agora, ia acariciar as pernas e a bunda dela. Dá até pra ver direitinho a coisa dela. Parece que é gordinha. Ah, meu deus! Eu quero ela pra mim. Quero pegar nela, ver como ela é. Quero enfiar meu pinto nela. Ele já até cresceu. Ih! Quando ela descer vai ver. Será que vai me perguntar porque ele está assim? E o que eu vou responder?”
-- E o que eu faço com essas bananas? – perguntou ela, tirando-me de meus devaneios.
-- O quê? – Olhei para cima. Ela me fitava com ar de mistério, como se tivesse pensando em algo. – Joga no chão. Depois a gente cata.
Foi o que ela fez, até apanhar todas as bananas que estavam maduras.
-- Pronto. Pode me descer agora.
-- Ora. É só dar um pulo – falei.
-- Não. Posso me machucar – retorquiu ela. – Vou me segurar nos seus ombros e descendo devagar.
Marcela firmou e deixou seu corpo escorregar, roçando no meu. Enquanto seu corpo deslizava, fui arrastado pelo turbilhão de sensações. Sensações essas que me levaram a pensar: “Será que ela está fazendo isso para me provocar? É bem capaz. E esses peitos passando na minha cara? Isso me fazendo perder o juízo. Que vontade de agarrar eles. Desse jeito eu não vou agüentar”. Em seguida, assim que ela desceu, nossos olhos se cruzaram. Ela esboçou um sorriso com certo ar de malícia, e então eu lhe retribuí o sorriso. Nisso, pensei: “Será que ela me dá um beijo? Ela está tão bonita. Vou tentar”. Mas antes que abrisse a boca, ela se abaixou e começou a cantar as bananas no chão.
Abaixei também e ajudei-lhe a recolher as frutas. Enquanto fazia isso, discretamente, levantei os olhos e mirei-os em seus seios. Devido à força da gravidade e a posição do corpo dela – eles estavam dependurados --, pareciam maiores, mais belos e chamativos. “Que lindo! Deliciosos. Dá vontade de apertar, de meter a boca neles”, disse pra mim mesmo.
Só não os fitei mais porque em dado momento ela levantou a cabeça e me surpreendeu. Tornei-me rubro de vergonha e desviei o olhar no mesmo instante. E quando tornei a olhar para ela, Marcela fazia o mesmo que eu fizera antes: olhava-me na região dos quadris,com olhares perscrutantes.
“Que vergonha! Agora ela sabe por que estou assim. Pior que não tem jeito de esconder. Ela vai saber que é por causa dos peitos dela. O que faço? Será o que ela está pensando?”, inquiri-me naquele momento.
Havíamos acabado de catar as bananas. Não eram muitas, mas estávamos com as mãos cheias.
-- Vamos! – disse ela, chamando-me para retornar.
Começamos a pegar o caminho de volta. Logo atingimos a faixa de areia.
-- Você está linda, sabia? – falei.
-- Que nada! Estou toda descabelada – disse ela olhando-me nos olhos. Caminhávamos lado a lado, quase colados um no noutro, como se ambos fizesse um tipo de esforço para ficar o mais próximo possível do outro.
-- É verdade, gata! – repliquei. – Posso te pedir uma coisa?
Paramos.
-- O quê? – Pude ver um ar de timidez e curiosidade na sua maneira de inquirir.
-- Posso te dar um beijo? – perguntei. Quase que a frase não saiu. Meu coração palpitava, minhas mãos quase tremiam e uma sensação estranha, inexplicável se apoderava de mim.
Marcela titubeou por alguns instantes. Tive a sensação de que ela fazia ponderações antes de tomar a decisão e me comunicar. Depois de um minuto -- tempo esse que pareceu uma eternidade -- ela respondeu com afetação, como se estivesse insegura:
-- Pode.
Dei três passos e depositei o punhado de bananas sobre a grama.
-- Vem cá. Põe elas aqui também – falei.
Marcela me obedeceu.
Tomei-a nos braços.
Ainda era um garoto e não tinha jeito com as mulheres, não sabia como abraçá-la; no entanto, isso não fez muita diferença. Ela também não sabia, não tinha experiência. Assim, como saberíamos se estávamos fazendo a coisa certa ou não?
O importante não era a forma, mas sim as sensações que aquilo provocava em nós dois. Afinal de contas tudo era novidade, embora não fosse a primeira vez. Agora a coisa era diferente: não havia mais a sensação de medo e insegurança tão comum na primeira vez e a qual não nos deixa aproveitar toda a beleza e a magia do momento. Agora, aquelas sensações seriam experimentadas de forma mais intensa, com um deleite maior.
Mas eu queria mais; e também ela parecia querer mais, ir além do que fomos da última vez. A questão era que eu sentia um quê de receio, um temor de dar um passo além da perna, cair e pôr tudo a perder. Pois eu sabia que a Marcela não era a Luciana. A Luciana me provocava por brincadeira, curiosidade e como forma de passar o tempo, mas Marcela não; ela não era esse tipo de pessoa extrovertida assim. Era tímida, embora quando estava as sós comigo parecesse mais solta, e sentimentalista. Qualquer forma de envolvimento ia entre nós dois além de sexo e prazer. Na verdade, ela tinha todos os traços dessas adolescentezinhas sonhadores que acham que o amor está acima de tudo.
Enquanto nos beijávamos senti uma necessidade incontrolável de tocar-lhe nos seios. Ela tinha se negado da última vez, mas quem sabe dessa ela deixava? “Eu quero apertar eles, quero ver como eles são”, pensei. Assim, lentamente minha mão foi escorregando de seus quadris e subindo lento, lento até tocar o pedaço de pano que os envolvia. Titubeei por alguns segundos, mas continuei.
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