Usina de Letras
Usina de Letras
80 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62137 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10447)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10331)

Erótico (13566)

Frases (50547)

Humor (20019)

Infantil (5415)

Infanto Juvenil (4748)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140778)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6172)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->OS BARNABÉS -- 28/02/2001 - 18:06 (Alzira Chagas Carpigiani) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CENA 1 - HALL DE RELÓGIO DE PONTO - INTERNA/DIA

MALU DESCONFIADA RETIRA TRÊS CARTÕES DA CHAPEIRA E BATE O PONTO DE TODOS ELES, EM SEGUIDA DEVOLVE-OS À CHAPEIRA. DEPOIS SAI RAPIDINHO, DISFARÇANDO COMO PODE.

CORTA P/

CENA 2 - SALA DE TRABALHO - INTERNA/DIA

MALU ENTRA TRANQÜILAMENTE E COLOCA SUA BOLSA E SEUS PERTENCES SOBRE SUA MESA DE TRABALHO.

MALU - (SOZINHA) Esse negócio de chegar cedo me cansa! Ainda bem que amanhã é a vez da Cinira bater os cartões. Toda vez que eu tenho que fazer isso fico estressada. Se ele me pega...

ENTRA CINIRA.

CINIRA - (PARA MALU) Ei, bela, bateu meu cartão? Fiquei presa no trânsito. Aquela porcaria de ônibus quebrou de novo.

MALU - (ZOANDO) Quem manda morar na roça? É isso que dá ficar chacoalhando em lotação.

CINIRA - Me aguarde, que um dia isso muda. Vou virar chiquésima. Vou dar um chute nessa mesa, mandar processo pelos ares... nunca mais quero perder meus preciosos minutos com este serviço tão castrador! (ESNOBE) Só vou andar de sapatinho alto, de fivelinha dourada, no meu carrão importado e até você, jaburu, vai me chamar de Senhora. Quer apostar?

MALU - (ATIRANDO OS MÃOS PARA O ALTO, TAMBÉM EM TOM DE ZOMBARIA) Vixe, que a nega tá atacada! Sai pra lá, azar! Se eu não te conhecesse eu te comprava, Ci. (PREOCUPANDO-SE DE REPENTE) Aquela vem hoje, não vem?

CINIRA - (DANDO UMA RISADINHA) Espero que sim. Já pensou explicar o cartão batido sem a Carlucha por aqui?

MALU - Isso sempre tem que acontecer na minha vez... Mas se ela não vier, eu arrebento ela depois, pode deixar. (PAUSA) O homem mandou anotar umas datas no livro de registro.

CINIRA - Quem anotar? Você ou eu?

MALU - Você, né bem?

CINIRA - Será que o paranóico deu todas as datas de uma vez ou vai ficar passando uma de cada vez só pra me ver ocupada o tempo todo?

MALU - (FALANDO MEIO BAIXO) Tá reclamando de quê? E o que ele faz comigo? Acho que não tem coisa que ele odeie mais do que ver a gente desocupada. Ligo não, hoje tem reunião dos poderosos e é o nosso dia de diversão também.

SOM DE VOZES.

MALU - (ASSUSTADA) Vem vindo alguém.

CINIRA (SAINDO RAPIDINHO DA SALA) Tchaaauuu.

CORTA P/

CENA 3 - LANCHONETE - INTERNA/DIA

ADILSON (O HOMEM) CONVERSA COM UM COLEGA ENQUANTO BEBE UMA XÍCARA DE CAFÉ.

ADILSON - Cheguei mais cedo hoje. Quero ver se pego alguma coisa errada lá na minha sala. Não sei, rapaz, aquela mulherada só apronta.

COLEGA - E eu não sei? Funcionárias são todas iguais.

ADILSON - Ah, mas você não tem que aguentar aquele trio. Ainda bem que elas nunca se juntam com os rapazes do andar de cima. Sim, porque os rapazes da repartição do Esmeraldo são terríveis. Todos já passaram por pelo menos um casamento e o assunto predileto por lá é mulher. Elas que nunca me deixem pegar nada, porque o dia que isso acontecer, vamos ter encrenca da grossa. Bom, já vou indo... até mais.

COLEGA - Até.

CORTA P/

CENA 4 - HALL DO RELÓGIO DE PONTO - INTERNA/DIA

CARLUCHA ATARANTADA PROCURA POR SEU CARTÃO NA CHAPEIRA. ATRAPALHADA, ELA VAI TIRANDO UM POR UM DO LUGAR, DEIXA CAIR O MONTE DE CARTÕES NO CHÃO. FICA TUDO ESPALHADO. ELA, COM DIFICULDADE, SE AJOELHA E COMEÇA A RECOLHÊ-LOS, MAS SEMPRE QUE TENTA, QUANDO JÁ ESTÁ QUASE CONSEGUINDO, O MONTE DESPENCA E ESPALHA TUDO OUTRA VEZ. MALU VAI PASSANDO POR ALI COM A ESCOVA JÁ COM CREME DENTAL PRESA ENTRE OS DENTES.

MALU - (ENTRANDO EM PÂNICO) Carlucha, pelo amor de Deus, o que é que você está fazendo, mulher? (CORRENDO EM SOCORRO DA OUTRA).

CARLUCHA - (COM VOZ DE DESESPERO) Eu só quero bater o meu ponto.

MALU - (ZANGANDO-SE) Você é maluca? Já esqueceu? Hoje é o meu dia de bater os cartões e eu já bati o seu. Você quer me ferrar?

CARLUCHA - (CAINDO NA REAL) Putz! É mesmo! Desculpa, filhinha, eu me esqueci. Obrigadinha, viu?

MALU - (APRESSADA) Tá, tá. Você me agradece depois, vamos colocar tudo isso rápido no lugar, que eu acho que o homem já deve estar chegando. Eu não sei por que, mas sempre que ele está para chegar mais cedo eu tenho um pressentimento horrível. É uma coisa esquisita, uns arrepios, sabe aqueles que a gente sente quando desanda feio?

CARLUCHA - (DANDO RISADA) Igual aquele dia que eu comi feijoada?

MALU - (FAZENDO CARETA) Nem me fale, Carlucha, nem me fale. Igualzinho. Vamos, vamos depressa, vamos pegar tudo.

APRESSADAMENTE, AS DUAS RECOLHEM TODOS OS CARTÕES E OS RECOLOCAM NA CHAPEIRA. É O TEMPO PARA QUE O ELEVADOR SE ABRA E SAIA ADILSON. AS DUAS FICAM ESTÁTICAS, PARALISADAS. MALU AINDA CONSERVA A ESCOVA COM CREME DENTAL ENTRE OS DENTES.

ADILSON - (GRITANDO TIPO QUARTEL) Pelotão! Sentido! (FAREJANDO O AR COM CARA DE MALUCO) Algo estranho está acontecendo por aqui, eu sinto o cheiro.

MALU - Foi a Carlucha...

CARLUCHA - (CORTANDO A FALA DE MALU, NA DEFENSIVA) Foi a Carlucha o quê? Eu não fiz nada, eu não sei de nada, eu sou inocente!

MALU - (DANDO UM BELISCÃO DISFARÇADO EM CARLUCHA, QUE GRITA DE DOR) Foi a Carlucha que quase caiu no chão, mas não caiu porque eu a segurei.

CARLUCHA - (MEIO APATETADA, FAZENDO CARA DE QUEM TENTA ENTENDER O QUE ESTÁ ACONTECENDO) Ééé? Ah, é claro, foi isso mesmo. Eu quase que ela cai, mas aí eu não ela caiu e caiu de mim em cima dela e foi uma barbaridade.

ADILSON - (PREOCUPANDO-SE COM CARLUCHA) Você parou de tomar o seu remédio? (PARA MALU) Parece que ela está surtando de novo, não parece? (SÉRIO, PARA CARLUCHA) Escuta, aquela vez que você trouxe o sarrafo na bolsa e quis acertar o Amauri na cabeça, eu só tive tempo de chamar a ambulância. Eu salvei o Amauri. Se for acontecer de novo, toca o sino, dá um alô, pra dar tempo de pelo menos eu chamar a ambulância, ok?

CARLUCHA CHACOALHA A CABEÇA CONCORDANDO.

ADILSON - Agora ao trabalho que ninguém aqui está de férias ainda. (ELE ABRE A PORTA DA SALA DE TRABALHO E ENTRA, FECHANDO-A ATRÁS DE SI).

MALU - (RESPIRA ALIVIADA) Quase, Carlucha! Santo Expedito me ajudou e salvou a nossa pele. Vai pra sala que eu vou escovar os meus dentes e volto já.

CORTA P/

CENA 5 - SAÍDO DO BANHEIRO FEMININO - INTERNA/DIA

MALU ENCONTRA-SE COM ESMERALDO SAINDO DO BANHEIRO MASCULINO.

MALU - (RINDO) Escapei por pouco da boca do tubarão hoje, Esmê. Quase que o homem pega eu e a Carlucha com os cartões de ponto todos espalhados pelo chão. Ele ficou doidinho, desconfiado, farejando o ar com cara de louco tarado, mas a gente já tinha acabado de colocar tudo no lugar quando o infeliz saiu do elevador.

ESMERALDO - (RINDO BONACHÃO) Você tem cada uma, Malu. O homem não é de brincadeira.

MALU - E você acha que eu me borro de medo dele? Eu não. Quer saber? Eu faço ele de trouxa. Hoje tem reunião às três horas. Ele sai pra almoçar por volta de uma hora. Você fala pro pessoal descer, vamos fazer uma mesa redonda lá na minha sala e se estiver fazendo calor você vai ver o que vai acontecer.

ESMERALDO - (CURIOSO) O quê?

MALU - (ZOMBETEIRA) Vamos usar o ar condicionado dos bonitinhos... e quem sabe ainda jogar uma partida de vôlei em cima da mesa da sala de reunião.

CORTA P/

CENA 6 - SALA DE ADILSON - INTERNA/DIA

PELO INTERFONE ADILSON CHAMA CINIRA. ELA ENTRA NA SALA DELE.

ADILSON - (SEM OLHAR DIRETAMENTE PARA ELA) Tenho uma folha aqui para você carimbar. (ESTENDE A FOLHA PARA ELA, AINDA SEM FIXÁ-LA)

CINIRA - (ARRISCANDO-SE A PERGUNTAR) Só tem uma?

ADILSON - (OLHANDO-A DESAFIADOR) Não. Por quê?

CINIRA - (ENGASGANDO-SE) É que eu pensei que se o senhor me desse todas eu poderia fazer tudo de uma vez.

ADILSON - (ENCARANDO-A COM SARCASMO) É mesmo? E depois?

CINIRA - (FAZENDO-SE DE DESENTENDIDA) Depois? E o que é que tem depois?

ADILSON - O que a senhora ficaria fazendo depois, no resto do dia?

CINIRA - (ATRAPALHANDO-SE) Ah... outras coisas...

ADILSON - (DESAFIADOR) Por exemplo?

CINIRA - Mexendo nos arquivos, tirando pó da mesa, da cadeira...

ADILSON - Fofocando, futricando, batendo pernas. Cinira, eu sei o que estou fazendo. Eu tenho aqui comigo quinze folhas e vou passá-las para você uma de cada vez. Assim, você anda um pouquinho, faz exercícios, é bom. Ajuda a evitar varizes.

CINIRA PEGA A FOLHA, VIRA AS COSTAS PARA ADILSON E FICA FAZENDO CARETAS.

ADILSON - Não adianta fazer caretas.

CINIRA - (ASSUSTANDO-SE) Não estou... (MAS VOLTANDO-SE CURIOSA) Como sabe?

ADILSON - Das caretas?

CINIRA - (HESITANDO) É...

ADILSON - Porque todas vocês mulheres têm o mesmo "DOS". Minha mãe vira as costas e faz caretas, minha mulher vira as costas e faz caretas, minha filha vira as costas e faz caretas. Como vê, eu não tenho necessidade de ser nenhum prodígio para adivinhar isso.

CINIRA - (DANDO UMA RISADINHA SEM GRAÇA) Acho que estamos precisando de uma reciclagem.

CORTA P/

CENA 7 - SALA DE MALU - INTERNA/DIA

(Continua...)

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui