Pedro sai do rio. Nadara muito. E a correnteza o arrastar para muito longe do local onde caíra na água. Devem estar pensando que ele morreu. E isto é ótimo. Ele está nu, e seus pulsos machucados pelas cordas que o prenderam. Ele sabe que está longe da cidade. Mas não sabe onde está. Já não tem mais medo. Porém sabe que precisa de ajuda. Mas quem? Não pode ir a policia. Não depois de tudo que fez. Está perdido e sozinho. Caminha nu. A sua frente somente mato. Não vê mais ninguém por perto. Gostaria de descansar, dormir, mas sabe que não pode. Não se lembra a quanto tempo está acordado. Sabe que precisa continuar. Tem que chegar em sua casa. Tem que sair daqui. Avista um acampo de trigo. um imenso campo de trigo. Começa a andar. Pelo campo, sentindo a brisa. Por um momento parece ter paz. Paz! Palavra que ele não sabe o que significa a dias. Está tranqüilo, quando sente que alguém o observa, ele corre pelo campo de trigo. Cai. Suas mãos e seus joelhos se encontram com pedras. A dor é aguda. Sangra. Ele se abaixa. O trigo arranha seu corpo nu. Ele continua se arrastado pelo trigal mesmo com dores nas mãos e joelhos. A sensação de alguém o observar continua. Ele ouve o barulho da estrada. Está perto. Tem que continuar andando. Se arrasta. Dói muito seus ferimentos. Está faminto, com sede e cansado. Mas tem que chegar a estrada.