1. Objetivo da novela Salve Jorge
Prezados senhores
Sou Coronel de Artilharia da turma de 1978 e estou na reserva desde 31 Dez 2009, desde então trabalhando no mundo corporativo.
Estou longe de ser mais um membro da reserva enfurecida, que vê sombras onde não existem, mas não poderia deixar de expressar minha indignação com a imagem que estão delineando da nossa Força, com episódios cada vez mais estarrecedores envolvendo personagens que representam a oficialidade do Exército Brasileiro, num posto que se pressupõe maturidade, equilíbrio e comprometimento com nossos valores mais caros, cultuados desde os bancos acadêmicos (capitães de cavalaria, no nosso exército, só saem da AMAN).
As demonstrações de deslealdade, desequilíbrio, petulância e falta de ação de comando, dão aos expectadores a ideia que o nosso Exército é aquele saco de gatos, a que ficou reduzido o brioso e tradicional Regimento Andrade Neves.
Vivo sendo questionado por civis de minhas relações, a perguntar se isso acontece dentro dos quartéis e sistematicamente tenho que explicar que essa não é a expressão da verdade (penso que esse passivo deva cair no colo de inúmeros militares da reserva e da ativa).
De qualquer maneira, nem sempre teremos um Coronel R1 disponível para explicar ao público externo que aqueles capitães e aquele Coronel Comandante, que não conhece sua oficialidade, são obra de uma orquestração muito sutil para reduzir o EB a expressão mais simples e nos nivelar por baixo, como se os valores que cultuamos e fazemos questão de apregoar fossem mero embuste.
Francamente... a ideia de fazer propaganda da Força Terrestre na novela das 21:00 Hs, da Rede Globo, foi no mínimo ingênua e a concordância em utilização de instalações de uma unidade tradicional de Cavalaria para aquela patifaria, beira a irresponsabilidade. Um exército que se preza (e é o nosso caso), não necessita andar na mídia fazendo parte de historietas, a troco de migalhas, de luzes ou da simpatia da mídia.
Decisões como esta atingem a todos nós, da ativa e da reserva e põe em dúvida a credibilidade de uma instituição secular, que desde o nascimento da nacionalidade está presente nos momentos mais críticos da história do Brasil, preservando, defendendo e cultuando valores que nem de longe são mostrados naquela novelinha de quinta categoria.
( . . . .)
2. ...bem, a novelinha das seis é a mesma coisa. Trata-se de um tenente aviador da FAB que sem mais nem menos, estando de férias, suponho, resolve atender ao pedido de um amigo e, levando uma encomenda que nem ele sabe direito o que é, pega um avião particular e pilotando-o sai do país sem autorização ou conhecimento do seu comandante, ou das autoridades competentes.
Eu não acompanho a novela, mas me parece que o voo é feito nas coxas, sem plano e sem autorização, como se o cara tivesse pegado um carro e ido para a praia. Ele é feito prisioneiro por bandidos e depois é dado como morto. E como se nada de errado ele tivesse feito, à luz dos regulamentos e da legislação, lhe é prestada uma homenagem no mais puro estilo de filme americano, numa espécie de enterro simbólico realizado na base aérea, com fotografia, discurso e a presença de colegas de farda. Resumindo, passa-se a impressão que os pilotos da FAB são felizes paisanos fardados que podem fazer o que querem e na hora que bem entendem, inclusive sair voando do país sem mais aquela.
Agora, no atual estágio da novela, passados sete anos, o sujeito escapa de uma prisão no estrangeiro, onde estava, e voltando ao Brasil, ao invés de se apresentar na sua unidade e contar o que aconteceu, acionar a polícia e outras coisas mais, vai direto para a vila de pescadores onde mora a sua amada que ele espera estar ainda guardando a perereca em meio às lembranças. Lá dá de cara com o 'amigo' que o meteu na roubada e enfia a porrada nele. Mas as autoridades da FAB continuam sem saber que ele está vivo e voltou. Se apresentar prá quê? O cara é mesmo fudêncio e pode tudo. É claro que se trata de ficção e, como tal, o autor pode fazer o que bem entender, só que boa parte das pessoas acaba acreditando que a coisa funciona assim mesmo na vida real.
Só mesmo nessa merda de Globo.
3. Depois das novelas envolvendo o Exército (Salve Jorge) e a Aeronáutica (Flor do Caribe), está faltando uma sobre os marujos. Será que vai ter serviço de 'sargento-de-dia à barrica'?
F. Maier
Coluna do Claudio Humberto
24/04/2013 | 00:00
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