O Google começou como um serviço de buscas na internet, tornou-se a maior multinacional do mundo virtual e agora mira na digitalização de todo o conhecimento e na identificação dos hábitos de 710 milhões de pessoas
Paula Neiva, de São Francisco
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O que uma empresa pode querer depois de conquistar o quase monopólio em seu ramo de negócios? O Google tem uma resposta implacável: buscar ser ainda maior e atingir o domínio global em uma escala jamais vista antes em qualquer outro campo da atividade humana, seja político, seja militar ou cultural. É um delírio de grandeza? Longe disso. Pelo que já mostrou nos dez primeiros anos de vida, o Google, de longe a mais popular ferramenta da internet, tem a vontade e os meios de atingir seus objetivos. Um em cada nove habitantes do planeta, ou 710 milhões de pessoas, recorre a seu serviço de busca pelo menos uma vez a cada mês. São pessoas de todas as idades, níveis de renda, nacionalidades, etnias e religiões que têm em comum o fato de viver no mesmo planeta e usar o Google. Se todas se dessem as mãos, formariam um cinturão humano extenso o suficiente para dar 31 voltas ao redor da Terra. Em seu auge, nos anos 60, a General Motors, a maior empresa do mundo real e que hoje pede socorro ao governo para não fechar as portas, fabricava metade dos automóveis americanos. Pois o Google tem 71% do mercado de buscas on-line nos Estados Unidos. No mundo, tem 60%. Do restante, 20% é dividido igualmente entre o Yahoo! e o Baidu, o site mais popular na China, em idioma mandarim. Sobram apenas 20% para todos os demais concorrentes. O gigante quer mais – e seu modelo de negócio, que combina a ambição desmedida com uma visão generosa do mundo, favorece a expansão sem maiores resistências.
Em poucas palavras, o Google visa a digitalizar e a armazenar toda a informação do mundo de modo que ela possa ser utilizada gratuitamente por qualquer pessoa com acesso à internet. Em troca de serviço tão meritório, a empresa quer todos os dados que seus usuários possam fornecer sobre hábitos de consumo e, a partir disso, conquistar toda a verba de publicidade disponível na rede. Seus projetos são tão formidáveis em extensão e os custos previstos tão elevados que parecem ser desenvolvidos não por uma empresa, mas por um país. Recentemente, o Google associou-se a outras duas companhias para a instalação de um cinturão de dezesseis satélites, que ficarão fixados na órbita geoestacionária sobre a linha do Equador. O projeto, chamado de O3b (sigla em inglês de "os outros 3 bilhões"), vai oferecer internet de alta velocidade sem fio a 3 bilhões de pessoas que moram em países pobres ou em desenvolvimento, principalmente na África, e que não têm acesso à internet por completa ausência de infra-estrutura. Esse talvez seja o empreendimento que melhor encarna a paradoxal mistura de ambição e generosidade do Google. Esses "outros 3 bilhões" vão se tornar instantaneamente cidadãos digitais e, por mais baixa que seja sua renda, vão entrar no radar do Google e de seus anunciantes.
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Outro projeto liderado pelo Google visa a triplicar a capacidade de troca de dados entre os Estados Unidos e o Japão com a instalação de 10 000 quilômetros de cabos submarinos de fibra óptica, ao custo de 300 milhões de dólares. Um terceiro projeto consiste em usar navios para abrigar parte dos servidores da empresa, que seriam alimentados pela energia gerada pelas marés e pelas ondas. O objetivo é melhorar o serviço em regiões com pouca infra-estrutura, com a vantagem de reduzir os gastos com impostos municipais e aluguel de imóveis.
A marca colorida do Google está em toda parte. A empresa se prepara para oferecer um serviço de fotos de alta resolução, feitas por satélites, de qualquer canto do planeta. Pretende colocar na rede o texto integral de todos os livros de todas as bibliotecas do mundo – inclusive edições esgotadas. Planeja se tornar o principal fornecedor de vídeos on-line. A compra do YouTube, em 2006, que tem 5 bilhões de acessos por mês nos Estados Unidos, foi o primeiro passo nessa direção. Também investe pesado na tecnologia celular. Seu pacote de programas é igualmente enorme, incluindo e-mail, agenda e processador de texto, em aberto desafio ao império da Microsoft. O império do Google é imbatível? Fizemos essa pergunta ao matemático e físico Vinton Cerf, que, antes de se tornar vice-presidente do Google, já estabelecera a reputação de ser um dos pais da internet. Cerf criou simplesmente o idioma comum e as regras através das quais todos os computadores da internet falam entre si e permitem que cada um deles tenha um número de identificação único enquanto estão plugados. Esse sistema é conhecido como TCP/IP. A resposta de Vinton Cerf é digna de um inovador: "O Google é líder de mercado por mérito. Mas é preciso lembrar que há apenas dez anos ele não existia. A internet mostra que tem fôlego para criar muitas oportunidades, pois continua sendo um ambiente aberto. O YouTube e o Skype surgiram do nada e se transformaram em grandes sucessos. O tamanho do Google nesse mercado não garante nada. Na verdade, isso nos coloca mais um desafio, pois é preciso investir sempre mais capital para que tudo funcione bem".
O Google já está no celular, na casa e no escritório. Mas a expansão se deu num ambiente econômico favorável. O que acontecerá agora que os indicadores apontam para baixo? Desde que a crise estourou, em setembro, o Google tem procurado seus clientes para explicar que a internet não é à prova de recessão, mas os anúncios on-line podem ajudá-los a resistir aos maus tempos. Para sustentar tal argumento, usa pesquisas que demonstram três tendências mundiais: a audiência crescente da internet, o aumento da confiança pública nas informações on-line e o crescimento do e-commerce. O Google detém 30% do faturamento com anúncios na internet nos Estados Unidos, o dobro do que tinha em 2004. Nesse período, seus principais concorrentes, Yahoo!, MSN e AOL, perderam participação no mercado. Mesmo em tempos de crise, as previsões para o mercado publicitário on-line são menos sombrias que para as demais áreas. De acordo com a consultoria americana eMarketer, especializada em mídia digital, o mercado de publicidade on-line nos Estados Unidos deve crescer 8,9% em 2009, mesmo com a recessão americana. Uma das vantagens dos anúncios on-line é que eles permitem saber, com precisão, quantas pessoas os viram e o que estavam lendo ou vendo na internet quando clicaram neles.
Criadores e criatura
Os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page: "É possível ganhar dinheiro sem fazer o mal". À esquerda, a todo-poderosa Nicole Wong: ela decide em que países o Google aceita se submeter às leis locais
Uma nova tecnologia só tem vida longa quando se torna indispensável. Para milhões de pessoas, uma sessão na internet começa pela caixa de diálogo do Google. Isso faz dele um tipo de gênero de primeira necessidade. O acesso fácil a um banco de dados jamais visto na história do conhecimento humano é definido pelo americano Brewster Kahle, fundador do site The Internet Archive, como "a biblioteca de Alexandria de nossa era". Essa é a melhor explicação para a espetacular escalada de sucesso do Google desde que foi criado, há apenas dez anos. A empresa nasceu num fundo de garagem, como um modesto serviço de buscas idealizado por Larry Page e Sergey Brin, dois estudantes de computação da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Em menos de cinco anos já era a maior ferramenta do mundo de buscas na internet, deixando para trás concorrentes como Yahoo! e AltaVista, que já valiam milhões de dólares quando o Google foi lançado. O site Google BookSearch já registra 7 milhões de livros publicados em formato digital.
Até 2011, a empresa pretende oferecer 15 milhões de livros do acervo das maiores bibliotecas americanas e européias. Esse acervo, que não cessa de engolir novas aquisições, é, por assim dizer, a escada do sucesso. "O Google, como site, é entediante. A razão de ter se tornado uma das empresas mais bem-sucedidas e relevantes do mundo é o conteúdo formidável que ele acumula", disse a VEJA Brian Fetherstonhaugh, CEO mundial da OgilvyOne, agência especializada em publicidade digital, com sede em Nova York.
O sucesso arrebatador do Google deve-se, em grande parte, à eficiência do modelo matemático criado por Page e Brin, cuja capacidade de ordenar os resultados da pesquisa na página de busca mostrou-se superior à da concorrência. O Google mantém cópias do conteúdo de milhões de sites sobre os assuntos mais procurados. Essas cópias são chamadas de sites-espelho e servem para apressar o processo de busca. Para manter esse banco de sites atualizado, o Google pesquisa periodicamente o conteúdo de 1 trilhão de sites. O PageRank (ranking de páginas, um trocadilho com o sobrenome de Larry Page) avalia mais de 200 características de cada um dos sites arquivados no banco de dados da empresa. Entre os critérios estão: número de acessos ao site, quantos links ele abriga para outras páginas e há quanto tempo o site está no ar. A seguir, essas informações são cruzadas com o tema da pesquisa, de maneira a apresentar primeiro os sites mais confiáveis que combinam com as palavras-chave. Para efetuar esse trabalho, o Google conta com 1 milhão de servidores espalhados pelo mundo.
No Brasil, nove em cada dez pesquisas são feitas no Google. O seu site de relacionamentos Orkut também é enormemente popular no país. Segundo um estudo recém-divulgado pela consultoria comScore, os 21 milhões de brasileiros que acessaram o Orkut em setembro ficaram, em média, oito horas no site. A média de tempo gasto com o segundo colocado, o Fotolog.com, que não é do Google, foi de apenas 22 minutos. Em todo o mundo, um dos sites de maior sucesso do Google é o Google Earth, que mapeia a Terra por meio de imagens de satélites. O site é utilizado por 200 milhões de pessoas e está disponível em 23 idiomas, incluindo o português. As imagens cobrem 30% da superfície terrestre e já contribuíram até para descobertas arqueológicas no Egito. Recentemente, foram acrescentadas ao Google Earth imagens de 100 milhões de estrelas e 200 milhões de galáxias.
O Google é conhecido por sua peculiar cultura corporativa. Ela inclui uma atmosfera descontraída, quase caótica, em seus escritórios, com comida e outros confortos inteiramente grátis. A empresa considera que qualquer idéia que torne a experiência de acessar a internet mais útil, ou mais agradável, vale a pena ser desenvolvida. Daí a velocidade com que lança produtos e os tira do ar. Em geral, são lançados em versão beta, ou seja, ainda em estágio de desenvolvimento, e podem ter vida curta. Foi o que aconteceu com o Lively, concorrente do Second Life, programa em que se criam ambientes virtuais. Lançado com barulho em julho deste ano, foi sentenciado a desaparecer quatro meses depois. O Google permite a seus engenheiros dedicar 20% das horas de trabalho a projetos particulares. Bem, alguma coisa mudou nos últimos meses, pois a empresa vem sentindo o peso da recessão. Os engenheiros já foram avisados de que não terão mais à disposição grandes equipes – de até vinte auxiliares – para desenvolver um único produto. A possibilidade de aumentar até 75% o preço pago pelos funcionários para manter os filhos na creche da empresa causou uma onda de protestos nos corredores da companhia. Desiludidos, muitos pais foram pedir emprego na concorrência.
Em seus primeiros meses de vida, mesmo com um público crescente, atraído pela eficiência de sua busca, o Google enfrentou um desafio: o de descobrir como ganhar dinheiro. Page e Brin rechaçavam a idéia de que a publicidade interferisse no conteúdo. Não queriam banners, filminhos ou qualquer outro tipo de anúncio comum aos portais e sites tradicionais. Foi então que a empresa lançou um conceito que revolucionou a publicidade on-line: os links patrocinados, hoje responsáveis por 97% de seu faturamento, que foi de 16,6 bilhões de dólares em 2007. Os links para os sites de anunciantes aparecem na mesma página que o resultado das buscas, em colunas separadas. Só abre o site do anunciante quem quiser. O anunciante só paga ao Google se alguém clicar no link. O preço de cada clique é determinado por um leilão: aparece no alto o anunciante que oferece mais pelo espaço.
Segundo a Razorfish, uma das maiores agências americanas de mídia digital, o anunciante paga, em média, por cada clique em seu link no Google, 88 centavos de dólar nos Estados Unidos– o preço mais alto do mercado. Como não existe um valor mínimo fixado, não há restrições para o tamanho do anunciante. Pode ser tanto uma grande rede de supermercados quanto a padaria da esquina. Estimativas informam que até 30% do faturamento do Google vem de clientes pequenos, que provavelmente não conseguiram anunciar em outro meio de grande audiência.
Essa mesma estratégia é usada para cooptar parceiros e ganhar dinheiro também fora de sua página principal. Sites como o do jornal americano The New York Times cedem um espaço dentro de sua página para os links patrocinados do Google e, caso o leitor clique em um deles, o valor pago ao Google é dividido com o dono do site que o hospeda. Nos dois casos, a grande jogada da publicidade do Google é associar o conteúdo do anúncio ao tema da pesquisa. Quem procura informações sobre relógios verá links patrocinados relacionados a esse assunto. A seleção dos links patrocinados que aparecem no resultado da busca também se baseia no histórico de buscas feitas a partir de cada computador. Se quem usa o computador costuma acessar sites sobre carros e digita a palavra "golf", os links de anúncios serão do modelo da Volkswagen, e não do esporte que fez a glória de Tiger Woods. Esse recurso é possível porque, graças à invenção de Vinton Cerf, os computadores deixam seu IP gravado nos servidores que visitam. Além disso, para ter acesso à maioria dos serviços gratuitos da rede, os servidores exigem que os computadores dos clientes aceitem cookies, ou "biscoitos", o sugestivo nome dado a pequenos arquivos que capturam informações dos usuários, como as páginas que ele visitou ou quanto tempo passou em cada uma. Esse tipo de informação, fornecido por 710 milhões de pessoas por mês, dá ao Google um conhecimento extraordinário e inédito. No fundo, seu valor como empresa se deve principalmente a isso.
Toda a estratégia da empresa visa a ampliar sua capacidade de saber mais sobre mais gente em todo o mundo – e em tempo real. Não por outra razão, o Google quer liderar uma solução emergente na internet, conhecida como cloud computing, ou "computação nas nuvens". O neologismo surgiu com a dupla circunstância do investimento acima do necessário feito por empresas na capacidade de estocagem de dados digitais e a extraordinariamente rápida, eficiente e invisível interligação entre os computadores que guardam essas informações. Com muito espaço ocioso e capacidade de processamento de sobra, empresas como a Amazon, a Microsoft e a IBM decidiram "alugar" parte de seus computadores para outras empresas não tão dispostas a investir em máquinas e manutenção – mas com acesso rápido à rede. Por não se poder precisar exatamente em que servidor físico estão sendo estocados os dados ou rodados certos programas, convencionou-se dizer que isso ocorre "nas nuvens". O cloud computing ajuda a cortar custos com as constantes e inevitáveis atualizações dos equipamentos. E o Google está se posicionando para liderar esse novo serviço de internet.
"É possível ganhar dinheiro sem fazer o mal" é o mantra da empresa. Mas os temores quanto ao crescimento exponencial do Google e de seu banco de dados foram expostos em dezenas de livros que se publicam sobre a empresa, em sites e blogs. Uma amostra do poder que se concentra nas mãos do Google está nas atribuições do conselho jurídico do portal, coordenado pela advogada Nicole Wong. Cabe ao departamento decidir o que pode ou não ser exibido nos diversos sites do portal Google em cada país. Wong conduziu a negociação com o governo da China em que o Google aceitou bloquear, naquele país, buscas que a ditadura comunista considera indesejáveis, como referências à independência do Tibete. É o caso mais notório de uma concessão ao "mal". O Google tentou sanar a repercussão negativa batendo o pé do outro lado do mundo.
Recentemente, o governo turco ordenou aos provedores de internet locais que bloqueassem o acesso ao YouTube por causa de vídeos que considerou ofensivos ao país. Wong propôs um acordo que consistia em bloquear o acesso a esses vídeos na Turquia. O governo não topou. Disse que queria o acesso aos vídeos bloqueados em todo o mundo. O Google se recusou a fazê-lo, alegando que um governo não pode estabelecer limites para a liberdade de expressão no mundo inteiro. Até a semana passada, os turcos permaneciam impedidos de acessar o YouTube.
O mais revelador nesse episódio é o tamanho do controle que o Google tem sobre os resultados das buscas e tudo o mais que existe em sua gigantesca teia de serviços. Wong e seu time escolhem o que pode ser exibido em serviços do portal como o Blogger, que abriga blogs, o Picasa, site de compartilhamento de fotos, e o site de relacionamentos Orkut. A norma é retirar o conteúdo que seja proibido em determinado país – sites nazistas na Alemanha, por exemplo –, mas manter esse conteúdo aberto para o resto do mundo. Considerando-se a tremenda audiência de todos esses componentes do complexo Google, a equipe de Wong tem mais controle sobre o universo das informações na internet do que qualquer outra pessoa ou empresa. De muitas maneiras, é a materialização do Big Brother, o sistema eletrônico que a todos espiona em 1984, o magnífico libelo contra o totalitarismo do inglês George Orwell. Talvez sem a mesma maldade (para usar a expressão preferida do Google), mas com igual potencial para o monopólio da verdade.
Por definição, são ruinosos os monopólios e os impérios – como o romano, que também foi um generoso distribuidor de civilização e avanços tecnológicos em seu tempo. A cultura, a informação e o pensamento humano só avançam mesmo com liberdade e diversificação.
Design brasileiro no logotipo
Me ajuda, professora
Ruth Kedar: ela lecionava em Stanford quando um aluno, Larry Page, fundador do Google, lhe fez a encomenda
O logotipo com seis letras coloridas do Google foi criado por uma brasileira, a designer Ruth Kedar, nascida em Campinas, São Paulo, e radicada nos Estados Unidos desde 1985. Há nove anos, Ruth lecionava desenho gráfico na Universidade Stanford, na Califórnia, quando foi contatada por um aluno, Larry Page, um dos fundadores do Google. Então um ilustre desconhecido, Page lhe pediu que criasse uma marca para a companhia recém-fundada. "Pensei em cores alegres, que remetessem à satisfação em descobrir coisas novas", lembra Ruth. Ela não revela quanto recebeu pela criação, mas estima-se o valor em 15 000 dólares. O nome Google é um trocadilho com o termo matemático googol, que significa o número 1 seguido por 100 zeros. Foi escolhido por representar o objetivo da empresa, de organizar uma quantidade virtualmente infinita de informações. A marca do Google é tão forte que a empresa se permite brincar com ela nos chamados doodles (rabiscos, em inglês) que aparecem em datas especiais.