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Quando acordei já estava claro. Marcela e Luciana dormiam e Ana Paula estava sentada do lado de fora da cabana, desenhando na areia. Parecia compenetrada, pois não me viu levantar e em seguida procurar um meio de evitar que o pênis ficasse escapando pelo rasgo toda vez que fazia um movimento. Pensei em usar um pedaço de cipó, mas para isso teria de embrenhar na mata para apanhá-lo. Só que eu não seria capaz de fazê-lo, ainda mais depois daquele som que ouvira na noite anterior. “Também que adianta! Daqui uns dias ela vai rasgar mais ainda e vamos ter que andar pelados mesmo! É bom a gente ir se acostumando. Elas vão ficar olhando para ele. Que nem eu para elas. Elas mais”, pensei ao aproximar de Ana Paula.
-- Que susto! -- exclamou. Fitou-me. -- O que aconteceu? -- perguntou ao se aperceber do rasgo na minha sunga.
-- Luciana ia cair no chão. E pra não cair, tentou se agarrar me mim. Ai ela agarrou na minha sunga e ela rasgou – expliquei timidamente, lembrando-me de que talvez ela não acreditasse, pois, enquanto falava, recordava-me daquele momento onde me vira com Luciana na areia.
-- Sei – fez ela com uma expressão que confirmavam minhas suspeitas. -- E agora você vai ficar assim, com esse troço saindo para fora? -- Ela o observava com a mesma curiosidade com a qual Marcela o observara horas antes.
-- Fazer o quê? Não tem como imendar! -- Ela continuou observando-me e então começou a rir , um riso debochado, o que me levou a acrescentar: -- Pára de ficar olhando! Não vejo graça nenhuma!
-- Parece o do meu irmão – disse ela, quando conseguiu parar de rir. João Carlos era um garoto de sete anos, irmão mais novo dela. -- Pequeninho e esquisito – voltou ela dar risadas.
Magoado, fui em direção ao mar, a fim de lavar o rosto. Embora ainda fosse cedo e o sol provavelmente abrira há pouco, fazia um calor abafado, agravado pela ausência de brisa. No céu, algumas nuvens pareciam indicar que ao longo do dia não haveria chuva.
Ana Paula se levantou e foi ao meu encontro, apanhando-me quando a água atingia-me os joelhos.
-- Desculpa! -- disse ela.
-- Tudo bem – falei após uma pausa, onde travei uma luta contra o orgulho ferido para poder desculpá-la. Naqueles poucos segundos pensei seriamente em não desculpá-la. -- Isquece. Não foi nada.
Ana Paula adiantou-se e parou de frente, fitando-me novamente onde o pênis escapava. Eu só não sabia se fitava o rasgo na minha roupa ou o pênis, cuja metade estava para fora.
-- Me dá a sunga. Deixa eu ver se tem como dar um jeito.
-- Tirar? Mas vou ficar pelado? -- indaguei, com um tom avermelhado no rosto.
-- Você não já está quase? O que você tinha pra esconder já está aí, para todo mundo ver.
“E agora? Ela vai ficar me olhando sem roupa. Já fica comigo assim. Mas se eu ficar assim a Marcela também vai ficar olhando. Vou ficar com mais vergonha ainda. Luciana vai ficar brava. Acabar descontando em todo mundo. Em mim também. Ameaçando com raiva. Quem sabe ela consegue arrumar”
Reticente, tirei a sunga e estendi-a. Ana Paula pegou-a com os olhos fixos no meu púbis. No entanto, talvez para não me deixar ainda mais constrangido, passou a examinar o rasgo. E ao tentar unir as duas partes, acabou provocando um pequeno rasgo em outro ponto, rasgo esse que mal dava para passar um dedo. Contudo, tratava-se de mais um rasgo naquela região, o qual se juntava a outros.
-- Tá rasgando à toa. Já tá meio podre – disse. -- Já-já vai rasgá todinha. Tá que nem nosso biquíni.
Voltou a fitar-me nos quadris.
-- É maior do que o do meu irmão. E os teus ovos também. E o meu irmão não tem pelos ai em cima – explicou. Curvou para olhar mais de perto. -- Por quê as vezes ele fica encolhido e as vezes fica grande?
Sem saber o que lhe responder, fez-se silêncio, onde eu procurava pensar numa forma de explicar-lhe. “Falar que é quando quero meter. Não. Isso não. Não posso falar isso pra ela. Que ele cresce sozinho. Só se eu falar isso. Ela é menina. Não sabe como é. Vai acreditar.”
-- Ah, não sei! Ele cresce sozinho.
-- Sozinho assim... Você não faz nada?
-- Não.
-- Quando o do meu irmão fica duro, a metade da cabecinha sai para fora. -- Sem pedir, pegou-me no falo com dois dedos. -- A do seu sai também? Pra fora?
-- Sai – respondi, sofrendo os primeiros efeitos daqueles dedos. Súbito, ela empurrou o prepúcio até que a glande ficar toda disposta. “E agora? O que faço? Ele vai ver ele crescendo.”
-- Nossa! A cabeça dele saiu toda. Do meu irmão não sai assim. Estranho né! Será por quê?
-- Não sei. E tira a mão daí – falei, temendo que ela percebesse que meu falo começava a crescer.
Ao invés de soltá-lo, puxou o prepúcio de volta, o que fez com a excitação ficasse mais rápida.
-- Olha! Ele tá crescendo! -- exclamou admirada, como se visse algo fantástico. -- Acho que é porque eu estou mexendo nele – acrescentou, tornando a empurrar o prepúcio para trás, possivelmente achando graça naquilo.
-- Pára! Tira a mão! Já falei! -- Contrafeito, quase a empurrei para trás. -- Vai! Me dá a sunga!
-- Deixa de ser bobo! Deixa eu ver ele crescer. Quero ver com que tamanho ele fica. Se fica igual ao do meu irmão: levantando.
-- Fica – respondi de chofre, querendo terminar com aquilo antes que meu pênis ficasse totalmente ereto, o que me deixaria ainda mais envergonhado. -- Anda! Me devolve a sunga antes que as meninas acorda e me vejam assim pelado.
Ana Paula soltou-o, retesou o tronco e, olhando-me nos olhos, deu um sorriso travesso, no qual, talvez por inocência, não vi maldade alguma. Súbito, quando achei que me entregaria a sunga, deu-me um empurrão, fazendo com que eu me desequilibrasse e caísse para trás, afundando n`água. Súbito, apoiei a mão no fundo para não me afogar, pois uma onda, apesar de pequena, passou-me por cima e quase me arrastou.
-- Então venha pegar – disse ela, saindo correndo na direção contrária da cabana.
Quando consegui levantar, ela já estava uns cinco metros de dianteira. Parti atrás praguejando: “Filha da puta! Tu me paga! Vou te enfiar a mão. Pirralha!”
Embora mais veloz que ela, custei alcançá-la. E só a alcancei próximo às bananeiras. Minha prima ria. Ao aproximar, pude ouvir-lhe as gargalhadas, as quais me enervaram ainda mais. “Vadia! Vai ver o que vou fazer contido”, pensei com o sangue fervendo-me nas veias.
Alcancei-a. Então, estendi o braço, segurei-a pelo ombro e puxei-a. Ela desequilibrou e caiu sentada na areia fofa. Minha sunga escapuliu-lhe da mão e foi parar ali perto. Cheguei a acompanhá-la com os olhos e pensar em estender o braço para apanhá-la, no entanto, um desejo diabólico, fruto dos instintos mais animalescos que o homem pode experimentar, envolveu-me como uma densa nuvem negra, a qual me desnorteara, levando-me a agir feito um animal furioso. Num primeiro momento, sob o efeito da raiva, pulei sobre ela, agarrando-a pelos braços com a intenção de esbofetá-la e dar-lhe uma lição “para você nunca mais fazer isso, pirralha!”. Mas ao sentar sobre suas pernas, imobilizá-la e encontrar em seu rosto uma expressão de medo e submissão, a mesma expressão que encontrara no dia em corri atrás dela para impedi-la de contar para Marcela o que vira eu e Luciana fazendo, a lembrança das carícias que lhe fiz afloraram-me numa intensidade e vivacidade que não me restou outra alternativa a não ser sucumbir-me. E antes que Ana Paula dissesse alguma coisa, abaixei a cabeça e meus lábios foram encontrar-lhe um dos mamilos, mamilos que mal passavam de uma protuberância nos seios, os quais também não passavam de pequenas elevações.
-- Pára! -- protestou ela, debatendo-se e procurando se desvincilhar. -- Mé solta! Disculpa! Juro que num faço mais isso – continuou ela em desespero, possivelmente temendo o mesmo acesso de fúria que me abatera daquela vez, o qual provocara-lhe medo.
Antes de levantar a cabeça para dizer-lhe algo, mordi-lhe o mamilo vingativamente, como teria feito uma criança de colo ao sugá-lo e não encontrar o alimento. Então olhei-a nos olhos e, vendo tomada de pavor, ocorreu-me de arrancar-lhe a única peça do biquíni e possuí-la.
Por que ocorreu-me de praticar tão vil ato? Ainda hoje, depois de tantos anos, não sei dizer. Talvez nunca venha a saber. Nem mesmo o fim do peso da culpa, a qual nos é devastador, contribuiu para se chegar a uma resposta definitiva. Embora assentindo que alguns fatores contribuíram consideravelmente para a prática de tal ato, ainda sim não se pode justificá-lo. Afinal, quais foram de fato o peso desses fatores? Não estaria eu dando relevância demais a esses fatores com o intuito de diminuir a minha culpa? É a pergunta que eu me faço toda vez que penso nisso.
Se ela não tivesse pego no meu pênis e o excitado, não me teria despertados instintos que a moral, muitas vezes de forma frágil e imatura como tudo nessa idade, procurava conter provavelmente não o teria praticado. Por outro lado, se não tivesse me derrubado e fugido maldosamente com a intenção de provocar-me constrangimento ou até mesmo por prazer, inclusive até, um prazer libidinoso, suspeita essa reforçada pela lubrificação da vulva dela quando a penetrei. Aliás, esta última suspeita ocorreu-me alguns anos depois, quando a memória me fez recordar desse detalhe que me passou despercebido por muito tempo. E foi inclusive um fator preponderante expirar de vez a culpa, embora quando deixei a ilha está praticamente havia desaparecido.
Se hoje eu posso falar desse episódio com naturalidade e indiferença como se tratasse de uma ficção, de uma encenação até, é porque a coisa acabou não sendo tão grave e não gerou consequências tão terríveis no futuro, embora ao tomar ciência do que havia feito, entrei em desespero, o que levou a não ter coragem de pôr os olhos em Ana Paula por dois dias. Aliás, tal ato acabou por um lado reforçando laços que de alguma forma já existiam entre mim, minha prima e Marcela; e por outro, exacerbou as diferenças entre Luciana e nós três, diferenças essas que culminaram num final trágico para uma delas.
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