O CASO DO BEIJO ROUBADO
Cenário- Um tribunal de juri.
Personagens: Juiz severo e de pouca paciência.
A vítima do crime do beijo. Nome Janete
A Advogada da vítima.
O autor do crime. Márcio
Local : Tribunal / Sala de Audiência
Testemunhas.
1. JUIZ - Pois bem, comece relatando o que aconteceu, não esconda nada, estou aqui para lhe escutar, pode começar.
2.JANETE - Bem, senhor Juiz, quero dizer, Meritíssimo, Eu fui beijada por um homem desconhecido, e não gostei nada.
3 JUIZ. - Por favor, seja mais direta no assunto em questão, entre em detalhes, para que eu possa tomar conhecimento do que realmente aconteceu.
4. JANETE- Claro ,falarei tudo, com todos os detalhes que puder lembrar.
5. JUIZ - Muito bem, explique como foi o beijo e por que quer que seja julgado, espero que seja muito bem explicado por que tenho mais o que fazer.
6. Janete sentiu que o Juiz não estava para brincadeira, buscou o amparo da advogada, a única que se dispôs a defendê-la, que com um sorriso seguro a mandou continuar o relato.
7. JANETE-Tudo começou num jardim perto da minha casa aonde gosto de passar as tardes olhando para as pessoas e também seus hábitos. Naquela tarde, como em todas as outras, me sentei num banco e fiquei a observar as pessoas que passavam. Eu estava ali quando um homem que nunca tinha visto na vida se aproximou, e sem dizer nada me deu um beijo na boca.
8. JUIZ- O que fez assim que foi beijada por este homem estranho ,que afirma nunca ter visto , gritou ,procurou ajuda ,lutou contra , ou se deixou beijar?
9. JANETE- Não tive tempo de reagir ,foi muito rápido ,quando vi já estava sendo beijada, não houve como reagir, Ele era bem mais forte ,e alem do mais, segurou minha cabeça com as duas mãos enquanto durou o beijo .
10. JUIZ- Quer dizer então, que notou o homem se aproximar e nada fez, mesmo quando agarrou sua cabeça, com a inequívoca intenção de beija-la, nada fez?
11.JANETE- Não, nada fiz porque achei que ele quisesse outra coisa qualquer...
12. JUIZ- Ora! Santa ingenuidade. Como é possível deixar um homem estranho, como já falou antes ,se aproximar, roubar um beijo e nada fazer ,isto é , sem sombra de dúvida , muito suspeito ; a propósito, a senhora é casada?
13. ADVOGADA- Isto é uma pergunta desnecessária, o senhor esta tentando intimidar minha cliente!,
14.JUIZ- Não vejo no que esta pergunta simples possa causar perturbação a sua cliente. È só dizer sim ou não.
15. JANETE- Não senhor ,vivo sozinha , e no momento prefiro permanecer assim!
16. JUIZ- Porque resolveu procurar a policia dois dias depois do acontecido , porque não no mesmo dia ,na mesma hora ,o que há fez mudar de atitude?
16. JANETE - Bem como já disse antes fiquei sem reação na hora, depois fui para casa e contei para minha mãe que tinha sido beijada na rua . Ela achou normal e perguntou quem era, se era um namorado novo.. Foi ai que me dei conta da gravidade da situação. Eu não tenho namorado .
17. JUIZ- Então resolveu procurau a policia ?
18. JANETE - Sim, depois de muito pensar, fui até a policia .Só que lá não me deram a devida atenção, acharam que era alguma brincadeira de mal gosto, e que tinham mais o que fazer do que se preocupar com bobagens . Riram de mim e mandaram que eu fosse procurar um advogado para abrir um processo. Sai dali bastante indignada pelo descaso do órgão que devia pelo menos me escutar, sendo bobagem ou não .
19. JUIZ - Muito bem então, mas que seja breve em seu relato .
20. JANETE - Conversando com outras pessoas, conheci a advogada Marta Silveira , a única pessoa sensata que se dispôs a me ouvir. Perguntou se eu estava disposta a encarar esta briga, que não seria nada fácil, iria brigar com a discriminação dos homens com relação às mulheres, porque, para eles, as mulheres estão sempre facilitando o assédio e as agressões, dizem que o vestido era muito curto, falam da maquiagem, do batom, alegam tanta coisa que fica difícil ganhar qualquer causa. Mas como gostava de desafios, prontificou-se a me representar perante um Juiz, e aqui estamos.
21.JUIZ - Muito bem Doutora Marta , presumo que deva ter provas que incriminem o acusado ,ou testemunhas ; porque se não tiver ,espero que a senhora retire a acusação .
22. ADVOGADA MÁRCIA- Não Meritíssimo ,disponho de amplas provas e de testemunhas ... e não vou retirar a acusação.
23. JUIZ – Que assim seja! Quantas testemunha são?
24. MÁRCIA- Quatro pessoas de ilibada reputação que chamarei se for preciso para depor em favor da minha cliente .
25. JUIZ - Pois bem que se ouça agora o acusado, que preferiu não ter advogado para defendê-lo.
26. O ACUSADO LEVANTOU , FEZ O JURAMENTO E COMEÇOU A FALAR:
27. MARCIO - Bem senhor Juiz, as coisas não aconteceram assim do jeito que foi contado ,eu fui uma vitima ,.............eu também fui beijado.
28.O Juiz ficou perplexo ;olhou para o teto a procura de alguma coisa inexplicável, respirou fundo, e continuou ouvindo o relato que agora, realmente parecia uma piada.
FIM DA PRIMEIRA PARTE.