ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 28
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28
Aquilo me esfriou a cabeça. Embora muito afetado, com o coração correndo feito um cão sem rumo, com os pensamentos confusos, ora pendendo para um lado, ora para outro, pude encontrar forças pensar e refletir. Fazer aquilo que estava prestes a fazer não estava muito certo. Eis a verdade. Se meus pais soubesse, certamente me repreenderiam e talvez até me dariam uma boa sova. Era o que eu pensava. Além do mais, a idéia do pecado, dos olhos atentos de Deus – um Deus perverso que mantém seu rebanho unido sob o estalo do chicote – assustava-me. Era só a idéia de que o criador estava a todo instante nos vigiando vir-me à lembrança que me fazia sentir calafrios e medo, muito medo. Ah, como eu temia o castigo divino! Eu daria qualquer coisa, submeter-me-ia à qualquer sacrifício para que minha alma não sofresse os castigos do inferno. Nada, mas nada nesse mundo me aterrorizava tanto quanto a possibilidade de perecer eternamente nas profundezas do inferno. Toda a minha noção de dor e sofrimento estava sempre relacionada aos castigos divinos; castigos esses oriundos por não termos em vida seguido os ensinamentos de Deus. Ensinamentos esses muitas vezes confundidos com os ensinamentos de nosso pais. E a certeza de cometer um pecado capital ao fazer sexo com Luciana – embora meu corpo desejasse isso cada segundo ao seu lado – era o que não me deixava ir até o fim. E mesmo quando eu estava ali, rolando com ela na areia, ainda era capaz de me conter, de dizer não.
Dessa vez porém foi mais difícil. Talvez deveria ter-lhe dito que não queria seguir-lhe, que não queria fazer aquilo. Mas como poderia resistir diante daquele corpo nu, tão belo e maravilhoso feito uma ninfa? Não, não poderia. Um garoto naquela idade ainda é um garoto e na mais das vezes age por instinto, pois a moral embora cresça em terreno fértil ainda não é forte o bastante para nos mantermos sempre curvados. Assim, deixei os instintos aflorarem com todo o seu explendor.
E Luciana me puxando em direção à areia, dando passos suaves e ao mesmo tempo firmes, decididos me fez lembrar por um momento as ninfas que tanto me excitavam a imaginação. Aliás, quando olhei para o seu corpo nu, esqueci completamente as outras meninas. Dir-se-ia estarem naquela ilha apenas eu e Luciana. Aliás, eu me esqueci não só delas como também de Deus, meus pais e até mesmo de que estávamos presos e perdidos naquela ilha.
-- Vem cá – chamou ela, após se sentar na areia e pender levemente para trás como se fosse derrubada pelo vento.
Ainda fascinado e maravilhado por tudo aquilo, obedeci suas ordens. E mesmo que sua beleza não me fascinasse e sua voz não me encantasse feito o canto de uma sereia ainda sim obedeceria; pois eu me sentia um grão de areia, como àqueles naquela ilha.
Em pouco tempo eu estava em sobre ela. Seus braços me envolviam e seus lábios, após procurar e encontrar os meus, beijavam-me. Meus quadris irrequietos tentavam se ligar ao dela, mas não conseguia. Ela se movia para lá e para cá tentando me ajudar. Entretanto a falta de jeito e a inexperiência tanto minha quanto dela tornavam as coisas mais complicadas.
O dia estava ensolarado e o sol queimava as minhas costas. E o calor parecia me dissolver e transformar-me em água. Isso me causava um certo desconforto, contudo não desistia. Estava disposto a ir até o fim.
Acredito que se não fosse por uma influência externa, pelo soprar da brisa que fez com que chegasse aos meus ouvidos um som estranho, teríamos ido até o fim. Mas quando ouvi aquele som de galho se partindo, como se fora pisado por um pé descuidado, ergui a cabeça e feito um animal assustado perscrutei.
-- O que foi? -- perguntou Luciana, ao ver-me parar bruscamente, como que paralisado.
-- Psiu – fiz, levando o dedo aos lábios. -- Alguma coisa na floresta – respondi em seguida.
-- Não tô ouvindo nada – acrescentou. Seu tom de voz alterara-se; apresentava um ar irritadiço.
-- Parece que tem alguma coisa observando a gente – falei.
Luciana me empurrou para o lado e sentou-se contrafeita. Parecia muito frustrada e decepcionada. Por um momento tive a impressão de que ela fosse me esmurrar, como as mulheres fazem quando se sentem ofendidas. No entanto disse:
-- Você está ficando maluco! Como pode ter alguém observando a gente? Não tem mais ninguém nessa ilha além de nós! Já percorremos a ilha toda. Não se lembra disso? -- Concordei com a cabeça. Ela fez uma pequena pausa e depois continuou: -- E quer saber de uma coisa? Você é um idiota! -- Levantou-se e foi em direção a água.
Eu não disse palavra. Apenas fitei ao se afastar. Aliás, olhava mais em direção à mata que em Luciana, embora a beleza de seu corpo, de suas nádegas balançando fosse um espetáculo dígino dos deuses.
Estava assustado, muitíssimo assustado. A lembrança do mesmo episódio há dois dias invadiu-me à memória feito um tsunami. Meu coração batia velozmente e meu corpo transpirava ainda mais, mais que antes e por motivos completamente diferente. Para ser sincero, faltou pouco para eu me borrar.
Eu não sabia se averiguava a causa daquele som estranho ou se corria em direção à Luciana. Aliás, pensei seriamente em fazer isso; mas me contive ao me aperceber de quão medroso pareceria aos seus olhos. “Não isso, não!”, pensei. “Se for aí é que ela vai fazer o que quiser de mim. É melhor esperar ela aqui. Não vou lá ver o que é isso. E se for algum monstro, alguma fera? E se for um fantasma? Já estou ficando com medo desse lugar. Espero que a gente saia logo daqui”, continuei pensando.
Aguardei.
Cerca de três minutos depois Luciana saiu da água e assim que atingiu a faixa de areia tornou a vestir a parte inferior do biquíni.
-- O que foi que você está olhando, seu frouxo? -- perguntou ela ainda aborrecida
-- Nada – respondi.
-- Frouxo, idiota -- continuou. – É isso mesmo! Você é um frouxo. E essa coisa que você tem aí – apontou – no meio das pernas não serve para nada, isso sim! -- Passou por mim e seguiu em direção à cabana.
Com medo, levantei e fui a seu encalço. No momento, não me arriscava a ficar sozinho ali nem mais um minuto.
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