Brilha o sol. Queima corpos, bronzeia. Banho de piscina. Água azul, fresca, gostosa. A Água molha os corpos, alivia a mente, suaviza a dor.
E a vida segue seu rumo. Pessoas vivem, se banham. Pessoas se amam, deixam marcas de amor nas águas. Pessoas que amam sofrem.
É sempre bom banhar o corpo, molhar a ilusão, mergulhar na sedução. A água limpa a pele, mas não lava o coração.
Mesmo assim, a água alivia a dor, mesmo que momentaneamente. Dá vitalidade, energia e desenvoltura, instiga a fome de viver e de sonhar. A água lava a alma, mas não expurga as feridas do coração.
É bom sonhar. Num sonho tudo pode se passar de forma diferente, pura. Uma meretriz pode ser princesa, uma borboleta pode ser rainha e uma aranha pode ser estrela. Tudo é possível. O sonho, às vezes, pode ser angustiante, triste, escuro. Pesadelo.
Gosto do dia. A luz do dia é clara, clareia e não deixa que as trevas invadam nossos olhos. Vejo tudo. Todos vêem. Quase todos vêem. O mundo é assim. Mata a vida do mesmo modo que a fez nascer. Não quero morrer.
Tenho medo que a morte me derrube e me envie a um jardim desconhecido, com flores vermelhas desabrochando, exalando um triste aroma. Pobre de mim que não sei nada sobre as flores, só sei da água. Da água que rega a flor e a faz desabrochar. Da água que lava o corpo e o faz ficar podre, com o tempo.
O sol está brilhando, cozendo as mentes, esquentando os corpos e secando as almas. Um pesadelo. Não quero dormir, pois meus sonhos não são lindos assim. Meus sonhos são aterrorizantes, escabrosos, impuros e pecadores. São sonhos horripilantes nas minhas noites quentes de verão. O inverno já vem vindo.
Enquanto o inverno não vem fico aqui, na solidão. Acho que a solidão foi feita pra mim. Me molho na água e me queimo no sol. Sonho acordado com algo melhor, um amor, quem sabe. Agora estou só. São coisas da vida.