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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->A Educação Do Presente -- 05/01/2007 - 03:38 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130952516858792900
CAPÍTULO 1: OS FANATISMOS DO CONHECIMENTO: O SENHOR ERRO E DONA ILUSÃO

Em princípio consideramos um erro qualquer teoria, por mais bem intencionada que seja, que transfira para o futuro uma educação, presumo, necessária ao presente. O Brasil é o “país do futuro”, Teresina tem como “slogan” de partidos políticos o epíteto “Cidade Futuro”, Edgar Morin escreveu “Os sete saberes necessários à educação do futuro”. Isto quer dizer o quê? Que o presente não existe? Que os projetos no momento do agora são irrealizáveis? Que não há competência política, administrativa, financeira e econômica para fazer as pessoas terem certa dignidade no presente? Que o presente é sempre um momento institucional inadequado para o exercício da cidadania?

A senhora Ilusão e o senhor Erro parecem um distinto casal de companheiros malogrado por uma realidade que o lança para uma realização futura, ignorando que os sentidos, os sentimentos e as emoções das pessoas dessa geração, precisam ser vivenciadas agora. As pessoas não são hipotéticas, fictícias. A mente delas não pode permanecer em estado de paralisia, esperando o “carnaval” do futuro chegar. A “esperança que venceu o Medo” precisa continuar vencendo o medo, sempre”. O Medo de não ser mais possível ter esperança, se aqueles políticos anteriores ao presidente Lula voltarem a semeá-lo entre os eleitores. A realidade da educação precisa parar de ser uma favela. Com salários de docentes nivelados aos dos garis.

O conhecimento não pode ser considerado, afirma Morin, uma ferramenta “ready-made”, pronta, uma roupa de butique, uma bijuteria de mercadinho, uma iguaria comestível tipo “fast-food”.

As atitudes da política educacional, afiguram-se à analogia de investir na semelhança do outro (docente, discente), como forma de agasalhar seus medos, e fornecerem-se, mutuamente, um ego virtual (inconsciente, subliminar), que se contente com uma cidadania fictícia, sem existência física e direitos no campo jurídico, institucional.

Dona Ilusão (docente ou discente) está sempre preparada à interpretação dessa política educacional (sem presente, “do futuro”), segundo seus desvios, suas perturbações. O que prevalece nela é à limitação excessiva de seus “dotes” pouco racionais. Ela domina de verdade a cultura da elementaridade. Não há intensidade nem profundidade, aprendizado pertinente na cultura ou “espiritualidade” de dona Ilusão. Nem no seu imaginário. Dona Ilusão precisa construir seu devenir. Seu devir. Seu vir a ser, a partir do presente, do Aqui, do Agora. Sem isso, ela ainda não compreendeu, há apenas inexistência de cultura pertinente nela. Aparência sem essência.

É possível a criação de um “parque industrial de idéias?”, onde haja possibilidade de serem produzidas verdades a propósito das realidades nacionais no campo da educação do presente? Que há? Todos os partidos se envergonham dela?, educação? Ou eles continuam sem-vergonha, como sempre? Esse “parque industrial de idéias é, por definição, a universidade”, precisa preparar seus alunos para começar a produzi-las. Sem idéias que sejam desenvolvidas em classe, não é possível modificar o quadro atual da educação. Sem que haja docentes interessados no progresso da educação (“aprender a aprender”), todos estarão como que num “campo vetorial”, psi, sujeito às influências, maior parte das vezes deletérias, do campo “gravitacional” da tv e da Internet.

Esses meios de formação de uma mentalidade nacional nivelada por baixo, e de divulgação do marketing de produtos e serviços, não têm compromisso com qualidade de vida mental, cultural, das pessoas. Essas mídias investem na mente coletiva enquanto um ímã de influências que nada têm com mudança de potencial de raciocínio, de aquisição de conhecimento, de verbalização de um discurso que não esteja contaminado pela pobreza cultural do “letramento”.

Que valor moral, pode ter a palavra nação, se essa nação não possui “inteligência nacional”? Inteligência em defesa dos direitos de cidadania das pessoas. Isso não quer dizer contaminação viral pelo “patriotismo milico” que deseja incluir-se no “Clube (de malfeitores) da Bomba”. Se não há “inteligência nacional”, se não há processo acadêmico de “letramento”, se não há incentivo à produção literária, então que diabos quer dizer “inteligência nacional”?. “Cegaram os olhos do “assum preto” para ele assim cantar melhor.” Cegaram os olhos do pessoal da “Abin”, para eles assim cantarem melhor a cegueira que é o nivelamento por baixo da falta de educação, cultura e de “letramento” nacional. Essa instituição fantasmagótica, que se autodenomina “inteligência nacional” não protege a cidadania da juventude, preparando-a para a realização de uma “Entropia da Cidadania, da inteligência nacional”. No presente do indicativo. Para que possa haver futuro fora das drogas, da prostituição, do subemprego, da corrupção, da anarcoditadura.

Quem vai ser o “Salvador da Pátria” da novela da realidade deletéria da programação administrada pelos conglomerados tvvisivos globalizados via satélite? Administrados pelos interesses da Máfia? “Quem será o Desalvador da pátria da dona Ilusão”? A tvvisão, assim como a Internet, é uma ferramenta de marketing, de venda de interesses de lucro de produtos e serviços. Nem uma nem outra é uma ferramenta inteligente. Ou que produza inteligência no presente do indicativo. Não criam inteligência naqueles que as vêem e/ou ouvem. Não há uma disciplina na universidade brasileira que ensine a incorporar a Internet à uma suposta “inteligência” que privilegie os interesses, pessoal e coletivo, da sociedade brasileira. O mesmo vale para a tv.

Que tipo de cultura está sendo passada para a geração dos “pós-caras-pintadas”? A cultura gerida pelo ministro Gilberto Gil está a promover eventos que incluem o discurso da literatura, a manifestação da criação literária nas salas de aula das faculdades de Letras, como defesa da inteligência nacional? Há disseminação do “letramento”? Os preços dos livros são acessíveis à maioria das pessoas? As palavras menestrel e ministro têm a mesma raiz etmológica. Os trovadores eram os servos ambulantes ou “ministros” da Igreja de Maria Madalena. Usavam a música para disseminar a história do sagrado feminino entre a bagaceira. Cultura, presumo, não é apenas a produção de sons pragmáticos para uma população de dançarinos de rua.

Para compensar a carência de educação, há uma festa musical interminável num país aclamado Bahia? Viva a África, pátria mãe das pretas mães das morenas, do “sagrado feminino representado por Maria Masdalena. Suas “Abadás” de 2006 já foram comercializados. É esse o mercado da cultura? No “país” que produziu Jorge Amado”? E o “letramento” das canções não merecem uma atualização? Os Axés estão chamando a cidadania musical para o “letramento” nacional. A energia dos orixás que privilegiaram a literatura de Jorge Amado, no “país” Bahia, está a clamar pela continuidade da literatura no país Brasil.

O ministro Gilberto Gil, era parte da cultura literária nacional, antes de incluírem-no na cultura política. O Tropicalismo 100 Lenço Sem Documento Num Sol de Quase Dezembro continua a fazer parte da realidade das pessoas da sala de jantar. Os jovens agora não têm mais um movimento internacional que os motive a sair do magnetismo mórbido das drogas e da programação via satélite que faz da cabeça das pessoas da sala de jantar uma espécie de compota de mela (solda cáustica), com “marijuana do Paraguai”. A cidade está invadida por essa “meleca”. Os corações e as mentes das pessoas estão sendo sucateados por uma cultura da anarcoditadura. E ninguém faz nada.

Nesse contexto de impossibilidade da existência do presente enquanto inteligência, cidadania e dignidade, dona Ilusão é uma respeitável senhora que faz parte de um grupo de políticos que se autoafirma “fãs incondicionais da Velhinha de Taubaté”. Na época da ditadura militar, das manifestações populares pelas “Diretas Já”, ela era “unanimidade nacional solitária” na defesa da marcha do “Reich dos Mil Anos”. “Reich” esse que representava a continuidade política do regime militar. E que hoje representa o sucateamento mental de toda uma geração pela cultura, quase que exclusiva, da trivialidade, do deboche, do sambalêlê, da musicalidade à micarina, de uma geração de garotas que se ofertam à “ala dos barões famintos, ao bloco dos napoleões retintos, aos pigmeus do Boulevard”, dos psyco motéis, em troca do sucateamento de seus corações e de suas mentes. Em troca da bagatela do feijão com arroz para a família (“o futuro do país”), que elas vão criar para aumentar a marginalidade e a prostituição. A marginalidade e a prostituição são hoje, e serão, muito mais amanhã, um “tsunami” que proporcionará a multiplicação do medo, da insegurança, da desesperança. Sem educação, que meio ambiente, que pátria, os políticos produzirão?

Por que incentivar apenas a cultura da alegria artificial, a ofegante epidemia da fermentação das mentes pelo carnaval? A quarta-feira de cinzas é o futuro do carnaval. A vida da danação Bahia continua, como se tudo estivesse legal. Nos conformes.

O estandarte do sanatório geral passou. Agora é hora de fornecer um crédito às teorias de “letramento”, do aprendizado à Paulo Freire? Por que estimular apenas o folclore da musicalidade carnavalesca do carnaval, da micarina? Por que não investir na cultura nacional dentro das universidades? Por que esnobar de maneira tão intensa e covarde a literatura nacional dos novos autores do século XXI? O país não é apenas de melodias tribais, caricaturais. Dizem que por trás do trio elétrico só não vai quem já morreu: O imaginário popular infantilizado pelo simbólico carnavalesco, pelos heróis, os fenômenos do futebol, pela trivialidade de uma “estética” do peito e da bunda.

O senador Teotônio Vilela repetia sempre, para a divulgação da imprensa: “Existe uma política contra a educação no Brasil. Existe uma política contra a sociedade brasileira”. Esta política vai continuar existindo no governo do Presidente Lula? O país precisa da instituição família para sobreviver. Qual a família que aí se vê? Não consegue sequer uma mínima “respeitabilidade de araque”, não obstante algumas delas tenham conseguido “status” financeiro e econômico às custas de uma afirmação política que fornecia, e apenas a elas, proteção institucional à corrupção que representavam enquanto partícipes do butim dos poderes públicos. E a subsequente impunidade. Escolas de samba da Marquês de Sapucaí prestam homenagem, impunemente, a traficantes e criminosos aplaudidos pela musicalidade da comunidade das “Cidades desse país, não apenas da Cidade de Deus”. Com o aval entusiástico dos turistas. Pedófilos.

Dona Ilusão domina de verdade a cultura da elementar mentalidade nacional. A verdade é que sem “letramento”, sem literatura, nunca haverá nem inteligência nem imaginário nacional pertinente ao desenvolvimento das mentalidades: do raciocínio, do intelecto da percepção mental atualizada. Por isso há uma política cultural, literária, no Brasil de hoje, semelhante à da Alemanha de Hitler:

Na Alemanha, na década de trinta, os partidários fanáticos do “Reich dos Mil Banqueiros”, cantavam muito, muitos hinos e canções populares, e queimavam, em Berlin, e outras localidades, a literatura de centenas, milhares de autores, em fogueiras festivas. Delas participavam, aos milhares, os jovens, cantando. Havia “shows” de música nas ruas e avenidas das cidades, as drogas não estavam em evidência tanto como agora, apesar da oficialidade nazista usar como droga oficial a cocaína. Era como se a literatura fosse um empecilho para os desdobramentos da política de dominação do “Reich dos Mil Anos”.

Hoje, Aqui, Agora, a censura à literatura é subliminar (como se não existisse). O “letramento” das pessoas, mesmo as que estão cursando o terceiro grau, é, raras exceções, de dois a três livros didáticos a cada 365 dias que deus deu. Que deus dá. Nas universidades quase que inexiste leitura de livros que não sejam de orientação didática. Os docentes costumam solicitar a leitura de partes de livros, os previsíveis pelo currículo, e de um capítulo apenas, entre os vários grupos de “seminários”. Em algumas universidades, os “cursos de letrinhas” servem apenas para ensinar a gramática padrão para os discentes que serão os futuros “professores” de outra geração que ficará sem educação, em nome da “educação do futuro”. O ensino dito superior servirá apenas para que seus discentes prestem concursos públicos. Entrem nos esquemas burocráticos das hierarquias centenárias das oligarquias da transferência dos ativos financeiros públicos para os ativos financeiros privados dos políticos.

Afirma Morin, que todo conhecimento implica na presença do senhor Erro e da senhora Ilusão. Isso, presumo, é certo. Acredito que ele esteja equivocado quando afirma que “a educação do futuro deve enfrentar o problema da dupla face do senhor Erro e da dona ilusão?”. E a educação do presente? Ela não precisa enfrentar essas duas presenças disseminadas nacionalmente na Marquês de Sapucaí das Academias de Letras?

O senhor Erro e a senhora Ilusão, estão presentes nos lares, nos bares, nas escolas, nas ruas, nos clubes, na sala de jantar da tvvisão, em seus empregos, nos sonhos das garotas que se mantêm vivas na ilusão de um dia vir a ser uma boneca tipo prostituta Barbie, uma modelo, maneca-padrão, à Angelina Jolie nas telas e à Gisele Bündchen nas passarelas. Estão certas. Querem faturar. Se têm talento para isso. Por que não? O mercado empregador de modelos não tem vaga para tantas pretendentes ao mercado de consumo do pó de pirlimpimpim.

Morin diz que o desenvolvimento da inteligência é inseparável do mundo da afetividade, da curiosidade, da paixão, que por sua vez são a mola da pesquisa filosófica ou científica. “A afetividade pode asfixiar o conhecimento, mas pode também fortalecê-lo”. Ele afirma a identidade entre inteligência e sensibilidade, que o raciocínio pode ser diluído, ou mesmo extinto, pelo déficit da emoção. Acredito que estas afirmações sejam evidentes, não careçam de mais explicações. Uma emoção negativa, pode, por vezes, conter uma mensagem vital? A depressão numa pessoa pode ser um sinal de que existe algo errado com sua vida. Ela pode “forçar” o olhar e fazer as mudanças necessárias. Mudanças de perspectivas. Sem “letramento”, como conseguir olhar-se, exceto na vaidade duvidosa do espelho coletivo do enredo ilusório do samba-canção?

Perguntamos se o atual excesso de violência, em todos os segmentos sociais, desde os filhos privilegiados de uma suposta “elite” que matam seus pais de olho no patrimônio da herança, até os marginais “pés-de-chinelo”, das periferias tipo “Cidade de Deus”, não está sendo motivado pela violência “full-time” da mídia tv. Seus programas são uma espécie de “tsunami” deliberado de imagens, maior parte das vezes deletérias. Imagens da irreversibilidade da patologia social do Homo sapiens sapiens e/ou demens. Sem educação, sem “letramento”, sem literatura, essa situação não vai mudar. Vai piorar. Se é que é possível.

Em 2035, que espécie de mutação demencial a “sociedade cromagnon” (sem educação, com uma cultura “superior” rudimentar, terá de enfrentar? Que modelo padrão de “Frankensteins” essa sociedade está criando hoje, Aqui, Agora? Aos milhares. Aos milhões? Que modelos repetidores dos discursos tipo “big-brother”? Participantes do “Big-Brother Brasil” pediram, em cadeia nacional, para que marginais citados pelo nome, matassem outros participantes que já haviam sido excluídos do grupo. É a educação demencial que a família nacional está a fornecer de seus filhos para eles mesmos. Sob veementes aplausos da família. Também em rede nacional.

Qualquer atitude de repressão das autoridades dos três poderes não influi um mínimo na contenção das atitudes cada vez mais impunes e audaciosas do universo em expansão da criminalidade. Via satélite. As leis parecem que são redigidas e aprovadas a partir de enunciados que protegem as quadrilhas com ramificações nos poderes constituídos para, supostamente, combatê-los. A parte legislativa dos contraventores vai fazer leis eficazes para combaterem-se? Se as leis forem mais justas para com a segurança da sociedade, então, como ficam os milhares de advogados que são jogados pelas janelas, junto com a bacia, fora dos cursos de direito, em busca excitada da oportunidade de ganhar muito dinheiro ao defender algumas “eminências pardas” alguns barões da anarcoditadura social? Isto é que é “democracia”? E a educação?

“A afetividade pode asfixiar o conhecimento, mas pode também fortalecê-lo”. Que tipo de afetividade pode prosperar numa sociedade regida por leis de sobrevivência da prostituição e da criminalidade socialmente generalizada? As transferências de “ativos financeiros” da corrupção pública para a particular, é modelo em todas as estratégias políticas que envolvem negociatas entre os poderes. Que modelo de conhecimento pode ser disseminado nas academias sucateadas pelos interesses das autoridades que deveriam promovê-las enquanto instituições de ensino? O medo gerou em milhões de pessoas o pânico de estar a habitar uma sociedade onde as “leis” visam mais proteger os criminosos e fornecer-lhes impunidade, do que socorrer a sociedade. E elas mesmas, pessoas da sala de jantar, têm suas existências cada vez mais virtualizadas. Os governantes precisam impedir que essa tragédia social fique ainda mais incontrolável. Mais irreversível. Sem educação isto é impossível.

Ao contrário de afirmá-las (à educação e a cultura), enquanto valores pertinentes à instituição universidade, a exemplo de aprendizado interativo, informatizado, entre corpo docente e corpo discente (programando a Internet para isso), há, ao contrário, uma atitude estratégica no mínimo equivocada, que transforma (para que mais servem os “transformistas da política”?) em ferro-velho, a mente coletiva de uma geração (de quantas mais?). “A Rainha do Ferro-Velho” outro grande e sensacional sucesso do horário nobre da Globo. E como ela reina bem. Agora com outro nome: “Senhora do Destino”. Sucateamento coletivo da “mente cromagnon” via tv. Que mudança de cidadania pode haver, sem educação?

De maneira que nem sequer Maquiavel haveria de considerar, eles posicionam politicamente a literatura, a educação e a cultura, de uma juventude (de mais outra geração), enquanto ferramenta multidimensional insubstituível à cultura e à “civilização cromagnon”. E haja festivais de músicas tropicanas, mexicanas, alagoanas, baianas, micarinas, e outras. Enquanto a Marquês de Sapucaí se expande em carnavais fora de época país adentro, país afora, para desgraça e glória do Sétimo Céu das telenovelas.

E a “musicalidade da literatura” vai acontecer, ministro Gilberto Gil? Por favor não vale dizer que já está acontecendo. Que esse ambiente, o escolar, o universitário, o “letramento” das pessoas, não está par improvisações ou gracinhas institucionais. As academias estão sucateando a mente de seus alunos e a mente coletiva das próximas gerações.

O corpo docente de não poucas instituições ditas de ensino superior, está sendo pago com o salário do silêncio, do medo de perder algumas migalhas que consideram mordomias em suas aposentadorias. Estão com medo de saber que pouco têm para ensinar. Calados, coniventes com o monturo e o desconjuro das mentalidades administrativas serviçais, “centenárias” e impunes, desse contexto de desmando cultural “genérico e, simultaneamente, sistêmico” da universidade. Que paradoxo: o ambiente do conhecimento sendo vencido covardemente pelo “tsunami” institucional da carência e da necessidade. A universidade como sinônimo de favela, de sucateamento do conhecimento. Todos “viajando na maionese”: supostamente ensinando, supostamente aprendendo.

A racionalidade na sociedade “cromagnon”, está senhoreada pelos interesses das minorias batizadas “elites” do “capitalismo selvagem”. Talvez seja a democracia estalinista que a revista “Veja” mencionou, equivocadamente, a propósito de uma frase do escritor prêmio Nobel, José Saramago. Até o “4° Poder” entrou no jogo para valer. O 4° Poder que decide como a história será contada. Freqüentemente ele opta pelo sensacionalismo. Os eventos sociais transformados em “show biz”. A mídia costuma “puxar” para o lado de quem está a pagar os anúncios da propaganda.

Quando não há ética na gerência dos interesses sociais, como poderá haver ordem, soberania dos poderes, da mídia, do controle da autoridade? Que ordem? Que poderes? Que autoridades? Estão todos na maior pose e impunidade. Comprando carrões de luxo a R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais) a unidade, para servir, pessoalmente, aos membros do Supremo Tribunal de Justiça. Total da conta: R$ 5 milhões. E dinheiro para a educação? Educação não é problema deles. Não é isso excelências? E o salário dos professores das universidades públicas?

A antropo-ética, segundo Morin, presume a representação consciente e instruída de revelar a condição humana indivíduo/sociedade/espécie. Alcançar a humanidade a partir da afirmação da consciência pessoal. Reivindicar a consciência de planejar esse destino pessoal, familiar, profissional, social e universal, pertinente ao desenvolvimento da cultura e da civilização. Não é pouca a pretensão de alcançar esses objetivos.

A racionalidade não dispõe de poder nessa sociedade dos descendentes “cromagnon”. O “capitalismo selvagem” que assim se autodenomina, pode ser considerado representante de alguma espécie de civilização que não seja uma simulação de desenvolvimento civilizado, cultural? Sem educação Já, como pode ser possível alcançar esses objetivos futuramente? Se hoje, Aqui, Agora, há o confinamento da inteligência em partes do cérebro que não raciocinam? Regadas pelas melecas que se compram nas “bocas de mela” presentes em toda a cidade? A educação fica para o futuro. A educação e seus princípios vindouros. Longínquos. Nalgures lugar em que há de se inaugurar (a educação) no futuro.

Edgar Morin pergunta-se: “Não deveria o novo século se emancipar do controle da racionalidade mutilada e mutiladora, a fim de que a mente humana pudesse, enfim, controlá-la?” Anteriormente a esta pergunta ele havia afirmado, de modo pertinente, que o século XX havia vivido sob o domínio da pseudoracionalidade que se presumia, a si mesma, ser a única racionalidade. A “racionalidade” que atrofiou a compreensão, a reflexão, a auto-estima, o amor-próprio das pessoas roubadas, pelas autoridades, de seus direitos de cidadania. De educação. Há séculos isso acontece. E ainda tem gente na UNESCO querendo que a educação seja uma atribuição de “futura cidadania”.

Dona Ilusão e seu cônjuge, o senhor Erro, fazem a cabeça do nacional-socialismo mais elementar, que afirma uma sociedade exatamente nos moldes em que o nacional-socialista Hitler, na Alemanha das décadas de trinta, até meados da década de quarenta, liderou contra as forças dos supostos “Aliados”.

Hitler e seus ministros costumavam afirmar que aquele “Reich” (o Estado unitário, o império, o reino nazista) teria a duração de mil anos: “O Reich dos Mil Anos”. Quer supostamente perdessem, quer ganhassem a II Grande Guerra, eles permaneceriam “O Reich dos Mil Banqueiros” durante um milênio. E estão cumprindo a palavra. Hitler reina por trás da política “democrática” de presidentes invasores de países. A mentira enquanto pretexto globalizado pelas mídias.

E Hitler tinha razão. Os “Aliados” ganharam, supostamente, a II Guerra Mundial. Os “Aliados” ganharam apenas nominalmente. Estão usando e abusando dos mesmos métodos do “Reich” alemão. Até usando de mentiras globalizadas para invadir países. A Áustria foi “anexada”, a Polônia e os outros países do leste europeu foram literalmente “invadidos”. Foram “ocupados”. Há um discurso de uma “Condessa” nos Estados Unidos, plugada na ideologia do complexo Industrial Militar, que defende a invasão do Iraque. Esforça-se, a “Condessinha” por conceder legitimidade para uma “tsunami” militar. Em nome da “democracia”. Da “democracia” estalinista do “Reich dos Mil Banqueiros do Petróleo”.

O dogma da pretensa superioridade da raça ariana foi substituído pelo dogma de domínio das minorias que se apossaram, através de seus interesses particulares, da tecnologia via satélite, que impõe a quantidade de informações via Internet, sem que os internautas possuam sequer os rudimentos das ferramentas mentais suscetíveis de abstrair desse “tsunami” de informações, alguma qualidade de gerenciamento interativo pertinente à melhoria da qualidade de raciocínio lógico interativo, ou da afetividade que Morin afirma na frase, que outra vez se faz ecoar neste parágrafo: “A afetividade pode asfixiar o conhecimento, mas pode também fortalecê-lo”.

Morin adverte que necessitamos jogar com as duplas possessões, a dominação das idéias em nossa mente, e a de nosso intelecto pelas idéias. Deste modo, poderíamos alcançar formas em que a escravidão mútua se transformaria em convivibilidade.

Talvez ele tenha razão ao dizer da sujeição mútua entre (raciocínio, imaginação, pensamento, intelecto), se é realmente pertinente afirmar “as duplas possessões, a das idéias por nossa mente, a de nossa mente pelas idéias” sinonimizadas pelos substantivos entre parênteses. Intelecto, pensamento, imaginação e raciocínio estão mesmo, literalmente, a se seduzir, subjugar e sujeitar mutuamente? Acredito que haja um exagero. Há a presença da prevalência da tirania de idéias que interessam a um grupo de pessoas, não à sociedade.

Essas idéias estão a se questionarem, ao invés de se tiranizarem entre si? O espaço de subjugação das mentalidades, talvez algo elementares (uma vez que não realizaram uma certa quantidade de processos pertinentes à entropia Homo sapiens sapiens/demens em Homo humanizado), é a coisa (conceitual) que prevalece. Isso porque a entropia cromagnon, a disseminação da demência social pela falta de educação pertinente, é a política educacional que está a prevalecer.

A medida de quantidade de desordem num sistema (entropia) inteligente, tal como se presume seja a mente humana, se constrói apenas a partir de um acervo “mínimo” (considerável, prolongado) de informações, que, uma vez processadas via demanda de quantidades pertinentes que se substituem, alteram e transfiguram: de informações anteriores em outras, posteriores, mais pertinentes, mais atualizadas, de suposta “qualidade” posterior de reorganização integral.

Presume-se seja necessária uma série de “qualidades” psicossomáticas, a partir das quais uma pessoa possa conseguir realizar, em parte substancial, várias fases do processo de “entropia”, fases essas que incluem determinação da vontade, prazer pela leitura, gostar da análise socio-psi, em profundidade, das personagens de livros das várias escolas literárias, aprendizado dos princípios de raciocínio filosófico, político, econômico, curiosidade pelas motivações das técnicas de criação nas várias artes, uma curiosidade infindável pelos supostos “mistérios” da experiência fenomênica. Querer mudar para melhorar a percepção de si mesmo, da natureza, de seus prodígios e singularidades. Enfim, é preciso ser uma pessoa disposta a tornar-se proficiente em auto-estima, em autoconfiança, alguém que, como define O Livro Negro do Padre Dinis (página 215): “A dureza de certo o não vira, suposto voltasse para ele muitas vezes a face...”

Não há evolução de conteúdos mentais, emocionais, racionais, patogênicos, psi, que não produza desordem/reordenamento em seu processo de assimilação (armazenamento), transferência de informações. Esse processo de reordenamento das mesmas (informações), num novo e mais adequado estágio evolutivo, entropia, representa, na teoria da comunicação, o grau de incerteza em que nos encontramos com relação a ocorrência de cada sinal, ou evento.

Certo grau de entropia só se realiza na mente de uma pessoa, quando todas as respostas que essa pessoa busca para certas questões, têm a mesma freqüência a partir de um ambiente mental que haja superado suas insuficiências informativas anteriores, e realizado o progresso de uma nova ordem de percepção de seus conteúdos, uma nova e mais rica, e valorizada percepção de seus enunciados. Sem educação, a possibilidade de realizar essa entropia de idéias, de conteúdos, inexiste.

Este parágrafo anterior suscita-nos a oportunidade de acessar a informação literária provinda de outro livro de Morin (“A Cabeça Bem-Feita”): “As idéias não são apenas meios de comunicação com o real, elas podem tornar-se meios de ocultação. O discente precisa saber que os homens não matam apenas à sombra de suas paixões, mas também à luz de suas racionalizações.”

Racionalizações, não é nada fácil passar de um estágio para outro de conhecimento, através da ampliação destas, via entropia. Kleist, citado por Morin, em Carta a uma amiga, escreveu: “Gostaria muito de preservar minha educação, mas o saber não nos torna melhores nem mais felizes. Sim! Se fôssemos aptos em compreender a coerência de todas as coisas! Mas o início, e o fim de toda a ciência não estão envolvidos na obscuridade? Ou devo empregar todas essas faculdades, essas forças, a vida inteira, para conhecer tal espécie de inseto, para saber classificar uma determinada planta na série dos reinos?”


Partilhamos da idéia confirmada por Morin quando este afirma: “A reforma do pensamento é que permitiria o pleno emprego da inteligência para responder a esses desafios e permitiria a ligação de duas culturas dissociadas. Trata-se de uma reforma não programática, mas paradigmática, concernente à nossa aptidão de organizar o conhecimento.” Talvez o termo reforma não fosse o mais adequado ao contexto conceitual em pauta.

Confiamos na idéia de que as gerações vigentes, e as próximas, precisam de uma oportunidade mínima, de um “ambiente” propício ao aprendizado, à motivação mental do processo “entrópico”. Um “ambiente livre” de qualquer policiamento mental, emocional, de restrição subliminar por proximidade física, por convivência de “Atos de Fala”. A “entropia” passa a se realizar enquanto possibilidade, a partir da disposição das pessoas de entrarem em contato livre com outras, que também desejam evoluir do ponto de vista da percepção pessoal, da “mundividência”, do convívio coletivo numa “atmosfera” que não estivesse viciada em sua percepção cristalizada do mundo, pessoal e coletivo. Essas pessoas teriam de criar a disposição de conviver nesse “ambiente inusitado”, criado para fazer valer as relações paradigmáticas mencionadas por Morin, sem as quais essa “entropia” não poderia se realizar.

Essas relações paradigmáticas são perfeitamente possíveis de realização coletiva, quando diversos grupos de pessoas, das mais diversas localidades do país (dos vários “brasis”), pudessem se encontrar (tivessem a aptidão, o privilégio de possibilitarem a si mesmas a criação do mencionado “ambiente cultural” onde estivesse ausente qualquer tipo de pressão, virtual e/ou real, da parte de pessoas congeladas mentalmente por uma percepção antiquada (“cheia de razão”) do mundo.

A permanência nesse ambiente “aberto” (Veja “Obra Aberta”, Humberto Eco), propiciará a oportunidade dessas relações associativas (morfossintáticas, semânticas, lingüísticas) acontecerem. Em educação é preciso aprender a aprender. É também, suponho, aprender a aprender a se livrar do delírio persecutório (“full-time”), das pessoas da sala de jantar plugadas na tv, e, por vezes, numa “educação cromagnon” ainda mais carente de cultura e civilização (“letramento”), do que a de seus ambientes acadêmicos.


CAPÍTULO 2: OS PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO PERTINENTE

Morin confirma que o desafio dos desafios é o da reforma paradigmática, concernente à aptidão da pessoa a se organizar para a aquisição do conhecimento: “Todas as reformas concebidas até o presente giraram em torno desse buraco negro em que se encontra a profunda carência de nossas mentes, de nossa sociedade, de nosso tempo e, em decorrência, de nosso ensino. Os responsáveis pelas reformas do ensino, fazem de conta que não percebem a existência desse buraco negro, porque provêm de um tipo de inteligência que precisa ser reformada.”

É impossível o exercício do aprendizado pertinente nos meios atuais de aquisição de conhecimento, “ambientes viciados” pelos padrões educacionais que não têm nenhum compromisso, por mínimo que seja, com a mudança de percepção psi das pessoas do mundo informatizado, globalizado via satélite, que as cerca, e que suscita delas, inutilmente, uma nova modalidade de compreensão de seu “estar no mundo”. O “buraco negro” que Morin menciona suga qualquer possibilidade de mudança. De “reforma”.

O “buraco negro” da “educação” via tv suga tudo delas, faz com que elas sejam meras espectadoras da vida. Ter emoções e sentimentos verdadeiros, para que. São tantas as personagens com as quais empatizam sentimentos e emoções. Para que tê-los próprios, delas? As pessoas, presumo, precisam de uma percepção que não seja de gabinete, ou das tapeçarias, de ministérios e secretarias, com seus detritos impunidos há séculos, jogados no lixão de debaixo do tapetão.

Os poderes e/ou os políticos, precisam parar de olhar e admirarem-se com o próprio umbigo. Os burocratas nunca foram nem jamais serão o “umbigo do mundo”. Exceto do mundo da alienação. Da “educação à psycho motéis”. Educação mesmo? Só se for a do Futuro. Hoje, Aqui, Agora, enquanto a educação e o ensino mugem de necessidade, a vaca do futuro do ensino vai para o brejo, a tossir, contagiada pela carência de desenvolvimento da mente, dos sentidos, desde a infância.

Sim, porque as “eminências pardas” da política, saquearam o país por séculos, e se o presidente Lula bobear, a depredação dos ativos financeiros públicos, migrando farta para os “ativos” financeiros particulares, vai continuar. Ainda há muitas quadrilhas assaltando a Previdência. Enquanto a “moral parlamentar” vigente nas lideranças partidárias no Congresso, aprova aumento salarial para o “Concerto da Câmara” regida por Severino. É tudo gente boa. Gente boa e fina. Tudo da turma do “pirata do Rum”. A pilantragem parlamentar não está nem aí para a falta de verbas na educação, para o sucateamento da educação. Educação? E o salário dos professores? Só se for aumentar no futuro.
Saussure considerava as relações virtuais, vaticinadas pelo espírito, entre os diversos termos, provenientes da teoria psicológica então vigente, do associacionismo. Saussure falava de “relações associativas”. É a lingüística originária de seu ensino que generalizou a denominação “relações paradigmáticas”.

Estas relações paradigmáticas, mencionadas por Morin, podem ser melhor explicitadas a partir da reprodução de breve trecho do Posfácio do romance A MOCHILEIRA (Thundra), de nossa autoria:

“DÊEM UMA CHANCE À GERAÇÃO EMERGENTE
DE IR À FONTE E NÃO APENAS À ÁGUA”

O que um escritor pode fazer neste início de milênio para que isto aconteça? Cada um encontre seu caminho. No romance A MOCHILEIRA (Thundra), estou fazendo a minha parte. Mostrando que o aprendizado lúdico, no campus livre e solar nos acampamentos das praias, onde as pessoas não têm obrigação de preservar máscaras nem prestar homenagens a hierarquias do cartão de ponto, é um lugar onde todos podem aprender com todos todo tempo, enquanto vivenciam a emoção das paisagens, ao mesmo tempo que podem viver instintivamente. O “letramento” nesses espaços, talvez tenha uma oportunidade de preservar algum lugar da parte saudável da mentalidade dessa juventude, que está, hoje, em franca deterioração psi.

A ideologia da “liberdade” criou o “slogan”: cada um por si e o inconsciente contra todos. O 3º Milênio talvez possa mudar de “slogan”: cada um por si e o inconsciente a favor de todos. Uma luta sem quartel está se travando pela posse da alma humana das novas gerações. Não é uma luta ideológica. O fim das ideologia maniqueístas não é o fim da história, mas pode ser o começo de uma nova História.

Há a terrível força da propaganda tvvisiva, de produtos industrializados e programas de entretenimento, que são aparentemente inofensivos. Essa avalanche de imagens condiciona o tvespectador em direção a uma uniformidade subjetiva avassaladora. É uma lavagem cerebral diária de luxúria e violência.

Que direitos individuais podem ser preservados na cultura pós-moderna, se as novas gerações não forem chamadas a brigar pela busca e conquista de seus próprios valores, de sua própria alma? Se as pessoas não têm mecanismos reais e eficientes de protesto contra esse modelo de possessividade, em breve podem perder todas as suas liberdades. Estas, nos Estados Unidos, estão perdendo os atributos que os diferenciava (os EUA) dos demais países que não representavam “democracias”. E quem é o malvado, o lobo mau, o culpado pela perda desses direitos fundamentais nos EUA? É o “Bush de Blair”, sócio da família saudita e da família Osama bin Laden. Quer dizer: o Bin-Laden é o responsável pela política deletéria de direitos individuais dentro dos Estados Unidos, e quem faz essa política nefasta funcionar é o “Bush de Blair”. Responsável pelo boicote dos direitos individuais da “democracia” republicada dentro dos Estados Unidos. E, em parte, pela política externa da “educação” fora das fronteiras americanas.

É preciso que o indivíduo seja orientado pela educação escolar, no sentido de consiguir obter uma verdade, trabalhar para fazer parte de uma força, de um espírito coletivo essencial. Mas como fazê-lo, se está dentro de um redemoinho ilegítimo, pseudolegal e arbitrário que o cativa subliminarmente dentro de sua própria casa, nas profundezas sua própria alma? Como denunciar os horrores presenciados se é parte, segmento e extensão desses horrores? Se ele, indivíduo, os admite, convive passivamente com eles na realidade da “modernidade” da telinha na sala de jantar? Como são globalizadas as pessoas da sala de jantar.

A palavra moderno vem do século XVIII, a origem latina e o significado estão associados à imitação do antigo. Habermas, crítico do pós-modernismo, escreveu que “o fascínio exercido pelos clássicos do mundo antigo sobre o espírito dos tempos posteriores, dissolveu-se, pela primeira vez, com o ideal do iluminismo francês. Para ser preciso, a idéia de que ser moderno implica voltar aos antigos, mudou com a crença —— inspirada na ciência moderna —— no infinito progresso do conhecimento, no avanço em direção ao aperfeiçoamento social e moral.”

Dêem uma chance a esse aperfeiçoamento acontecer. Não é encarcerada no conforto da caverna moderna, que a nova geração vai descobrir que possui uma alma individual que deve e pode ser preservada. Permitam que possa criar seu próprio aperfeiçoamento, sua própria moral, se for capaz. A descoberta do inconsciente, no qual tempo e espaço inexistem, o tempo se estabelece enquanto referencial cronológico e espacial em um mesmo momento. Isto significa segurança, apoio, sólida estrutura psicológica para o indivíduo. Que pai mais protetor pode zelar por sua integridade?

Lacan afirma que as temporalidades de nossa experiência individual (passado, presente, futuro), estabelecemos através da linguagem. Que campus existe mais livre para exercitá-la do que as praias desse Pindorama continental?

Exercitar todas as linguagens pertinentes, todas as estruturas latentes, todas as vidas reais e virtuais de uma geração que necessita sair do esqueminha de terreiro, de patota, de igrejinha, de turma da esquina, e ampliar os horizontes reais e virtuais de uma cultura universal. Não encarcerem o futuro do planeta num quartinho multimídia, numa sala de jantar pseudo-interativa.

Não transformem em esquizofrenia o potencial mental de uma geração, de uma nação, de um planeta. Por não saber promover a continuidade temporal da vida, o esquizofrênico está condenado a sobreviver num eterno presente. A linguagem multitempo, “multimeninge”, a troca de informações de mente a mente, de micro em micro experiência, de jovem a jovem, pessoa a pessoa, sob o luar de um acampamento à beira-mar. . . Os riscos de acontecer algo de ruim a um membro da confraria das mochilas, é menor do que os perigos a que está exposto um jovem habitante sujeito à violência subliminar e real numa metrópole “fritzlangueana”.

As aquisições da mente presente são parâmetros para se navegar subjetivamente entre o passado e o futuro. Dizer que o tempo é irreversível eqüivale afirmar que a terra é plana e centro do universo. Wells, Clarke, Llosa, Rosa, Joyce, Proust, Woolf, Eliot, Sereno Hopefaith, a Física experimental, fornecem dicas plausíveis da indução incitante de que somos todos viajeiros do tempo (“Eterno viajor de eterna senda”, escreveu o poeta). A “máquina do tempo” não é apenas um projeto irrealizado (idealizado?), da Física, é o imaginário em ação.

O romance A MOCHILEIRA (Thundra), começa com um jovem estudante de história que se concede a chance de viajar interna e exteriormente, reagindo desta forma à inegável perda da liberdade, à exacerbação da eficiência dos fatores históricos tiranizantes, agindo dentro da universidade. Travava-se uma guerra interna que, como todas as guerras, era feita para criar fantásticos débitos institucionais que não serão pagos nunca. Trancou matrícula na faculdade, e “Pé na estrada”, desde que excluía a idéia de obediência e subserviência a uma tirania política e econômica, gerida por representantes quatro estrela da caserna. Uma tirania que lançou este país numa espiral de corrupção institucional (“O Reich dos Mil Banqueiros”), que vai terminar apenas quando o Saci cruzar as pernas.

Acredito que a literatura deve encontrar uma forma de desmascarar a obscuridade da intenção dos que desejam ver esquecidos os períodos de tirania política que deram origem à cultura do horror e da luxúria, à baixa racionalidade do tráfico, da repressão e da criminalidade. Só os tolos, os analfabetos anímicos ainda não descobriram que a luta entre ideologias foi apenas uma máscara para encobrir os processos de como se estabelece o controle dos indivíduos numa sociedade. Um funcionário de empresa estatal ou privada, ser denominado camarada ou executivo, em nada vai mudar o comportamento burocratizado que dele se espera.

“Nova Express” de Bourroughs é uma ficção na qual organismos parasitários ocupam hospedeiros humanos e os controlam por controle remoto, tornando impossível que tenham certos tipos de pensamentos, sentimentos e percepções. Os gnomos da morte são armas da quadrilha Nova, que usa tais conflitos para fazer explodir o planeta. Era o que EUA X URSS estavam fazendo com a Terra, segundo Bourroughs. É o que as “gangs”, em luta por primazia de quantidade de consumidores no mercado, estão fazendo, hoje, com as pessoas. Com o aval da impunidade entre os poderes. A educação ficou na saudade. Na saudade surrealista de um futuro ninguém sabe quando. Qual. As “quadrilhas novas” estão agindo.

A “quadrilha Nova” do romance “Nova Express” de Bourroughs , se compunha para motivar as ações dos habitantes de uma e de outra área de influência, no sentido de armarem-nos até os dentes (Sadhan Hussein, Bin-Laden, e outros), para lutarem entre si, enquanto faturavam bilhões de dólares e rublos, se capitalizavam, para fazer novos investimentos e abrir novas áreas de influência e atuação. No Iraque da atualidade, não apenas armas, o “ouro das verdinhas”, o “ouro negro”. Está valendo tudo. É o “tio Sam cromagnon”. Aquele, da educação dos países economicamente subalternos, sempre para amanhã.

Miller, por sua vez, afirmava admirar escritores que tinham uma misteriosa qualidade metafísica, oculta, que ultrapassava as fronteiras da literatura. “As pessoas lêem para se entreter, para parar o tempo e se instruir. Eu nunca leio para parar o tempo ou me instruir. Leio para sair de mim mesmo, ficar absorto. Estou sempre buscando um livro que me ajude a sair de mim mesmo.”

Para Hemingway, um escritor sem senso de justiça e injustiça ganharia mais editando anuários de uma escola para crianças excepcionais. Dizia que o dom mais importante de um escritor é um detector interno de baboseiras à prova de choque. “Este é o radar do escritor e todos os que mereceram este nome tiveram um”.

Cocteau se dizia habitado por uma força ou ser do qual pouco conhecia. Disse ter escrito Les enfants terribles a partir da observação de uma família isolada da vida em sociedade. “O ser em mim não queria escrever sobre isto, bloqueio total. Havia na história real alguma ligação com os Estados Unidos. Um mês inteiro só olhando o papel feito bobo, incapaz de escrever o que quer que fosse. Então, um dia, comecei a escrever 17 páginas por dia. Fluía bem, eu estava gostando. A arte é o casamento do consciente com o inconsciente.”

Picasso dizia ser preciso muita coragem para ser original. “A primeira vez que uma coisa aparece desconcerta todo mundo. O mau, é lógico, precisa ser canonizado, porque o bom é o familiar. O novo é uma falta. É sacrificando as faltas que criamos”. Educar é tornar a entropia da nova educação possível. Vencer a corrupção do “Reich dos Mil Banqueiros”, mesmo se o Saci não cruzar as pernas nunca.

Garcia Marquez achava engraçado que os maiores elogios para seu trabalho fossem dirigidos à imaginação. “Na verdade não há uma única linha sobre meu trabalho que não tenha sua base na realidade. O problema é que a realidade do Caribe parece ser a imaginação mais desvairada.”

Vonnegut Jr. acredita que “o trabalho do escritor é apresentar confrontos, para que os personagens digam coisas surpreendentes, façam revelações, eduquem e divirtam seus leitores. Se o escritor não sabe ou não quer fazer isso, deve retirar-se do negócio.”

A opinião de Burgess: “Somente através da exploração da linguagem pode a personalidade ser induzida a admitir alguns de seus segredos, pela extensão do vocabulário, pela cuidadosa distorção da sintaxe, pela exploração de vários mecanismos prosódicos tradicionalmente monopolizados pela poesia, determinadas áreas indefinitas ou complexas da mente, podem ser apresentadas com mais competência do que no estilo de, digamos, Irving Stone ou Wallace.”

Todos somos, fomos ou seremos jovens um dia. Todos os que um dia foram jovens sabem que a juventude é conformista, que, com freqüência, como diria Burguess, eleva a ignorância à condição de virtude. É pouco preocupada com valores dissidentes, tão orgulhosa de ser, tão segura de que somente ela sabe das coisas.

Para que a juventude possa aprender a aprender, é preciso que lhe seja fornecida a oportunidade de sair dos esquemas de aprendizado burocráticos, isto não quer dizer ignorá-los, mas usufruir da oportunidade de vê-los com um certo e providencial distanciamento crítico: O campus continental de Pindorama os espera de sol, mar e luar abertos.

As pessoas estão intensamente ansiosas para dizer e fazer coisas que não podem dizer nem fazer, exceto se possuídas por um sentimento de culpa para com aqueles com quem convivem num ambiente familiar ou grupal “contaminado” pela parcialidade, o prejuízo, a superstição. Nesse contexto emocional, mental, “ideológico” (de “idéias”), se faz, presumo, urgente e inadiável a criação de um ambiente cultural propício, pertinente à troca de mensagens tipos “Atos de Fala” entre essas pessoas. Um ambiente de liberdade de expressão. Como diria Camus, “a única Liberdade é o direito de não mentir”. Dizer o que pensamos num ambiente de liberdade, é a única liberdade que existe.

Do contrário elas continuarão a manter entre si um “diálogo de abestalhados”, ou seja: vão continuar reproduzindo as mesmas falas, e alimentando seus subconscientes de uma mentalidade perversa, medíocre, redundante, maquinando os mesmos preconceitos de uma cultura atrofiada, sem significados pertinentes ao desenvolvimento da fala, da linguagem. Reproduzindo as mesmas ligações de enunciados ultrapassados, anacrônicos, e achando que estão exercitando uma linguagem própria, alusiva ao autoconhecimento, ao crescimento emocional, “intelectual”, espiritual, pessoal e coletivo.

Quem leu A Ilha de Aldous Huxley, escrito quando ele agonizava? Nele, o escritor conta a história de um náufrago numa ilha em que seus habitantes eram realmente sadios. Os papagaios nas árvores berravam, e não apenas cantavam, os “Atos de Fala”: Atenção. Aqui. Agora. Atenção. Aqui. Agora... Os nativos haviam ensinado aos mesmos para que fossem constantemente lembrados pelas aves tagarelas a estar presentes em seus pensamentos, palavras, ações. Eles, os nativos, gostariam de estar observando tudo todo tempo, de modo a não perderem a afetividade e o controle que, a partir dela, exerciam em sociedade. Em seus ambientes.

Há, talvez, a necessidade de criar ambientes onde as relações paradigmáticas de que falava Morin, venceriam o egocentrismo, a necessidade de autojustificativa, a tendência a projetar sobre o outro as causas das “normoses” (a neurose normal das pessoas), seus efeitos sobre si e sobre os demais, as desfigurações especulares de terceiros, afirmando uma personalidade, um caráter e uma individualidade que não possuem. Ou que desfrutam apenas no imaginário doentio, nos processos subjetivos de afirmação de virtualidades, recursos simulados que contêm expedientes afirmativos ilusórios, como se fossem atribuições reais de caráter.

A racionalidade dialoga com o real que, por vezes, lhe resiste. Há o ir e vir incessante entre a instância lógica e a empírica. A verdadeira racionalidade conhece os limites da lógica, do determinismo, do mecanicismo. A mente, parte do mistério, negocia com a irracionalidade, identifica suas insuficiências. Em todas as sociedades está presente o mito, a magia, a religião, a história, as convenções. E a necessidade de reconhecimento do princípio racional de incerteza.

Quem pode combater a inconsciência? A consciência se tornará muito mais intensa, e, presumo, tirânica. Identificar-se com uma polaridade é o mesmo que criar um “inimigo interior”. Ao disseminar uma informação, melhor que seja na trilha ensinada por Gandhi: “Resistência Ativa”, que algumas pessoas costumam denominar de “resistência passiva” por não saberem, talvez, lidar com o princípio de incerteza da polaridade em pauta.

O princípio de incerteza (de Heisenberg), mencionado no contexto narrativo do romance “A Mochileira”, significa que a possibilidade de existência não significa necessariamente existência. Para se conhecer algo, é preciso interagir com o objeto do conhecimento. A interação introduz perturbação na propriedade que se deseja determinar, interfere no objeto em estudo que não se dá a conhecer de maneira exata. Sua existência se define de modo relativo.

Segundo a determinação das operações lógicas básicas, “todo fenômeno natural obedece a um determinismo, e todo fenômeno humano se define por oposição a algum fenômeno da natureza”. O paradigma efetua a seleção e a determinação conceitual das operações lógicas. Designa as categorias fundamentais da intelegibilidade, e opera o controle de sua função e/ou utilidade.

Huxley, o autor de A Ilha, entre outros, e da novela “O Macaco e a Essência”, desenvolveu sobre a mulher um conceito não muito afirmativo. A mulher, segundo ele, é irracional até quando pare. Ao parir, ela lança no mundo os depredadores da ecologia natural, os incentivadores da irracionalidade, em nome do progresso do capitalismo à Tântalo. Ou à Sísifo. Ou à Tânatos. Seus filhos, ao serem criados sem educação acadêmica pertinente, são postos no mundo para incentivar a “pulsão de morte” planetária.

Em O Macaco e a Essência, o papel delas na nova sociedade (pós-detonações nucleares), é um tanto quanto semelhante à representação da mulher nos dias de hoje. Sua instintividade, não se sabe muito ao certo, anda a correr atrás do prejuízo pessoal e coletivo na velocidade divulgada pelas propagandas de tv, entre um e outro “show” da Fórmula-1 ou da Indy. Com “letramento” e cultura literária pertinente, há a possibilidade dessa mesma instintividade passar a correr atrás do lucro, racionalmente. Sem a destrutividade instintiva do “símio cromagnon”, que só quer ganhar dinheiro. Que só quer ficar rica. Os recursos naturais das pessoas e do planeta que se danem. E a educação dessa gente fina que gerencia essa destrutividade? Por certo foi efetivada “nos melhores colégios”. Nas melhores “instituições de ensino”.

Aprender a aprender. O escritor alemão (Eckhart Tolle), autor de “O Poder do Agora”, ecoou em suas páginas, por várias vezes, a frase: “Sem uma profunda mudança na consciência humana, o sofrimento é um buraco sem fundo”. Sem “letramento” o sofrimento é um buraco sem fundo. Sem educação, o sofrimento é um buraco sem fundo. Sem ética o sofrimento é um buraco sem fundo. Sem cidadania, as pessoas são um esconderijo do medo. Por isso é preciso aprender a aprender. Educar é preciso: “Você está aqui para possibilitar que o propósito divino do universo se revele. Veja como você é importante!”

A frase acima traduz o significado original da interação afetiva e racional, entre os moradores da Ilha, habitantes de uma sociedade menos carnavalesca e menos musicalmente chegada aos delírios das paradas musicais. Afinal, nem todo “Anel de Saturno” é cria da Rita Lee, da Daniela Mercury, da Pitty, ou da Sangalo. E Titãs, é apenas a maior lua de Saturno? Ou também uma banda musical? Eles precisam cantar um novo (ou novos) paradigmas em suas letras.

O grande paradigma do Ocidente, foi formulado por Descartes e imposto pelo desdobramento da história européia do século XVII. Ele, o paradigma cartesiano, separa o sujeito do objeto: a filosofia e a pesquisa reflexiva de um lado, a ciência e a pesquisa objetiva de outro: sujeito/objeto, alma/corpo; espírito/matéria, essência/existência finalidade/causalidade, “anjo bonzinho”/anjo torto”, bela/fera; sentimento/razão; liberdade/determinismo, sensibilidade/insensibilidade; quantidade/qualidade.

As sociedades todas têm por finalidade a domesticação dos indivíduos (eximiram-se do autocontrole e da instrução acadêmica dos mesmos), como se fossem animais serviçais daqueles que detêm maior parcela de poder familiar, religioso, empresarial, político, financeiro, econômico. Os indivíduos poderiam trabalhar as idéias no intuito de melhorar esta situação de “escravização cromagnon”, real e subliminar, de seus pares e dependentes. Quando não ouvindo, quando em vez, Vinícius, Gil, Caetano, Edu Lobo, Caimmi, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, “Claire de lune” de Debussy, ou uma obra aleatória de Mozart, Wagner (Parsifal), Strauss, Villa Lobos, e similares. E os outros clássicos. Eles são parte complementar à entropia necessária ao “letramento”. Os indivíduos não precisam apenas de comida, mas de nutrição, diversão e arte.

Daí a “necessidade das necessidades”: a de um campus de liberdade a partir do qual seja exercitada as diversas formas de linguagem dos indivíduos. Tarefa que será realizada apenas se houver um “ambiente onde a independência de atitudes, de “Atos de Fala” possa exercer-se sem mediações constrangedoras de familiares, amizades, professores de academia, e sem a interferência dos hipnotizadores das pessoas da sala de jantar, que ganham enormes quantidades de dinheiro das mídias, principalmente a tvvisiva, para fazer a cabeça dessas pessoas, dentro de suas casas, infantilizando-as impiedosamente. Aliciando-as no sentido de agir e reagir conforme os interesses dos grandes barões dos conglomerados de tv via satélite que fazem a cabeça globalizada de cada pessoa que vê tv no planeta. Ela, a tv, e a Internet, são apenas simples e eficientes ferramentas de “marketing”.

Michael Moore no livro Cara, cadê o meu país?, afirma que “há meia dúzia de corporações (conglomerados) da mídia, que são donas de tudo”. E desafia as pessoas da sala de jantar: “Quebrem este monopólio para o bem de seu país. O livre fluxo da literatura, de notícias e de informações não pode estar em mãos de alguns ricaços e de seus interesses fechados. O pior que se pode dizer a um povo, em um país que é ainda basicamente livre, é que algo não possa ser lido, ser dito, ser publicado”.

Tudo é aprendizado todo tempo. É a entropia que nos possibilita a oportunidade de atualizar esse aprendizado de modo a renovar nossas possibilidades de mudar nossa compreensão do mundo para melhorar nossa percepção do mesmo e poder criar as condições necessárias de mudá-lo. Senão o caos crescente de uma entropia aparente, acabará com o Homo sapiens sapiens/demens, enquanto espécie. Que futuro poderá haver se a educação acadêmica continuar igual ao que é hoje, no dia de amanhã, depois de amanhã, daqui a uma, duas, três ou quatro décadas? O livro “Adão e Eva no Éden Neo-Pós-Moderno” (PsycheCity), do autor Sereno Hopefaith, é sobre a impossibilidade desse futuro vir a existir a partir da carência de educação elementar e acadêmica na sociedade de hoje, Aqui, Agora.

A tv e a Internet foram as grandes invenções do século passado. Elas podem contribuir para a cultura geral do indivíduo, mas a tendência, hoje, Aqui, Agora, é subsidiar a ignorância com aparência de saber mais e melhor. É necessário compreender que seus programas, seus “sites” tendem apenas a aumentar a alienação pessoal e coletiva do homem. O que muda é a intenção tecnológica, requintada, de sua intencionalidade cromagnon (selvagem), de dominá-lo e escravizá-lo às intenções do “marketing” político dos supostos “donos do mundo”. O que muda é a possibilidade mais rápida de extinção do Homo sapiens sapiens/demens, enquanto espécie. A tv e a Internet não auxiliam o Homo sapiens, sapiens/demens a pensar e a agir melhor e de maneira mais civilizada. Ao contrário. Eles acrescentam a tecnologia à manutenção de uma situação social de avidez, corrupção e ignorância: de submissão a seus interesses exclusivos.

Podemos “aprender a aprender” a reagir à possessão satanizada de nossas mentes pelas idéias de compra e venda de mercadorias, entre um e outro comercial de tv. As novas gerações e todas as gerações interessadas nesse aprendizado, precisam se organizar no sentido de buscar o espaço aberto dos oito mil km de praias brasileiras, e outras. Inexiste uma disciplina que ensine às pessoas a usar ferramentas mentais que lhes impeçam de ser controladas pela intencionalidade (caráter intencional), do establishment, e/ou pelas instituições governamentais e privadas (complexo industrial militar com sede nos Estados Unidos), denunciado inúmeras vezes por jornalistas e ex-presidentes americanos. Quando estes se importavam com o futuro da América, e não apenas com o futuro de suas conveniências privadas.

A senhora Ilusão e o senhor Erro estão totalmente empenhados em impedir a flexibilização das consciências, de maneira que essas consciências possam “aprender a aprender” o que é melhor para elas e para a família que elas vão construir, e para a sociedade que elas devem influenciar.

É impressionante a facciosidade, a parcialidade sediciosa das mídias. Um, de inúmeros exemplos: A revista “Veja”, edição 51, página 38, de 22 de dezembro de 2004, publicou uma fala do escritor José Saramago, sob o título em caixa alta que encimava a opinião do escritor entre aspas:

POUCA LUCIDEZ: “Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor.” (José Saramago, escritor português e nostálgico do estalinismo).

Faltou à revista registrar a menção “prêmio Nobel de Literatura”. Não seria nenhum favor “Veja” conceder a ele o merecido registro ao prêmio. Não bastasse isso, a principal mídia escrita do país, para sublinhar sua impertinência nesse evento, tentou estigmatizar José Saramago como “saudosista do estalinismo”. Por quê? Porque definiu “democracia cromagnon” nos termos em que a denominação é mais pertinente. “Veja” é considerada a melhor “turma” de jornalistas desse gênero de mídia semanal. E pisa na bola com um dos principais representantes da literatura.

O “letramento”, a literatura, está jogada às traças e aranhas dentro das gavetas dos acadêmicos de letras. Os “imortais necrófilos” (jornalistas e editores), estão à espera da morte física de autores da “década de 70”, e do século XXI, dos denominados “pós-modernos”, neo-pós-modernos, para fazerem a apologia “pós-mortem” de suas criações literárias. Senão, por que estão ausentes das livrarias, das resenhas e artigos de jornais e revistas de notícias, informações e de suas crônicas? Quanto tempo ainda esses autores vão permanecer no “Índex” das academias, dos jornais, da mentalidade conservadora que não vê interesse social pertinente em publicá-los?

Por não terem, os escritores, nenhuma aproximação de simpatia com essas pessoas, as mídias se fecharam para eles. Estão subliminarmente “Proibidos”. Apesar de, oficialmente, não haver “ditadura cultural”. No muindo do “faz-de-conta” tudo é normal. Não há ditadura, é a “democracia” da “Veja”, a todo vapor, dizendo que escritor não é agradável a seu paladar privativo, querendo estigmatizar o escritor Saramago, incluindo-o entre os partidários de Stalin. Quem quiser comprar livro dirija-se aos melhores de “ficção” e “não ficção” dos “magazines”. A essas listas, fornecidas pelas livrarias, “Veja” devota verdadeira beatitude de opiniões. Ao Nobel Saramago, “saudosista do Estado de Sítio”, malhação. Até parece nome de novela: “América”. E a educação, o “letramento” a partir dos apelos da mídia escrita? Fica para o futuro.

Educação é sensatez, equilíbrio, sobriedade, moderação, compostura. A leitura das revistas semanais é uma forma de educar para a cidadania. Morin afirma que o objetivo da educação é servir melhor às pessoas. Inseri-las em seus direitos e na defesa jurídica desses:

Isto é cidadania: Contribuir para que cada indivíduo possa, ao informar-se, ter a oportunidade de pensar a possibilidade, mesmo que remota, de como sair do transe da influência ideológica midiatizada: as hipnoses da “democracia estalinista”. A “democracia” da impunidade. A “democracia” da mentira. A “democracia” da exclusão. A “democracia” da educação adiada para o futuro. A vida das pessoas é hoje, Aqui, Agora, amanhã, depois de amanhã... e em todos os dias de nossas vidas, pulando, feito ladrão, os muros sociais construídos com os tijolos da exclusão, da necessidade, do salário mínimo e do medo. Medo. Quantos desses jornalistas, acadêmicos, editores, esqueceram suas origens? E uma vez do outro lado do muro da vergonha dos quem têm mais recursos sociais, os partidários das instituições do 4° Poder, viram fortes aliados dos poderes constituídos. Querem, eles também, tirar proveito do público sem a devida devolução de serviços pertinentes à sociedade. Escritores prestam serviços inestimáveis à educação e ao “letramento”:

Escritores criam ficções que mais se parecem com projeções da realidade de agora acontecendo no futuro. Mostram-no, o por vir antes dele se manifestar enquanto fenômeno histórico e social. Estão, os escritores, escrevendo no presente. A representação social em algumas décadas, do que “representa”, hoje, a “educação pertinente” das disciplinas nas universidades, é motivação literária de romances que desvendam muito o véu subliminar da família globalizada nas cidades de carne da jogatina, das micarinas, das festividades musicais com “ideologias primais”. Demasiadamente primitivas. Alguém já falou: “Errar é humano. Mas neste sentido não se deve tornar a existência demasiado humana”.

Nossa luta está fazendo valer o “slogan” educação Já, não para amanhã, “letramento” não para o futuro, salários dos professores minimamente comparáveis aos das “eminências pardas” dos poderes, regidos pela ganância famigerada dos Severinos Cavalcanti da política. O trabalho dos professores não é nem nunca será, menos pertinente, socialmente, do que o de um parasita tipo desembargador, parlamentar, e outros coronéis da mordomia salarial. É preciso fazer valer o pagamento da “dívida social” com a educação e o “letramento”. Lembrar que os escritores são os desvendadores dos dramas intimistas da sociedade. E toda família, principalmente as ditas “chic” têm dramas mais atrozes, ou tanto quanto, as dramatizações, familiar e social, da pequena burguesia.

“Veja”, no lance do epíteto “saudosista do estalinismo”, ainda estava fazendo, no sentido de impressionar a seus leitores, como se todos eles fossem de antigamente, a propaganda, um tanto quanto anacrônica, da guerra de nervos da guerra fria. Este texto são menções às redundâncias da vida, da educação nesse país globalizado pelos interesses de minorias. Globalizado pela musicalidade do país Bahia. A III Guerra Mundial roda em plenos trilhos da locomotiva do “Reich dos Mil Anos”. Das geringonças tecnológicas programadas para divertir o mercado do “Reich dos Mil Banqueiros”. Da emissão de gases atmosféricos do “Reich dos Mil Anos”, das conquistas espaciais do “Reich dos Mil Banqueiros”, da tvvisão e da Internet do “Reich dos Mil Anos”. Da “educação” sucateada nas academias do “Reich do Reich dos Mil Banqueiros”, das mentiras divulgadas para que os representantes do “Reich dos Mil Anos” possam invadir outros países, depois de iludir bilhões de pessoas, fazendo-as acreditar que suas motivações eram outras que não a defesa de seus interesses privados. Exportar o estilo de vida americano para “modernizar” nações muçulmanas. O “american way of life” deseja invadir como um “tsunami”, as nações árabes. As que tiverem petróleo, vêm em primeiro lugar. E puxam as outras, segundo a logística de “Bush de Blair”.

Sim, porque até crianças de rua, as que não são da Febem e quejandas, sabem o que a “democracia cromagnon” faz com elas. Em todos os segmentos sociais de afirmação da cidadania, as crianças e os jovens sem privilégios de classe, estão jogadas no lixo desse lixo cultural que se autodenomina, não sem uma ponta de sorriso no canto direito da boca dos investidores e corretores da Bolsa, de “capitalismo selvagem”.

O Brasil todo cantou, e continua a cantar nos versos de Cazuza: “Eu sou mesmo exagerado, adoro um amor infernal”. Não sei ao certo se estamos ou não HIV positivos. Mais um medo. Em saúde o país atesta a atuação do prefeito J. Serra S/A. Dizem que é uma das primeiras maravilhas do mundo antigo. Faz parte do meu “show” sugerir ao ministro Gil investir em educação. Mesmo sendo ele representante da “cultura musical” do país Bahia. Apesar da revolta e da repugnância por essa cultura da obscuridade, ainda assim a gente vai dormir para a esperança renascer feliz: o mundo inteiro acordar e a gente dormir para a gente nascer feliz. Positivo. A gente da educação, ministro. Para o mundo inteiro acordar e a gente dormir e o dia nascer feliz. Soro positivo, ministro. Feliz e soropositivo: essa é a felicidade de muitas pessoas da sala de jantar do país da musicalidade, do país Bahia.

Essa é a educação de todo dia: Todo dia é dia do molho ou da mela do amor num “psycho motel”. Vai bem em quais quadris? O da burguesia é “special reserve”? Muito pelo contrário, como elas dizem “o que não mata engorda”. O odor é o mesmo: soro positivo, ministro. Educar para não se deteriorar. Educar para não caducar antes dos quinze, ou não morrer de velhice antes dos trinta. O povo embaixo espera, ministro. São todos seus em esperança, estão todos com os braços sempre abertos, mas não são cristos, nem foram ensinados a se protegerem minimamente. Todos soro positivos, ministros. E o “letramento”, onde estava para essa gente boa dos “psycho motéis”? Nas camas todas elas são estrelas, ministros. A empatia social promovida pela Globo, parlamentares. Especiais do horário nobre. Privativas dos programas, com seus salários de fome e da esperança que eles têm. Todos querem se dá bem. É o que a “história cromagnon” ensina. A qualquer preço. Egoísmo, corrupção e vaidade: Que espécie de trindade do mal institucional “educa” a sociedade via tv e Internet. Via o exemplo dos membros eminentes das “instituições cromagnon”. Qual o seu salário Severino das Prelazias da Câmara ? 19 mil e cem reais ? E o salário dos professores, Severino Prelazia?, comparável ao de garis da “educação”.

A juventude está caduca precocemente, não há tempo de ficar jovem. Essa geração dos “caras pintadas” nasce, cresce, desenvolve e morre velhos, sem oportunidade de saber o que é viver a juventude e pensar-se nela. Não há possibilidade de compreensão do mundo, pessoal ou coletivo, com uma educação para a escravização dentro de uma gaiola das coisas burocráticas. Com todas essas influências da musicalidade tropical no currículo, nos ouvidos. Qual o seu discurso, meu velho de 15 anos, minha velha debutante ? Ter participado da micarina ? Ter passado as férias no litoral ? Meus caros e sempre idosos amigos, não serão nunca educados, exceto pela musicalidade do país Bahia ? Jovens idosos, tão cedo asilados e postos a correr atrás de suas aposentadorias”. A realidade de uma educação que já vem malhada antes deles nascerem!

Quem paga para a gente ficar assim? A cara da morte precoce diante do espelho dessa educação para a boca do cação. Uma educação, e um “letramento” para os sete palmos de chão. Qual o nome do teu sócio, Bahia ? Confia em mim. Mostra tua cara, o rosto da “democracia estalinista” disseminado no mundo globalizado. Alegria, alegria, minha gente, enquanto sua mente é sucateada tão cedo. Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? A educação pode ficar para o futuro, mas essa droga de educação que já vem malhada entes de cada discente nascer ? A musicalidade da micarina, programada para só dizer sim? Brasil, desesconde tua cara. Todos sabemos quem paga a sociedade anônima do “Reich dos Mil Banqueiros”. São aqueles sócios majoritários do país Bahia que pagam seus políticos para que a educação permaneça assim. Educação, Severino das Prelazias, que vá para os quintos dos infernos do mundo da “pqp” do futuro. Não é assim ? Que tipo de herança terão os herdeiros de uma educação assim ?

O Conselho Editorial da conceituada revista semanal acredita mesmo que a “democracia” a que menciona a frase de José Saramago, é alguma ilha da fantasia, dessas encontradas facilmente nas páginas super bem produzidas das fotografias das propagandas das megamáquinas em oferta nos revendedores autorizados ? O “capitalismo cromagnon” está repleto de reproduções similares da mesma ideologia selvagem. A imprensa brasileira, com exceção, talvez, de Carta Capital, não tem a educação enquanto dever, nem o dever como princípio da educação informativa dos leitores. O economista Beto Campos, que Deus o tenha, era outro que não se exercitava praticando natação contra a corrente selvagem dos fanáticos mencionados na canção de Cazuza:

““Não me elegeram chefe de nada/meu cartão de crédito é uma navalha. Brasil, mostra a tua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim, “Veja”, qual o teu negócio, o nome do teu sócio: confia em mim””. “Veja”, nesse evento de malhação do escritor prêmio Nobel José Saramago, representou o Brasil programado para só dizer sim. E trair sua gente. Sua linguagem. Seu povo, sua literatura. A literatura daqueles que denunciam a opressão, a tirania dos políticos. Políticos e mídia: Quem paga para a gente ficar assim?”. O nome do teu sócio: “Confia em “Veja”. Confia na “mídia”. Confia em “Bush de Blair”. Confia nas lideranças à Severino Prelazia.

A fala de Saramago está mais próxima do popular, do humano, do mundo globalizado que não é o das “idéias” da Bolsa. Ideologia: quero uma para viver. Não apenas a da morena vestida de calcinha mostrando a bunda lindinha ao estilo da “Gisele Gesso” (apesar do andar pirlimpimpim). É desta forma que a mídia em geral, e as editoras, vêem os autores que fazem críticas pertinentes ao “capitalismo cromagnon”. Há tubarões demais devorando os milhões de dólares públicos, privatizados nos paraísos fiscais globalizados. E a educação, está no bolso de quem, ministros? Quem é o sócio da educação no Brasil? No “país” Bahia. Meus ídolos morreram de “over-dose”, ministro, e os seus ? A excelência sabe como é uma educação para vir a ser soro positivo? Uma educação “demasiado humana” no sentido de suportar a gerência do senhor Erro e da dona Ilusão.

A tristeza é uma maneira da gente se salvar do “charme da mídia”? A dedicação, a afetividade, o zelo, a simpatia à cultura literária fazem parte da mídia? Resenhas de livros têm a mesma comercialização dos festivais de asneiras políticas nas páginas da mídia escrita? Ou as mídias educam este país apenas para que seus leitores venham a investir em seus filhos e netos, na expectativa “cultural” de que eles se tornem jogadores de futebol, guitarristas de banda, ou profissionais do tráfico, ou modelos da sociedade globalizada do pó de pirlimpimpim. A educação, essa, alhures, virá algures, no futuro. A educação acadêmica “democrática”.

A expressão no rosto e no gesto de Saramago, na foto que ilustrava as “entres aspas” do autor português, prêmio Nobel de Literatura (por merecimento literário) mostrava uma pessoa, não um escritor apenas, que trazia na face as marcas da tristeza. Talvez seu olhar e expressão facial de intensa decepção com os Conselhos Editoriais tipo “Veja”. Ah, os poderosos barões das redações. Eles não simpatizam com escritores que não escrevem discursos para a satisfação “ideológica” das “Velhinha de Taubaté” dos tempos negros (e atuais) de chumbo, da ditadura feroz que envolvia a todos como se todos fossem voluntários na Guerra-Fria entre os interesses de mercado dos Estados Unidos versus os da ex-União Soviética. Existe uma imprensa no país que é saudosista do estalinismo nacional da ditadura. E parece que não está vendo a ditadura globalizada que se forma na superestrutura do poder político globalizado. Poder que não está interessado em investir em educação e “letramento”.

Imprensa escrita é também educação: “letramento”. Escritores, dramaturgos, poetas, cronistas, ensaístas, noveleiros, jornalistas, publicitários. O país precisa dessa gente. Principalmente quando um autor de livros que rasga o véu do Templo do capitalismo cromagnon é infamado “estalinista” pela imprensa escrita. A grande imprensa quer mesmo acabar com a literatura? Estão a conseguir. Seus aliados são fortes. O nome da empresa: Editoras & Autores & Mídias Aliados à Política Cultural do Reich dos Mil Banqueiros Sociedade Anônima. Não é fácil, caro leitor, eles, segundo “eles” mesmos, têm ainda mil anos de tirania a afirmar. Com seu respeitável beneplácito. Ou não?

Que é a “democracia” para os barões da “Veja” ? É os Estados Unidos com cinco por cento da população mundial que consome 25% de todos os recursos energéticos do mundo. São os dezesseis por cento mais ricos que usam 80% dos bens de consumo do planeta? É o grupo de “Bush de Blair” que, em retaliação aos 3000 mortos do World Trade Center, bombardeou a população civil iraquiana, que nada tinha com isso, matando seis mil civis? Quando são eles que matam impunemente não é terrorismo ? Cada dois em dez dos mísseis “inteligentes” lançados contra o Iraque, explodiram alvos tais como mercados, padarias, restaurantes, templos, em vez de atingir sistemas antimísseis do “inimigo”, entre aspas. A grande mídia calou. Ela tem dono. Não disseram que parte dos mísseis destroçaram alvos inofensivos no Irã, na Turquia e na Arábia Saudita. Literatura jornalística é cultura literária, “letramento”. Deve ser isenta, não tomar partido desse ou daquele lado do conflito.

Por que “Veja” não mostrou a face oculta das relações de “Bush de Blair” com seus sócios sauditas, com membros da família de Osama bin Laden? Por que “Veja” não investigou ou, pelo menos divulgou, a intimidade existente entre os membros dessas “famílias” ? Talvez porque nem o FBI nem a NSA tiveram autorização de “Bush de Blair”, nem nenhuma outra agência de “inteligência” americana pôde impedir que jatos dessas famílias cruzassem os céus dos Estados Unidos, logo após os ataques (quando estavam proibidos vôos internos das companhias americanas), para tirarem quase três dezenas de seus membros do território americano antes que pudessem ser interrogados pelas agências de investigação.

Jornalismo é “letramento”. Mas tem dono. E a política das mídias defende seus interesses. A “Lei Patriótica” do governo de “Bush de Blair” passou a aterrorizar os cidadãos americanos após os ataques às “Torres Gêmeas”. É a literatura de “ficção” de George Orwell tornando-se realidade. Daí a importância dos escritores: fazer as pessoas despertarem para uma realidade cada vez mais temerosa e totalitária que se está construindo hoje, Aqui, Agora, para determinar como será o amanhã, o futuro. Até parece que a realidade está mais desequilibrada do que as projeções da “ficção” literária. No livro de Orwell lê-se: “Os dois objetivos do Partido (Republicano e seus aliados sauditas), são conquistar toda a face da Terra e extinguir de uma vez por todas as possibilidades de pensamento independente”. No Brasil eles estão conseguindo mais rapidamente do que se possa pensar. Não há nenhuma vontade política para com a educação e a literatura e o “letramento” da população infantil, adolescente e adulta. Vejam os preços dos livros nas livrarias. Vejam a quantidade de escritores que têm seus livros engavetados pelas editoras e pelos “barões” das instituições literárias que deveriam promover a literatura do século XXI.




CAPÍTULO 3: ENSINAR A CONDIÇÃO HUMANA

Estamos mergulhados na obscuridade do mundo. Que fazer? O mundo globalizado da Internet, submerge a todos na complexidade confusa da globalização. Sem que haja em seus internautas, aquele espírito descobridor, não de sites de pedófilos, mas de uma pedra preciosa, de uma informação afetiva calorosa, de personagens da literatura do Terceiro Milênio que substituam as eternas Capitu, Bovary, Wanda, Tânia, Gabrielas, Madalenas. As raras possibilidades de uma nova sensualidade, tão egoístas. O Sagrado Feminino do século XXI, o amor a desbotar como a galáxia de uma rosa azul em franca mutação numa “estrela vermelha”.

Falta educação. A grande noite da “democracia cromagnon” só mostra a dor. De que cor é seu sangue, meu amor ? Que Sorriso grande, aberto, lindo. É Kolgate, ou Kolynos ? Mas você é só sorrisos minha querida ? Maravilhoso Mundo Novo de “Veja”. A sociedade “democrática” está submersa nos problemas éticos de suas lideranças, na complexidade das relações entre os vários segmentos parainstitucionais do poder. O problema planetário pessoal, segundo não apenas Morin, permite à entropia (humana) pensar a si mesma, desde que o pensador é parte do contexto dela. O pensar da entropia (cromagnon), não quer solucionar o problema da falta de entropia pertinente! Até a melhor imprensa escrita tem seu preço.

Todos sabem, não é demais dizer outra vez: A complexidade das instituições da impunidade, compõem a cadeia destrutiva das ações mútuas da nacionalidade globalizada: a parte devorando o todo e às outras partes, enquanto o todo devora tudo todo tempo, sob a impotência do touro que representa Wall Street (O “muro” que representa o “capitalismo”, o separativismo social, não estava apenas em Berlin). Está aí. Ainda precisa vir a ser derrubado, ou dinamitado como diria Drummond:

“Não há guarda-chuva/contra o poema/subindo de regiões onde tudo é surpresa/como uma flor mesma num canteiro. Não há guarda-chuva/contra o amor/que mastiga e cospe como qualquer boca,/que tritura como um desastre. Não há guarda-chuva/contra o tédio:/o tédio das quatro paredes, das quatro/estações, dos quatro pontos cardeais. Não há guarda-chuva/contra o mundo/cada dia devorado nos jornais/sob as espécies de papel e tinta. Não há guarda-chuva/contra o tempo,/rio fluindo sob a casa, correnteza/carregando os dias, os cabelos.” (João Cabral de Melo Neto/Poesia A Carlos Drummond de Andrade, do livro O Engenheiro).

“O poeta declina de toda responsabilidade na marcha do mundo capitalista e com suas palavras intuições símbolos e outras armas, promete ajudar a destruí-lo como a uma pedreira, uma epidemia, uma infecção extremamente maligna e contagiosa: um verme: Inabitado o mundo é cada vez mais habitado. E se os olhos reaprendessem a chorar, seria um segundo dilúvio.” (Poema “Nosso Tempo”, do livro “A Rosa do Povo”, canto VIII).

A educação através do “letramento” erudito, em Drummond, presença poética de quem fala da aspereza, da rugosidade de gelo das pessoas da sala de jantar. E ainda consegue ser lírico falando de pessoas mecanizadas. Frieza granular, paradigma de um coração quente, desenhado numa pedra de gelo caída no asfalto do meio-dia, sol à pino. Pessoas mecamismos, rotinas da redundância de sua filologia. Nossos “Atos de Fala” precisam nos salvar de nossa inconsciência. De nosso besteirol verbal. Ou então, que discurso terão os filhos mecanizados da poesia de Drummond? Das gerações que formam as “idéias” (carnavalescas e de futebol não valem) de uma cultura erudita que não seja motivo de vergonha para quem dela fizer uso na escrita e/ou na oralidade.

A “Rosa Mística”, enquanto linguagem, perdeu-se dos corações solitários. Desvalidos, sozinhos, ermos: habitados pela proficiência da fera da solidão.

E a resposta para os conflitos da educação ? Resume-se em que ela sempre esteja como uma possibilidade futura ? Ninguém precisa dela nas universidades dos dias de hoje, Agora, Aqui? Os âncoras” da tv que o digam. Se o disserem. Ou se forem autorizados a dizer pela “chefia de redação”. O “4º Poder” é um instrumento social de educação, ou uma prelazia do “buraco negro” de uma tirania da política educacional ?

O buraco negro da Internet é mais embaixo. É uma força, uma suposta entropia. Um perene “feed-back” de “entropias” vulgares. Não servem para ser cognominadas “utopia”, representam uma “fenomenologia” menor, medíocre. Se as “entropias” não servem para nada, por que continuam nos corações e mentes, como se fossem “pombas-giras” (dos neurônios, sinapses, da ação dos neurotransmissores?) em busca desesperada de “seu” Xangô? Sem educação não há juventude nem primavera. Nem escolha, nem livre-arbítrio, nem cidadania, nem direitos civis.

Exceto para vender produtos e serviços, a educação via tv e Internet assemelha-se à das nossas tão prestigiadas “academias de letrinhas”. Uma espécie de “feelling maléfico” de retroalimentação discursiva, tatibitate, padrão “Big-Brother Brasil”, via satélite. Retroalimentação de interesses particularizados, que nada têm com a participação social, mas com a intensidade da impregnação dos interesses piratas, privados, “magnéticos”, via satélite (sal dos interesses da “elite”). Quem vai te proteger da solidão globalizada, amanhã ? Da “normose” (normalidade da neurose), do medo, da insegurança, do futuro ?

A educação de seu discurso, de seu gestual, de sua oralidade, de sua criação literária, não pode, nem deve, ficar para amanhã. Use os recursos de sua cidadania, enquanto docente e discente para sair desse “buraco negro” que representa o salário dos professores, o sucateamento da mente dos acadêmicos. Quem vai te proteger de uma cidadania pátria e planetária apenas supostas? Aparentes? Quem vai te defender da falta de seus direitos? Os mais básicos?

O “país”, imitação da Bahia, não pode viver sem trios elétricos. Sem micarinas. Tudo bem no ano que vem. O país da inteligência está morrendo por carência de educação, “letramento”, literatura. Enquanto sua mente está sendo sucateada, você está na maior comemoração, pulando de alegria porque sua libido vai estar mais amenizada quando o carnaval chegar. Os “psycho motéis” estarão limpando os lençóis mais depressa.

Viaja internauta/vai para alhures/quando muito descobrirás algures/nos sites que te prometem a transferência de dinheiro/vai pensionista da Internet, manda pelo e-mail a mensagem/lembra das pedras desertas do Arpoador/das praias cobertas pela maresia da praia Brava, no Farol de Arraial do Cabo/todo o dia é dia de fazer a cabeça no vai-vém de teus quadris:

Camburi, Tabatinga, Vermelha, Pinhal, Árvore Só, Barra do Chuí, Sidreira, Xangri-Lá, Balneário Gaivota, Dunas do Sul, Armação, Palhoça, Itapema, Meia-Praia, Fazenda da Armação, Ubachuva, Da Saudade, Rio Verde, Juréia, Verde Mar, Gaivota, Vera Cruz, Solemar, das Sete Fontes, da Figueira, Enseada, Ilha das Palmas, Parati, Iriri, Ilha Itaóca, Brava, Angra dos Reis, Mangaratiba, Dois Rios, Sepetiba, do Forte, Vidigal, Itaipu.

Boca Nova, Boqueirão, Ponta Negra, Massambaba, dos Anjos, Dunas, Tucuns, Itabapoana, Farol de São Tomé, Itaoca, Enseada Azul, Cachoeira, Itapoã, do sol, Ilha da Pesca, Itaparica, Povoação, Monsarás, Mucuri, da Barra, Coqueiro, do Farol, das Ostras, da Paixão, dos Nativos, Taípe, Mutari, Ilha Paraíso, Acuípe, do Sul, das Conchas, do Norte, Ponta do Ramo, Patizeiro, do Coqueiro, Arandis, Barra Grande, Três Coqueiros, Cova da Onça, do Pontal, do Encanto, Gameleiras, Barra Grande, Barra do Gil, Arembepe, Armação, Jauá, Busca Vida, Pituba, Poxim.

Os lugares para encontrares o inusitado, como diria outra vez a voz da educação dentro de ti: Aprende a aprender. Ouve Eurípedes, de há 25 séculos, te dizer (ou lê o final de “Medéia”): Leva alguns livros contigo. “Os deuses nos inventam muitas surpresas/o esperado não acontece/e um Deus, o Deus do “Feliz Deserto” à Moisés, abre caminho ao inesperado. Faz acontecer a esperança”:

Ponta do Prego, Ipioca, Porto das Pedras, Balsa, de Carneiros, Guadalupe, Candeias, Buraco da Raquel, Açaú, Azul, Cabo Branco, Costinha, Ponta de Lucena, Ponta do Tambaú, Mar dos Macacos, da Baleia, do Sagi, Redinha, Areia Branca, Reduto, Lagoa do Mato, Fortim, Gamboa, Porto das Dunas, Barra do Cauípe, Abreulândia, Paracuru, Santa Cruz, Cabrália, Icaraí, Espraiado, Pedra do Sal, Barra do Preguiças, Ilha Nova, Baía do Tubarão, Alcântara, Itapera, Ponta do Murici, Atin, Baía do Maraçumé, Ilha do Tabuleiro, Romana, Baía de Japerica, Ponta Taipu, Laranjal, Nazaré, Cabo Norte, Maria Farinha, Ilha do Mel, Navegantes do Porto Seguro.

O tempo não pára. Seu lugar é mesmo nesse museu de novidades da sala de jantar ? No cômodo capsular da Internet ?. Saia de dentro do museu fantasmagótico. Não seja outro “espantalho de bibliotecas”. Seus livros na mochila serão suficientes. Não fica aí parado com a boca cheia de dentes e as formigas lhe mastigando o saco, esperando a sorte, ou a morte chegar. Vá educar-se, aprender a aprender a influir-se, a adestrar-se, a ser semelhante, a ser diverso. Vá saber quem é você. Desenvolver a sua mente o seu saber. Na companhia de você mesmo, das pessoas que se lhes farão conhecidas. Sem que você aprenda a aprender, as academias não vão nunca te ensinar nada, exceto a ser escravo das tiranias.

A educação se faz ao se caminhar. A educação se faz ao se educar. A poesia, as pedras do Arpoador, o mundo dos que se chamam Raimundos... Deus só parou de fazê-lo, de educar-se, quando, no sétimo dia cansou. Sentado sobre uma “Nuvem de Calças”, dormiu, para o dia nascer feliz. Quando olhou para baixo viu que a baba que escorrera de seus sonhos, estava a inventar ritmos na praia. As ondas, a marcar a pulsação do coração da Terra. Para sempre. Perenemente. Perene mente. As ondas que Dia Dois de Fevereiro, dia de festa no mar, eu quero ser o Primeiro, a saldar Iemanjá. A educação é multiorixás. É multidisciplinar.


CAPÍTULO 4: ENSINAR A IDENTIDADE TERRENA

O conceito de entropia cromagnon é aqui usado no sentido de que, uma vez esgotadas as possibilidades da mente cromagnon processar informações pertinentes à superação de suas limitações milenares (“instinto primitivo”, cultura elementar, mente limitada pelos medos atávicos, preconceitos avoengos, “pensamento fóssil”, ignorância virtual), a pessoa abra para si a possibilidade de vir a se humanizar, de fazer parte da mente de um ser humano que, uma vez não mais possesso pelos processos de simulação de formação espiritual, intelectual, psi, no âmbito da realidade histórica e do imaginário, possa promover uma dinâmica tipo “tsunami mental”, que exclua os modelos de entropia pré-histórica, neolítica, mais similares ao funcionamento mental próprio de um criminoso, um narcotraficante, um assaltante, um professor de história tipo “papagaio de pirata”, um investidor fanático da Bolsa de Nova Iorque, um barão da coca, um jornalista estalinista, um professor de colégio ou de academia que quer apenas faturar.

A escrita talvez tenha apenas 5.000 anos. Mesmo se 10.000 tivesse a caligrafia... Que seriam dez mil anos comparados à quantidade sobrenatural de milênios através dos quais os hominídeos caminharam sem cessar, dias, meses, anos seguidos, demorando milhões, milhares de anos, para que seus cérebros primitivos pudessem fazer uma pequena entropia, para que seus neurônios, após a geração de breves impulsos nervosos, os tornassem aptos a ser menos violentos e carniceiros do que outros comedores de cadáveres de animais de carne vermelha.

O conceito de entropia cromagnon é pertinente ao universo psi da atualidade globalizada. Talvez tenham sido necessárias quarenta mil (40.000) gerações para que um hominídeo pudesse gerar a semente longínqua de uma mutação humana que tenha sobrevivido à impiedosa e nefasta mentalidade comum de seus contemporâneos de geração, através dos milênios. Os descendentes dessas mutações têm sido, presume-se, sistematicamente eliminados por seus representantes ancestrais ligados na tomada de uma energia biológica viciada em rotinas, atavismos e na parcialidade comportamental remota, própria mais da criatura simiesca, de seu animismo antropóide, do que do comportamento civilizado como se presume deva ser aquele das gerações educadas para as tarefas de humanização globalizada do século XXI.

A diferença na aparência provocava, nas comunidades primitivas, medos atávicos de visitantes de outras tribos, de estrangeiros. Rimbaud falava dos Primeiros, e dizia, como quem conhece os estudos científicos experimentais sobre a entropia, que “o poeta torna-se vidente através de um longo, imenso e racional desregramento de todos os sentidos”. Rimbaud intuía a necessidades de esforços físicos, mentais, psicológicos, emocionais, de agir, de fazer coisas para não se tornar um pé de mesa, ou a extensão de uma cama ou sofá de uma pessoa da sala de jantar. A entropia pertinente, gera comportamentos civilizados, não característicos aos discursos tipo aqueles que um programa estilo “Big-Brother-Brasil” revela. A pobreza manifesta, a carência, a miséria cultural dessas pessoas. Educadas para só dizer sim ao uso oportunista que fazem delas.

E é este tipo de educação e de cultura que as mídias cultivam. Como fazer uma geração de tvespectadores aprender a aprender com uma tvvisão desse quilate? Onde está a educação que mude os conteúdos mentais das pessoas para melhor? Como se poderá entrar em contato com os princípios dessa suposta educação do futuro? Ninguém precisa de educação hoje, Aqui? Agora? E o tempo presente das pessoas, a mente delas, vai continuar sendo sucateada pelos promotores da propaganda de uma educação do futuro?

“O futuro a Deus pertence”. Era uma maneira irônica de nossos ancestrais continuarem lambendo o sangue de suas feridas, dominando seus filhos, ensinando a eles como aprenderam de seus avós, e estes, de seus ancestrais mais vetustos, remotos. Hoje, essa geração ouve a disseminação de mentiras nas mídias. Mentiras tipo a que originou a invasão do Iraque. Acreditaram nelas os eleitores de “Bush de Blair” e pessoas da sala de jantar do mundo inteiro. Resultado da globalização desse embuste: mais conflitos, guerras, sofrimentos, flagelo, agonia e dor.

É muito cômodo para um presidente da república ou um primeiro ministro, usando o poder político e econômico de seus cargos, mandar pessoas mutilarem-se e morrerem no oriente médio, ou em qualquer outro lugar, em nome de uma suposta “liberdade”, que não passa de um modo de vida que preserva interesses políticos, sociais e econômicos de dominação feroz das pessoas, que vão lutar, e por vezes morrer, para que grupos delas fiquem mais ricos. “A burguesia fede. A burguesia fede e quer ficar rica”. A burguesia e suas prelazias políticas. Por isso a educação é tão desvalorizada. E cada vez aquele pequeno grupo de pessoas investem no sucateamento precoce dos corações e das mentes das pessoas no mundo globalizado para atender aos interesses exclusivos delas.

A manutenção das academias que mantêm a ilusão de que ninguém precisa de qualidade de educação, ou que essa qualidade pode ser adiada para amanhã. Quando nossos pais afirmavam que “o futuro a Deus pertence”, era o futuro de um país que se construía através da mentira de que o presente não era possível em termos de cidadania e dignidade. Eles se conformaram com isso. E passaram às gerações futuras esse conformismo. Educação e cultura hoje, Aqui, e Agora, para quê?

Ninguém precisa de educação no presente do indicativo ? Semear educação nas academias é uma coisa que se verá apenas no futuro ? O presente, a quem pertence ? Deveria pertencer ao homem, enquanto ser pessoal, familiar, cultural. Enquanto espécie. Se não há qualidade de educação possível, hoje, como pode a literatura, a poesia, o cinema, a dramaturgia, objetos de análises semântica e gramatical, sintáticas ou semióticas, ensinar alguma coisa a propósito da dinâmica da Cultura? Da renovação de valores, idéias, conceitos? Como pode a academia ser uma escola de vida, de conhecimento, de criação, de manifestações culturais pertinentes a uma nova percepção de um mundo dominado pelo capital globalizado das máfias? Educação. “Ora, educação, fica para o futuro”. Enquanto as verbas públicas vão para as contas particulares dos parlamentares, e outros políticos, a mentalidade coletiva vira um favelão lamentável. E a mente da “descendência cromagnon” do Homo sapiens sapiens/demens, vira uma caixa de fósforos que só queima hormônios para a satisfação da cultura política globalizada pela administrasção planetária do pelo “Reich dos Mil Anos”. Educação? Fica para o futuro. Sempre.

O capital é o mesmo, quer seja proveniente de atividades industriais, comerciais, culturais, burocráticas e institucionais. Os barões do capital querem mais dinheiro ou o capitalismo pára e eles ficam cara a cara, cara a cara a cara. Eles são os mesmos que não possuem interesse em uma política de investimentos em educação hoje, Aqui, Agora. Eles são os mesmos que criaram o mercado negro da narcoditadura vigente. Que disseminam as drogas para que a geração que não tem emprego, nem escolaridade, nem cultura, nem cidadania, nem direitos, ou “letramento”, possa servir para consumir o lixo emocional do “O Reich dos Mil Anoss”. Cumprindo a mórbida rotina coletiva de deseducar para o “letramento” e educar parta que a concentração de conhecimento, de riqueza cromagnon, prossiga em mãos de poucos banqueiros.

A educação fica sempre para o futuro. E o presente é o espaço pertinente ao lucro excedente, a “mais-valia”. O caixa-2 da criminalidade. Enquanto o banditismo toma conta das cidades porque os poderes de polícia, os poderes institucionais, são parte integrante da grande quadrilha nacional, globalizada pela impunidade, em ambientes policiados pelo medo, pelo crime, pela violência. A cultura e a civilização cromagnon fomentam guerras internas, contrabando de armas, investidores da “branquinha”, e invasão de países que têm riquezas minerais e matérias-primas a explorar. Educação ? Quem precisa de educação para virar comerciante de drogas ?

Nas academias da “deseducação” aprende-se que a educação é parte da esperança dos nativos que a têm como profissão. “Brasileiro, como diz o ditado, profissão esperança”. Até quando os piauienses e os brasileiros vão aceitar ser o “povo do futuro”, sem cidadania (com uma cidadania elementar) no presente do indicativo? Até quando vão querer ser os habitantes irreais, fantasmagóticos, de uma “cidade futuro”. Se não existe agora, como Teresina pode ser habitada? Se é a “cidade futuro”, como pode haver presença de trabalho, dignidade, educação, “letramento”, cidadania, direitos individuais hoje, Aqui, Agora? É o que interessa às pessoas de hoje, não apenas às pessoas do futuro.

Os antagonismos entre nações, religiões, entre modernidade e tradição, Oriente e Ocidente, Norte e Sul, nutrem-se uns aos outros de interesses políticos, de domínio estratégico, econômico, antagônicos, que se querem unificar através da globalização de seus interesses, exclusivamente. Os conglomerados da mídia estão a serviço dessa globalização. Todos voltados para o lucro imediato. Para eles há presente. O lucro deles sempre deve presentificar agora. Quanto à educação, fica para o futuro. Para nenhures.

Morin afirma que o século XX criou um tecido planetário único. Único no campo da informática, da informatização via satélite, da globalização de eventos que fornecem Ibope para as mídias. Ela, a suposta globalização, não “globalizou” a educação (exceto a mais rudimentar), nem as ferramentas mentais que poderiam proporcionar aos usuários, navegantes da Internet, extrair da quantidade, a qualidade necessária à uma entropia pertinente à percepção de um novo universo informatizado via satélite. A tradução do significado de um mundo globalizado, é que cada cabeça é um satélite das demais. Um satélite do inconsciente coletivo agindo nos neurônios globalizados. Agora não tem mais aquela coisa de “cada cabeça uma sentença”. A globalização unifica os conteúdos e os mecanismos perceptivos do cérebro. As mentes e os corações tão iguais. Tão igualmente padronizados por uma educação sem presença no presente do indicativo.

O autor de “Os Sete Saberes...” diz ainda: “Os Estados dominam o cenário mundial como titãs brutos e ébrios, poderosos e impotentes. Ao mesmo tempo, a onda técnico-industrial sobre o globo, tende a suprimir muitas das diversidades humanas, éticas e culturais. O desenvolvimento teria criado mais problemas do que soluções, e lançou o planeta numa crise profunda de civilidade, que afeta todas as sociedades do globo.”

A evolução humana traduz o crescimento da entropia associada à violência, à corrupção da vontade e a morte de membros dos grupos que se hostilizam e propiciam a disseminação do terror para manter uma soberania de espaço de faturamento, de lucro. Garantir a manutenção e a expansão do mercado de consumo para seus produtos e serviços. Enquanto o consumo cresce, aumentam os habitantes dos campos de concentração do “Reich dos Mil Anos”: os sem teto, os sem terra, os sem moradia, os sem emprego, os sem dinheiro, os sem família, os sem salários, os sem afetividade, os sem esperança, os sem educação, os sem saúde, e outros sem. 100.

A pulsão cromagnon gere o capitalismo selvagem. Cria leis que fazem ele funcionar, em seus aspectos mais sombrios, os da criminalidade alimentada pelas carências sociais, e a tolerada, agenciada pelos facínoras institucionais tenebrosos. Todos agem com mais desenvoltura, a partir da promulgação de leis que os protegem por baixo dos panos dos bastidores. A sujeira institucional está sempre sendo varrida para debaixo dos tapetões dos regimentos oficiais. Mantém-se nelas, instituições, uma respeitabilidade de fachada. Eles, os detentores das prelazias, não se importam mais para a realidade das estatísticas que dizem que eles não são respeitados pela população. A eles, parlamentares, não interessa o respeito à cidadania. Mas às notas verdinhas. E a educação? Fica para nenhures. E as pessoas dessa, desta, e de outras gerações? Ficam disponíveis para o carnaval da libido com as garotas de programa “made in export”, o turismo baseado na prostituição infantil, os carnavais fora de época e outras micarinas da vida festiva de uma cultura do sucateamento da inteligência, da razão, da sensibilidade, do talento, do tutano.

Morin afirma que a morte ganhou espaço na essência de todas as almas. As forças autodestrutivas, multidestrutivas, latentes em todos os seres humanas, foram particularmente ativadas sob o efeito de drogas pesadas, tais como a cocaína, a heroína, a morfina. Para não mencionar as drogas legalizadas que produzem igualmente solidão, neuroses e “normoses” (as “neuroses normais”): ansiedade, medo, insegurança, aflição, sofrimento, frustração, tédio, angústia. Solidão, isolamento, incomunicabilidade, interinidade. Nenhum desses sentires é encarado com intensidade, e são facilmente substituíveis pelos sentimentos e emoções das personagens de tvvisão. E a educação ficando para o fundo do poço do futuro. Quando? Onde é o fundo do poço do futuro? Quando vão começar, os governos, a valorizar o salário do professor, o intelecto, a imaginação, o pensamento, o “letramento” dos alunos?

A literatura, segundo a opinião da escritora Geneviève Mathis, “é a única arte que sabe representar e elucidar as situações de incomunicabilidade, de fechamento em si, quiprocós cômicos e/ou trágicos. Os leitores descobrem na literatura as causas de muitos de seus malefícios, e aprende a compreender-se e a exercitar a compreensão dos incompreendidos.”

A literatura é um campo de conhecimentos apropriado ao exercício da leitura no ambiente livre, a céu aberto, através do qual as pessoas interessadas em aprender a aprender, as que tiverem coragem para se distanciar dos cobertores atávicos dos apetites, artifícios e instintos tatibitates, podem, sem entrave, portar vários livros dentro de uma mochila. Aprender a aprender a gostar de literatura. De conhecimento e de autoconhecimento.

A literatura incentiva a gnose, a noção de consciência. O leitor mais atento pode compreender facilmente que não se deve reduzir um ser, um terceiro, outra pessoa, à mínima parcela de si mesmo, nem intensificar as vivências ruins de seu passado. Uma pessoa comum, quase sempre apressa-se em desqualificar outras pessoas, sem saber que estão apenas transferindo para terceiros, miudezas e fragmentos de seu caráter que não são capazes de olhar e reconhecer em si mesmas.

Não poucas pessoas apressam-se em desqualificar de criminosas outras, que cometeram pequenos deslizes, reduzindo de modo maquiavélico e sádico, outros aspectos da vida dessas pessoas que merecem outro tipo de visualização. Cada pessoa é múltipla. Veja-se os exemplos de Morin: os reis “gangsters” da dramaturgia “shakespeariana”, os “gangsters” dos “films noirs”. A partir da multiplicidade das personagens dos autores da literatura e da dramaturgia, observa-se como um criminoso pode reconhecer-se corrupto, cruel ou sinistro, e ousar redimir-se, a exemplo de Jean Valgean e Raskolnikov, citados por Morin.

Novos e sangrentos conflitos agenciados pela política externa de países que se dizem democráticos, mas que motivam a animosidade entre as nações, e desejam apenas conseguir mais hegemonia econômica, foram antecipados em Os Demônios, do escritor russo Fiódor Dostoiévsky. Ele antecipa o nascimento do terrorismo entre os opositores do czar na Rússia do século XIX, assim como O Agente Secreto, do polonês naturalizado britânico, Joseph Conrad. Neste, um grupo de anarquistas ingleses tenta explodir uma bomba em Londres. O terrorismo, motivado pela paranóia política, econômica ou religiosa, são fomentadores do fanatismo e da intolerância denunciados nesses livros.

A favela mental globalizada do livro “Cidade de Deus”, mostra que não apenas as nações, as pessoas também são invasivas. E ensinam a mente coletiva a submissão a seus interesses, pela noção deletéria de invasividade na vida pessoal e coletiva de uma comunidade de subúrbio no Rio de Janeiro.

Alguém na multidão sente repugnância por pessoas humildes que pedem esmolas, antipatia pela aparência desleixada de algum vagabundo de rua, mas ao deparar-se com a personagem Carlitos, nos filmes de Chaplin, a admiração desabrocha em seu coração por encontrar nele, boêmio, mandrião, aspectos que se identificam com outros de sua personalidade.

Enfrentar as dificuldades de exercitar no aprendizado do aprender, a compreensão humana, exige recursos de coragem e de caráter que, se não se tem, é preciso reconhecer que não se está preparado para a tarefa do autoconhecimento a partir de uma mochila nas costas, o pé na estrada, a mente calma, a espinha ereta e o coração tranqüilo. Este ambiente, a estrada, precisa estar livre de pressões. Essa liberdade, a única liberdade que a juventude precisa nesse momento histórico, permite à mente exercitar seu aprendizado (aprender a aprender). Ele não é isento de dificuldades. Nele, a pessoa, o aprendiz, o estudante, o neófito vai cruzar com personagens das realidades as mais diversas: o pedagogo, o filósofo, o psicólogo, o sociólogo, o historiador, o escritor, o poeta, o cantor, a namorada, a sedutora, a pessoa lúcida, que tem dificuldades sociais em inserir-se num ambiente coletivo que carece intensamente de lucidez. De busca de ânimo, alma, inteligência, raciocínio, talento, criatividade. “A mente é como um pára-quedas, só funciona quando aberta”.

É preciso ajudar-se e às mentes adolescentes, ou não, que cruzarem com você, nesse ambiente de aprendizado: a estrada. O aprendiz da experiência do aprendizado está em pleno território “ao deus dará”. Precisa de coragem para introduzir-se no psiquismo do outro e saber que o outro está em pleno processo de invasividade de seu psiquismo. Trocar as dezenas, centenas, as milhares de impressões que farão de vocês pessoas com maior compreensão de si mesmas. Educando-se mutuamente, cara a cara, vivendo o padrão não didático de educar e educar-se pelo contato direto com o psiquismo do outro. A cidade de carne da libido manifesta, educando-se afetivamente na volúpia e na sensualidade das marés. Do nascer ao por do sol. No ambiente aberto das praias, montanhas, paisagens inusitadas incorporadas à interioridade e à experiência de cada mochileira ou mochileiro que quiser e tiver a coragem de aprender a aprender.

Morin denomina este tipo de contato “introdução à noosfera”. A “noologia” é nada mais nada menos que o estudo da mente. A ciência dos fenômenos considerados puramente mentais, simplesmente originais da mente em certo momento de espontaneidade. A “noologia” é o povoamento da mente pelo imaginário, pelos mitos, deuses, crenças, ou seja: pela “noosfera”. A estrada é sinonímia desse ambiente. Sem ela há apenas o espaço de tolhimento, coibição manifesta da liberdade de expressão dos “Atos de Fala”.

Os próximos parágrafos são exemplos de performances de “Atos de Fala”, dentro de certo contexto romanceado, sintetizado do livro de nossa autoria, “A MOCHILEIRA (Thundra)”. Os personagens desse romance, não raro, estão dividindo com outros o espaço simultâneo, multinterativo, da realidade e da “noosfera”:

Próxima à “caverna do Vicking”, uma mulher branca, magra, cabelos castanhos encaracolados, faz par com Faustinho, um gorducho de bochechas sangüíneas. Há outro casal, da pele negra, cabelos longos trançados finos, estilo "black-power".

—— Hei "brother", diz o negro estendendo a mão. Eu sou o Jonas. Vai rolar um fino, marca uma presença para encorpar o chá. Vamos “barrufar” um baseado da pesada, de leve.

O "irmão", está por conta dos cabelos longos, da barba por fazer. Sua companheira aproxima-se, dentes brancos à mostra, reforçando a argumentação da presença de cannabis. Hortência. Traz em mãos uma seda de palha, longa, uns vinte centímetros. Ao longo do vinco vejo uma substância escura e finamente granulada: haxixe.

Ela vem cheia de certeza e acerta. Ainda restam umas quinze gramas de marijuana. Pelos indícios (pele bronzeada, "hair" longo, tênis e "jeans" gastos pelo excessivo uso), sabe-se avaliar as cabeças. Na Estrada a prática da telepatia é comum, não com a nitidez com que a Mochileira pratica. As ideoplasmas das pessoas migram com mais facilidade de mente para mente.

Pela conversa que se desenvolveu na seqüência, e apesar da aparência maciça de Jonas, Hortência é como uma baleia, a manter Jonas no ventre.

—— Essa manga-rosa agita as idéias numa boa, beleza, afirmo, ao voltar com a presença da barraca.

—— Só fumando, "brother", "vê para crê". Desafia ele. “Jóia rara”.

—— Quem sabe vê, aprende a aprender, diz Amô, chegando-se mais.

—— Hihihihi, olha só as milongas da figura, ironiza Jonas, enquanto aponta em direção a Mochileira, afirma: essa mulher é da política.

—— Quem menos corre vôa, sugere Hortência.

—— Aquele casal ali, Jonas faz um gesto de cabeça na direção do gordo e de sua companheira magricela. Está tentando fugir da escola.

Familiarizado com as entrelinhas dos leros de Estrada, intuo a conjuntura ambiental, através da percepção de eventos emocionais muito discretos, quânticos, imperceptíveis aos menos neófitos irmãos de Estrada. A presença da cannabis causa impressão. A princípio apenas pela quantidade. Começo a deschavar o cocô de cabra entre as mãos.

—— Este é o "manjar dos Pajés", a orientação espiritual das tribos, afirmo.

—— Isso aí, carinha, Hortência saca: pajé, sacerdote, médico, profeta, sara a dor. Sara a dor de Sara e de outras mulheres, antigas, e novas madalenas bíblicas.

—— Pajé, benzedor da aldeia, confirmo. O que invoca os espíritos de natureza mágica, para a proteção de um planeta entregue à entropia da corrupção coletiva.

O lero girou sobre as propriedades mágicas e medicinais da maconha. Quem deschava e acende o baseado ganha certo "status". Não no mundo físico, apenas. Na dimensão astral das entidades que observam os seres humanos de um universo paralelo ao nosso. Este é outro "evento quântico", nunca verbalizado, apenas sugerido.

—— Dá só um tempinho mais, um maior trato nela.

Dizendo isto, passo às mãos de Hortência a presença da cannabis. Pego a seda de palha de suas mãos, trazendo-a para as minhas. Completo a frase anterior sugerindo:

—— Deschava mais um pouco, dividindo ao meio a seda, digo: assim rola mais igual pra todo mundo.

—— Você, hein, carinha?, Hortência sorrir, está sabendo dos lances.

Jonas sente-se perdendo o controle sobre a situação de manuseio do baseado. Passa da postura psi de simpatia, para outra, indagativa, quase agressiva. Ela deposita a marijuana nas duas metades da seda que seguro entrededos. Pega uma das metades levando-a à boca, (faço o mesmo), passando a língua ao longo da margem superior da mesma, enquanto justifica a seqüência, apaziguando os ânimos:

—— "Tá limpo", cara, fala entredentes, como se para uma persona subconsciente de Jonas, desse jeito rola mais solto. A moçada faz a cabeça na "paulistinha".

Acendo uma das partes do mingote que rola de mão em mão.

—— Alguém já disse, Amô, "os poetas se inspiram inalando fumaça e traduzindo as mensagens do vento".

—— Essa é de Angola, admira-se Jonas: cabeça boa não rola. Aspira pelo nariz a seda do cigarro em toda sua extensão.

—— No geral da situação, comenta Daniel, os hôme vão prosseguir ferrando todo mundo?

—— “Tá maus", confirma Hortência, quem não aplaude os milico é tido e havido por erva daninha.

—— Quem se nega a ser macaca de auditório, reforça Luís Carlos, é detido como elemento ativo, feroz e nocivo ao mal-estar comum.

Uma vez no ar a maresia, quem estava por perto foi chegando.

—— O gordão é um estorvo, indica Jonas. Pra chegar aqui passou maus momentos. E olha que não fuma nada.

—— É enjôo de altura, cara, o diagnóstico é da Hortência, você também. Pára de implicar com ele.

—— Se a cabeça não segura os baratos, torna Jonas, fica entocado, não sai de casa. Vomitou, reclamou, escambau.

—— Por isso vai ficar em casa?, qualé Jô. Solta do pé do cara, ela torna a criticá-lo.

—— Um baixinho de nome Rock, conta ele, desceu antes de vocês chegarem, receitou uma "cibalena" para o "escocês". O gordo aceitou na maior das inocências.

—— Há mais de três horas Faustinho está "viajando", confirma Hortência.

Hortência disse que Paula, a mulher do "escocês" Faustinho, induziu o companheiro a ingerir a "pedra", levando a ele um pouco de água na tampa de uma garrafa térmica.

—— Que "baratos" o cara deve estar curtindo há horas, ironiza Dani. Queria estar fazendo essa "viagem".

Faustinho, o gordo de bochechas coradas (daí o apelido "escocês"), está em plena viagem neurônica de expansão da consciência. Paula, sua mulher, nesse momento aproxima-se dele e indaga.

—— Você está bem, Faustinho?

—— Sorrisos.

—— Você não está normal, carinha.

—— Mais sorrisos.

—— Tá de bobeira ô meu?, irrita-se Paula.

—— Sorrisos mais largos.

Segundo Paula, há horas que a resposta é sempre a mesma: sorrisos. As palavras não se articulam. Agora sei por que afirmam que o ácido lisérgico é uma espécie de "Zen instantâneo". Fausto, o gordo, sorria amável como um Buda. Não era sorriso cínico, mas compreensivo, inteligente, amável. Pernas dobradas em posição de Lótus.

—— A coisa mais importante para uma pessoa, Amô comenta, é seu fluxo PSI interior. A "viagem" real, que traduz os signos do autoconhecimento. Que afirma a auto-estima e o amor-próprio.

Hortência chega até Paula e explica que dois mais dois é igual a cinco: a "cibalena" que Fausto ingeriu era, na real, um potente alucinógeno de nome yellow-sunshine.

—— Que amiga é você, reage Paula, agora que vem dizer?

—— Só fiquei sabendo quando o Rock estava descendo, argumenta Hortência, foi quando ele me disse. Faustinho já tinha ingerido.

—— "Take it easy", garota, opina Jonas, ele está curtindo legal a transa. Esse tipo de "pedra" não tem anfetamina, quisera estar no lugar dele.

—— Não esquenta, prossegue ele, já-já ele volta a ser o porralouca de costume: Faustinho, o vomitador.

Hortência, Paula, Jonas e Faustinho conheceram-se na "Juventude Independente Católica". Disseram que o trabalho de assistência social que prestavam nos bairros da periferia do Rio de Janeiro, passou a ser gradativamente boicotado. Nem sempre a juventude é um desperdício nos jovens, no dizer de Bernard Shaw.

—— O pessoal da "Opus Dei" se infiltrou de cima para baixo, afirma Paula, nos grupos de trabalho. Ficou barra cumprir a seqüência dos compromissos. De repente tudo ficou difícil. É como se tivessem trancado as portas de acesso das comunidades: suas solicitações não mais chegavam até as lideranças de nosso grupo nem mais tínhamos acesso às pessoas.

—— A Juventude Agrária, Estudantil, Operária e Universitária, grupos de jovens cristãos da Ação Católica, confirma Jonas, sofreram todo tipo de pressão da hierarquia. "Eles" minaram nosso trabalho.

—— Também acho isso, confirma Hortência, "eles" estavam articulados no comando. Parte da igreja ainda é domínio e feudo deles, opina: não é a igreja dos Evangelhos.

—— Por quê, indago. Vocês faziam política?

—— Que nada, cara, protesta Paula. A gente só queria mesmo prestar serviços. Ser útil. Úteis. O “establishmente” nos quer inúteis. Drogados. “Pacificados”, ou então coelhos, fazendo filhos adoidado para povoar as guelras dos Tubarões.

—— Ninguém nos grupos de trabalho mostrou interesse em sair candidato, reage Jonas. Muito pelo contrário.

—— O pessoal acreditava, segue Hortência, que entrar no jogo da política é cair numa ratoeira.

—— Político é ladravaz de colarinho branco, insiste Paula. Quem se candidatasse não teria apoio de ninguém dos grupos.

—— O medo maior era da gente poder tirar votos do candidatos deles, comprova Hortência, ligados à oligarquia oficial de torrar o dinheiro público via conchavos de corrupção. Entre aqueles “irmãos” que são mais “irmãos” do que os outros.

—— Enquanto "eles" dominarem a política, e tudo indica que vão continuar dominando, os eleitores vão seguir chupando o dedo. Ironiza Jonas.

—— A estratégia da "Opus Dei", é que é melhor prevenir do que remediar, dessa forma "eles" se garantem, complementa Paula.

—— Com “eles” na política, confirma Hortência, fica mais fácil subir a Pedra da Gávea pedalando, num pique só, do que as verbas públicas chegarem até a periferia das metrópoles. Ou nas zonas de seca do nordeste.

—— Então o bom Deus está contra tudo e contra todos todo tempo?, pergunta Jonas: nunca ninguém vai poder fazer nada? Eu bem que desconfiava.

—— Eu, certeza.

—— O bom Deus, com certeza, não está a favor, nem contra, nem muito pelo contrário, digo com certo sarcasmo. Até onde eu sei, quem dirige a história, e embolsa as verbas sociais, é o "rei dos animais".

Depois desse lero, ficou evidente que o discurso e a insatisfação popular sobre política, faz parte da vida na Estrada. Algumas pessoas, antes de se marginalizarem conscientemente, buscaram uma atuação útil na vivência da comunidade.

Foram sistematicamente boicotadas por instituições de patrulhamento social, religioso, sub-reptício e subliminar, modelo "Opus Dei". Herdeiros atuais do "Santo Ofício", força política dominante em parte substancial da igreja católica. Como afirmou frei Leonardo Boff: "O cristianismo oficial tem compromisso com a dominação, por isso, esperemos pouco dele".

Os outros leros do dia giraram em torno do desenho da enorme Ibis no Morro Pão de Açúcar, na enseada da Urca. Ela fica cada vez mais nítida à proporção que se ergue o sol no céu. A Ibis é um símbolo antigo. Representava, no Egito, a sabedoria esotérica. Vêem-se também as figuras de um ganso, uma Ankh (chave da vida, do conhecimento e da imortalidade), e Peixes.

Uma “hippie” argentina falou que estes lugares fazem parte de campos de intensidade de forças chamados leys. Eu tinha visto na Pedra Bonita, próxima à Gávea, numa das faces laterais da muralha, um dragão alado numa encosta de um perigoso e quase inacessível precipício, considerado maldito pelos alpinistas, devido à grande quantidade de acidentes. Dragão alado quer dizer aeronave estilizada.

O papo mais carregado de emoção. O desaparecimento de dois rapazes, filhos de militares de alta patente do Exército, ainda está sendo muito comentado nos jornais. As reportagens citam as três ilhas que daqui do alto podem ser vistas: Alfavaca, com formato de peixe, Do Meio, forma de Cone, e Pontuda, parece um homem deitado. Os jornais relatam que eles alugaram um barco pesqueiro no sábado passado, para uma exploração na ilha Do Meio.

No domingo à tarde, quando o dono do barco foi buscá-los, eles haviam sumido. Uma operação de busca “pente fino”, promovida pelas famílias dos militares, com a participação de barcos patrulha da Marinha e de helicópteros da FAB, foi promovida sem resultados positivos.

A hipótese de afogamento descartada: a larga faixa da plataforma continental submersa que envolve e cerca as ilhas, quebra o impacto das ondas, sendo praticamente impossível a morte por afogamento. Mergulhadores amadores e profissionais que exploraram as ilhas, disseram em entrevistas, que há escadas que conduzem a áreas mais profundas. Um mergulhador mencionou a entrada de uma imensa caverna submarina, mostrada numa suposta foto do local. O folclore afirma ser possível chegar à “caverna do Viking” por um caminho subterrâneo, à partir de uma das ilhas.

Estou crescendo intelectual e espiritualmente, devo isto a estar com o pé na Estrada.

A competência postulada ao texto de “Atos de Fala” acima descrito, é datada, caracterizou a convivência de grupos de jovens em várias partes do planeta que contestavam o sistema estabelecido por suas muitas incoerências no trato com a ética da sobrevivência planetária:

Eles, os jovens, reivindicavam respeito aos direitos humanos, à sobrevivência ecológica dos organismos biológicos nos vários meio-ambientes, clamavam por cidadania e liberdade de atuar e pensar fora dos padrões estabelecidos pelo comportamento institucionalizado, que os policiava em todos os lugares, na família, na escola, nos grupos sociais, nas instituições, na performance profissional.

Este texto distingue-se por uma competência universal (afirmam os teóricos da literatura, que quanto mais regional e datado um texto ficional, mais universal ele tende a representar as atitudes, os falares de certos grupos sociais, suas reivindicações universais). O autor não encontrou exemplos de “Atos de Fala” em nenhum dos volumes pesquisados. Daí, a transcrição dos “Atos de Fala” do romance mencionado: A MOCHILEIRA.

Neste romance, distingue-se uma nova maneira de afirmarem-se os “Atos de Fala”, uma competência universal formada pelo questionamento social de regras de comportamento inatas, determinadas pelo padrão aceito, e até então inquestionável, de formas acadêmicas e político-sociais supostamente acima de qualquer questionamento ou debate, como se fossem ditadas por algum poder divino, quando na realidade eram sustentadas por formas preconceituosas de defender a política de interesses de grupos sociais minoritários, que ainda hoje fazem do planeta um campo de batalha desigual. Campo esse, de invalidação social da linguagem desses grupos, através das mídias falada, escrita, tvvisiva (que nem mencionam esses grupos como se eles nem tivessem existido).

A mutação reflexiva de “Atos de Fala” é um fenômeno globalizado: Atual. Universal. Irreversível. Está acontecendo até nas (in)consciências sufocadas pelo baixo nível da programação tvvisiva totalitária e estalinista, que algumas pessoas, as mais supostamente ingênuas, tidas e havidas como partícipes e representantes das “elites”, teimam em denominar “democracia”. Esta juventude, nessa época, criou um campo lingüístico, emocional, para manifestar sua perplexidade frente aos padrões até então “inquestionáveis” de validação de uma nova linguagem, com questionamentos dos linguajares anteriores. Atualizava a fórmula do poeta grego Eurípedes, de há 25 séculos: “O esperado não se cumpre. Ao inesperado um Deus abre o caminho”. O inesperado surgimento de uma forma de falar, e criar a crítica de uma realidade altamente devassada, questionada por uma juventude que realmente desejava vivenciar o significado lúcido e legitimado dessa palavra: adolescência, mocidade, primavera, juventude.

Essa juventude, da qual reproduzo aqueles “Atos de Fala”, que os livros de história ignoram, estava em busca de uma ética, com base na consciência de que o ser humano é, ao mesmo tempo, indivíduo pessoal, familiar, social e membro da espécie. Desenvolver significava crescer enquanto parte do conjunto desses “campos (lingüísticos, intelectuais, emocionais, políticos e religiosos, sociais) supostamente autônomos” que se unificam na consciência de que cada ser pertence à condição humana.

A geração que contestou o sistema de poder estabelecido, afirmava duas grandes finalidade ético-políticas do novo milênio: estabelecer uma relação de controle mútuo entre a sociedade e os indivíduos pela democracia, e confirmar a Humanidade enquanto comunidade globalizada, planetária. Esta educação não estava à disposição desta juventude em nenhuma instância vigente da sociedade da época (ainda hoje não está). A educação necessita contribuir para a tomada de consciência de que não existe mais apenas uma Terra-Pátria, mais importante que esta, é a existência da vontade de realizar a cidadania terrena.

Para que se ensina nas escolas o que é ensinado? Esse ensino padrão das escolas, inclusive nas academias superiores, não produz consciência, vitalidade intelectual, questionamentos pertinentes, criatividade literária. O que essa academia produz é um bando de pessoas atormentadas pela necessidade de aprender (como se fossem “papagaios de pirata”), uma técnica de reprodução automatizada de formas e fórmulas gramaticais, e outras, que tenham a possibilidade de lhes proporcionar o acesso a um emprego público via concurso.

A escola e a academia ensinam os alunos e discentes a acreditar numa ilusão: sair de uma situação familiar e social de grande penúria física e mental. Nessas instituições eles são preparados apenas para serem mais subservientes a uma suposta ordem social, que, em troca de um salário magro, lhes compra a consciência pessoal e coletiva. Os faz aceitar o muito pouco como se este fosse grande fartura (“quem nunca comeu mel, quando come se lambuza”). E essa massa de aprendizes de subserviência social passam a vida presos em rédeas curtas, com um psiquismo, uma imaginação e uma criatividade atrofiadas pela “gratidão” a seus feitores, de serem escravos assalariados.

O sistema que cria pessoas (docentes e discentes), com esse modelo de perspectiva, pessoal, familiar, profissional, social, é o mesmo que as mantém implacavelmente, num estado coletivo de silenciosa conivência com a corrupção institucional generalizada. Elas são pagas com seus salários, para a aceitação tácita, calada, conivente, das regras padrões da sociedade de consumo: “Não vejo nada. Não ouço nada. Não falo nada”. E quando vêem, falam ou ouvem, é sempre para justificar o ponto de vista do patronato institucional ao qual supõem dever tudo. O amor-próprio e a auto-estima dessas pessoas é do tamanho do salário do silêncio. Elas não aprenderam a se educar. Elas foram educadas para a submissão, não para a liberdade. Uma educação para a liberdade pressupõe um espaço de liberdade para educar-se.

CAPÍTULO 5: ENFRENTAR AS INCERTEZAS


O surgimento do inusitado não aconteceria. De que modo alguém poderia ouvir o pulsar do coração da história, as mitologias que conquistariam seus leitores acadêmicos creditando-os personagens não de uma mitologia barata, a história, mas de seus novos mitos? Quais são as seqüências de rotina que transformam em mito personagens de tv?

É essa a história que avança para o futuro? Que futuro virá dessas encenações para crianças emocionalmente idiotas, intelectualmente retardadas, pelos investimentos no “showbiz” onde todos os atores (as pessoas da sala de jantar), são partes integrantes do programa do Gordo ? Quero dizer: da Globo. “Educadas para serem muito espertas, ou estarem turbinadas para o corpo a corpo da sensualidade cromagnon na cidade de carne dos “psycho motéis”.

Essa é que é a produção da “nova normalidade” do futuro ? Esse é que é o principal processo deletério dos neurônios infanto-juvenis nativos ? Essa é que é a educação do presente ? Que presente!, não o tempo do verbo, o de grego. Essa é a educação promovida pelos governos “democráticos totalitários” (a que extremo chegamos, diria o autor de “1984”).

E a mídia semanal caindo de pau num prêmio Nobel de Literatura, porque ele definiu com simplicidade e verdade o que é a “democracia”. E quem é que é saudosista dele ? Quem é, na real, “saudosista do estalinismo” ? Eles, os da revista, não vêem, talvez, que fazem parte da escola de samba erudita, da “elite”. Da suposta “elite” que não suporta a divulgação da denúncia, pública e simples, de que a mídia escrita, mais do que as outras, são instrumentos manifestos da propaganda do “Reich dos Mil Banqueiros”. É triste. Veja-se as páginas do mencionado periódico: talvez não menos de 80% de suas páginas sejam de propaganda. Quem paga quer paga.

“O Reich dos Mil Banqueiros” promove as propagandas nas dezenas de páginas da revista que posicionou o prêmio Nobel José Saramago, entre uma e outra reportagem informativa (por vezes opinativa), como “saudosista do estalinismo”. Permita-nos o leitor que nossa afetividade manifesta não se manifeste diante do quadro “democrático” de que 80 milhões de pessoas, do povo da Marquês de Sapucaí, passa fome. Ou morre antes dos vinte, em confrontos com a política da polícia. Ou antes dos trinta de velhice precoce, mesmo que, nominalmente, continuem vivas. Não é exagero denominar de “democracia” um regime político que privilegia a impunidade dos “sugadores oficiais dos ativos financeiros públicos?” E a educação, hem? Fica para o futuro. A política do “Reich dos Mil Banqueiros” que apenas levar vantagem.

Nossa discordância com as opiniões de Morin quando ele reafirma que a “educação do futuro” se deve voltar para as incertezas ligadas ao conhecimento. Ele enumera alguns princípios. Todos reforçam o enunciado que reafirma a soberba crise de vanglória, a arrogância a intimidação e a violência indiscriminada das forças da morte que lutam com as supostas forças de Eros. E o mundo resultado desse embate, é o caos de uma entropia que não se manifesta em mudanças. Nada muda. Tudo se escusa. Todas as realidades pertinentes de mudar, Aqui, Agora, Hoje, ficam para o futuro. As pessoas vivem no presente. Precisam viver suas vidas hoje, Aqui, Agora.

Todos têm um subterfúgio e um pretexto para se sentir solidários com as pessoas assaltadas nos semáforos, nos supermercados, nos postos de gasolina, nos clubes, nos carros, nas escolas, nos ambientes de trabalho, nos pagamentos das mensalidades salgadas dos planos de saúde, quando não têm mais donde tirar dinheiro dos salários defasados. E no ódio calado à ideologia que conduz a guerra à base de mentiras ditas mil vezes. Quantos Gobbels, ministro da propaganda de Hitler existem hoje ? “Bush de Blair” comanda os demais. Quando lhe falavam em cultura, ele puxava imediatamente o talão de cheques. “Uma mentira dita mil vezes torna-se incontestável verdade”. Era outra de suas afirmações joeiradas. Com mentiras eles conseguiram reunir os atraiçoados do mundo globalizado que lhes deram aval, provisório, à invasão do Iraque.

O presidente Nixon mentiu sobre Watergate e o Congresso vetou a continuidade de suas mentiras rituais dando-lhe de presente o impeachment. Quantas mentiras a mais de “Bush de Blair” serão necessárias para que o Congresso americano faça a mesma coisa com ele? Ele, Bush, que desprezou os relatórios dos serviços de inteligência, mais os expedidos durante o governo Clinton, alertando que os ataques eram iminentes. Essa falha custou a vida de três mil pessoas. Por que as mídias não denunciaram com mais ênfase esse desvio do governo “Bush de Blair” ? Imprensa escrita é cultura, é ensino, é “letramento”.

Os métodos da propaganda de “Bush de Blair” não se diferenciam dos de Gobbels: Tanto afirmaram que o Iraque possuía uma estrutura avançada de laboratórios de pesquisa tecnológica, que os americanos que o reelegeram, acreditaram na mentira mesmo sabendo que por detrás dela havia o sentimento cromagnon de vingança (“repita, através da mídia uma mentira mil vezes, e ela se tornará verdade”).

As “Torres Gêmeas” deviam ser prenúncio de um redobrado esforço para aumentar os conflitos de raça, religião, ideologia política que conduziriam às hostilidades diplomáticas, e manteriam a guerra enquanto fonte do faturamento extraordinário do complexo industrial militar. Guerra é grana preta. Euros, dólares, reais, moedas latino americanas, moedas orientais. É a III Guerra Mundial em curso, diríamos, não fosse a evidência de que o “Reich dos Mil Anos” continua: Que papelote das diversas casas da moeda vale mais? E a educação, não vale nada? E os corações e as mentes das pessoas, não valem nada? Para onde vai conduzir o presente dessas milhões de pessoas sem educação e cultura ? Para que tipo de futuro o mundo dito civilizado, “democrático”, as conduz ? Haverá futuro sem ela, educação, Hoje, Aqui, Agora?

A incerteza da ação, de “Atos de Fala”, entre membros de grupos que “decidem” qual o futuro da educação na sociedade. Numa sociedade onde inexiste educação pertinente, presente. Membros de “descendência cromagnon manifesta” (entropia selvagem), são, por vezes, os responsáveis pela suposta reflexão de uma decisão institucional, ou seja, pelo estabelecimento de uma sociedade gerida pela incerteza. A estratégia de domínio social desses grupos elabora um cenário de ação que se faz presente no cenário das probabilidades da aceitação dessa “ordem” social, através da impunidade de seus principais agentes institucionais.

Como os Estados Unidos da América querem parar com o terrorismo se eles são os principais terroristas do mundo dito civilizado? No site www.foreignpolicy-infocus.org há nada menos de 20 páginas, com gráficos e tabelas listando as intervenções militares americanas no planeta desde 1948. Apenas na década de 90 Israel importou 7,2 bilhões de dólares em armas dos Estados Unidos. E se esse dinheiro fosse canalizado para fomentar a paz no oriente médio ? Educar ao invés de matar ? Mas a “entropia cromagnon” é mais forte. O atavismo bélico do antropóide faz do homem apenas uma aparência de homem. Sua essência está na pré-história da história. Por que não investir em educação, que trará segurança e garantirá que haverá um futuro?

Crianças armadas, trabalhando para traficantes, sim. Criminosos mirins dispostos a matar quem quer que seja (eles também têm impunidade), para defender suas lideranças no crime organizado (as facções são várias, e marcam com tastuagens, como se fossem gado, seus “rebanhos”). O mesmo acontece com os rebanhos de prostitutas infantis, que servem também para disseminar as drogas entre seus clientes. Esta é a educação do presente. Que educação poderá redimir essa gente, seus filhos e filhas, no futuro? A prostituição infantil é uma calaminadade pública. E a educação, somente no futuro?

Na década de trinta, na Alemanha, havia cooptação judaica pelo exército nazi. Hoje, os soldados judeus de Hitler continuam em formação. Eles têm a confiança dos príncipes das máfias das “anarcoditaduras” que, nos Estados, é delegada por gente fina, que se autodenomina “elite”, entre aspas. A exemplo da estratégia de proteção, pessoal ou social, dessa molecagem populista que supostamente representa o povo piauiense na câmara Alta do Congresso. Esses “gaiatos” querem se instalar enquanto oligarquia. Aliaram-se à estratégia de satanização da sociedade, e à tendência política deles é agir no sentido de desestabilizar politicamente o governo do Presidente Lula, como se, por vezes, estivesse a apoiá-lo.

A elaboração e a aprovação de leis que ajudam personagens do crime organizado a ganharem as ruas não são contestadas. A impunidade dos criminosos parece não gerar indignação suficiente para que as pessoas se mobilizem no sentido de ir à luta em defesa de sua suposta cidadania. Pela prevalência de seus direitos. A guerra está sendo disseminada nos corações e nas mentes. E os criminosos de guerra que tutelam o crime organizado do “Reich dos Mil Banqueiros”, ganharam o direito institucional de assaltar as pessoas, por vezes matá-las e encher a mente de seus filhos, de sua descendência, com todo tipo de drogas que possam sucateá-la o mais rapidamente possível. Para que não lutem por cidadania e não reconheçam ter direitos. Direitos à educação, à cultura, tornar reais seus direitos civis e políticos.

Se as organizações da sociedade não forem às ruas, às câmaras, se não fiscalizarem e exigirem de seus “representantes” investimentos em educação e saúde para seus filhos e filhas, o resultado será uma sociedade cada vez mais minada pela ação impune de criminosos agindo em todos os poderes da república, em defesa de seus protegidos. Educação? Que fazem os “filhinhos de papai” educados nas “melhores academias?” Eles estão sendo educados para quê? Elas ensinam o quê? Vejamos:

Exemplo? A Polícia Federal flagrou, após dois meses de vigília, uma rede de traficantes de classe média alta em Brasília, em outubro de 2003. Segundo o jornalista Leandro Fortes, da revista semanal de informação “ÉPOCA” (nº 343, de 13 de dezembro de 04), o estudante de Direito Sebastião Azevedo Júnior que freqüenta diariamente o fórum de Brasília, foi surpreendido na atividade de tráfico, juntamente com outro universitário, Daniel de Mello e Souza. Daniel, de 22 anos, cumpre o terceiro estágio remunerado na Assessoria da Corte. Ele é neto do presidente do Tribunal de Justiça do distrito Federal, o desembargador José Jeronymo Bezerra de Souza. Que estão “ensinando” os melhores colégios, e como estão se compondo as instituições do “capitalismo cromagnon” do “Reich dos Mil Anos ?”

Na reportagem de Leandro Fortes, página 48, lê-se: “Enquanto Daniel trabalha no Tribunal, sua defesa encarrega-se de buscar atestados médicos que lhe assegurem a condição de usuário de drogas, e não de traficante, crime pelo qual foi denunciado no mês passado pelos promotores Valmir Santos e Vera Lúcia Gomes. Nos últimos doze meses Daniel passou duas semanas preso na carceragem da Polícia Federal em Brasília. Acusado do mesmo crime e preso na mesma operação policial, o estudante de Direito Sebastião Azevedo Júnior, ficou dois meses na cadeia e foi solto a pedido dos promotores, que consideraram injusto o tratamento diferenciado entre os dois amigos.”

“O grupo supria festas na capital federal e na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, de ecstasy e skank, uma maconha turbinada. Um informante apontou o neto do presidente do TJ-DF durante uma festa em Alto Paraíso, Goiás. Na ocasião o rapaz estava ao lado de Alessandro Campos Lima, que seria preso em novembro com mil e quinhentos (1.500) comprimidos de ecstasy.”

“A solicitação do exame toxicológico de Daniel de Mello e Souza ao IML de Brasília, causou o afastamento do Juiz de Direito Luís Gustavo B. de Oliveira. O acusado não é nenhum pé-de-chinelo, é neto do presidente do TJ-DF, José Jeronymo. Assim se pronunciou José Jeronymo, presidente do TJ-DF, sobre a nomeação do juiz Demétrius Cavalcanti como seu assessor: “Só os melhores são convocados para isso. Não houve deslize ético nem troca de favores”. Logo depois da nomeação Demétrius Cavalcanti mandou soltar o neto do desembargador.”

Os barões institucionalizados sabem defender seus “lobby”, fossilizados num pensamento e numa ação histórica sinistra, que os privilegia, via leis e corporativismo, seus atos criminosos. Por isso, todas as coisas relativas à educação, ao “letramento”, precisam ir para os quintos dos infernos do futuro. Desta forma, os barões do tráfico continuarão sucateando o corpo e a mente de gerações e gerações de pessoas sem respeitabilidade, dignidade ou cidadania. É a educação da “nação” pelos paradigmas dos exemplos afins.

A edição de um desses livros de Morin foi promovida pela Unesco. Ela, a Unesco, confirma a conceitualização supostamente pertinente das idéias do filósofo da “educação para o futuro”? A estratégia de dominação do comportamento social, no presente do indicativo, pela carência de educação pertinente, existe. Faz parte integrante dos órgãos estabelecidos para reprimir a difusão da linguagem e do pensamento livre. Pensar livre, como diria Millôr, é só pensar. É preciso aprender a aprender a pensar. Há um caminho indicado neste livro.

Para dominar o ambiente social instável e incerto, a estratégia oficial, num primeiro momento de repressão, privilegia a prudência. No momento seguinte, a audácia. As autoridades que estão acima da lei (na ex-União Soviética estalinista era a “Troyka menos um”, ou seja: dois pilantras estalinistas decidiam sobre a vida e a morte de milhões de pessoas, das quais, eles, sozinhos (que psicopatas!), eram juiz, jurado, júri, testemunha de acusação e o resto era silêncio: igualzinho à fábula dos “macacos chineses”. O país do “Big-Brother-Brasil” é representativo da educação globalizada para uma sobrevivência selvagem.

Educação para acabar com a prevalência de uma sociedade gerida por parlamentares sem noção da ética mais elementar da cidadania, o direito de ir e vir, sem a ameaça obstinada de algum medo por companhia. Qual a lição tirada do evento do neto do presidente do Tribunal de Justiça? As pessoas que cometem crimes, tipo tráfico de drogas pesadas, não devem ser presas, devem ficar à solta nas ruas. É essa a “jurisprudência” imprudente do presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Ao invés de atuar para reduzir as causas do crime, um juiz livra a cara de seu neto e ainda afirma cinicamente que “não houve deslize ético nem troca de favores”. Que tipo de exemplo de “justiça” ele está fornecendo a seus pares ? Ao país ? Aos pais de outros filhos, sobrinhos, genros, noras e netos, à família brasileira ?

Numas sociedade dessa ninguém está protegido dos criminosos. A impunidade é disseminada por membros importantes do poder judiciário. Que modelo de educação está sendo presentificado! Enquanto a educação mesmo está sempre sendo postergada para o futuro. Se possível, tão longínquo, que nunca chegue. Em Teresina, com poucos dias de diferença, duas famílias de médicos ficaram sem seus tutores: um por assassinato explícito, o outro, por abalroamento.

Médicos têm cidadania, sabem defendê-la ? O problema é que ninguém nesta sociedade está protegido do crime, se os membros dos poderes são os primeiros a incentivarem a impunidade. Quando alguns figurões das velhas oligarquias vão ser definitivamente destituídos da “imunidade”, de seus privilégios ? A lei é igual para todos. Mas ela é muito mais igual para uns do que para outros. É criminoso, precisa ir para a cadeia.

Vai haver votação parlamentar? Deve ser aberta: as demandas por direitos individuais das ONGS, confirmam que as pessoas sem cidadania quando saem de suas casas, em qualquer bairro da cidade, têm medo de ser assaltadas, seqüestradas, violentadas, agredidas, sofrerem algum tipo de violência. E as autoridades contribuem para o incremento desse medo. Medo também de crimes contra o erário público, com o aval de representantes do legislativo federal. Se o Severino Cavalcanti não tivesse o reforço da votação secreta para a safadeza de aumentar escandalosamente os salários de seus pares, teriam eles votado pelo aumento ? Por que não votam pelo aumento do salário dos professores universitários da rede pública ? Por que não incentivam a educação, o “letramento” e a cultura da inteligência ?

“Dura lex...” “Quantas” de quantas redundâncias. Se as leis fazem o trabalho da promotoria, das testemunhas, dos jurados e do juiz, por que há julgamentos? Apenas para humilhar ainda mais intensamente a cidadania e os direitos constitucionais dos eleitores? A “Companhia dos Lobos” não permite investimentos em educação no Brasil? Ou seria a National Security Agency? Ou negociações por baixo do pano de diplomatas do Itamaraty? Ou no Itamaraty só tem vestais? Quem serão os (ir)responsáveis pela política de educação e “letramento” da sociedade brasileira? Quem são os ilustres responsáveis pela falta até da mínima noção de cidadania ?

Quem, neste país, neste planeta, possui o direito elementar de ir e vir sem medos? Os carros com os vidros travados nos sinais. A comunicação entre as pessoas na base da “afetividade” tipo “pega lá, dá cá”. A vulnerabilidade pessoal, familiar, profissional, social, das pessoas sem cidadania, abrange uma grande quantidade de pessoas da cognominada “elite”. Elite é um “signo” sem signo. Não há moral social, substância intelectiva, entusiasmo pela educação e “letramento” da sociedade, nela. “Elite” é sinônimo de adversidade, guerra, corrupção, narcoditadura, medo, insegurança, flagelo social. Carência desesperada de educação, “letramento”, conforto, alimentação adequada, direitos, cidadania. “Elite” é um termo vazio de outro significado que não seja de perversão, deboche, vileza, pouca-vergonha, corrupção.

Advogados dizem todos os dias mil vezes, para seus clientes, para seus parentes, que “a lei precisa ser burlada mil vezes vezes mil vezes. Ou “eu vou perder meu emprego.” A impunidade conduz essas autoridades a serem avaliadas pela opinião nacional como carregando a mala da corrupção dependurada nos ombros. A mala da corrupção, da narcoditadura da “democraína”. Entre outras. Seus eleitores não mais os reelegerão? Ou a falta de educação fará com que eles votem nos mesmos candidatos ? É por isso que não tem havido vontade política para investir em educação ?

A estratégia da “educação do futuro”, da teoria de Morin é fazer, num primeiro momento, o leitor acreditar que a ONU consegue disseminar “a estratégia que apresenta sempre de maneira singular, em função do contexto e em virtude do próprio desenvolvimento, o problema da dialógica entre fins e meios”. A Organização das Nações Unidas quer justificar a opinião de que a educação só será possível no futuro ? A voz das canções de revolta dos trombicados do mundo se faz presente hoje, Aqui, Agora, em todas as partes. Elas, as autoridades da ONU, estão programadas para ouvir os seus gemidos de dor e comoção social apenas no futuro?

Dê-se um desconto ao poeta quando afirma que “a burguesia fede e quer ficar rica”. Os poetas à Cazuza têm direito a proclamar sua revolta contra os que lhes roubam mais que a cidadania, e fomentam viroses que lhes tiram a própria vida. Em suas canções, é como se dissesse que todos têm direito à livre manifestação de idéias e questionamentos. Cidadania através da atualidade social de um discurso que venceu os antagonismos do “capitalismo cromagnon”. A luta desigual entre oposições patológicas (“Liberdade”, “Igualdade”, “Fraternidade”) que realizam o que Saussure chamava de a lei fundamental da linguagem, ou seja: não há nela nada que possa residir num termo, porque os símbolos lingüísticos não estão em relação com o que devem designar. Morin afirma que a liberdade tende a destruir a igualdade. Quando existem muitos “irmãos” (mais “irmãos” do que os outros), em cima do pedaço de verba de milhares de dólares, todos os envolvidos ficam excitados com a possibilidade de uma liberdade que os levem a dividir em partes mais ou menos iguais, num butim de fraternidade. Querem o dinheiro das verbas para a educação (sempre do futuro), e dão um jeitinho brasileiro (globalizado) de, com elas, aumentar seus bens, móveis e imóveis, a partir da Providência do erário público.

A punição a esse tipo de conduta é outro indício de como o paradigma da educação funciona: A perder de vista. Punir esses malfeitores respeitáveis, com impunidade parlamentar e direito a se eximirem de toda culpa através de “votações secretas”. A educação sempre será um bem popular futuro, enquanto houver “votações secretas”. Os parlamentares foram eleitos pelo voto de seus eleitores. Eles querem transparência, “votações sempre à vista de todos os interessados”. E os maiores interessados em transparência são os que depositaram nas urnas os votos que os elegeram. Não para “votações secretas”. Em causa própria.

Não posso duvidar que duvido; logo, penso. Se penso, existo na primeira pessoa como sujeito. As frases são de Descartes. Este eu que ele menciona é o eu da cidadania. Do eleitor, da pessoa que sabe que um desvio de verba para a educação, a saúde, a alimentação, mata mais do que os mais insanos criminosos tipo “serial-killer”, nos filmes de terror produzidos pelo talento incomparável do “tio” Sam: “tio” Fred Krugger, dos Estados Unidos para o mundo globalizado. Por isso a educação no Brasil fica sempre, deverá ficar para sempre, segundo àqueles “ilustres” parlamentares, para o futuro. A sociedade, hoje, educa para a violência, a necessidade, a fome, a revolta, a submissão. A cidadania precisa de educação Hoje, Aqui, Agora. Não para amanhã, ou depois, para um futuro a perder de vista.

A educação é a única atitude política e social que pode tirar as pessoas cada vez mais alienadas pela mídia, dos níveis psicológicos flutuantes de mais ou menos inconsciência. As pessoas estão sempre mais ou menos drogadas. Seja pela sujeição aos esquemas das “chefias” nas repartições públicas, seja pelas drogas autorizadas, ou não, que ingerem todos os dias: álcool, cigarros, maconha, “mela”, coca, “ecstasy”, “skank”, a adrenalina em níveis altos de descontrole. A educação pode mostrar a essas pessoas que elas nasceram com direitos e precisam aprender a aprender a defender esses direitos, na ausência dos quais não há cidadania.

Viver não é uma aventura tipo “Fórmula-1”, um desequilíbrio da velocidade dos neurônios. Não é uma incerteza irredutível o vir a ser social, exceto se continuar em mãos inadequadas à defesa dos direitos de cidadania das pessoas. A defesa ativa dessem direitos. Há luta interna pela prevalência social, globalizada, dos direitos individuais excessivamente tolhidos (veja o paradoxo), nos Estados Unidos. Dizem, os discursos da dita melhor imprensa, através de inúmeros editoriais, que sem educação não há direitos a defender. A cidadania inexiste. Como querer chutá-la para o futuro ainda mais distante? Ainda mais alhures? Tudo pelo futebol agora. Educação e saúde mental, intelectual, espiritual, “letramento”, isso pode ser adiado, sempre, para o futuro da “terra do nunca”.

No Brasil a vida escolar continua sendo uma aventura cheia de micarinas, até chegar o dia de vestir os abadás da razão e da sensibilidade. Quando esse dia chega os foliões só então vão descobrir que trocaram a vida pela folia. O discurso da educação se dilui na musicalidade que exclui a escola e o “letramento”. Uma geração que não é motivada à leitura dos clássicos dos séculos XIX e XX, vai algum dia se interessar pela leitura dos clássicos do século XXI, que apenas começa? Eles, “jovens”, que tão obstinadamente investiram no desperdício da vitalidade, doando-a ao Momo ? Ou seria ao “Monkey ? Apenas.

Morin é por demais otimista em afirmar: “Cada um deve estar plenamente consciente ao participar dessa aventura da humanidade, que se lançou no desconhecido em velocidade, de agora em diante, acelerada.”

O aceleramento excessivo da entropia, pessoal e coletiva, da qual Morin parece ser um entusiasta, não torna essas pessoas demasiado “aceleradas”, ou, para usar um termo mais psiquiátrico “celeradas” (facínoras?). A aceleração da entropia não traz consigo uma aceleração da patologia pessoal e social? Não incentiva o descontrole dos sentidos via drogas da pesada? As legais e as “entocadas”?

Escrevemos um romance exatamente sobre essa questão, pessoal e social. Um deles intitulado ABIM LOVER´S (A educação emocional de Wanda). Se esta entropia, mostrada nesse romance a partir da realidade que vivemos nesse momento, continuar em ritmo de “Fórmula-1”, ou “Indy”, que sociedade poderá advir desse útero oceânico (social), satanizado pelas contradições e paradoxos da propaganda do consumo atuando como um vetor biológico, que transforma a mente de grande quantidade de pessoas numa caixa de alienação mental tipo míssil neuronuclear? Isto não quer dizer a nuclearização do inconsciente pessoal e coletivo? A hipnose social das pessoas com um só objetivo ? Conseguir consumir mais, alienando-se mais. A qualquer custo, com o aval da psicopatologia globalizada da violência e da ultraviolência, do terror visualizado nas telas dos filmes, nas ruas das cidades de carne, das quais jorram milhões de litros de sangue de pessoas se violentando mutuamente para conseguir ter mais dinheiro e posses do que outras. Esta é a educação de Hoje, Agora, Aqui? A educação pertinente vai para um lugar perdido no espaço do futuro inexistente. Perde-se numa confusão inconsciente.

Escrevemos alguns outros livros. Outro, “supostamente” de “ficção científica” (FC), denominado “Adão e Eva no Éden Neo-Pós-Moderno” (“PsycheCity”). Nele, os fatos começam a desdobrarem-se em 2035. Gostarei de publicar dois prefácios de um deles, “ABIM LOVER´S” (A educação emocional de Wanda). Literatura é educação, “letramento”.

Dois Prefácios. Neles fica evidente a impossibilidade editorial de publicação por editoras, ou obter das instituições culturais algum tipo de aval literário. Inclusive das supostas editoras da Cidade Verde, e de seus “ilustres” professores/editores, supostamente interessados na divulgação de “cultura literária”. O trecho intitulado “Prefácio Literário” antecede à edição posterior do “Prefácio Político”. Participo a advertência de escritores, editores, críticos literários, intelectuais outros, jornalistas, demais conhecedores de literatura: “Uma nação que negligencia as percepções de seus escritores entra em declínio. Depois de um certo tempo, ela cessa de criar ,de agir,de pensar, e apenas copia e sobrevive”. Citação de Augusto de Campos no Prefácio do livro de Erza Pound, ABC da Literatura).

PREFÁCIO “LITERÁRIO”

O tempo passa, a vida passa, os movimentos futuristas passam. Passam as gerações. Mas os dinossauros da cultura, os da cultura literária, principalmente, teimavam em fixar suas opiniões arcaicas, mixando-as às atuações em instituições e academias da vaidade e do ensino do obsoleto, numa tentativa desesperada de anexarem-se à gelatina cultural da modernidade, para, com isso, enganarem os incautos com manifestações kulturais enfadonhas, recheadas de fútil e presunçosa “sabedoria”.

É preciso que seja chegado o dia de assolar os gonzos, os ferrolhos, as trancas das portas das academias de letras e de outras instituições kulturais criminosas. É necessário trabalhar o dia de abrir as gavetas, limpá-las das teias da aranha negra da repugnância pelo novo literário, e tirar delas os textos que os desembargadores do absurdo, que enriqueceram em títulos pomposos às custas do menosprezo pelo presente e pelo futuro da literatura, gostariam que permanecessem no “coração das trevas” do esquecimento.

A literatura tinha contra si as autoridades enfeitadas em seus ternos e gravatas impecáveis (suas fantasias sociais), que do fundo de seus mausoléus macabros mantinham criminosamente o futuro preso às artimanhas das gavetas de escritórios (de editores que não editavam), de presidentes de instituições literárias “bem arrumados”, que de literários só guardavam a antiga pose, à século XIX. Elas mantinham um ódio calado, inexorável, aos escritores que tinham talento e coragem para enfrentar a máquina nazista contra a literatura e a sociedade brasileira, que eles representavam. Como diria o criador da Academia Brasileira de Letras: “Sem a audácia e a revolta literária não haverá futuro possível”. Essa pose pertinente da opinião à Machado de Assis, eles não promoviam.

Sem desenvolvimento da literatura há atrofia do povo, da nação. Que governo deseja atrofiar as manifestações da alma, do sentimento, das emoções, das melhores aspirações de seus cidadãos? De suas tradições em franca entropia, de seu desenvolvimento? De suas potencialidades de criação, que não são apenas atribuições das fantasias de carnaval e da pátria das chuteiras?

“Sem a audácia e a revolta literária não haverá futuro possível”. Não estou falando apenas em literatura. É preciso inventar a linguagem que vai mudar a entropia do Homo sapiens, sapiens/demens, em Homo sapiens, sapiens/humano. Aprender a aprender pressupõe um ambiente não-viciado pelos trejeitos de docentes, alguns esforçados nesse sentido (do aprendizado), mas que não conseguem superar preconceitos com a comunicação interativa que precisa ser característica de uma aula. Não uma interação à moda dos simpatizantes do “Reich dos Mil Banqueiros”, que constituem a “tropa de choque” do “Reich dos Mil Anos”. Uma interação dos interesses de sobrevivência do conhecimento e da inteligência da sociedade enquanto um todo.

Por que a violência, o narcotráfico e a corrupção prosperavam fácil? Porque os entusiastas da violência, da corrupção, da morte, da degradação das vontades, desejavam que a única higiene possível para o mundo continuasse sendo a guerra e as simulações culturais da Marquês de Sapucaí, eufemismo para o domínio social de suas contas bancárias, de suas ações e reações nas Bolsas dos valores de uma linguagem, de um discurso, que era, continua sendo, o estereótipo ótimo e último de uma alegria simulada de três dias, que acabava na 4ª Feira de Cinzas.

Os representantes do “Reich dos Mil Banqueiros”, quando ouviam falar em literatura, escondiam seus talões de cheque. Estava pior do que na Alemanha do ministro da Propaganda de Hitler. Este, pelo menos dizia: “Quando ouço falar em cultura, puxo um talão de cheques”. Boicotavam as instituições que simulavam promover. A erudição, a criatividade de seus escritores, eles ignoravam no fundo fedido de suas intenções necrófilas. Quem sabe o escritor morresse e eles, afinal, pudessem “descobri-lo” para a posteridade, mostrando, através de artigos em jornais, o quanto era ele proficiente em literatura.

Por que a educação e o “letramento” não eram primazias nas políticas governamentais ? Porque os políticos exploravam a musicalidade de seu povo, para melhor sepultá-lo nela enquanto forma, quase que única, de manifestação cultural. Viva a musicalidade nacional. Mas literatura não é carnaval. Machado de Assis perguntava e respondia: “Haverá solução para a situação da literatura? Um golpe de Estado literário!” Em sentido figurado, o ministro Gilberto Gil, com o aval do presidente Lula da Silva, está em condições de promover esse “Golpe de Estado Literário”. O ministro que é parte da literatura enquanto poeta e músico do Tropicalismo.

Por vezes afirmações do ministro Gilberto Gil, são apenas para efeito de estar com a presença garantida na mídia. Tipo: “Sempre gostei de novelas e de telenovelas. Eu colecionava revistas como Sétimo Céu.” Com certeza o “letramento” do insigne ministro não se resume a ler ou a atuar conforme as indicações amorosas insinuadas pela “erudita” revista. Ele é freguês da “Caras”: “O narciso acha feio o que não é espelho”. A convergência genética de três raças, através de espermatozóides e fecundação do óvulo, gerou milhões de “Gabrielas”, mas somente a Sônia Braga botou o “ovo de Colombo” da Gabriela em pé. Morena, estrangeira com passaporte carimbado do “país” Bahia para o mundo globalizado do magazine: “Narciso acha feio o que não é espelho”.

Em nome da globalização de sua suposta autoridade, desejavam extirpar a última gota de sangue dos que trabalhavam pela permanência da poesia, contra a esclerose, a anemia da cultura, a carência de essência transcendente, de fenômenos que não fossem extensões das metáforas e metonímias da estagnação, da nadificação (da patavina) universal.

Eles, os escritores do início do século XXI, trabalhavam a impossibilidade do futuro da literatura, da poesia, a imanência do lucro pelo lucro, a globalização da subserviência, da violência e da mediocridade... Os políticos eram soberbos na covardia de querer manterem-se no poder a qualquer custo, e conservarem a sociedade sob o comando da necrose que lhes roía as forças físicas e a alma, pessoal e coletiva, subornada. Todos, sem exceção, pareciam ignorar deliberadamente que a poesia é o sistemas nervoso central da raça humana. Um animal sem sistema nervoso central morre cedo. Vegeta. E a educação e a cultura não proporcionavam a poesia. Era uma sociedade sem poesia, pessoal ou coletiva. “Enquanto houver burguesia não vai haver poesia”. E a noção de moral ou de ética era, diariamente, arrancada dos indivíduos pelos exemplos comportamentais das autoridades.

Toda uma nação foi envergonhada por, pelo menos, trezentos de seus representantes. O deputado Severino Cavalcanti e seus pares, passaram por cima com um trator, no “princípio de proporcionalidade”. Este princípio foi esnobado pelos parlamentares da oposição que votaram em causa própria, confiando nas promessas de aumento salarial dos mesmos, que, nos ajeitos e trejeitos de cada um dos “pra lamentar”, conseguiria nivelar seus milionários salários aos ainda maiores salários dos ministros do Supremo Tribunal de Justiça, e suas mordomias. E para a educação? Nada! Somente a vergonhosa realidade da “educação cultural”, promovida pela maravilhosa musicalidade do povo do “país” Bahia e da Marquês de Sapucaí.

A Câmara se escondeu dentro da sala do tapetão, em regime de “votação secreta”, para eleger com 300 dos 498 votos, o deputado que prometia aos demais parlamentares, “lutar” para igualar o milionário salário deles com os dos ministros do Supremo. E ainda houve parlamentares do governo que avalizaram a covardia dos conchavos da oposição que o elegeu para presidir a Câmara dos deputados (no biênio 05/06). Afiançar o legislar em causa própria. A bandalheira das “votações secretas” permitem que esses caras, representantes de um povo faminto, com um salário mínimo menor, talvez, que o de Bengladesh, se eleja com a promessa de transferir quantidades absurdas dos ativos financeiros públicos diretamente para os seus bolsos. E ainda tem gente do maior partido da Câmara batendo palmas para as eleições “democráticas”. Democracia para eles é legislar em causa própria. E o salário dos professores ? E o “letramento” e a edição de livros dos escritores de um estilo literário à século XXI?

As autoridades das instituições literárias queriam ver esgotadas as forças de criação dos escritores que investiam na invenção do novo literário. Para eles inexplicável. Simplesmente ignoravam donde vinha, mas tinham certeza de que esse talento não desejava, de modo algum, fazer média com sua covardia oportunista, comodista, institucionalizada. Os necrófilos pululavam de “lídima Alegria, Alegria”. A Câmara prometia devorar mais uma parcela de salários que deveriam ser canalizados para melhorar os salários dos professores, que se eqüivaliam aos dos garis. A reação popular tão intensamente desfavorável a essa atitude política, via participação nos “sites” de pesquisa que perguntavam: Qua acha você dos parlamentares da Câmara aumentarem seu salário ?, que eles, parlamentares, desistiram ainda que, supostamente, de maneira provisória, do aumento imediato dos salários em causa própria.

Salário de 19 mil reais “pra lamentar” podia ser votado, enquanto os professores padeciam da necessidade de se reciclarem nos cursos de atualização do conhecimento. A educação e o “letramento” podiam sempre ser adiados para o futuro. Algures. Nenhures. Desta forma os não-letrados iriam sempre continuar votando neles, “pra lamentares”. A roda infortunada da fortuna dos que legislavam em causa própria, permanecia girando, fazendo a máquina da alienação girar, ignorando as necessidades da educação e as do “letramento” da população brasileira. Estavam criando, de maneira deliberada, uma geração apenas de marginais, para que, em pouco tempo, viessem a se somar às velhacarias de outros marginais que estavam nas ruas das cidades barbarizando com toda espécie de crimes impunes como esse, dessa “eleição” salarial em causa própria. Não existe eleição com voto secreto. É um paradoxo da política dos absurdos. Eleição com voto secreto, apenas as das urnas que elegem os candidatos “pra lamentares”. Unicamente os eleitores têm direito à votação secreta.

A ressaca da Câmara com a reação da opinião popular, eles tiravam de letra. Investiam elas, as “excelências”, na irreflexão do povo, das gentes, da plebe, da nação, das pequenas-burguesias proletarizadas pela anarquia de seus parlamentares “pra lamentar”. Quanto tempo parmaneceria nas consciências das pessoas mais instruídas a revolta silenciosa contra mais essa satanização das classes sociais, dos milhões e milhões de eleitores que votaram neles ? “Pra lamentares”.

E a educação? Essa vai para a “Casa da Mãe Joana” que era o Congresso. Outra vez ? O “Reich dos Trezentos Parlamentares”, mostrando como é que é estar sempre do lado errado da história, dando outra contribuição para que o “Reich dos Mil Banqueiros” se instalasse ainda com mais força. Benjamin Franklin disseminou a frase em jornais, revistas e livro: “Aquele que acredita que o dinheiro pode tudo, cabe suspeitar-se, com fundamento, que tudo fará por dinheiro”.

O escritor neo-pós-moderno do século XXI, seu talento literário, não tinha a mínima vontade de interagir com as energias utilitárias de uma corrupção da sintaxe própria de acadêmicos beijoqueiros, guardiões de museus e bibliotecas erigidos a partir dos discursos adjetivados com a baba substantivada na pontuação de um automatismo psi, sempre disposto a exprimir razões e motivações de natureza burocrática, abissal, anacrônica, barroca. E os Severinos do poema de João Cabral ? E a educação deles ? “Pra lamentar”.

Garantiu, o presidente Lula da Silva, que o deputado Severino Cavalcanti vai votar com o PT. São suas as palavras: “A divisão interna que houve acabou quando saiu o resultado eleitoral”. Ao dizer essas palavras, se o presidente não jogou frases de efeito para a mídia, então ele precisa “tirar a touca” para ir para a cama antes de dormir. Está a se cumprir o prognóstico, há muito disseminado em todos os estados do país (nos batizados, festas de aniversário, casamentos, e outros), de que os partidos tradicionais serão vingados pela derrota deles nas eleições para presidente da República. E o Presidente dormindo de touca. “Pra lamentar”, esse modelo de “fazer política”.

E para a educação, hem presidente? Nada? Ou um aumento de 0,1% ? Quem não quer o país educado intelectualmente ? Quem não quer o país pensando ? A juventude trabalhando para ser respeitada futuramente, e não apenas mais uma geração sugada pelo contexto social do anarocotráfico. A educação está “educando” para o anarcotráfico, presidente Lula da Silva, tanto os filhos de famílias ricas, tradicionais, quanto os filhos das favelas. A educação globalizada está nivelando todos por baixo, presidente. Desnaturadamente. É ou não “pra lamentar” ?

E o Severino, apesar do nome nordestino, é uma daquelas pessoas em quem ninguém pode confiar: Ele foi eleito com a promessa de legislar em causa própria... Ele acredita que o dinheiro pode tudo, cabe suspeitar-se, com fundamento, que tudo fará por dinheiro. O partido do dinheiro é o PFL. Até outro dia conhecido como o partido dos banqueiros cercados de malufistas por todos os lados. Quero acreditar que não seja verdade, uma verdade que se estabelece como quase irreversível, à essas alturas da “governabilidade” entre aspas, que os significados implícitos na interpretação da “Cibecharge do site euhein” não sejam para ser levados a sério (página 14, da seção A SEMANA, do número 341 da revista ÉPOCA, ao lado, ironicamente, de uma informação sobre “REALITY SHOW”:

Na charge aparece uma criança, a engatinhar, vestida com macacão de torneiro mecânico, que é centro das atenções e comentários, tais como:

“Que gracinha, quantos anos ele tem?”

“Vai fazer dois em janeiro”

“Dois anos?!?”, pergunta outro observador, pasmado, desde que a criancinha está barbada e com a falta de dois dedos na mão esquerda.

“Andar, não anda, comenta outro, mas fala que é uma beleza...”

É preciso investir urgente em educação e no “letramento” social, ministro da Cultura (Cultura = Educação), Gilberto Gil, ou as crianças do Brasil vão pensar igual ao Presidente, que a oposição é feita de “amigos da gente, que sempre votaram com nosso partido”.

Valorizar os escritores, ministro da Cultura (Educação), Gilberto Gil, principalmente aqueles mais “esnobados pela “elite”, composta de “valetes” e de “lobbys” dos antigos governantes desse país. É preciso que eles não voltem nunca mais a governar esse país, ministro, ou a esperança que venceu o medo vai para o beleléu. Junto com o mesmo pacote da educação.

O talento literário do escritor odiado pelas “elites” com quem não gostaria de manter proximidade, precisava estar trabalhando aliado das forças que necessitam ser mantidas por mais, muito mais tempo no exercício do poder político no Planalto e nos Estados e municípios, enquanto forças políticas que vão continuar a vencer o medo. O medo está vencido apenas provisoriamente, até as crianças sabem disso, ministro. Qualquer aproximação desses escritores com o pessoal político das oligarquias centenárias é deletéria. A possibilidade mesma deste livro, de sua publicação e disseminação pública, é possível apenas porque há gente nova, com novas propostas de governabilidade e cidadania no Palácio do Planalto, no Palácio de Karnak, e outros.

Que teria o escritor a ganhar interagindo com as característica próprias de pessoas datadas de uma disciplina sociocultural voltada para a manutenção de privilégios que sempre visaram a vantagem vaidosa de perolar o próprio umbigo de dançarinas do bordel institucional dos antigos governantes, os que foram vencidos pelos eleitores nas urnas, para presenciarem uma bufonaria “democrática”, a eleição do deputado Severino Cavalcanti para presidente da Câmara dos Deputados em Brasília ? Que teria o escritor do século XXI a ganhar aliando-se a uma política de aparências de respeitabilidade ? A esperança precisa continuar vencendo o medo. Não a partir do resultado político e institucional de uma eleição “pra lamentar” como a que elegeu o deputado Severino, legislador fanático em causa própria, que chamou publicamente seus conterrâneos de votação na Câmara de “idiotas, porque não mantiveram os resultados de uma eleição ilegítima, desde que realizada por “votação secreta”. E a educação e o “letramento”, Severino de Prelazia ? E a cultura que não seja apenas a da musicalidade do país Bahia?

Em futuro próximo, vão lembrar, os dessas gerações infantis, em evidência e crescimento infantilizado, que essa sociedade morria de medo de sair da sala de jantar. A realidade da fixação obsessiva, redundante, pleonástica, prolixa, do consumo, exercitada por uma “kultura” com “k”, à Gobbels, sem compromisso com a transcendência, sem significados outros senão o significado de não significar nada. Exceto decrepitude. Formalidade. Aparência. Roupas de grife. Sapatos de cromo alemão. Gravatas de mil dólares. Celulares com câmera de vídeo, e outros brinquedinhos chiques, elegantes, de bom gosto, dos saraus das “votações secretas” na Câmara dos “pra lamentar”. Essa gente é oposição, ministro, não tem de confraternizar com o inimigo como se ele fosse um suposto aliado. Isso não é radicalidade, é senso.

Essa não é uma “democracia de oligarquias estalinistas”, como as que antecederam o governo do presidente Lula da Silva ? Não! Este é o governo do partido político que instou os eleitores a vencer o medo. Não é um partido que funciona igual ao processo burocrático da hierarquia das instituições públicas, há séculos geridas por representantes das oligarquias estaduais da transferência dos ativos financeiros públicos para suas contas privadas. A esperança venceu o medo ministro Gil. E quer vencê-lo outra vez nas próximas eleições. E não ir perdendo eleições para a oposição desse tipo “clichê de “pra lamentar”, Severino das Prelazias. Ele representa os severinos que por dinheiro vendem o “país” e a governabilidade a curto e a mais longo prazo. O país é mais amplo que apenas o “país” Bahia e o dos Severinos das Prelazias. A educação e a cultura inclui a literatura, ministro Gil. A literatura que sempre esteve e estará na vanguarda da luta social para vencer o medo. O medo centenário do eleitor de continuar sem educação, sem cultura, sem “letramento”, sem salário, sem terra, sem teto, sem futuro, sem salário, sem previdência, sem cidadania, sem direitos, sem nada.

Entrar para uma academia de letras significava, para um escritor que não fosse um lambe-botas do “museu de novidades das academias das letrrinhas” e da bajulação oficial, uma atitude burocrática irredimível, uma humilhação carregada de uma opressão atávica e fossilizada, sem outro significado que não fosse uma respeitabilidade literária de bordel das letras, de um cubismo rococó anacrônico.

Votamos nos candidatos que prometeram vencer a opressão centenária, a ignorância, a deseducação, a vergonha das multidões sem cidadania. Votamos para Presidente no candidato da promessa da esperança que vencerá o medo. Não se vence medos atávicos da noite para o dia. É preciso que o presidente Lula da Silva continue na presidência por mais tempo. Para que a esperança que venceu o medo crie raízes no Planalto Central do país. Viva Iracema. Viva Ipanema. Viva a Capivara.

Participar do chá das academias, dos eventos de outras instituições literárias movidas à “Les demoiselles d´Avignon” da literatura. Por certo elas têm muitas coisas a conversar nas reuniões, nos “saraus literários”. Muitos salgadinhos e bolos doces, muitos cálices do Porto, e biscoitos deliciosos a saborear. Mas inovar a literatura nas dimensões literárias da entropia do conhecimento... O talento e a criação literária, suponho, não têm o rabo preso com os rituais dos assalariados de salões, nem com as mordomias de uma classe que representa o museu da intencionalidade social nefasta, da obsolescência da educação, e da necrose cultural: a burguesia. A burguesia e o seu “museu de novidades”, sempre cheio de perfumarias, musicalidade turbinada: Amenidades. Micarinas.

Depois da eleição desse Severino (4ª feira, 16 de fevereiro de 04), o medo voltou a atormentar até as criancinhas. Severino nunca será seu aliado, exceto aparente, presidente. Não se exceda no “fazer política” ou vossa excelência se trombicará. E a esperança que venceu, provisoriamente, o medo, também descerá no ralo da história.



CAPÍTULO 6: ENSINAR A COMPREENSÃO


A fórmula do poeta grego Eurípedes há de fazer a separação definitiva do casamento mais ordinário que se conhece: O da dona Ilusão com seu cônjuge, senhor Erro. Eles já disseminaram com tanta convicção a alucinação e a estupidez viciosa de sua própria incultura, a bizantina mentira, a fraude do ensino em algures academias de letrinhas, que instituições de escritores, hoje, se confundem com academias de babões, com seus camisolões provenientes de personagens dos primeiros contos simbolistas de Edgar Allan Poe. Aqueles fardões ridículos de personalidades à Marquês de Sapucaí. É um absurdo a contemplação de personagens funestas em plena “Alegria, Alegria” no mar da Sapucaí. Era um tempo de guerra, era um tempo sem dó.

As autoridades das instituições literárias serviam apenas para pousar aquele tipo de vaidade que D. H. Lawrence visualizou, através de uma de suas personagens, ao presenciar o pavão pousando no braço do anjo de mausoléu, ao entardecer, na paisagem de fundo de quintal, no cemitério da Abadia, em “The White Peacoch”. “Bush de Blair” é uma representação daquela visualização do “Pavão Branco” na Casa Branca: “Tudo vaidade, berros e sujeira”. E mentiras. Muitas.

No dizer de Eurípedes (final de Medéia): “Os deuses nos inventam muitas surpresas: o esperado não acontece, e um Deus abre caminho ao inesperado.” Na Grécia onde originou-se, a tragédia atingiu o auge com Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Não precisavam, os filósofos do Pentágono e da Casa Oval, satanizarem Sadham e Bin-Laden, aos quais armaram e financiaram a dominação de seus grupos e países. Não fossem eles responsáveis pela satanização do mundo do lucro pela mentira, e a difamação: “Bush de Blair” (são gêmeos ideológicos vitelinos ?). Personagens reais de um imaginário popular aterrorizado, ao extremo, pelo exemplo deletério dos discursos de propaganda política de suas lideranças. Propaganda contra os direitos civis. Propaganda à Gobbels.

O ministro da propaganda de Hitler ensinou direitinho seus (supostos inimigos), na realidade, seus pupilos e “Aliados”. Não há ética em suas finalidades. São partidários fanáticos dos ensinamentos de como deve agir um “príncipe maquiavel cromagnon”, um criminoso nato, para defender as propriedades, o patrimônio pessoal e os ativos financeiros nos paraísos fiscais. Não são seres humanos humanizados via uma mutação, uma entropia, pertinente a promover uma realidade humana em suas mentes cromagnon. “A burguesia Fede e quer ficar rica”. A qualquer preço manter seus privilégios exclusivos. O complexo industrial militar não sabe mais que tipo de bomba lançar.

Os oficiais de laboratório da base aérea Wright Paterson, em 1994, nos Estados Unidos, estavam a pesquisar (ou apenas “sugeriram” a pesquisa ?) de uma “bomba-gay”, que suscitaria estímulos homossexuais incontroláveis entre os membros das tropas inimigas. O documento, até então “top secret” com essas informações, propagou-se a partir da ONG “Sunshine Project”, especializada em monitoração de pesquisa bélica. Em suma: enquanto os “inimigos” se atracam oferecidamente entre si, os “recos” do “tio” Sam caem matando. Em países outros, com elogiada “musicalidade”, a “bomba gay” pode ser visualizada explodindo em pulinhos e pulinhos, alegres, cheios de coloridos abadás e cantando, acompanhando, aos milhares, a sonoridade dos carnavais ditos “fora de época”.

Fera, bicho. Radical. A parte mais deletéria do “efeito moral da bomba Sodoma”, são as fotos e os filmes que os soldados do “tio” Sam podem fazer enquanto a “tecnologia da bomba” faz as vítimas. E os investimentos em educação, hem, “tio” Sam? Para o futuro. Ao “tio” Sam interessa atacar os hormônios dos habitantes dos países em desenvolvimento. Com muita musicalidade à base de “sonoridade” com grande potencial de magnetização incestuosa. E a educação, e o “letramento” ? Onde estão os festivais, as palestras, os congressos, os eventos que promoveriam a literatura, o “letramento”, a edição de livros de escritores do século XXI?, alguns deles permanecem inexplicavelmente inéditos. Politicamente censurados.

A modernização das práticas da censura se faz evidente nas academias e instituições supostamente literárias. Enquanto os desembargadores das academias de letrinhas censuravam os autores de livros do século XXI, toda espécie de lixo pornográfico poderia ser encontrada facilmente em qualquer banca de revistas. Em grande quantidade. Isso porque os escritores do início do Terceiro Milênio eram uma ameaça à continuidade da impunidade da corrupção política. Eles camuflavam a censura com muitas atitudes suspeitas, com muitos nomes. Faziam isso com os escritores e com o ensino público. A universidade pública é, supostamente, um lugar de aquisição de conhecimentos, não um parque temático da Disney, uma reprodução da confusão de imagens promovida pela máfia corporativa de meia dúzia de conglomerados da tv.

Os parlamentares “pra lamentar” não compreenderam nadinha (ou fazem de conta que não sabem), o significado político e social do discurso de poder “maquiavélico” escrito por Maquiavel. Por um desses paradoxos da história, seu nome ficou associado à palavra que ele teorizou para ironizar e abolir a inconsciência (feral) dos reis e príncipes do medievo. Se vivesse hoje, Maquiavel teria uma crise não de nervos, mas de indignação, em decorrência da repugnância provocada por essa “votação secreta”, dos que queriam conchavar para aumentar seus salários. Legislando em causa própria. É “pra lamentar”. A reação da opinião popular mudou o curso dessa história que ainda pode se repetir antes de Severino das Prelazias ser destituído do cargo por falta de decoro “pra lamentar”: Chamar seus pares de “idiotas”. Eles vão aceitar a denominação calados ? Quem cala consente.

Maquiavel chamava a atenção para a subordinação tirânica, covarde, usual, dos príncipes, para o manifesto sadismo desses sobre a pele tênue e satanizada de seus súditos. Maquiavel denunciava a cegueira pulsional de príncipes e reis cromagnon: manicacas traiçoeiros, sádicos, ao defender os privilégios de suas prelazias.

No capitalismo cromagnon há a impossibilidade institucional de manter uma ética no interesse da sociedade ? Há a atuação radical de grupos privados (e/ou públicos), que se organizam para aprovar leis que mantenham impune toda uma rotina de atitudes anti-sociais que têm por objetivo, a finalidade de mobilizar os “valetes” que compõem os “lobby” no Congresso, para a aprovação de leis a serviço exclusivo de seus interesses privados ? Interesses de transferência dos ativos financeiros públicos para suas contas privadas.

A educação pode ficar para um futuro alhures, enquanto as leis que favorecem os “lobby” no “pra lamento”, são para ser promulgadas no presente do indicativo. Num contexto social e político desses, poderá haver esperança para a educação dos jovens, inseridos nos ambientes institucionais da tradição familiar da subserviência aos ditames de uma gramática e de uma linguagem acadêmica que não faz mais do que sucatear suas possibilidades de desenvolvimento intelectual ? As instituições acadêmicas estão fazendo de conta que ensinam algum conhecimento pertinente a seus discentes. Estes, em respeitosa resposta a seus mestres, estão fazendo de conta que aprendem algum conhecimento pertinente. As instituições educacionais dessa sociedade estão preparadas apenas para ensinar as pessoas dessas gerações emergentes, como melhor se adaptar à ideologia populista da política que promove a micarina, o carnaval fora de época, e os “gladiadores da bola” nos campeonatos de futebol.

A educação relevante, válida e inserida no contexto da aquisição do conhecimento, da inteligência, da criatividade intelectiva ? Fica para o futuro. Alhures. A literatura? Quem precisa dela ? A educação. A educação é necessidade presente ? Sim! Urgente. A literatura e o “letramento” são as formas de educação mais adequadas para exercitar o “aprendizado de aprender”. Essa geração das micarinas, está jogada às traças bem produzidas de programações coletivas tipo “Big Brother Brasil”. As instituições acadêmicas têm um corpo docente sucateado intelectualmente. O corpo discente, em conseqüência, permanece igualmente lambão.

A homenageada da escola de samba é a dona dos destinos do país. “Senhora do Destino” dos tvespectadores plugados no horário nobre, não é senão mais uma divindade da Marquês de Sapucaí: mais uma “Rainha da Sucata” para o pessoal da sala de jantar aplaudir com o olhar amortecido pela droga do momento: café com leite, a cruz branca de pão ázimo do sagrado coração de Maria e de Jesus, biscoito, água de coco, refrigerante. É o feijão com arroz da mente da América. As pessoas da sala de jantar da América devoram esse manjar do horário nobre, emocionalmente. A revolta e a satisfação geral por não terem o mesmo padrão dos personagens da propaganda entre um e outro capítulo da novela. Depois do de chuveiro das notícias de corrupção e violência do Jornal Nacional, mais propagandas de cerveja e cigarros: consuma com moderação. E a educação ? Nunca é demais fazer estas perguntas. E a literatura ? E o “letramento?”

O desespero da situação do professor em não poder fazer nada, gera sentimentos nocivos que são compartilhados por emoções que navegam num arquipélago de incertezas, delírio, patologia: a mente das pessoas, aos milhares, sucateando-se nas academias. Milhões de mestres e alunos brincando de conviver com a verdade de que não poderão, nunca, recuperar o tempo perdido. O tempo não gerido pela educação e pelo “letramento”, gerido apenas pela “educação” tipo Big Brother Brasil Cromagnon. Os participantes das velhacarias do “The real world” (“The reality show”), sabotando-se em frente as câmeras, com joguinhos de traições sorrateiros. “Tudo por dinheiro”, já vi esse filme antes. Estão querendo ganhar, a qualquer preço, um milhão de reais. Ou, enquanto torcedor, participar das “emoções” do ganhador. Acompanhando tudo de perto, participando como tvespectador. A educação? O “letramento” ? Isso pode ficar para depois. Fica para o futuro, enquanto, de lixo, sua mente acumula monturos. Você é o senhor Gari, do marketing da tv e da Internet. Você, pessoa da sala de jantar. Que trabalha gratuitamente para elas, as mídias, e ainda se julga esperto. Não é fácil ser lixo e ainda ter de estar sempre sorrindo, como se seu mundo fosse lindo, e você um artista de um país chamado “show biz”.

Morin, ao escrever sobre a estratégia de sobrevivência vigente no atual sistema cromagnon de competição, indica uma finalidade complexa que envolve os termos “liberdade, igualdade, fraternidade”. Ele acredita que, conforme as condições históricas, a estratégia oferecida deverá favorecer, seja a liberdade, a igualdade ou a fraternidade. A condição que vencer, segundo ele, não irá se opor aos outros dois termos.

A resposta às incertezas da ação é constituída pela escolha refletida de uma decisão. A estratégia inclui uma espécie de “aposta”. A elaboração de uma consciência que tenha em conta as complexidades inerentes às próprias finalidades da ação em função dos imprevistos, das mudanças aleatórias de contexto, as flutuações do quadro econômico social. Qualquer desses fatores pode ser substituído por outro, se o anterior houver “tomado uma direção nociva”. Nociva para quem ? Que tipo de direcionamento (também supostamente errático), poderia ser sugerido em substituição ao outro ? Você é uma centopéia: a cada passo diverso, dessemelhante, por vezes em oposição com o anterior, você vai mudando o pensar, fazendo a entropia, o caminho possível, partir, pé na estrada do caminho de “São Thiago de Compostela”, ou simplesmente, a estrada da paisagem litorânea, itinerário livre para você realizar seu sonho de aprendizado. Seu caminho sagrado está em descobrir as belezas do litoral brasileiro, a história do Sagrado Feminino. Sua Maria Madalena, seu Santo Grall está no litoral sagrado de Pindorama. Um livro debaixo do braço, dois na mochila. O “letramento” possível. Aprender a aprender a gostar de ler.

Morin sugere a superação do paradoxo. Veja-se as contradições envolvidas nos dois parágrafos anteriores. Ele permanece dizendo: “O abandono do progresso garantido pelas “leis da História” não é o abandono do progresso, mas o reconhecimento de seu caráter incerto e frágil. A renúncia ao melhor dos mundos não é, de maneira alguma, a renúncia a um mundo melhor.” O texto entre aspas pode soar como um mero jogo de palavras ? Não é. A humanidade alcançou um movimento tecnológico que possibilita não a imposição de um modelo de rotinas operacionais chamada progresso, mas o progresso administrado dessas rotinas. De modo que os operadores da Bolsa, qualquer delas, não esteja sujeito a chiliques, se o Palocci baixar três pontos percentuais nas taxas de juros. As Bolsas são cheias de “chiliques”, de gente que tem fricote. Qualquer evento que provoque uma leve oscilação nos índices, e os corretores representantes das empresas do “capitalismo cromagnon" ficam logo torcendo para que os milicos voltem à cena patética da política à Pinochet, à Médice, à Costa e Silva (aos ditadores à Fidel: Que paradoxo!), a mentirosos compulsivos tipo “Bush de Blair”, e outros.

Neste contexto de incertezas, Morin complementa: “Na história, temos visto com freqüência, infelizmente, que o possível se torna impossível, e podemos pressentir que as mais ricas possibilidades humanas permanecem ainda impossíveis de se realizar. Vimos que o inesperado torna-se possível e se realiza. Podemos observar com freqüência, que o improvável se realiza mais do que o provável. Saibamos esperar o inesperado e trabalhar o improvável.”

Este é um pedido um tanto quanto inusitado: esperar o inesperado e trabalhar pela afirmação do improvável. Os contextos através dos quais esses eventos meramente sugeridos podem acontecer, não devidamente esmiuçados, definidos, traduzidos. Por vezes ele sugere estar desenvolvendo uma teoria sobre um universo de ficção. Garimpando a possibilidade de pessoas virtuais tornarem-se reais.

Não há educação, iluminista ou não, pertinente aos interesses globalizados da sociedade, que exclua de suas benesses, a maior parte da humanidade privada de cidadania. Num contexto desse, a exclusão de grandes segmentos de pessoas da sociedade supostamente globalizada, se faz presente de uma maneira atroz, feroz, selvagem, cromagnon. Talvez essas teses estejam melhor expostas numa obra de ficção denominada “Adão e Eva no Éden Neo-Pós-Moderno”: PsycheCity.

Esse romance pensa (projeta), premedita vê-lo (leitor) programado (numa sociedade futura: 2035), hoje, Aqui, Agora. Se seu hoje é isto aí, hoje, Aqui, Agora, que será de seus filhos e netos no futuro ? Em 2035 ? Que será da descendência deles após essa data? A partir das possibilidades políticas, sócio, econômicas, financeiras que o projeta para o devir, a partir dos dias de hoje. Se as autoridades continuarem a incrementar a impunidade, que ressonância social poderá criar em 2035, por exemplo, a realidade social que estamos vivendo agora? Morin, provavelmente numa afirmação da obra de Montaigne, afirma que todas as obras-primas da literatura foram obras-primas de complexidade interpretativa da condição humana através da singularidade do indivíduo.

Ele, Morin, cita a contaminação do real pelo imaginário em Dom Quixote, de Cervantes, e o jogo inesgotável de particularidades indizíveis, dramatizadas por Shakespeare, para melhor expor a fragilidade dos seres humanos frente a uma simples dor de dente chamada paixão.

Talvez seja mais adequada à compreensão da contextualização das obras em pauta de Morin, se considerarmos a Literatura e a Arte enquanto atividades criativas que habilitaram o personagem crucial de "A la Recherche du Temps Perdu" a voltar no tempo e a reconstruir a realidade. A submersão no lodo da melancolia, na representação da farsa humana nos salões da “elite”, na verdade, uma escória. Proustiana. Simbolista. Real e virtual.

Há nele, Proust, a onipresença de uma misantropia sorumbática das pessoas que não podem sair, de nenhum modo, da prisão angustiante construída pelos modos supostamente educados, de uma afetação de classe que lhes corrompe sadicamente a manifestação dos sentidos, a ponto de entregarem-se, deploravelmente, à suas falas e gestos, como se fossem manifestações de cadáveres há muito afeiçoados ao mausoléu. As personagens proustianas são seres tumulares na expectativa de que suas vidas mumificadas por uma rotina deplorável, possa, enfim, ter fim. Aguardam o momento promissor, que afinal, os pudesse libertar dessa representação mórbida, de uma necrofilia de salão, e afinal, poder entrar em seus ataúdes e tumbas como uma forma de libertação dessa morbidez malsã, insuportável, indizível, exceto pelo simbolismo literário proustiano.

Proust vai em busca desse tempo para redimir-se dos mortos, e deles ressuscitar. Proust precisa reconstruir a vida de sua personagem central, dele mesmo, para não sentir-se uma personagem moribunda, saída dos contos do primeiro de todos os simbolistas, Edgar Allan Poe. Na história do movimento simbolista a descoberta de Poe por Baudelaire foi vital. Em 1852, o poeta das "Flores do Mal" publicou as tradução dos contos de Poe. Estes, mais os textos críticos, são considerados a primeira redação, original e autêntica dos princípios do Simbolismo. Poe, Hawthorne, Melville, Whitman e Emerson eram escritores românticos americanos. A bússola do instinto literário desses escritores estava a encaminhá-los na direção do Simbolismo.

As percepções unificadas dos diversos sentidos, a imprecisão entre fenômenos do mundo imaginário e do mundo dito real, contribuiu para que os objetivos estéticos do Simbolismo se afirmassem. A intrepidez indiscreta da inteligência, a impetuosa e flagrante flama da audácia imaginativa de Poe originou também a literatura policial. É impressionante e ao mesmo tempo muito pertinente, a maneira com que Poe foi boicotado sistematicamente por sua família, especialmente por seu pai.

"Os Primeiros", como diria Rimbaud, "Os Primeiros", são sempre os que abrem os caminhos e estão sozinhos em suas percepções do futuro. Eles, "Os Primeiros" da ficção (realista, científica), da imaginação: "Os Primeiros", os que criaram as personagens e as situações inusitadas que nas Artes, e na Literatura, permitiram que um novo ciclo de percepções começasse a se inscrever enquanto história da razão e da sensibilidade. A percepção renovada de símbolos e de relações até então incomuns entre esses. A integridade de uma vontade que saiu à fórceps, do útero do tempo perdido. Em busca da ressurreição da criança que nasce outra vez, quando adulto, após ressurgir do tempo perdido memorizado, para que não seja tragada, engolida, devorada pelos velhos símbolos caducos do mausoléu do museu perceptivo da antigüidade de seus ancestrais. É necessário sair fora do “museu de novidades”, reais e virtuais, em que estão enclausuradas as pessoas emergentes das novas gerações. E de todas as gerações. A necessidade é mesmo a mãe “mitocondrial” do tempo ?

"Em Busca do Tempo Perdido" é, na verdade, "Em Busca do Tempo por ser Ganho", para que a personagem central do romance não seja mais um morto-vivo do museu arqueológico dos salões “chics” da “elite” parisiense dos “vencedores” vencidos. Como poetizou Drummond: “Quero ser o perdedor que ganha de seu medo”. Poe, com suas personagens que haviam saído, literalmente, das tumbas do passado, da memória e da intencionalidade doentia, é também um autor em busca do tempo perdido. Ele, Poe, trazia para os leitores da literatura a companhia dos necrófilos, dos mortos-vivos, os que estavam ao lado dos leitores, como se fossem representantes de uma verdade perene, de uma minoria rica, de cor branca, do olho azul, portadora de uma suposta “ética” protestante. Ele, igualmente, desejava emergir da tumba do tempo de seus mortos.

Aquelas personagens de Poe, que faziam a história de seus contos acontecer, não eram mais que corpos corrompidos moralmente, que se arrastavam através de uma realidade putrefata, almas penadas, decadentes, mas autodeterminadas a escravizar o mundo para seus interesses particulares. Essas almas aflitas, penitentes, esses seres sitiados e horríveis, eram símbolos vivos da realidade literária e da realidade da vida dos burgueses. Da classe da pequena burguesia que não quer outra coisa senão ficar rica. E imitar os burgueses seja lá no que for, para conseguirem, também eles, mirarem-se no espelho do mesmo narciso burguês, decadente, característico das personagens de uma sociedade sem saída moral. Que tem a ética como inimiga de seus desígnios.

“A burguesia fede. A burguesia fede e quer ficar rica”. Não há outra ética nas intenções da burguesia. E a literatura simbolista, desde Poe, busca mostrar isso, revelando que a classe dos fidalgos e da nobreza, que antecede a burguesia na gerência política da sociedade, era minada por personagens assombrosas, que passavam a seus descendentes, os burgueses, toda a patologia cromagnon (a entropia) de que eram portadores.

Os parágrafos acima tecem breves considerações literárias sobre o Simbolismo, são de nossa autoria. Acredito que, após a leitura destes, o leitor possa intuir melhor a missão propriamente espiritual da educação mencionada por ele, Morin: “Ensinar a compreensão entre as pessoas como condição e garantia da solidariedade intelectual e moral da humanidade mesmo, que se humanizou através da educação da mente para o aprendizado da entropia”. A parte da humanidade portadora de uma “mente cromagnon” talvez não tenha as condições neurológicas necessárias para atingir o objetivo de fazer uma entropia que a humanize.”

Entropia é um processo mental de perene defasagem. Foram necessárias, talvez, quarenta mil gerações para se chegar aos primeiros hominídeos sapiens. Quantas ainda serão necessárias para se chegar à entropia que provoque a mutação entre hominídeo (sapiens/demens) e homem ? Sinônimo de ser humanizado.



CAPÍTULO 7: A ÉTICA DO GÊNERO HUMANO

As interações entre os indivíduos produzem os mais variegados segmentos de opiniões da sociedade. A cultura emerge dessas interações: indivíduo/sociedade/espécie. Cada um desses termos seria o começo, o meio e o fim do outro. Essas interações são desenvolvimentos do gênero, desdobramento das autonomias individuais, das participações comunitárias da razão, do sentimento, da afetividade, dos quais emerge nossa consciência e espiritualidade. Morin outra vez repete a frase de que essa é a base para ensinar a ética do futuro.

Não haverá ética no futuro se não for uma continuidade dos princípios éticos exercidos hoje, Agora, Aqui. E hoje, Aqui, Agora, onde estão esses princípios ? As sociedades democráticas funcionam graças às liberdades individuais. E elas estão sendo subtraídas covardemente das pessoas pelo desgoverno de “Bush de Blair”. Os Estados Unidos são uma espécie de paradigma para outros países. Com Bush, está a se transformar numa sociedade autoritária. As sociedades autoritárias, tiranizam os indivíduos, colonizam suas vontades, determinam suas fixações. O papel da educação é preparar as pessoas para resistir às pressões que querem que elas se transformem em coisas que o sistema precisa para criar riquezas para si mesmo. O sistema não educa, hoje, a educação, sabemos, fica sempre para um futuro indeterminado. Por isso mesmo, as crianças traídas de hoje, os adolescentes atraiçoados pela dissimulação de uma farsa de cultura, Aqui, Agora, em algum dia de suas vidas, amanhã, no futuro, empreenderão a viagem de volta ao passado, também, elas e eles, em busca do tempo perdido. Por ser ganho. Em busca da ressurreição dos mortos.

Hoje, Aqui, Agora, não jogue seu sonho de juventude no lixo, vá realizá-lo no ambiente propício. Para salvar a educação é necessário a iniciativa de educar-se. Os docentes das academias precisam agir no sentido de mostrar que a educação é um processo que se realiza a partir de um aprendizado para ela, educação. E que esse aprendizado não pode ser exercitado dentro de ambientes viciados pela autolimitação dos indivíduos, pelo poder coercitivo da família (ainda tão necessária) e do Estado. O Estado “educa” para o futuro, ou seja desaduca no presente, e a educação futura fica como uma possibilidade de realizar uma esperança. A esperança que venceu o medo é a esperança de educar-se de modo a fazer a entropia pertinente à Páscoa pessoal e coletiva.

A esperança de ser proprietário de suas idéias, de seus objetivos, de sua alma, precisa prevalecer. Ninguém vai tomar essa iniciativa de aprender a aprender-se, se não sentir essa necessidade vital de assimilar-se através da instrução dos outros companheiros e companheiras no ambiente propício, pertinente à abertura da mente para o conhecimento. É preciso ter coragem para enfrentar as situações de sobrevivência que todos os dias apresentam diferenças. O aprendizado da flexibilidade mental. Não há aprendizado sem entropia. E não há entropia sem uma quantidade razoável de associações paradigmáticas que se associam numa nova coerência significativa.

Associações paradigmáticas são mantidas entre as pessoas por unidades de enunciados que se transmitem através da oralidade espontânea dos encontros sem compromissos, gerados na estrada, no litoral, no caminho do irmão sol e da irmã lua, que te convidam à liberdade de aprender com a natureza, externa e interior. Relações paradigmáticas, são agenciadas por uma ou várias séries, virtuais e reais, de exercícios inusitados de linguagem, que não são da mesma natureza e procedência cultural. Relações paradigmáticas proporcionam a possibilidade de criação de uma linguagem fora dos padrões tatibitates da academia.

A lingüística pós-saussuriana designa como contraste as diferenças no plano sintagmático, reservando a denominação de oposições, às diferenças que ocorrem no plano das relações paradigmáticas. Estas, repetimos, são as relações virtuais existentes entre as diversas unidades da língua que pertencem a uma mesma classe morfossintáxica e/ou semântica. É preciso aprender a aprender a criar legítimos e eficientes “Atos de Fala”. Sem eles, como se libertar da linguagem do passado ? E as suas mentes ficarão, com o tempo, sabendo o que significa entropia por experiência própria. É um caminhar perene em direção à única ordem que existe: a educação pela afetividade pertinente do coração do Criador, que não poderá ser encontrada de outra forma, exceto no exercício cotidiano de amor ao semelhante. Perder o medo de compreender in loco as diferenças e construir as semelhanças pela superação dos medos das demais patologias. Pé na estrada!

Nesta sétima parte do texto que menciona no título “a ética do gênero humano”, gostaríamos de afirmar que, por vezes, ela, a ética, é mencionada apenas enquanto teoria. Na prática da literatura essa ética, no concernente à edição de livros, se entocou na censura, na impossibilidade. Agilizamos contatos com várias pessoas que estariam em condições de editar um livro sobre os desdobramentos de uma sociedade que paralisa a educação e as hipnotiza as pessoas da sala de jantar com promessas de um futuro melhor. De uma “cidade futuro”. De uma “educação para o futuro”. Ignorando que a vida presente precisa de motivações pertinentes para ser tocada para a frente hoje, Aqui, Agora. É preciso acreditar numa educação que seja eficiente para o dia de hoje e o dia de amanhã. E não apenas para daqui a cinqüenta ou a duzentos anos.

É preciso, presumo, urgente, salvar a educação pessoal e coletiva dessas gerações que estão nas mãos de mercenários das políticas educacionais tradicionais e emergentes, ou poucas pessoas (em quantidade insuficiente) poderão sobreviver fora dos campos de concentração da prostituição, das drogas, da miséria, da pobreza, da falta de saneamento básico em suas casas. Ou poucas poderão livrar-se das doenças, da violência, dos seqüestros, dos assaltos, do medo, do horror, da falta de cidadania, das mídias cúmplices do sucateamento mental da sociedade, dos efeitos políticos deletérios da corrupção institucionalizada.

A quantidade de pessoas às quais solicitamos que lessem os livros desse autor, simplesmente esnobaram a possibilidade. Este, não mereceu uma única palavra de avaliação de seu conteúdo literário, como se a literatura do século XXI não contivesse nenhuma substância que merecesse uma apreciação, sequer superficial, de pessoas com “status” social proeminente: desembargadores, presidentes de academias, de associações de escritores, supostos editores de livros e simulados “incentivadores” da cultura literária (narcisos que usam a literatura para a autopromoção), professores das velhas escolas literárias, entre outros.

Estamos a investir na possibilidade de que sejamos lidos e avaliados pelo interesse literário de algum leitor mais interessado em literatura, em educação pela literatura, em “letramento”, do que aquelas personagens demasiadamente importantes, narcisos interessados apenas em literatura elogiosa de gabinete. A intenção de publicar neste espaço, é a de pensar em divulgar a linguagem desses livros para pessoas com possibilidade de neles se interessarem, enquanto uma ponte para a compreensão de uma cultura pertinente a uma visão objetiva da realidade de hoje, que poderá se transformar num caos sem volta em futuro próximo (se é que já não estamos lá). Na seqüência o Prefácio Político de outro livro deste autor até aqui não mencionado: ABIM LOVER´S (A educação emocional de Wanda):

A política de domínio das forças regidas pela corrupção das vontades, mostrava-se, principalmente, via tv, a partir do controle que os programas exerciam sobre a “soberania” subjetiva, ideológica da burguesia cromagnon, mantendo os tvespectadores num estágio de deliberado subdesenvolvimento mental. Não havia poesia na vida das pessoas. “Enquanto houver burguesia não vai haver poesia”.

O “Big-Brother Brasil” era o melhor programa da época, porque mostrava a fenomenologia familiar nelsonrodrigueana: um mundo proletarizado, perversa e intencionalmente, pelos detentores do poder político e econômico arbitrário dos conglomerados das tvs. As famílias dos participantes dos programas tipo “reality show” (“Big-Brother”), aplaudiam com entusiasmo o atraso congênito, a carência de desenvolvimento intelectual, mínimo, de seus filhos. Todos pareciam atrofiados intelectualmente, como se uma proibição tácita de mostrar alguma inteligência, estivesse, de maneira oficial e subliminar, vigente.

Os países do novo “Eixo” EUA, Inglaterra e Israel, faziam e aconteciam: invadiam outros países, sob alegações falsas e supostas boas intenções.

Os programas de tv funcionavam dirigidos por uma espécie de “livrinho vermelho do Mau”, com todos os capítulos dedicados à difusão de uma mediocridade mental e emocional, destinada a manter a mentalidade das pessoas da sala de jantar nos estágios mais primitivos do aprendizado primata de “Abim”, a Enormíssima mãe do matriarcado troglodita (há 35 milênios, em “Kobor Tigan´t”, França). Ela se evidencia soberana ainda nos dias de hoje, Aqui, Agora. Naquela época, início do século XXI, “Abim” estava presente, conivente com o exibicionismo sensacionalista e terrorista dos filmes, seriados e “talk-shows” e “reality shows” da tv.

A queda das torres gêmeas era vista como mais um evento sensacional, tvvisivo, produzido, talvez, por algum estúdio de Hollywood. O velho e superestimado “tio” Sam estava espalhando titica universal pelo ventilador das mídias. Titica da dominação globalizada pelo nivelamento por baixo dos corações e das mentes, da razão e da sensibilidade.

Os críticos literários e os professores de literatura, mantinham resenhas nos jornais, como se o inusitado na literatura não existisse, ou não pudesse ser reconhecido por eles. Eles não tinham referências críticas, as ferramentas biográficas, neo-históricas, mentais e emocionais, adequadas ao reconhecimento das dimensões indefinidas da pesquisa psi dos escritores do século XXI, da percepção pertinente aos fenômenos inusitados (pessoal e social). A cultura deles era a referência da literatura editada anteriormente. Não tinham incentivos pessoais, nem oficiais, para descobrirem as criações literárias de novos autores. Não perguntavam: “Que estão querendo dizer ? Há um significado pertinente às mudanças culturais na literatura neo-pós-moderna ?”. Se havia, eles estavam querendo esconder que sabiam disso. Mesmo se, ocasionalmente, encontrassem algum (autor inédito, com texto inusitado), não teriam as ferramentas intelectuais, nem as da sensibilidade, para identificar valores autorais que não eram os exercitados nos costumes de todos os dias, por seu aprendizado rotineiro, maior parte das vezes chinfrim, da experiência (indireta), acadêmica.

Se os professores e os críticos não estavam preparados, exceto academicamente, para a leitura de novos textos, então os significados que poderiam germinar de uma descoberta, ficavam apenas potenciais, sem que pudessem vir ao conhecimento dos leitores que buscavam, na crítica, uma orientação pertinente de leitura.

Um cidadão chamado André Carneiro, ao citar Borges no Prefácio escrito para um dos romances que li no início do século XXI, denominado A MOCHILEIRA (Thundra), citou o autor portenho: “Um livro que quer permanecer é um livro que podemos ler de diversas maneiras. Permite uma leitura variável, mutante. Cada geração lê de um modo distinto os grandes livros.”

Para Borges, assim como para aquele prefaciador, cada leitor repete, cria, à sua maneira, o processo imaginário do autor. O crítico literário, presumo, precisava sentir a necessidade de desvendar esse processo para seus leitores. Recriá-lo, não deformá-lo, ou ficar escrevendo sobre o sexo dos anjos ao compor suas resenhas. Criar o novo não é fácil. Criar é mergulhar no inconsciente e traduzir, de maneira pertinente, a simbologia que interessa à percepção atualizada do mundo globalizado.

A tendência geral da “kultura” estabelecida no começo do século XXI, apontava para o desprezo das “elites” pela criação literária. O escritor era esnobado, marginalizado, desprezado. Dante, na condição de escritor futuro e fictício, portador de uma angústia indescritível, como se compelido ao suicídio literário, tentava viver de ficções literárias num país onde as políticas editoriais odiavam a literatura que não representava o discurso laudativo (por vezes, supostamente crítico), das autoridades literárias vigentes. Como poderia haver a emergência de uma nova oferta literária e intelectual, quando a educação formal era tão por demais precária?

Nenhuma instância institucional da sociedade via com um mínimo de interesse a propagação nacional de um discurso literário que não fosse elogioso ao parlamentar fulano, beltrano ou sicrano de tal. Ou que não estivesse inserido num esoterismo barroco, ou em histórias às Mil e Uma Noites, escritas pelo Paulo Coelho. A exceção se somava à literatura de auto-ajuda tipo Lair Ribeiro. Ambos com jeito de acadêmicos e de literatos que tiram proveito das carências mais “à flor da pele do mercado”. Ambos merecedores do fardão da Academia Brasileira de Letras. Não era nada fácil para um escritor que não fosse de estórias às Mil e Uma Noites, ou de Anjos e teorias de Auto Ajuda, viver de escrever naqueles idos do início do século, virada de milênio.

A farsa da “kultura” literária desdobrava-se de uma maneira extremamente sádica. Se o escritor solicitava de representantes de entidades intelectuais que poderiam fazer uma avaliação crítica de seus livros, à primeira vista essas pessoas se mostravam muito receptivas, simpáticas. Passam-se os meses, os anos, e nunca havia uma resposta adequada ou inadequada a um escritor não apadrinhado. Ou seja, fora dos privilégios da prelazia emocional e política.

O escritor era simplesmente censurado pelo esquecimento, ignorado. A criação literária como se não tivesse nenhum valor, era simplesmente objeto da desmemória precoce. Os livros que poderiam renovar a literatura regional, brasileira, eram mantidos sadicamente dentro da gaveta da escrivaninha da dispensa daqueles “intelectuais” que se compraziam em imaginar que os livros do escritor em pauta nunca sairiam de debaixo das teias de aranha das gavetas ou dos nichos debochados dos velhos armários, nos quais jazia a esperança de um romancista realizar seu projeto literário, lacrado com o selo maquiavélico da política “kultural”, estalinista (“democrática”), da impossibilidade.

O suposto intelectual (e/ou editor) que ignorara os originais do novo escritor, esperava, com certeza, que ele morresse de morte natural, ou, de preferência, se “suicidasse”, para que então, e somente então, pudesse exumá-lo das gavetas de suas escrivaninhas mausoléus, e tecesse enormes elogios a romances “póstumos”, em crônicas publicadas nos jornais, revistas, teses de mestrado, doutorado, ensaios e livros. Esse carnaval de impotência social e cultural, era promovido, por vezes, não apenas com o intuito de velar os livros do escritor defunto (ou do defunto escritor, tipo caracterizado por Machado de Assis), mas com a certeza de que, desta forma, seria reconhecido grande homem de letras, descobridor de um talento “insubstituível” que em vida não conseguiu dele, senão a representação do coveiro, que investia sadicamente em seu esquecimento, até a hora aziaga de autopromover-se.

Desse tempo futuro, do qual faço esta narração, desejo que a sociedade dos necrófilos PhDs do começo do século XXI, não tenha sobrevivido ao talento dos escritores da resistência literária. E à resistência intelectual e emocional de seus leitores.

Dante interagia com eles, leitores, lendo livros editados em disquetes. Muita gente diz que as pessoas são como são, não podem mudar. As pessoas que não podiam mudar eram as pessoas que estavam mortas. Não podiam sair do estado de letargia e condicionamentos em que repetiam suas rotinas. Rotinas de mortos-vivos. O cartão de ponto dos fantasmas entrando as 8 e saindo as 17 de seus mausoléus burocráticos.

Dante confiava em seus leitores cibernéticos, os que interagiam, pelo menos intelectualmente, com as personagens inquietas de seus textos. Os leitores de alguns “sites” literários reciclavam-se através das livrarias virtuais.

A difícil entropia, a reciclagem criativa das obras de ficção (realista e científica), convivia com a política da impossibilidade. Os mortos-vivos não permitiam a possibilidade da ressurreição de idéias e de sonhos, naqueles que deles dependiam. A Páscoa pessoal estava proibida. O coração das trevas pulsava, onipresente, naqueles dias do início do século XXI, que impossibilitavam as tentativas de reciclagem mental, qualitativa, das pessoas. O mercado da quantidade, sempre. O mercado da qualidade, nunca.

Dante acreditava que as pessoas deveriam ser alertadas, elas estavam dormindo, demasiadamente, o sono da passividade, entregues à sanha das intenções, as mais sórdidas, de uma “kultura” cristalizada na mediocridade das programações infantilizadas da tv, do forró, do subnivelamento que visava transformar a mente das pessoas em sucata de neurônios. As programações “kulturais” da musicalidade do “país” Bahia, as conduziam não ao usufruto de privilégios, mas à pobreza material, ao conformismo, à mimese virtual da tv, da internet, à verossimilhança de suas misérias de sobrevivência e de filosofia. Uma espécie de fascismo à Gobbels, estava a viger em todos os cantões de uma realidade das cidades fantasmas, (museus) da mente coletiva.

A atualização literária precisava ser exercitada por cada indivíduo que não quisesse continuar interpretando o único papel que a sociedade burguesa reservou para ele: o de submisso, amordaçado, carente, pobre, miserável, morto-vivo, traficante de uma droga de “kultura” do obsoleto, mendigo de subempregos, mais outro anônimo assalariado da vida burocrática. Enquanto a “burguesia cromagnon” mandava seus filhos para longe, estudar no exterior, no Brasil, seus administradores (os políticos dos três poderes), não se sentiam nem um pouco responsáveis pela penúria física, emocional, financeiro-econômica e “kultural” do mercado de eleitores que pagavam seus salários, para que eles continuassem a política perversa de sucateamento de suas mentes.

A Sociedade dos Necrófilos PhDs, dos pomposos desembargadores das academias de letras enferrujadas, necessitava sair dessa condição perversa, execrável, de servil sobrevivência à cultura moribunda, que fazia seus áulicos membros homenagearem os tipos mais rastejantes, com os nomes de suas bibliotecas e salas de reunião e leitura. O desenvolvimento intelectual desses “insignes” personagens estava, e elas faziam de conta que não tinham a mais remota consciência disso, na pré-história da cultura. A “aurora da civilização” de seus medos, da violência urbana disseminada em todas as cidades, não os fazia investir tempo hábil na leitura, no “letramento”. Talvez não lhes sobrasse tempo para meditar na frase de Flaubert: “A única maneira de se tolerar a existência é mergulhar na literatura como em uma perpétua orgia”.

Dante acreditava em mudança, pessoal e coletiva, ou Mudanças Já na política, ou o planeta entraria numa metamorfose de violência e horror, ainda mais intensamente do que nos “anos de chumbo” da ditadura: As cidades, e a Internet, eram lugares “públicos” muito vigiados. Qualquer “shopping centerzinho dos corações solitários” era um sítio urbano de vigilância inexorável, um lugar de repressão psi, com câmeras de filmar e seguranças armados, como nos filmes de Hollywood.

As empresas tinham por mercadoria e serviços, a cobiça, a malícia, a perversão, a inveja e a corrupção (a simulação virtual) das vontades e intenções: o lucro a qualquer preço, única ideologia do capitalismo cromagnon dos shopping center dos corações solitários.

“Abim” era a mulher que exercia “poder” emocional sobre seus supostos dominadores sexuais, e multiplicava o domínio deles pela intensificação de seus ativos financeiros e pela impetuosidade da morbidez no exercício continuado das perversões nos “psycho motéis”. A “Abim” pré-histórica e a neo-pós-moderna, interagia nos corações e mentes globalizadas pela ganância, cobiça, pela pirataria consumista da mão, não tão invisível, dos especuladores do “mercado”. Da mão não tão invisível dos piratas embriagados à rum e à corrupção ensinada pelos “professores de história”, que não passavam de “papagaios de piratas”, repassando para seus alunos, em sala de aula, uma história contada do ponto de vista do colonizador, dos reis mercenários que promoviam o “comércio” (e o saque) das riquezas (mão-de-obra barata, matéria-prima e mercado consumidor de produtos e serviços), dos países ditos colonizados.

A história antiga e a atual do colonizado eles, os escritores e os professores de história, não contavam, nem narram a seus alunos, porque não está nos livros nos quais eles aprenderam a repetir o discurso do mercantilismo tirano e dominador da “burguesia cromagnon”. Naqueles idos tempos do começo do século XXI, a “mochila” das garotas era um pequeno celular. Elas, quando sentiam o mercado “saturado” da carne delas, passavam a “agenda de clientes” para as que vinham de outros lugares do país, substitui-las provisoriamente. Desta forma se “reciclavam”, trocavam os nomes em suas agendas, e “viajavam” para outros lugares com uma suposta clientela virtual (e real) no bolso: o celular permutado. Não fazia parte do contexto narrativo dos livros de história dos “papagaios de pirata”, o discurso da realidade histórica (política, social, financeira, econômica, psicológica) de seus conterrâneos.

As filhas da velha vovó “Abim” das novas gerações eram criadas para serem derramadas aos milhares no “mercado” que transformava (nos “psycho motéis”), toda sexualidade em mercadoria de alto risco. Uma grande quantidade delas, filhas, netas e as bisnetas da vovó “Abim”, ficavam provisoriamente nas agendas dos “psycho motéis” das autoridades, dos chefes das repartições públicas, nos esquemas periféricos de prostituição das grandes cidades, até serem consideradas descartáveis por seus usuários e cafetões.

Mercadorias facilmente recicláveis, não poucas delas eram mortas, após usadas e abusadas pelas flutuações libidinosas do “mercado”. A exemplo da modelo Cristiana Ferreira, que foi sepultada às pressas, teve o corpo posteriormente exumado, quando a perícia policial, que deveria ter sido efetuada antes do enterro, comprovou que ela tinha sido espancada antes de ter sido assassinada. O crime, impune. Os criminosos matavam, a polícia prendia, e o Judiciário tirava eles da cadeia. A impunidade, naqueles idos da primeira década do século XXI, era comum.

No limiar do século XXI era um “salve-se quem puder, como puder” para as pessoas de modo geral e para as mulheres em particular que, por vezes, não tinham outra opção, exceto transformar seus corpos em caixas registradoras do segmento de “mercado” consumidor de seus chefes do “dê aí” e do “dê a esse”: privilégios, empregos doados por algum “tio” da política.

A educação e o “letramento” estavam travados. Quem travava quem? A Unesco o ministro da Educação, da Cultural, ou vice-versa? A educação era como uma bola de futebol maldita: ninguém marcava gol com ela. Ela, a que ficava sempre num lugar nalgures inexistente, do futuro. A educação do futuro, para o futuro, em vistas do futuro... As famílias com muitos filhos para Jesus criar, e a ideologia para criá-los se afirmava na frase: “O futuro a Deus pertence”. E os corações e as mentes estavam já sem reação pertinente ao fato de que neurônios, sinapses e neurotransmissores, estavam a virar sucata todos os dias, dentro de suas mentes. Inclusive nas universidades. Nelas havia um acordo tácito, silencioso, sobre a realidade (“The reality show”) de que alguns discentes e docentes, freqüentavam-na apenas pelo diploma, sem nenhuma intenção de adquirir conhecimentos pertinentes ao desenvolvimento do intelecto e ao autoconhecimento.

Ninguém queria mudar nada, fosse por cansaço, estivessem em franco processo de acomodação. A entropia havia se esgotado naquelas mentes, talvez cansadas de lutar em vão contra os políticos tradicionais da “dinastia da corrupção”.

A fórmula do poeta grego Eurípedes haveria, talvez, de fazer a separação definitiva do casamento mais ordinário que se conhecia: O da dona Ilusão com seu cônjuge, senhor Erro. O casal disseminara, com convicção, a alucinação e a estupidez viciosa de sua própria incultura, a bizantina mentira, a fraude das academias de letras, à instituições de escritores, à babões de camisolões pousando, de dentro de suas fotografias “imortais”, para uma posteridade que queimava, como se queimam fósforos, os caminhos da juventude para a educação do intelecto e o “letramento”. Os preços dos livros eram simplesmente absurdos.

Nos Estados Unidos havia um presidente que, para multiplicar seus lucros pessoais e os lucros dos grupos aos quais sua “família” era associada no oriente médio, empreenderam uma campanha de difamação e satanização implacável de Sadham Hussein. “Bush de Blair” mentia para o mundo globalizado (e acreditavam nele), ao dizer que o Iraque fabricava armas biológicas. Queriam invadi-lo para que suas empresas usufruíssem dos lucros do petróleo, da mentira, da difamação, ao dividir o butim, após invasão, da reconstrução daquele país.

“Bush de Blair” (são dois personagens em um: gêmeos ideológicos univitelinos ? Eram personagens reais de um imaginário popular aterrorizado pelo exemplo deletério dos discursos de propaganda política de suas lideranças à Gobbels. Não havia ética em suas finalidades. Eram partidários fanáticos dos ensinamentos de como deve agir um “príncipe cromagnon”, um criminoso nato, para defender as propriedades, o patrimônio pessoal e os ativos financeiros nos paraísos fiscais.

Não compreendiam nadinha (ou fizeram de conta desconhecer) o significado do discurso de poder “maquiavélico” escrito pelo próprio Maquiavel. A cegueira pulsional de príncipes e reis ainda prevalece nas cortes dos palácios institucionais onde predominam as modalidades de desvio padrão do conceito político de “democracia”. Como são estalinistas os presidentes e ministros das repúblicas à “Bush de Blair”.

Suas instituições de segurança e de defesa estavam condicionadas a impor “estratégias” de domínio globalizado das políticas de interesses privados, que interessam apenas ao capital gerido pelo departamento jurídico de suas empresas.

Esse pessoal não tinha o menor interesse em educação de qualidade nas academias e universidades. Não investiam no “letramento” (os preços dos livros muito altos), no ensino fundamental, nas faculdades, uma pobreza de ensino. Como poderia a cidadania ser disseminada? A sociedade cromagnon investia no sucateamento político-econômico deliberado das novas gerações? As mais antigas nem reagiam mais. Este, o modo tradicional, coletivamente “atávico” de “viver e deixcar viver”. Como uma juventude poderia vir a exercitar o “aprender a aprender” nesse contexto de circunstâncias excessivamente desfavoráveis?


CONCLUSÃO: Alguém já disse que a mídia é o braço direito da anarquia. E o braço esquerdo também. É a anatomia inteira da anarquia. Se fosse possível dissecar o corpo humano, seccionar e individualizar seus elementos anatômicos, não se encontraria seus conteúdos subjetivos em meio aos músculos, ao plasma, aos neurônios, sinapses, neurotransmissores e às vísceras orgânicas. Não se poderia identificar as essências, os sentimentos e as emoções. No entanto, ele, o corpo humano, enquanto vivo, não está desprovido de seus aspectos subjetivos que não podem ser identificados numa dissecação anatômica. A mídia reproduz uma realidade horrível, mas aqueles jornalistas que disseminam o caos social reproduzindo-o através das notícias em seus programas de informação, em seus “talk-shows”, e nos “Big-Brother Brasil Cromagnon”, não são agentes de conscientização. Não fazem a crítica da realidade que eles ajudam a disseminar em meio à subjetividade caótica da sociedade. Não apontam saídas, nem os responsáveis pela falência social de que são, também, agentes. A mídia não faz sua autocrítica, quando expõe a sociedade globalizada pela notícia, às suas mazelas e à sua degradação. O papel do jornalismo é o de expor o presente do indicativo acontecendo na realidade das cidades de carne. Mas ela, mídia, se exime da responsabilidade de reproduzir essa esquizofrenia social, quando não contribui para mudá-la. E com isso reforça essa realidade ao reproduzi-la simplesmente. O jornalismo é o grande esquizofrênico que inclui a todos no presente do indicativo “oceânico” da realidade. E ao mesmo tempo se exclui, como se não fosse ela, a mídia, o principal agente social dessa anarquia.

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