ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 17
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17
Foi a pior noite na ilha. Sabia que aquela não seria a primeira e muito menos a última noite de chuva. Certamente enfrentaríamos tantas outras e até com temporais mais intensos, uma vez que não sabíamos nem a frequência e nem a intensidade das chuvas naquela ilha. Entretanto, era preciso manter o controle e ir se acostumando. Quanto à cabana, esta resistia de forma surpreendente ao temporal. Aliás, seria preciso reforçá-la em breve, mais por comodidade do que por risco de não aguentar a chuva.
Durante parte do tempo em que permaneci sentando ao lado de Luciana, consegui pensar em algumas providências a serem tomadas nos próximos dias: aprender a pescar, explorar melhor a ilha e reforçar a cabana. Haviam outras, mas estas me pareciam as mais urgentes; aliás, mais urgente do que sair dali por exemplo. E ao refletir sobre cada uma delas, pensava em cada detalhe, cada passo a ser dado para que nada desse errado. Muitas vezes porém não dispunha de conhecimento suficiente para por o plano em prática. E eu não via uma saída plausível. Então eu o deixava de lado até debatê-lo com as meninas e assim talvez encontrar uma saída. Pois várias cabeças pensam mais que uma. Só de como pescar é que eu não tinha dúvida: Marcela explicara como fazer mais cedo, assim que teve a ideia. Se o plano daria certo ou não isso lá eram outros quinhentos, não obstante não custava tentar. Até porque sentíamos muita falta de comer outra coisa que não fosse frutas.
Algum tempo depois a chuva parou e o vento também deu uma trégua. Tudo ficou silencioso. Ouvia-se tão somente as ondas arrebentarem-se no mar e o coaxar de um sapo à distância. Luciana cochilava no meu ombro há algum tempo. Parecia tão indefesa e desprotegida ali ao meu lado. E ao ter consciência disso, fui tomado por uma grande ternura. Algo semelhante ao que nutria por Marcela, mas ainda não havia sentido por ela. Ah, como eu a queria envolver meus braços e fazer com que se sentisse em casa, no conforto de sua cama! Nesse momento veio-me a lembrança de meu próprio lar e de minha cama vazia, a qual devia estar arrumada a minha espera. Uma dor pungente se abateu em meu peito, quase me fazendo verter lágrimas.
Não queria ter aqueles pensamentos ruins. Não queria pensar no desespero de meus pais a nossa procura. Certamente minha mãe lamentava e chorava o tempo inteiro. Não. Eu não queria pensar em dor e tristeza. Não estávamos mortos. Estávamos vivos e deveríamos fazer de tudo para nos mantermos assim. Mais cedo ou mais tarde voltaríamos para casa. Eu tinha certeza disso. Assim, desviei o foco de meus pensamentos. Olhei para aqueles seios desnudos com mais atenção e pensamentos despropositados ocuparam o lugar dos pensamentos anteriores.
Tenho até vergonha de falar desses pensamentos, pois não agia conforme a educação que meus pais me deram. Sabia que ainda era um garoto, sem experiência alguma acerca da vida. Sabia que era um menino com aquele quê de inocência que tantos outros ainda carregam na primeira adolescência. Sabia de tudo isso, mas não sabia como agir e como reagir aos impulsos que simplesmente despertavam e me atordoavam. Para dizer a verdade, nunca fui o tipo de garoto que vivia tendo pensamentos impuros. Há pouco mais de um ano, no entanto, esses pensamentos começaram a surgir com mais frequência. Aliás, súbito ao cair em tais pensamentos, o corpo dava sinais. E de quando em quando, eu me sentia envergonhado por estar daquele jeito, com uma parte de mim tão exaltada como se aquilo fosse pecaminoso. Não entendia aquilo, não sabia como sair daquela situação embaraçosa, pois aquilo custava a passar, o que me levou nas primeiras vezes a temer que fosse ficar assim para sempre. Mas um dia, há cerca de dois meses antes daquele acidente em alto mar, descobri por acaso, talvez por instinto, como me livrar daquele excitamento.
E foi o que fiz naquela noite.
Às vezes, eu lutava comigo mesmo para afastar os pensamentos impuros, pois sentia-me culpado ao tê-los. Mas aquela menina sexy, com aqueles seios desnudos roçando em meu braço direito, dificultava a coisa. E isso passava pela minha cabeça. E eu me sentia atormentado, como se um demônio me cutucasse o tempo inteiro para fazer aquilo que sabia não estar direito. Contudo, eu era um garoto que acreditava no pecado e temia os terríveis castigos divinos. Não queria passar a eternidade ardendo nas chamas do inferno. Não, não... De forma alguma. E, ao pensar nisso, sentia um pavor intenso, como se a condenação fosse fato consumado.
Não sei quanto tempo durou aquele desespero, aquela luta entre resistir ao pecado ou correr o risco de perecer eternamente no inferno. Não obstante, houve um momento em que cheguei a tocar-lhe o mamilo. Foi o um toquezinho sutil; pois minha mão tremia e eu não conseguia mantê-la firme. Por sorte Luciana não despertou, caso contrário, a culpa seria ainda maior. Aliás, tive muita sorte. Cerca de um minuto ou dois depois, um raio cotou o céu e um trovão a fez dar um sobressalto.
-- Que barulho é esse? – perguntou ainda sonolenta.
-- Foi só um trovão – respondi.
-- Ah, que susto me deu!
Ela se ajeitou, dobrou as pernas e ficou mexendo na fogueia com um graveto, indiferente a minha presença. Parecia fazer aquilo para afastar o sono, como se eu fosse me importar por ela estar dormindo.
Aproveitei o momento para tentar me livrar daqueles pensamentos. Como já disse, a chuva havia cessado. Portanto, estava ali uma grande oportunidade para sair e refrescar a cabeça. Não tinha certeza ainda do que fazer: a água do mar entretanto parecia ser a solução mais simples. Assim me levantei e declarei:
-- Parou de chover. Acho que vou sair um pouco.
-- Aonde você vai? – quis ela saber.
-- Sei lá! Acho que vou me molhar para refrescar – asseverei, caminhando em direção à “porta”, com certa pressa para que ela não visse meu estado.
-- Mas assim no escuro? – inquiriu, como se preocupasse comigo.
-- O que tem? – perguntei. Em seguida continuei: -- só vou me refrescar e já volto.
Luciana não disse palavra. Não sei o que ficou fazendo, pois não virei para trás para de saber. Ela que ficasse ali com seus pensamentos e me deixasse eu com os meus. Naquele momento eu não queria a presença dela, nem a interferência dela na minha absorção.
Cheguei a entrar na água, todavia só até os joelhos. Estava muito fria e eu fiquei com medo de adoecer. Assim, afastei-me alguns metros pela faixa de areia e parei em seguida. Olhei para a cabana e pude ver a luz emitida pela fogueira. Pensei em Luciana, naqueles seios e principalmente naquela hora em que a deixei me tocar. Tornei-me mais excitado. Sentia o coração bater com mais intensidade, um calor inquietante aquecia o sangue em minhas veias. Eu precisava me livrar daquilo ou não conseguiria dormir quando trocasse de lugar com Ana Paula e Marcela. E a única forma de por termo àquela inquietação era através da masturbação.
Virei de costas para a cabana, abaixei a sunga e iniciei uma carícia leve no teso falo, como se ainda estivesse na dúvida entre masturbar e correr o risco de perecer no inferno ou não arriscar minha alma, não obstante, continuar o flagelo daqueles pensamentos impuros.
Acabei vencido pela primeira.
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