O enredo retrata cronologicamente o contexto dos conflitos bélicos e religiosos ocorridos entre os hebreus, fenícios, sírios e assírios, no período entre 875 e 831 AC.
"O Bruxo de Tisbé" possui uma temática baseada nos feitos do profeta Elias - Eliahu em hebraico - porém com uma conotação épica que transcende a religiosidade para assumir uma visão heróica, marcada pela afirmação do monoteísmo sobre o politeísmo primitivo.
A rainha Jezabel, filha do rei-sacerdote de Tiro Ethbaal, busca exterminar a religião monoteísta hebraica do Reino de Israel para consolidar os ritos sanguinários dos cananeus. Jezabel encarna o estereotipo do ardil feminino, invocando a face mais obscura daqueles que a cercam.
Elias nasceu provavelmente no último ano do reinado de Salomão, período que culminou com a divisão do Império de Davi em dois reinos. O Reino do Norte ou Israel que compreendia as dez tribos do norte, governada inicialmente pelo general e usurpador Jeroboão, e o Reino de Judá com sede em Jerusalém, governada por Roboão filho de Salomão.
O profeta Elias era um eremita, um peregrino do deserto que buscava na solidão das grutas a força divina para combater a idolatria que dominava seu povo. O símbolo da missão profética de Elias era sua capa sagrada, sendo usada sempre que se fazia imprescindível para a concretização do seu sacerdócio.
Elias (930-849 A.C.) foi um homem integral. Amava e odiava, bradava e se resignava, avançava e recuava. Desafiou reis e rainhas do seu tempo, em favor dos perseguidos e injustiçados, sendo um dos poucos que esteve face a face com o Criador na Teofania do Sinai. Como Moisés abriu o Mar Vermelho, ele apartou as águas do Jordão. Como Jesus reviveu Lázaro, ele reviveu o menino Joiada. Nem mesmo a morte conseguiu subjuga-lo, pois aos Céus subiu num torvelinho celestial (2 Reis 2:11).
O profeta Elias é um contraponto dentro da sectária história religiosa da humanidade, pois atrai, até os dias de hoje, o respeito e admiração de cristãos, judeus, e islâmicos.
Concebemos nosso profeta-herói não como um sábio curvado pelo tempo, mas como um homem forte em corpo e espírito, uma personalidade inquietante, um reformador social e religioso que usa o poder de suas palavras para queimar a hipocrisia dos poderosos.
Embora seja uma obra romanceada, como se fora retirada duma inscrição secreta em língua aramaica, procurou-se reconstituir com fidelidade a cronologia bíblica aliada as descobertas arqueológicas dos povos contemporâneos a época da narrativa, a exemplo da Strela de Kurkh (853 A.C.), a Pedra Moabita (850 A.C.), e o Obelisco de Shamanasser III (836 A.C.).
Do povoado de Tisbé irrompeu o portador da Capa Sagrada. Suas tonitruantes palavras acaso não estão esculpidas da Tábua da Eternidade?
O seu clamor relampejante derramou-se sobre os incrédulos, restaurando a Aliança com o povo eleito.
As margens do Querite os pássaros lhe saciaram! Quão glorioso profeta fez volver às águas do Jordão, sendo elevado aos Céus pelos anjos do Senhor?
