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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->O Dia Seguinte -- 14/07/2008 - 17:25 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130952511024782600
1) Story-line: O DIA SEGUINTE
ROBERTA e RENATO despertam e surpreendem-se na mesma cama, nus. Desconhecem como foram parar nela. É possível terem se conhecido num reveillon. Até então, não tinham tido nenhum outro contato anterior, ou afinidade familiar, lúdica ou grupal. Após discutirem a situação, saem do quarto para a sala onde dorme, no sofá, um marmanjo a roncar a todo vapor. Chama-se RAMÃO. Nunca se tinham visto antes. Talvez estivessem em plena crise de amnésia etílica. Saem do apartamento sem saber como nele entraram, nem como se encontraram. Na calçada, despedem-se, sem demonstrar maior interesse em conhecerem-se melhor.

2) Argumento: O DIA SEGUINTE
A história do dia seguinte ao revellion de ROBERTA e RENATO, resume-se à falta de resposta à pergunta: Conheceram-se onde? Como foram parar na mesma cama, nus? A proximidade mantém-se durante algumas horas: enquanto estão dormindo e após despertarem no quarto do apartamento desconhecido. Ambos, igualmente surpresos. A situação inusitada: são adolescentes e deveriam manter uma excelente memória dos acontecimentos, principalmente dos eventos sucedidos a rápido e curto prazos. Por momentos, ficam a olhar o quarto grande, pé direito alto, o lustre antigo, com doze lâmpadas, das quais três permanecem apagadas. Os bocais das luzes do candelabro, preso ao teto por finas correntes prateadas, estão encaixados dentro de imitações de vidro das flores tipo copos-de-leite (lírio branco ou açucena).

No quarto, chama a atenção a dupla escultura em gesso de um fauno soprando uma flauta, cercado por vegetação até a cintura, seguido de perto por uma ninfa seminua. A estatuária grega se faz presente ao lado do armário/estante. Nas prateleiras do mesmo, um moderno conjunto micro system Gradiente, com duplo deck, disc laser, control pad, caixas acústicas, bass reflex, controle remoto. Nas prateleiras inferiores, um micro Power Mac G3. A janela que se abre do lado direito, possui proteção anti-ruídos.

O contraste entre antigo e novo é flagrante. Ao lado de uma arquitetura e decoração à antiga, a presença de modernos eletrodomésticos eletrônicos. As quatro portas entreabertas do guarda-roupa embutido, na altura e largura de uma parede lateral, permite a visualização: dentro dele não há gavetas, apenas duas estantes (1,70 x 1,90m), cada uma com seis prateleiras cheias de livros em fila dupla, e outros tomos, de Homero aos clássicos franceses do século XIX. Outros textos à vista: Ecos de Paris, Os Maias, de Eça de Queirós; Madame Bovary, de Gustave Flaubert; Obras Completas de Drummond, João Cabral, Dias Gomes, Érico Veríssimo e Machado de Assis, amontoadas umas sobre as outras. Em cima do teclado do micro, uma caixa de cigarros Carlton semi-aberta, a poucos centímetros de uma garrafa de Bacardi Limón, pela metade.

Vê-se ainda uma calça e duas camisetas jogadas com desmazelo sobre uma cômoda antiga, presume-se: dentro dos gavetões do camiseiro estejam as demais roupas limpas. Peças sujas de vestuário sobressaem-se, entre o tampão e a parte interna do grande balaio de palha, urdido artesanalmente, com rara excelência, em talas de palmeira, com motivos folclóricos nordestinos desenhados, na suoperfície abaulada. Por sobre um criado-mudo, modelo Luís XV, há uma luminária de lâmpada dupla e um exemplar do livro O Ser e o Nada, de Jean-Paul Sartre. Uma tapeçaria média (1,80 x 2,10m), amarela e felpuda, estende-se sobre o carpete de madeira laminado, próxima à estante do micro e do som.

Um tabique atrás da cama está coberto, de ponta a ponta, com papel-parede, algo desbotado, que reproduz uma paisagem florestal, bucólica: réstias de luminosidade solar perpassam galhos e troncos de árvores centenárias, repletas de folhas, flores e frutos. Nele, uma ave roça o bico num galho, duas delas, bico no bico, parece beijarem-se, outra, semelhante, mantém, entrebico, uma pequena minhoca bicada do chão.

Nesse ambiente de contrastes, RENATO E ROBERTA não estão à vontade. A pouca idade de ambos não permite conciliar as oposições da “decoração”: as atmosferas interna e exterior do lugar. Há a presença, no ar, de um conflito que não se resolve. O diálogo que mantêm ao acordar, reflete a pouco experiência de ambos, um discernimento ainda limitado, por uma cultura adolescente mediana, facilmente influenciável pela mídia.

ROBERTA E RENATO mostram, através do diálogo, certo interesse superficial por música popular, literatura, coleção de selos e malhação. Estão envolvidos pelas influências da propaganda fim-de-século, tão antiga como as superstições da civilização do passado mais antanho. Motivados pelas influências dessa ansiedade, pelos sentidos mergulhados nas entrelinhas de uma racionalidade apenas florescente, sentem-se inibidos, talvez assustados, ao surpreenderem-se dentro dessa caverna urbana, na zona sul do Rio de Janeiro.

Vestem-se e saem do quarto. A meio caminho do corredor, param na sala. A atenção fixada no escandaloso roncar de um homem deitado no sofá, de bocarra aberta, a cabeça virada para trás e para o lado. Os personagens supõem seja ele o dono do apartamento. RENATO faz uma gracinha, dá um passo à frente na direção do RONCADOR, de repente pára, hesitando em aproximar-se mais, contrai os músculos da parte superior do semblante, tenta imitar o barulho fragoroso do roncar do homem, aproximando dele o rosto contraído, representando uma pessoa selvagem, a anunciar um malefício, em sua direção. De repente, são pegos de surpresa pelo gesto rude e inesperado do homem. Bruscamente o cara salta na vertical do corpo, como se movido por oculta catapulta, indo parar de pé, na frente da poltrona, com olhar esbugalhado, fixo neles.

RENATO e ROBERTA recuam súbito, aos saltos, para trás, rodam sobre si mesmos, tropeçam, intimidados pela súbita aparição, de pé em meio a sala, não caem porque apoiam-se mutuamente: o grandalhão, ao acordar, mostra-se inquieto e sobressaltado. É compreensível que estivesse irritado por estar dormindo desconfortavelmente, por causa deles. Talvez tenha ouvido e não gostado da conversa de chamarem-no, ironicamente, de “artista”. Em verdade, ROBERTA E RENATO estavam impressionados com a agressividade do grunhido estrepitoso, contínuo e cavernoso, do roncar do estranho, assim como devido ao salto improvisado com que levantou-se do sofá. Perguntam-se (em off), fixando-se nos olhos, se estariam no epicentro de um pesadelo.

Ao saltar inesperadamente do sofá, o RONCADOR, em meio à sala, como que por mágica, aparece, ejetado do estofado. Depois de “expelido”, começa a resmungar grunhidos, dirigindo-se imediatamente ao quarto, enquanto devolve a ironia, agradecendo aos dois, terem desocupado a cama onde deveria estar dormindo, sem o incômodo da presença deles.

A identidade dos personagens, com pouco tempo em cena, não sugere ser trabalhada com maior precisão e profundidade. Nem há oportunidade de mostrar outros recursos dramáticos que poderiam melhor definir características individuais. O antagonismo com que se deparam, define-se mais pela situação inusitada de amnésia entre jovens, após as biritas nas comemorações do revellion, assim como pelas tensões motivadas por sugestões hipnóticas da propaganda massiva, sensacionalista, das catástrofes que poderiam ocorrer na virada para 2000.

RAMÃO, o “artista” roncador, é um coadjuvante de aparição rápida e inesperada: um metro e noventa e dois, barba por fazer, cabelos grandes, 97 quilos, mas pode roubar a cena dos personagens RENATO e ROBERTA. Estes dois, ao distanciarem-se em direções opostas, após ausentarem-se do apartamento, autocensuram-se por não terem saído mais satisfeitos da situação inusitada. A autocensura de ambos, em tom de monólogo interior, pode ser vista pelo espectador mais sagaz, como sintoma de autocrítica, indício de um amadurecimento, prenúncio de personalidades menos superficiais e banalizadas. Afinal, o calor do sol amadurece os frutos.

Roteiro: O DIA SEGUINTE
Seqüência 1/Cena 1
(Interior/meio-dia/quarto)
Plano geral passando a plano americano:

ROBERTA, saindo do torpor do sono, abre lentamente os grandes olhos, atônita, percebe estar num ambiente que nunca tinha visto antes. Levanta o lençol, descobre a nudez, sua, e a do estranho ao lado. Com cara de “não acredito”, “não pode está acontecendo”, fixa o olhar no rosto do cara. Ele acaba de despertar, mostra-se admirado.

Ela mantém o olhar fixo e interrogativo nele. O rapaz tenta sorrir, achar palavras para explicar a enigmática situação: os esforços resultam em abrir a boca e gaguejar alguns sons inteligíveis. ROBERTA tenta dizer alguma coisa, como que em resposta aos murmúrios do estranho, não encontra palavras, sorrir sem jeito, acanhada, embaraçando-se com os gestos. As palavras ficam pela metade, indicando certa perplexidade.

RENATO levanta o lençol e certifica-se excitado. Baixa rapidamente o pano, olha para a estranha, também sem saber o que dizer. Nota, pelas maneiras dela, que é bem-educada, bons modos. Sorrir um sorriso de “João sem braço”. Tentam falar, as palavras não saem, o casal encena, por momentos, um diálogo de surdos-mudos.

ROBERTA quebra o impasse, como que desculpando-se, estende a mão num movimento brusco, que exprime certa ânsia de justificar a presença de ambos na incômoda situação. Ela investe na possibilidade desse encontro não continuar tão embaraçoso:

— Oi, ROBERTA.

—Olá, RENATO.

Apertam-se as mãos, olham em volta, parecem não reconhecer o ambiente. Simultâneos, perguntam-se:

— Seu apartamento?

— Seu apartamento?

Quase ao mesmo tempo respondem:

— Não.

— Não.

Tentam livrar-se do vexame da memória zerada. RENATA permanece na incerteza do que poderá acontecer. A situação continua extravagante. O primata adolescente, pelado, a seu lado, parece fogoso. O pinto destaca-se para cima sob o lençol. E agora, que poderia acontecer? Pergunta-se. Se o cara quiser transar a qualquer custo? Tá ouriçadão, e não é de batida de limão. A ereção causa-lhe perturbação no espírito, certo receio. Tenta levar a coisa na simplicidade, mas a incerteza do que poderia vir a seguir, turva-lhe, por momentos, os sentidos. O marmanjo vai tentar violentá-la? Conclui que deve fazer, dizer alguma coisa, rápido.

ROBERTA: Foi no Canecão? Pergunta quase que simultaneamente à interrogação dele:

RENATO: No Castelinho?

— Não.

— Não.

RENATO, entrefechando os olhos, hesitante, lembra-se (flash-back) ter levantado de uma poltrona, dirigido-se até um terraço e berrado: “Um ano novo do peru para todos”. ROBERTA, recorda-se (flash-back) haver recusado dividir o conteúdo de uma garrafa de champanhe, à qual estava abraçada, com certo sujeito agachado, braço em riste, taça em posição erguida quase à altura do rosto dela: “Hei, garota, enche a taça aqui, ó”. Lembra ter sido ríspida: “Sai da minha cola, sai pra lá. Sem essa, procura outra, há muitas garrafas de champanhe por aí”.

Apesar de não estarem mais totalmente alheios um ao outro, não surgiu nenhuma idéia de onde encontraram-se. Nenhum deles lembra-se ter visto o outro em bares, ou em lugares quejandos. A amnésia mútua, prossegue a causa do embaraçoso e mútuo constrangimento. Nenhuma afinidade, exceto as idades, púberes, próximas. De conhecimento comum, só um cara de nome Rocha. Pelas descrições, concluíram não ser o mesmo. O Rocha de um e de outro, eram pessoas diversas.

ROBERTA (monólogo interior): Como posso estar pelada na mesma cama com um cara completamente desconhecido? Só estando muito crazy.

RENATO: Branco total radiante, não lembro nada, nadinha mesmo (monólogo interior): Como conheci essa peruazinha? Como posso tá tão desligado do que acontece comigo?

ROBERTA: Não tem pinta de quem faz ginástica rítmica.

RENATO: Meu hobby é coleção de selos, Caetano e Jazz.

ROBERTA: Curto Marina, Lobão e rock.

RENATO: Já sei, clube de literatura, você gosta de romance policial, ficção científica.

ROBERTA: Quem faz minha cabeça com livros é o Paulo Coelho.

Encontraram, por fim, uma afinidade, se é que poderia ser chamada desta forma, uma semelhança de caráter:

RENATO: Você solta a franga quando bebe, é isso.

ROBERTA: Raramente bebo, sou tímida, acredite.

RENATO (em off): Nossa, enfim, nisso batemos.

ROBERTA: Não se culpe, essa coisa de excitação excessiva no revellion, a mídia fazendo a cabeça de todos com as profecias da virada do século, do milênio antecipado: 2000 razões para a ansiedade bloquear o caldo da memória.

RENATO: Eu comemorava com entusiasmo o mundo não ter acabado, continuar girando, a sobrevivência de tudo e de todas as coisas. Nostradamus fez subir minha pressão arterial. Fiquei (PAUSA) constrangido, acuado, com tantas ameaças do fim de tudo pipocando nas idéias. Olhava pra cima e pensava em sair de baixo da possibilidade dos megatons caírem sobre minha cabeça. As bombas atômicas não estouraram, os edifícios não foram arrancados pelos alicerces. Estava radiante por sentir-me vivo. Vivo (TOM).

ROBERTA: Sei, essa sensação de escapar do calor escaldante desses presságios, aconteceu comigo também. Quanto a te conhecer, em algum momento sua namorada apresentou você pra mim.

RENATO: Não pode ser, não tenho namorada.

ROBERTA: Tô sem namorado desde junho.

RENATO: Dilema difícil esse, nada combina.

Ele olhou outra vez, do piu-piu excitado para a cara dela. Pensou, talvez o pensamento tenha saído em voz involuntariamente alta: “Bem que poderia aproveitar a situação para um chega mais...”

ROBERTA: Nem pense nisso, sujeito. Tá carente?, resolve no banheiro. (Dizendo “dá licença”, puxa bruscamente o lençol. Cobrindo-se com ele, dirige-se até onde estão as roupas, espalhadas sobre uma poltrona e no chão do quarto, exclamou, encaminhando-se para o banheiro): Puxa vida, comigo não falta acontecer mais nada.

RENATO (olhando para ela a bater a porta do toalete, balança negativamente a cabeça em monólogo interior): E as coisas ainda nem começaram a acontecer com ela.

Vestem-se e saem para a sala. O quarto permaneceu em desordem, da maneira que o encontraram. Através de um plano seqüência, a câmera os acompanha até a sala, onde, no sofá, um homem dorme de boca aberta, pescoço voltado para trás, cabeça inclinada, roncando escancaradamente.

Cena 2 (Interior/tarde/sala)
Em plano americano, a câmera focaliza a lateral do sofá do lado esquerdo do rosto do RONCADOR, passando a close-up.

O grotesco da situação ressalta-se com força. A sofreguidão, a impaciência com que espera sair do incômodo sofá, para o conforto da cama, expõe por completo a cômica avidez do RONCADOR, como se estivesse a, ao mesmo tempo, curtir, com grande proveito, a atividade motora involuntária do sono profundo. Os dois personagens, em direção à porta, param por breve momento, mostram-se admirados com a força do ruído formidável provocado pelo roncar do dorminhoco.

RENATO: Haja pesadelos.

ROBERTA: Tá sonhando com o cão uivador.

RENATO (olhando para o homem do sofá): E essa agora? O “artista” deve ser nosso anfitrião (fazendo uma careta, os músculos superiores da face repuxam o nariz para cima, ele tenta imitar o ruído do escandaloso ressonar, enquanto busca parecer engraçado e ameaçador, dá um passo à frente e pára.)

ROBERTA: Vamos sair fora antes que o “artista” acorde.

Não tinham a intenção, mas viram, assustados, despertar o RONCADOR. Inesperadamente, como que espetado nos fundilhos pela ponta afiada de uma agulha de ferro, ele salta sobressaltado do sofá, parando, de pé, em meio à sala. Por segundos, fica a olhar, meio hostil, para o casal, encaminha-se a seguir, parecendo irritado, para o quarto.

RONCADOR: Liberaram minha cama, quanta gentileza (TOM). Obrigado.

RENATO: Quem é você? Você é casado?

RONCADOR (encaminhando-se para a cama): Romão (PAUSA). RAMÃO (TOM), meu nome é RAMÃO. Não, não sou casado, sou xoxoteiro. Que começo de ano novo (TOM).

RENATO (em direção ao RONCADOR): Desculpa o mau jeito. — Dirigindo-se para ela: Amigo seu?

ROBERTA: Nunca vi menos torto.

Seqüência final/Cena 3
(Exterior/tarde/calçada)
Meio primeiro plano passando a tomadas em primeiros planos que vão intermediar o diálogo final do casal.

Olham-se, ainda embaraçados, como se não soubessem o que dizer?, o que fazer? Semi-estranhos, fisionomias face a face. Quiseram, por um segundo, despedirem-se com beijinhos nos rostos. Hesitaram. Talvez tenha batido, em ambos, o peso do dia seguinte.

RENATO: Prazer em te conhecer (afasta-se erguendo a mão para se despedir), quem sabe, talvez encontre o caminho para casa (voltando em direção a ela): Você mora aqui perto?

ROBERTA: Como aqui perto? Nem sei ao certo onde estou. Aqui, Botafogo? Meu carro ficou em algum lugar não sei aonde. Vou na captura. Eu moro na zona norte, na Tijuca. Preciso ficar sozinha, quero minhas idéias sobre quem sou, onde moro, onde trabalho, essas coisas, de volta outra vez. Sem elas estou perdida (abrindo a bolsa ela olha para dentro dela e depois para ele): Tudo bem, minha identidade está aqui, tudo sob controle. Tchau, quem sabe a gente se vê por aí dia desses.
RENATO (indo embora): Com certeza. Até. Axé.

Abatida, ROBERTA afasta-se, lamenta a falta de argumentos (em monólogo interior) para um encontro que, a princípio, prometia ser tão caliente, apaixonado. Logo ela, com um instinto sexual tão reprimido, perder essa oportunidade. Afinal, se ele tivesse insistido um pouco mais...esse encontro não teria terminado (PAUSA), tão friamente.

RENATO, culpando-se por não ter tido uma postura mais agressiva, faz pressão com a mão destra sobre o pinto, batendo nele com a parte anterior dos dedos, coagindo-o para baixo, direção entrepernas. No monólogo interior reprova-se: “Uma gata como essa não é de se jogar fora. Nem o telefone. Faltou a manha dos sentidos, não tinha ninguém entre eu e ela, só minhas inibições”.

De um plano superior, a câmera focaliza os personagens afastando-se em direções opostas.


(Originado no conto O Dia Seguinte de Luís Fernando Veríssimo)

THE END
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