Usina de Letras
Usina de Letras
36 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63022 )
Cartas ( 21348)
Contos (13297)
Cordel (10353)
Crônicas (22573)
Discursos (3246)
Ensaios - (10602)
Erótico (13586)
Frases (51448)
Humor (20160)
Infantil (5570)
Infanto Juvenil (4916)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1386)
Poesias (141208)
Redação (3354)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2441)
Textos Jurídicos (1965)
Textos Religiosos/Sermões (6336)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->o vomitumano -- 19/08/2000 - 14:12 (Manuela Castelo Branco) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
o vomitumamo


Passos na escada. Dia raiando. Luz na escada. Passos. O Homem quer morada. A luz. Jovens passos na escada sobem pateticamente. Está bêbado! Chaves. Porta. Chaves. A porta aberta, o relógio tocando, gritando “6:00 Am”. Ao vermelho piscante socorre a mão no relógio. Espelho. Rosto no espelho. Fatigado e bêbado. Café? Não tem. Chá? Idem. Solução: apelar para o refrigerante... Ah!!! Frescor do primeiro gole. Não tem lixo. Pela janela mesmo.
Vagarosamente rolou pelo rarefeito e já tricolejava no chão.
Chaves. Roupa. Banho. Roupa. Chaves. Carro.
Vrummmmmmmmmmmmmm...
“ O mundo pode causar ânsia”. Fala aos ouvidos as ondas de um rádio.
Levanta o vidro. No reflexo: a lata. No chão sujo e úmido. A lata repousa ao lado do esgoto. Passamos e...
Vrummmmmmmmmmmmmm...
Esquecemos.
O semelhante? Aonde está? Será?
Semáforo a frente. Pedinte. Ao lado. “-Pare!”. O esgoto. “-Pare!”. O menino. “-Pare!”. O sinal. “-Pare!”. Os resíduos da porcaria humana elevam-se mais um nível. “Acima do anormal” publicou um folhetim enterrado em matéria nada orgânica e que agora anda nas mãos daquele que se vende.
Pelo retro-visor o sinal refletiu o vermelho do sangue que secará em minhas veias. Corre para o esgoto dos atropelados ao longe. Nas veias do semelhante o braço estendido e as mãos abertas. Outra lata quase vazia.
Liga o som bem alto. Ninguém vai ouvir. Ninguém.
E, a despeito da publicação, do papel e da tinta suja, do aviso impresso nas faces e nas placas gastas, apesar da ambigüidade das palavras, e da esperança no futuro; ele não ultrapassa o vermelho.
Ele não pára. Acende um cigarro. Pensa no atraso. “Amanhã”. “Amanhã”. Pensa que pensa no amanhã. Pensa: “Amanhã eu não bebo mais”. No rádio melodias de Noel, voz de Nelson e viola de Dilermano. A lata limpa e a cidade suja. A garrafa. O engarrafamento.
“O mundo pode causar ânsia”.
“Deus do céu!”. “Cinco minutos se passaram, e o sinal ainda não abriu. “Será que quebrou?”. “Mais um trago, até a gimba, a última gota - toda garrafa demora a secar -, escorre pelo gargalo e vai dar na garganta”.
Às vezes desce.
“Desse jeito vou ter problemas sérios no”...Emprego. Chefe irado contando os segundos. O lixo emborcado dos ponteiros uns sobre os outros.
“E ainda aquela promoção.”
Às vezes sobe.
“Estive tão perto.”
Às vezes desce.
Como o desposta prestes a ser deposto ele se alerta. Vê o semelhante jogar-se pela lata do lixo. Abaixo do que há de mais baixo. Abaixo do abaixo. A frente do espelho: o retrovisor de si mesmo.
Às vezes desce-sobe.
O peristaltismo avexado subverte direções, e o que estava embaixo sobe goela acima como as lágrimas a pouco, a muito, a-guardadas.
Exalta-se para fora. Exala-se.
Dá-se. Berro material do que venho engolindo. Carne-seca. Moela. Sangue vegetal. Suco. Ácido. Sugo. Anfetamina. Água. Água. Água.
Ar. Ar. Ar.
Fogo. Fogo. Fogo.
Vômitos humanos
Ocos.
Garatujas.
Gritos.
Choro.
O Homem se vê. Enojado de seu próprio lixo. Enjoado.
Ele mesmo. O próprio. Um lixo. Caminhão passa ao lado. É um carro carregado. Um ônus. Mais uma lata sobre seu vidro fino. Cai vagarosamente ocupando seu tempo. Seu olhar sobre si atravessa o espelho. Aprece um menino. Ele mesmo. Tomando a lata do chão. Avalia. Dispensa-a. Pisa sobre ela. Despeja-a no saco sobre as costas.
Seguem seus caminhos tomando seus tempos. Seus vômitos.
Aceleram. No pensamento. Acelera. No carro.
“Despedido.”
Retrocesso para trocar a camisa marcada. A mancha de ontem. Avança.
“E se eu começasse tudo outra vez”.
Qualquer verdade insuportável suja. Regride. Revolta. Corta.
Passos na escada. Dia vermelho. Risos. Passos. O Homem quer emprego. O riso. Jovens trabalham risos na escada. Sobe pateticamente. Está imundo! Vômito. Choro. Porta. Choro. A porta aberta, o ponto piscando, gritando “0:01 atraso”. Ao vermelho piscante socorre a mão. Espelho outro. Rosto outro. Fatigado. Inebriado. Café? Não tem. Chá? Idem. Solução: apelar para o refrigerante...Toma. Ah!!! Frescor do primeiro gole. Não tem lixo.
Pela janela mesmo. Pula.
Vagarosamente rolou pelo rarefeito e já tricolejava no chão.
Chaves. Roupas. Banho. Roupas. Chaves. Latas.
Carro.
A lata repousa ao lado.
Alarme.
Qualquer verdade insuportável exala-se.
Levanta o vidro. No reflexo o chão sujo e úmido.
Passamos e...
Vrummmmmmmmmmmmmm...
Esquecemos.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui