Não posso almejar felicidade
Na realidade tardia e traiçoeira
Nada ofereço nesse final de verão
Que pode acabar segunda feira.
Só na primavera, quem sabe!
Terei flores para oferecer...
Combinei meu confinamento
Com elementos fúteis e Inúteis.
Fiz fórmulas mágicas
Enigmáticas e factíveis
Sofri reações imprevisíveis.
Cresci no sonho dourado
Sonhei acordado, acreditei...
No Tempo dormi sossegado
Acordei totalmente cego
Sem rumo, Preso e estagnado.
Parto para lugares distantes
Levo a mente, esqueço o corpo!
Meus sentimentos são fragmentados
No delírio da noite.
Minha mágoa passeia na saudade
Minhas preces são esquecidas
Tenho à carne retalhada e exposta
Ao prazer do vento, distorcida.
Escrevo minha história
Em garatujas nas paredes
Às vezes mesquinha e simplória
Tão irreal e sem glória.
Minha tristeza é verdadeira
Sou mutante de fatos e revistas
Mil dedos me apontam falhas
Deuses, poetas e canalhas.
Sou um Dédalo penitente
Vejo-me nu e transparente
Perdendo-me à vida inteira
Numa explícita e cênica fogueira.