OS PECADOS DA TRIBO (10)
Roteiro de Coelho De Moraes, sobre a obra de José J. Veiga
Personagens: O Herói (H), Rudêncio (R), Consulesa (Ca), Cônsul (C), Pessoa (P), Pessoa 2 (P2), grupo de festeiros, Mamãe (M), Zulta (Z), Edualdo (E), Turunxa (T), turunxas, dois rapazes, dois garotos Obelardos (G), três Homens a: b: c:,
CENA 14
(Chegam três homens com ares de autoridades. H se levanta para recebe-los. Ele e s amigos – os garotos Obelardos, a Ca, Z - estão tomando um lanche pela manhã. Os homens tocam berrante para chamara todos).
A: Atenção todos. Em forma na beira da estrada (lentamente, ninguém entende, vão para a estrada) Mais rápido, por favor... mais disposição... em forma.
B: O motivo da convocação é que vocês abrirão um buraco circular na dimensão já marcada com a estacas (todos olham espantados).
H: Que é isso. Quem é que quer abrir algum buraco por aqui.
Z: O sol logo logo tá forte...
E: Nem contem comigo pois eu vou trabalhar em outro sítio e já estou apalavrado. (sorriso de mofa na cara de A e B e C)
H: Não contem comigo também...vou visitar meu irmão... o assunto é importante.
C: Não vimos aqui perguntar se podem ou não. Esse buraco tem que ser aberto hoje. Antes do pôr-do-sol ele tem que estar furado e desentulhado. É ordem de cima, entenderam? As ferramentas estão naquela carroça. Quando eu der o apito todo mundo corre e pega as ferramentas. Quando eu der dois apitos quero ver todo mundo cavando. ( momento de apreensão. Um olha para o outro. Há medos e certos desesperos. Um apito. Correria. Um pouco de confusão no pegar das ferramentas. Todo mundo se agrupa. Dois apitos e começam a cavar. Os A,B,C, palpitam. H vê que seu chão é muito duro. Tenta mudar e um dos A,B,C dá uma chicotada no chão. Tomada de suor. Mãos em picaretas. Mãos na testa.cansaço. Olhares sem entendimento. A se aproxima de H. Observa)
A: Por que é você está atrasado?
H: Aqui o chão é mais duro. A picareta até gruda no chão.
A: Duro, é? Pois vai ficar mole num instante. Vou fumar um cigarro na sombra daquela árvore. Se quando eu voltar você não tiver igualado com os outros, vai levar umas lambadas disso aqui ( e esfrega o chicote no nariz de H. Imagens de um sol que se põe. A volta. Olha e vê que o buraco está pronto. Dá um sorrisinho. Se afasta, mesmo assim dá um lambada no braço de H, que olha para ele. Olho no olho. Dá três apitos.)
B: Anota aí. Um metro e oitenta.
C: Vamos lá. As ferramentas na carroça (todos cansados. Os A,B,C começam a cantar algo marcial e sobem e partem aos olhos de todos. Desvanece).