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Teses_Monologos-->Fontes do Pensamento Geopolítico Alemão (Geopolitik) -- 31/08/2003 - 17:41 (Carlos Frederico Pereira da Silva Gama) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
INTRODUÇÃO

O objetivo desse trabalho é expor as principais características do pensamento geopolítico alemão, bem como explicitar suas fontes mais importantes (os autores que mais o influenciaram, ou cujos conceitos e sistematizações foram por ele adotados – Rudolf Kjellen, Harford MacKinder e Friederich Ratzel).

A estrutura do trabalho consiste na articulação desses dois pólos – pensamento geopolítico alemão e influências – inserida num determinado contexto histórico. Esse contexto será apresentado no início do trabalho, mas não deixará de se fazer presente no seu desenvolvimento e conclusão.

O interesse pela demarcação da influência de autores clássicos da Geopolítica sobre o pensamento geopolítico alemão não deve se limitar apenas a atender uma exigência específica da disciplina, na visão dos autores desse trabalho; a abordagem deve, e tentará sempre que possível, ter como objetivo a compreensão das Relações Internacionais no período no qual se efetua a construção do pensamento geopolítico alemão.

O CONTEXTO NO QUAL SURGIU A GEOPOLITIK

O período entre-guerras (1919-1939), descrito por Eric Hobsbawn como o “intervalo” entre o primeiro e o segundo tempos da grande guerra mundial de 31 anos que marcou a primeira metade do século XX (1914-1945), teve importância decisiva na construção do pensamento geopolítico, não apenas na Alemanha, como igualmente na França, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Essa inegável influência deve-se, provavelmente, a outra constatação de Hobsbawn – até 1914 o mundo não conhecera guerras mundiais, nem jamais presenciara tamanha mobilização de recursos, materiais ou não, para sustentar esforços de guerra tão monumentais.

A Geografia e as disciplinas a era relacionadas, como a Geopolítica, foram recursos mobilizados, por isso mesmo sofreram diversas transformações, mais ou menos profundas, dependendo do fato de estarem ao lado dos vencedores ou dos derrotados no conflito. No que toca à “Geopolitik” alemã, o colapso do projeto nazista pode explicar em parte a sua total perda de prestígio nos anos subsequentes à guerra; em parte porque, efetivamente, a “Geopolitik” não foi a geopolítica de Hitler, apesar da comprovada ligação de vários de seus expoentes com o Partido Nazista.

A “escola geopolítica alemã”, ou “Geopolitik”, forma-se através da união de dois fatores, num determinado contexto. Por um lado, geógrafos seguidores de Ratzel, como Otto Maul e Ernst Obst; do outro, o singular personagem Karl Haushofer, general-geógrafo dotado de grande capacidade persuasiva, larga bagagem cultural (incapaz, porém, de ser sistematizada de forma coerente) e possuidor de estreitos laços com o Partido Nazista. O contexto no qual as partes se unem é o do período entre-guerras, quando uma Alemanha vencida, privada de recursos e territórios, tentava se reerguer como potência, sob os olhos temerosos de uma França isolada politicamente (mas empenhada com todas as suas forças em solapar os esforços de reerguimento alemães); de um Império Britânico declinante, ainda senhor dos mares, mas cada vez menos eficiente na administração das colônias e próximo de se tornar economicamente dependente dos Estados Unidos; e dos Estados Unidos, pujante potência emergente que, no entanto, adota uma posição radical de isolacionismo frente aos conflitos europeus, relutando em assumir uma posição de explícita de liderança mundial . Havia também o “fantasma” da União Soviética socialista, responsável parcial pela condescendência com que as democracias liberais trataram o regime nazista na Alemanha. Esse contexto de tensão, de seguidas crises econômicas e políticas, não limitou sua influência apenas aos geopolíticos alemães; mas se mostrou incontestavelmente mais presente nestes do que em quaisquer outros, visto que a Geopolitik chegou mesmo a sacrificar a metodologia científica em prol do projeto grandioso de um Reich alemão poderoso.

Em nenhuma obra desse período isso aparece tão nitidamente quanto na obra do pensador alemão Karl Haushofer. É precisamente desse personagem singular, portanto, que devemos partir, se quisermos compreender a “Geopolitik” nos seus aspectos mais característicos, bem como a complexa relação dessa escola de geopolítica com o Nazismo.

KARL HAUSHOFER – O CERNE DA GEOPOLITIK

A escola geopolítica alemã (Geopolitik) foi constituída por, entre outros, Ewald Banse, Johan Ulrich Folkers, Richard Hennig, Otto Maul, Oskar Von Niedermayer, Erich Obst, Hermann Lautenscah. Entretanto, seu maior expoente foi sem dúvida Karl Haushofer, fundador da revista Zeitschrift für Geopolitik em 1924, considerado por alguns como a “eminência parda” por trás das estratégias geopolíticas adotadas pelo governo nazista alemão antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Suas idéias formam o “cerne” da Geopolitik, bem como sua suposta influência sobre Hitler trouxe notoriedade internacional à essa escola geopolítica.

Inicialmente, devemos desnudar alguns aspectos dessa figura singular e a influência desses aspectos sobre o destino da Geopolitik. Haushofer, general (lutou na Primeira Guerra Mundial) e geógrafo, possuía grande capacidade persuasiva, larga bagagem cultural e produzia artigos num ritmo febril, o que pode explicar sua proeminência sobre os criadores da Geopolitik, bem como a repercussão que teve a produção dessa escola de geopolítica; Haushofer, era, entretanto, incapaz de sistematizar seu pensamento, bem como de fundamentá-lo em bases minimamente coerentes; ademais, apropriava-se com frequência de idéias alheias, notadamente as de MacKinder, Kjellen e Ratzel, não sendo seus escritos originais em essência. Não é por outra razão que a produção da Geopolitik não foi considerada científica por seus críticos nos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha; essa crítica se estendeu, posteriormente, à própria Geopolítica como um todo (provavelmente, graças à imensa influência que a obra de seu precursor, Ratzel, e de seu fundador, Kjellen, tiveram sobre Haushofer).

Segundo Haushofer, “a Geopolítica é a ciência que estuda os vínculos que prendem os processos políticos ao solo (terra). Assenta sobre o largo fundamento da Geografia, principalmente da Geografia Política como doutrina e sua estruturação. A essência dos espaços terrestres abraçada pela Geografia dá o quadro da Geopolítica dentro do qual se deve realizar a evolução da Política prática, se quiserem ter resultados duradouros. Certamente os agentes da vida política por vezes ultrapassarão esse quadro, porém mais cedo ou mais tarde os vínculos do solo acabarão se impondo. No sentido desse conhecimento a Geopolítica quer fornecer os instrumentos para a atividade política e ser o guia na vida política. Com isso, a Geopolítica se torna uma ciência que da técnica passa para a prática política. A Geopolítica deve se tornar a consciência espacial do Estado” 1.

Como evidenciado no parágrafo anterior, Haushofer não construiu um pensamento coerente, sistemático e original – segundo o próprio, nem era sua intenção criar algo com tais características. Suas idéias formam um emaranhado complexo, onde conceitos de origens as mais diversas se fundem num eclético conglomerado, cujo intuito explícito é o de articular a Ciência Política e a Geografia Política, fornecendo insumos para a ação eficiente dos Estados-Maiores. Nisso ele se aproxima de Ratzel (autor, porém, de sofisticação conceitual infinitamente maior). O grau de determinismo é alto – Haushofer menciona, no entanto, que o “desejo dos homens de Estado” pode fazer com que as estratégias adotadas contrariem frontalmente as prescrições da Geopolítica. Para realizar tal articulação, Haushofer, em primeiro lugar, busca compreender as relações políticas, definindo-as como relações de poder entre Estados Nacionais. Tal visão seria, posteriormente, aprofundada e sistematizada pela escola do Realismo Político, na figura basilar de Hans Morgenthau, tendo profunda influência posterior no campo das Relações Internacionais. Não era, entretanto, uma visão nova ou original – o próprio Morgenthau localizou suas referências mais remotas numa frase do livro “História da Guerra do Peloponeso”, do general ateniense Tucídides, escrito há cerca de 2500 anos...

Mas o que Haushofer entendia por Estado? Como diversos pensadores alemães, ele era partidário de uma visão de sociedade que privilegia o “todo social”, a Nação, em detrimento dos indivíduos. Tal visão romântica, surgida da decepção dos filósofos alemães de finais do século XVIII com os rumos que a liberal e individualista Revolução Francesa tomara (especificamente, depois da ascensão de Napoleão Bonaparte), não é universal – cada nação possui um modo de vida próprio e inconfundível – nem considera a sociedade apenas como um agregado de indivíduos. A Nação é uma “comunidade mística”, dotada de um “espírito” próprio, na qual o bem-estar temporal e a realização espiritual dos indivíduos se torna possível. Nos séculos XVIII e XIX era inconcebível uma Nação existir sem um Estado, através do qual a autonomia nacional (soberania) fosse afirmada no plano internacional; os conceitos de Estado e Nação, assim, se tornam interdependentes. Haushofer, portanto, possuía uma visão organicista do Estado nacional, mas não apenas isso. Seguindo fielmente as concepções de Kjellen, ele vê o Estado como um organismo vivo (biológico), firmemente enraizado no solo; a ligação entre solo e Estado torna-se fundamental no pensamento da Geopolitik daí em diante. Tal posição kjelleniana era fortemente contrária ao pensamento de Ratzel – para quem o Estado era um organismo espiritual e moral (muito além de um mero organismo biológico), cuja função era efetuar uma articulação entre o elemento invariante (solo) e o elemento variante (povo). No entanto, Haushofer e Ratzel compartilham uma mesma matriz conservadora e autoritária, na qual o Estado se encontra acima da sociedade, bem como uma aversão ao liberalismo e ao individualismo.

Partidário de uma concepção geo-determinística da Geopolítica, Haushofer considera o espaço um conceito geral, metafísico, abstrato, que é o principal determinante da ação humana (“...o espaço rege a história da Humanidade” ). Esse espaço abstrato é moldado pela ação dos Estados nacionais, que se encontram em constante busca pelo “espaço ideal” para o progresso de seu povo. As justificativas para a busca do “espaço ideal” são o crescimento populacional e a necessidade de aumentar a produção de alimentos – dois conceitos interligados, seguindo uma linha de pensamento malthusiana e em total acordo com a concepção organicista e biológica do Estado. O “espaço ideal” de Haushofer equivale ao espaço vital ("Lebensraum") prenunciado por Ratzel e defendido por Kjellen. Ao relacionar Geopolítica com busca por “espaços vitais”, Haushofer retirou toda possibilidade de existir uma Geopolítica universal ou neutra – haveria diversas geopolíticas, uma para cada Estado, e com objetivos e estratégias díspares. Nesse ponto já se percebe que o autor alemão não tinha realmente pretensões científicas...

Haushofer se atém, então, à necessidade da construção de uma geopolítica alemã, que colocasse seu país em pé de igualdade com as demais potências européias. Defende a idéia de uma “consciência da dinâmica das fronteiras” que existiria entre os povos da Europa Central, tornando claro que as pretensões alemãs na região não seriam infundadas; de forma complementar, filia-se à corrente nacionalista denominada “Drang nach Osten” (corrida para o Leste), segundo a qual o Leste Europeu, como terra natal do povo germânico, torna-se “espaço vital” legítimo do Estado alemão; as populações de sangue alemão dispersas pelo Leste Europeu deveriam ser reunidos sob a égide do Reich. Nesse ponto, a Geopolitik e as idéias do “Mein Kampf” de Hitler coincidem em grande medida. Partindo da situação alemã no período entre-guerras, Haushofer desenvolve uma estratégia política para a consecução do “espaço vital” tão necessário ao pleno desenvolvimento do povo alemão – ou seja, busca “...a correspondência ideal entre a densidade populacional, os projetos de plena realização econômica e cultural da nação e a base territorial...” . Aponta a “injusta” distribuição de terras do globo, no qual países como Estados Unidos, União Soviética e Brasil não sofrem pressões populacionais e detêm imensos territórios, e no qual a Alemanha se encontra “asfixiada” com sua imensa população num território exíguo, limitada por países pequenos e de pequenas populações. Cria-se a justificativa perfeita, portanto, para o expansionismo alemão no Leste Europeu, efetivado logo em seguida por Hitler.

Haushofer, em seguida, revela nitidamente sua imensa dívida para com MacKinder. Faremos, então, um breve parêntese para explicar algumas noções do notável geopolítico britânico, utilizadas literalmente pelo mentor da Geopolitik. MacKinder considera que conjuntos de forças de caráter diferente se opõe desde a aurora dos tempos – os “poderes terrestres” e os “poderes marítimos”. A Alemanha e a União Soviética, no início do século XX, correspondem aos grandes “poderes terrestres”, enquanto que a Inglaterra é obviamente o grande “poder marítimo”. MacKinder introduz na Geopolítica o conceito de “Heartland”, ou pivô continental, conjunto de terras (entre o Leste Europeu e o Extremo Oriente) limitadas ao norte pelo frio ártico, ao sul e a leste pelo deserto, mas com saída total para o oeste (Europa Oriental). Ao longo dos séculos, tal região vedada a ataques por mar (visto que seus rios não deságuam em “águas quentes”) foi o ponto de partida de todas as invasões européias vindas da Ásia; além disso, é a região do mundo que conta com a maior área contínua de planícies, favorecendo o deslocamento de exércitos ou populações nômades. MacKinder dá grande relevo ao “Heartland” – para ele, a única área do globo capaz de gerar um poder terrestre equivalente ou potencialmente superior ao da potência marítima mor, o Império Britânico. Por isso, torna-se compreensível o temor de MacKinder de que, em algum período histórico, alemães e russos/soviéticos (que compreendem quase a totalidade do “Heartland”) estabeleçam uma aliança tal que gere um gigantesco “império continental”, com saída para os mares “quentes”, sendo, assim, capaz de se tornar, graças a sua vastíssima disposição de recursos, também uma potência marítima, estendendo seu poder por todo o mundo – “quem governa a Europa Oriental governa a Heartland; quem governa a Heartland governa a “Ilha-Mundo”; quem governa a “Ilha-Mundo” governa o mundo ”. A “Ilha-Mundo”, no caso, corresponde aos continentes da Europa, Ásia e África.

Haushofer se apropria de todos esses conceitos de MacKinder, porém invertendo o ponto de vista de seu “mestre”. Sendo fervorosamente anti-britânico, propõe o estabelecimento da “aliança continental” entre Alemanha e União Soviética, tão temida pelo geopolítico inglês. Ao alemão pouco importa que os russos defendam a ideologia socialista – por razões pragmáticas (o acesso aos “mares quentes”) os russos não teriam porque recusar uma proposta alemã. Da mesma forma, a Alemanha deveria se aliar ao Japão, pois ambos são países populosos e de territórios insuficientes; o “espaço vital” japonês seriam a China e a península da Coréia. Criado o “império continental”, o passo seguinte seria a anexação dos territórios de sangue alemão no Leste Europeu – alcançando o “espaço ideal” do Estado alemão. Posteriormente, com a derrota dos britânicos, o mundo seria dividido em imensas “pan-regiões”, ou áreas de influência, cabendo à Alemanha o domínio da “Euráfrica” (Europa e África), aos Estados Unidos a “Pan-América”, ao Japão a “Pan-Ásia” e à União Soviética a “Heartland” propriamente dita.

Haushofer progressivamente se aproximou do regime nazista, principalmente através de Rudolf Hess, seu amigo e um dos homens mais próximos de Hitler. Daí surgiriam as lendas sobre a influência direta da obra do pensador alemão sobre a “bíblia” do Nazismo, “Mein Kampf”. O pacto Anti-Komintern (entre Alemanha e Japão) e o Pacto de Não-Agressão (entre Alemanha e União Soviética), assinados próximos ao eclodir da Segunda Guerra Mundial, pareciam confirmar a tese de que Hitler era uma “marionete” nas mãos do grupo de Haushofer, pelo menos na visão dos ocidentais. Com o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, porém, tais impressões foram se desanuviando. Rechaçado pela resistência heróica da Royal Air Force, Hitler não pôde invadir a Inglaterra em 1941, voltando suas atenções para o Leste – como Haushofer havia defendido – porém tendo como alvo a União Soviética, invadida sem sequer uma declaração formal de guerra – o que destroçou todos os sonhos de Haushofer no sentido da constituição da “aliança continental”. O ataque à União Soviética se revelaria desastroso para os alemães – com os mesmos fatídicos resultados da invasão napoleônica em 1814 – forçados a lutar em duas frentes de batalha (oriental e ocidental) simultaneamente, enfrentando um adversário de colossal disponibilidade de recursos e acostumado às inóspitas condições climáticas da “Heartland”. Ao ataque alemão se somou o ataque japonês a Pearl Harbor, trazendo os Estados Unidos para a guerra e possibilitando uma inusitada aliança entre Grã-Bretanha, Estados Unidos, Rússia e a Resistência Francesa (essa última, por sua vez, enfrentando o governo colaboracionista de Petáin), todos combatendo os alemães (o combate aos japoneses seria responsabilidade dos Estados Unidos e, em menor grau, de chineses – a China então estava ocupada pelo exército nipônico – e soviéticos).

Hitler, com efeito, não era um seguidor fiel das idéias de Haushofer. Suas ações, aliás, não pareciam estar embasadas por nenhuma forma de conhecimento sistemático e organizado de Geopolítica. O Führer aproveitou os pontos da obra da Geopolitik que justificassem pretensões suas (por exemplo, o Leste Europeu como “espaço vital” do Reich), revelando imenso pragmatismo. Os pontos nos quais Haushofer discordava das teses expostas no “Mein Kampf” foram solenemente ignorados – o expansionismo não se deu, como o autor da Geopolitik desejava, somente em direção às áreas onde existiam minorias de sangue alemão, e o Pacto de Não-Agressão com os soviéticos não era a ponta-de-lança de uma “aliança continental”, mas uma forma de Hitler ganhar tempo, vencer a guerra com a Grã-Bretanha e a França na Frente Ocidental e aí poder se voltar para a conquista do Leste. Hitler, inclusive, considerava que o principal inimigo da Alemanha não era a Grã-Bretanha de MacKinder, como defendia Haushofer, mas a França...O descompasso entre a estratégia do governo nazista alemão e as prescrições “neutras” da Geopolitik revelam que o “desejo dos homens de Estado”, nesse caso, teria prevalecido...

Com a derrocada do exército alemão em 1945, ruíram quaisquer esperanças que Haushofer pudesse nutrir em relação à hegemonia alemã seja onde for. A Geopolitik desaparece – seus líderes são presos ou morrem, e o legado da escola passa a ser visto, no meio geográfico, como o “período negro” da disciplina. A própria Geopolítica perde sua credibilidade no meio acadêmico – não obstante a monstruosa influência das idéias de Harford MacKinder na configuração do sistema internacional da Guerra Fria.

AS FONTES DO PENSAMENTO GEOPOLÍTICO ALEMÃO

Podemos considerar como as principais fontes do pensamento geopolítico alemão a obra de três geógrafos: o alemão Friederich Ratzel, o inglês Harford MacKinder e o sueco Rudolf Kjellen. Todos os três marcaram profundamente o pensamento do principal nome da Geopolitik, Karl Haushofer. Mas em qual ordem de importância? Terão tido os três o mesmo grau de influência sobre a Geopolitik?

Dos três, seguramente pode-se afirmar que Ratzel foi o mais influente, num sentido amplo, dado que Kjellen partiu de Ratzel para construir seu arcabouço conceitual e que MacKinder, embora não adotasse os conceitos de Ratzel, compartilhava com o autor alemão uma mesma visão “Realista” da política internacional. Porém, num sentido estrito, a Geopolitik não utilizou os conceitos ratzelianos senão de forma deturpada, muitas vezes contradizendo-os frontalmente; Ratzel era muito menos determinista do que Kjellen, por exemplo. Kjellen e MacKinder tiveram os seus conceitos aplicados pela Geopolitik de forma muito mais direta e literal. É entre esses dois últimos, portanto, que devemos encontrar o autor “mais influente”, ou a fonte “primária”.

Haushofer considerava a obra de MacKinder “a maior de todas as concepções geográficas ”, afirmando enfaticamente: “nunca vi nada mais grandioso do que estas poucas páginas de uma obra-prima geopolítica ”. Porém já ficou bem claro, no decorrer dos parágrafos anteriores, o quão desinteressado Haushofer se revelou em construir um pensamento científico minimamente rigoroso, privilegiando um pensamento eclético e não-sistemático, mais útil para a construção de um Estado alemão forte e poderoso. Devemos, portanto, escolher Kjellen como “fonte primária” da Geopolitik; o pan-germanismo do autor sueco o coloca bem próximo de Haushofer, em termos do objetivo primordial de fazer do Reich alemão uma potência hegemônica, através da estratégia geopolítica mais eficiente possível.

RUDOLF KJELLEN – A FONTE “PRIMÁRIA” DA GEOPOLITIK

O pensador sueco Rudolf Kjellen é o fundador da Geopolítica. Seu interesse na área, entretanto, começou com estudos de cunho jurídico – Kjellen buscou estabelecer o que chamou de “espírito”, ou caráter nacional, da constituição sueca. Posteriormente, acompanhando a situação política do início do século XX (luta das grandes potências por colônias e/ou áreas de influência) graças à sua formação em Ciência Política, passou a analisar o Estado sob uma perspectiva organicista. O organicismo de Kjellen é uma transposição de conceitos da Biologia para a Ciência Política – um dos livros mais conhecidos do sueco denomina-se precisamente “O Estado como uma forma de vida” – pouco tendo, portanto, a ver com o organicismo de Ratzel ou dos filósofos idealistas alemães, para quem o Estado seria um organismo espiritual e moral, responsável pela articulação entre solo e povo ("blut und boden"). O Estado de Kjellen é, portanto, um organismo biológico, com seu caráter vinculado ao solo, governado por leis biológicas, que se encontra em perfeita harmonia. Haushofer utilizaria essa definição fortemente determinista em suas obras. O pensador sueco considerava que seu organicismo biológico derivava diretamente de Ratzel; deriva, de fato, de uma leitura equivocada de textos ratzelianos, nos quais organismos biológicos só aparecem em menções á Biogeografia, não como modelos para os Estados, mas como contra-exemplos.

Kjellen, em seguida, dedica-se à construção de um sistema lógico para analisar o comportamento do Estado como ser vivo, baseado nos modelos das ciências naturais. Desse seu sistema constam as seguintes subdivisões: Etnopolítica, Ecopolítica, Demopolítica, Sociopolítica, Cratopolítica e Geopolítica; somente Geopolítica sobreviveu (tendo seu sentido alterado, entretanto, de autor para autor). Kjellen é, sem dúvida, um sistematizador, no que encontramos um enorme abismo entre ele e Haushofer; no entanto, sabendo que o alemão utilizou largamente o arcabouço conceitual do sueco, pode-se perceber também porque a Geopolitik nunca demonstrou pretensões de construir um arcabouço conceitual próprio...

O pensador sueco articula as bases da pesquisa geográfica com a Ciência Política, criando a Geopolítica (vinculada mais à Ciência Política do que à Geografia); seus objetivos serão “...explicar a Política feita em função do condicionamento do ambiente físico (geo)” . Seria, por definição, uma ciência dinâmica, enquanto que a Geografia Política seria eminentemente estática. Haushofer adotou o conceito de Geopolítica de Kjellen, porém de forma confusa – introduzindo uma inexistente vinculação com a Geografia Política que, daí em diante, trará uma confusão conceitual de proporções invejáveis à Geopolítica.

A Kjellen interessa sobremaneira o conceito de “espaço vital” (“Lebensraum”) surgido nas últimas obras de Ratzel – esse “espaço vital” deveria ser buscado pelos Estados, na medida que sua população cresce e aumenta a demanda por alimentos. O pensador sueco articula então o “Lebensraum” com o pan-germanismo – o Estado alemão teria por “espaço vital” os territórios habitados por minorias de origem germânica, visto que há uma ligação fundamental entre o “solo e o sangue” alemães; havendo um desequilíbrio nessa relação (artificial, provocado pelas potências rivais da Alemanha), seria necessária uma “correção” urgente – o expansionismo alemão não só seria legítimo como seria necessário. Haushofer encontra em Kjellen o grande precursor de suas pseudo-teorias expansionistas e pan-germanistas. Kjellen, entre outras coisas, possui o duvidoso mérito de ter prenunciado a ascensão de Hitler na Alemanha; baseando no evolucionismo darwinista sua teoria dos sistemas de governo, o sueco acredita que, após o “cesarismo”, o absolutismo, o “constitucionalismo”, a democracia, surgirá um sistema de governo chamado “principado”, no qual um líder carismático, surgido do seio do povo, governa com o apoio total, independente da ocorrência de eleições. Os fascistas italianos, não sem razão, sempre se mostraram admiradores das idéias do sueco...
De Kjellen, enfim, não podemos dizer que não foi um pensador original – o foi, sobretudo no que diz respeito à sistematização e à conceituação. No entanto, não se pode exagerar essa sua característica – o pensador sueco calcou muitos de seus conceitos em enunciados de Ratzel, mal interpretados ou distorcidos. Não esquecendo o fato de que o
pan-germanismo de Kjellen o fez, por diversas vezes, privilegiar linhas de raciocínio tortuosos, mas favoráveis aos interesses expansionistas do Estado alemão, podemos compreender a extensão da influência dele sobre a obra de Haushofer.

HARFORD MACKINDER – A FONTE “SECUNDÁRIA” DA GEOPOLITIK

MacKinder é um dos clássicos da Geografia Política e da Geopolítica. Poucos estudiosos compreenderam tão bem quanto ele a relação estreita existente entre a Geografia e a História, bem como poucos foram tão influentes quanto ele no mundo do pós-Guerra. Suas idéias foram seguidas, pode-se dizer, quase à risca, por tomadores de decisões, políticos e estudiosos nos últimos 50 anos; grande parte das relações internacionais, no final do século XX, ainda são compreendidas a partir de parâmetros por ele estabelecidos. Mesmo orientando seus escritos por um ponto de vista notavelmente britânico, sua influência foi tão abrangente que atingiu até pensadores do “lado inimigo”, como é o caso de Haushofer.

MacKinder, vivendo em plena “Era dos Impérios” (denominação de Hobsbawn), se interessou pelo estudo do desenvolvimento de tais impérios ao longo da História, relacionando-o com as manifestações espaciais do poder. Em suma, buscou um fundamento geográfico para o conflito entre Estados no sistema internacional, desvendando as interações entre os homens e o ambiente físico. MacKinder condenava os geógrafos que pretendiam uma “neutralidade política”; defendia, como Ratzel, Kjellen e Haushofer, uma Geografia engajada, fornecedora de elementos empíricos para a análise política do equilíbrio de poder mundial – a Geopolítica surge dessa associação peculiar. Percebe-se, pois, que MacKinder também era partidário do Realismo Político no campo das Relações Internacionais. O mundo do século XX, para o estudioso inglês, consistiria num sistema fechado, pois não haveria mais terras a serem descobertas, como nos séculos anteriores; os acontecimentos locais não limitam sua influência às regiões próximas, mas se propagam pelo sistema mundial como um todo. O Império Britânico, de alcance mundial, deveria, portanto, levar em conta esse novo contexto nas suas ações, caso desejasse se perpetuar.

MacKinder postula que, ao longo da História universal, conjuntos de forças de características opostas vêm continuamente se confrontando – os poderes terrestres e os poderes marítimos. Os primeiros, distantes do oceano, dotados de grandes extensões contínuas de terra e de vasto volume de recursos, criam poderosos exércitos; os segundos, surgidos em ilhas ou regiões costeiras, defensores de pontos estratégicos como estreitos e passagens, criam poderosas marinhas de guerra. Para corroborar sua tese, cita as lutas entre Roma e Cartago, Atenas e Esparta etc. Para ele, é mais provável que um poder terrestre – dotado de maior volume de recursos – possa conquistar terras litorâneas e construir uma marinha de guerra poderosa, tornando-se um poder “anfíbio”, do que um poder marítimo possa tornar-se “anfíbio” através da conquista de extensões de terra distantes do oceano e da construção de exércitos poderosos. Isso pode ser interpretado como um aviso do geopolítico inglês a seu amado Império Britânico: este último jamais poderia permitir a emergência de poderes terrestres de vulto, sob ameaça de sofrer uma derrota fatal.

O geógrafo inglês, seguindo critérios históricos, fixa sua atenção no conjunto de terras da Eurásia – o chamado “Velho Mundo”, onde surgiram os maiores impérios conhecidos. Para ele, a história da Europa foi, em grande parte, forjada como resultado de seguidas invasões asiáticas por terra. A região de onde partiram todas essas invasões possui características muito peculiares: limitada ao norte pelo gelo ártico, a sul e a leste pelo deserto, é incapaz de ser invadida por mar; além disso, possui imensa extensão de planícies a leste, conectadas diretamente com a Europa Oriental. A esse conjunto de terras que vai da Sibéria aos Urais, que MacKinder denominou “Heartland” ou pivô geográfico, se relacionam os grandes poderes terrestres da História – o Império Persa, o Império Macedônico, o Império Mongol e o Império Russo/União Soviética. As invasões originárias do “Heartland”, dominantes até a Idade Média (com um breve intervalo durante o Império Romano), cessaram durante a Era Moderna – quando o desenvolvimento da navegação permitiu a emergência dos maiores poderes marítimos jamais vistos desde os vikings – portugueses, espanhóis, holandeses e, finalmente, culminando com os ingleses. Por 400 anos o predomínio coube aos poderes marítimos; a lenta criação do Império Russo, a partir do século XV, e a unificação da Alemanha no século XIX, almejando a conquista do Leste Europeu, criaram, porém, uma ameaça iminente. Somente o “Heartland”, para MacKinder, seria capaz de gerar uma potência terrestre com poderes equivalentes aos do Império Britânico. Uma aliança entre União Soviética e Alemanha, criando na “Heartland” o chamado “império do mundo”, deve ser evitada a todo o custo, pois permitiria o acesso dos soviéticos aos “mares quentes”, bem como permitiria a conquista da maior parte da Europa pelos alemães. Todas essas idéias foram utilizadas por Haushofer, porém com o intuito de criar exatamente o que MacKinder mais temia – um imenso poder continental, fruto da aliança russo-germânica, capaz de demolir a hegemonia marítima britânica e conquistar o mundo (ou grande parte dele).

A partir do conceito de “Heartland”, MacKinder cria outros dois conceitos: o primeiro é o “Inner (Marginal) Crescent” (crescente interior ou crescente marginal), conjunto de terras imediatamente próximas à “Heartland”, que a circundam. Essas terras, espaço natural de expansão de um poder terrestre fundado na “Heartland”, são fundamentais para o equilíbrio do poder internacional, na medida que, uma vez conquistadas por um poder terrestre, possibilitam isolar quaisquer poderes marítimos existentes. Por isso, afirma MacKinder, estas áreas (Subcontinente Indiano, Oriente Médio, China, Leste Europeu) devem estar sob o controle dos poderes marítimos. O segundo, o “Insular (Outer) Crescent” (crescente insular ou crescente exterior), corresponderia aos próprios poderes marítimos (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Japão, França etc), além de seus domínios “coloniais” (Sul da África, Américas Central e do Sul, Canadá, Oceania).

A fim de evitar o surgimento do temido “império do mundo”, MacKinder propôs a criação de um “cinturão de ferro eslavo” entre Alemanha e União Soviética, bem como a adoção de uma estratégia de contenção da União Soviética no Extremo Oriente (através do Japão, potência marítima como a Inglaterra, e da China) e no Subcontinente indiano, através da criação de “países-tampão”, impedindo a esta poderosa nação o tão almejado acesso aos “mares quentes”. Tais estratégias, traçadas durante as negociações dos tratados “de paz” após a Primeira Guerra Mundial, criaram raízes, se tornando também pedras angulares da configuração do mundo durante a Guerra Fria. MacKinder, assim, pode sem sombra de dúvida ser considerado o geógrafo mais influente nas relações internacionais do século XX. Isso se comprova facilmente quando percebemos que suas palavras serviram a propósitos tão diversos quanto os dos geopolíticos norte-americanos, arquitetos da Guerra Fria, empenhados na contenção da União Soviética, e os de Karl Haushofer, expoente da Geopolitik alemã, engajado na construção de um mundo onde a Alemanha fosse hegemônica.

FRIEDERICH RATZEL – A FONTE “TERCIÁRIA” DA GEOPOLITIK

Para Claude Raffestin, não se pode negar que a obra de Ratzel marca “um momento epistemológico na História da Geografia” 8. A obra de Ratzel representou um papel fundamental no processo de sistematização da Geografia moderna, contendo a primeira proposta explícita de um estudo geográfico especificamente dedicado à discussão dos problemas do Homem, além de se pautar pioneiramente por uma orientação positivista que, daí em diante, tornou-se predominante no âmbito do pensamento geográfico. O significado da sua produção para o desenvolvimento dessa ciência deriva do fato de que o estudioso alemão demarcou claramente o que viria a ser a principal via de questionamento dos geógrafos: a relação entre a sociedade e as condições ambientais. Inquestionavelmente, foi a maior contribuição individual para o desenvolvimento da Geografia Humana e da Geografia Política, além de conter os primeiros traços da Geopolítica, fonte onde beberam Kjellen e Haushofer; autores tão diferentes como MacKinder, Toynbee ou Plekhanov construíram suas concepções geopolíticas buscando contrariar muitas das idéias ratzelianas, mas a presença do alemão como referência primordial, para seguidores ou detratores, só se avoluma com tais constatações.

Ratzel era um homem de múltiplos talentos; não foi, de início, geógrafo, mas sim zoólogo, adepto da vertente darwinista. Sua atividade nas ciências naturais, ao contrário do que seria esperado, não marcou tão profundamente sua obra geográfica, comparada por exemplo com a obra de Kjellen (este, curiosamente, não possuía nenhum vínculo com a Zoologia). Além da Zoologia, revelou interesse em pelo menos mais dois campos: a Antropologia e a Política. Um de seus principais trabalhos, intitulado “As Raças Humanas”, é um estudo etnográfico onde podem-se notar referências às teses de Fraser, Tylor, Morgan ou Blumenbach; seu trabalho na área, paralelo ao de Malinowski, coloca-o como um dos formuladores da Teoria Funcionalista na Antropologia. Sua influência, não obstante, estendeu-se também à obra de estudiosos como Boas, Durkheim e Maus, em resenhas de trabalhos publicados. O outro campo de discussão no qual Ratzel se insere diretamente é o da Ciência Política. Temas como o Estado, as Relações Internacionais, as Fronteiras, a Guerra, entre outros, estão no centro de suas considerações. Surge daí o primeiro clássico da Geografia Política – “Politische Geography” – obra seminal lançada em 1897. É possível verificar a permanência de suas idéias no pensamento político conservador contemporâneo.

Apesar de centrado na Geografia, o projeto teórico ratzeliano era essencialmente inter-disciplinar, visando explicar temáticas essenciais para o conjunto das Ciências Humanas. Isso aparece de forma inequívoca na sua preocupação central em entender a difusão dos povos pela superfície terrestre, problemática que, segundo seu próprio juízo, projetaria História, Etnologia e Geografia num mesmo plano. A História forneceria um quadro da Humanidade em todas as suas porções, recompondo o movimento dos povos no planeta, dos múltiplos centros originais de irradiação da civilização humana para as sedes atuais; a Etnologia explicitaria as formas de coesão interna de cada grupo, tentando apreender as transformações vivenciadas por cada povo; à Antropologia caberia apontar o equipamento biológico, os traços somáticos de cada raça e etnia. A Geografia se encarregaria de analisar as relações que impulsionaram ou frearam o movimento humano pelo planeta, as trocas que se estabeleceram entre os homens e os meios naturais, de suas sedes originárias e dos espaços pelos quais trafegam. Na visão ratzeliana, poder-se-ia dizer que o estudo geográfico almeja uma explicação global da história da humanidade, debruçando-se sobre os diferentes contextos ambientais que compõe a Terra, pesquisando suas influencias na evolução dos povos. Teria, portanto, por campo material a Terra, incluindo a análise do homem como um "ser terrestre" e, na medida em que ocorre a interpenetração da história humana com a do planeta, a Geografia seria o domínio de contato entre os fenômenos naturais e sociais. A suprema ciência social...

Internamente, Ratzel dividiu a Geografia em três grandes campos de pesquisa: a Geografia Física, a Biogeografia e a Antropogeografia. Estas três vertentes das ciência geográficas foram concebidas como estudos sintéticos e explicativos. A unidade do conhecimento geográfico estaria assegurada na perspectiva telúrica: a Terra associando os fenômenos dos três campos. Esta proposta se demonstrou polêmica frente ao ambiente acadêmico alemão e à concepções de Gerland, que limitava a geografia aos fenômenos naturais, defendendo uma posição de cunho kantiano. O estudioso alemão dedicou a maior parte do seu trabalho à Antropogeografia; o objetivo desta também apresentaria uma tríplice repartição (influência das condições naturais sobre a humanidade, distribuição das sociedades sobre o globo, formação dos territórios); sendo a Terra o substrato dos homens, a diversidade de condições ambientais explicaria a diversidade dos povos; tais povos, movimentando-se sobre a superfície terrestre (no presente e no passado), interagem de outra forma com as condições ambientais.

A obra ratzeliana foi injustamente associada ao determinismo geográfico, fundamentalmente em função dela haver conseguido equacionar o objeto antropogeográfico (relação Homem-Natureza); tal interpretação equivocada não resiste a uma análise profunda, na qual, como já apresentado, percebe-se que fatores históricos-culturais interagem com as condições ambientais. Ratzel foi um crítico do determinismo simplista. Opunha-se à idéia "obscura" de ser o homem "um produto do meio". A idéia de predestinação dos lugares também foi alvo de seu ataque, ao qual não escaparam as colocações deterministas de Montesquieu. Não se pode equacionar a visão de Ratzel à de seus discípulos, como, por exemplo, Ellen Semple, conhecida como uma autora determinista, ou Kjellen, que cometeu um erro ao considerar seu “Estado como forma de vida” como um conceito derivado diretamente da obra de Ratzel... O Homem é visto como um ser da natureza que possui instintos, necessidades e aptidões; um animal detentor de liberdade, em busca de conquistas. Para Ratzel, as condições naturais não seriam jamais o único motor da História. As influências se dariam de forma mediatizada: no indivíduo, como condicionamentos somáticos-anatômicos e como estímulos psicológicos; na constituição social, pelos recursos e riquezas disponíveis; na constituição étnica de um povo, pelas condições de difusão propiciadas pelo meio; na organização do trabalho, pelos estímulos e barreiras existentes; na formação dos Estados, pela posição geográfica desfrutada. De fato, Ratzel ataca explicitamente a idéia da "força da densidade", formulada por Comte e trabalhada por Durkheim e denomina as ações do meio ambiente de "força do meio".

Alguns autores tentaram tecer interpretações que visavam aproximar as idéias de Ratzel ao materialismo histórico e dialético, entre eles Plekhanov, um participante da Segunda Internacional, que acreditava serem as afirmações de Ratzel complementares e não conflitantes às de Marx e Engels. A busca dessa proximidade se apoiou em influencias positivistas e evolucionistas verificadas entre os autores do denominado "marxismo ïnstitucional". Tais influencias geraram controvérsias entre os historiadores contemporâneos do pensamento marxista – as colocações ratzelianas são sem dúvida materialistas, não lançando mão em momento algum de elementos metafísicas ou subjetivistas. Entretanto, a concepção ratzeliana de Estado (que será apresentada no decorrer desse trabalho) e suas posições metodológicas se encarregam de demonstrar que não há maneira de avaliar sua obra como dialética ou marxista.

Eis as principais fontes teóricas do pensamento de Ratzel: no nível do objeto, a Filosofia da História de Herder e a Geografia Comparada de Ritter; no nível do método, a Filosofia Positiva de Comte e a Ecologia de Haeckel. Observa-se que a inspiração de Ratzel no tocante do objeto advém de autores marcados por uma ótica metafísica, possuidores de uma perspectiva teleológica que Ratzel sem dúvida não adotará; já no plano metodológico verifica-se uma postura científica rígida e objetiva. A proposta ratzeliana, apresentando orientações filosóficas dispares, não é no entanto um conglomerado eclético e difuso como a obra de Haushofer – Ratzel segue suas influências a nível de objeto num nível muito geral e limitado – a idéia de nação de Herder e a proposta comparativa de Ritter – enquanto que o rigor cientificista do Positivismo comteano é seguido “ao pé da letra”, mostrando o empenho do autor alemão em buscar, para a Geografia, o mesmo status das Ciências Naturais. O Positivismo, sem dúvida, domina a concepção ratzeliana, enquanto método científico a ser assumido pela Antropogeografia – a idéia da existência de um único método comum a todas ciências e seus respectivos objetos. Não poderia ser diferente, se recordarmos que o projeto do alemão era em essência inter-disciplinar e visava à integração das ciências do Homem. Esta postura positivista transforma a análise dos fenômenos humanos em analogias com procedimentos das ciências naturais. Essa é uma das grandes falhas do projeto ratzeliano de integração das Ciências Humanas. A Antropogeografia, assim, foi concebida como uma ciência empírica, pautada na observação e na indução, contrária a deduções, ao levantamento de hipóteses lógicas e a especulação em geral; seus estudos deveriam partir da descrição, seguida da comparação, tendo como meta a classificação.

Nas páginas de Ratzel encontramos uma visão coerente e integrada da sociedade, uma teoria da História (elaborada de forma não-sistemática) na qual o Estado aparece como agente impulsionador do progresso; o intuito dessa teoria é veicular uma visão global do desenvolvimento de Humanidade, contrapondo-se às teorias racistas. Para ele, as diferenciações encontradas entre os povos não eram produto de uma determinação genética do equipamento bio-psíquico, mas sim fruto de uma História que se desenrola sobre a Terra. A Humanidade é posta como unitária em sua origem, diferenciando-se num processo histórico. Daí sua oposição à idéia de que haja povos sem cultura. Diante da unidade da espécie humana, a civilização apareceria, segundo Ratzel, como único critério absoluto diferenciador das várias sociedades restantes – haveria os "povos naturais" e os "povos civilizados". Os primeiros vivem sobre o domínio da natureza ,dependendo dos recursos ambientais imediatos; os segundos possuem a soma das conquistas cultas, como um produto histórico cuja base repousa num progressivo intercâmbio entre homens e a natureza.

Esse critério de civilização, fortemente etnocêntrico, é um lugar-comum da ciência do século XIX – Ratzel nada mais fez do que seguir uma corrente predominante na Ciência de sua época. Continuando seu raciocínio positivista, o progresso é apresentado como uma união íntima dos povos com as condições naturais por elas vivenciadas – surgem aí ecos do pensamento do filósofo Herder e do geógrafo Ritter. Ratzel diz que a civilização assegura para as sociedades "o firme apoio da natureza" pelo uso consciente dos recursos. Ele afirma que a força do homem é inesgotável e que a "energia do povo" é o motor fundamental para o progresso. É essa energia, associada à fertilidade do meio, que proporcionaria o desenvolvimento da Humanidade. As condições do meio são entendidas como estímulos ou freios ao desenvolvimento dos povos – obstáculos passivos, portanto, não elementos que comandam ativamente a ação dos grupos humanos. Na perspectiva ratzeliana, o condicionamento natural é concebido através de causas econômicas e sociais. Assim, a posição geográfica influi na História dos povos, propiciando segurança e sedimentado o patrimônio cultural (adquirido como medida de civilização), no caso dos “povos civilizados”, ou não (no caso dos povos “naturais”).

Nesse trabalho, enfatizaremos os conceitos de Ratzel relativos à Geografia Política e a seus últimos escritos, que prenunciam a Geopolítica – foi essa parte da sua obra que influenciou a Geopolitik. Pan-germanista (como Kjellen e Haushofer seriam posteriormente), Ratzel acabou por desenvolver uma séria preocupação com relação ao futuro do Estado alemão – que não era produto de uma revolução, como na França, mas uma “modernização conservadora e centralizadora” levada a cabo por Bismarck, os junkers (latifundiários) da Prússia e os militares, em detrimento dos setores progressistas e liberais. Em razão do caráter tardio da consolidação da sua unidade nacional, a Alemanha não participou da partilha do mundo no final do século XIX; apesar de sua industrialização bastante desenvolvida, era um Estado desprovido de colônias. Um expansionismo latente será a marca da política nacional alemã a partir de então....O Reich (Império) alemão, além disso, apresentava-se extremamente fragmentado em partes desiguais.

Ratzel também se preocupava com a questão das minorias alemãs no exterior, e o quanto sua existência influía na idéia de uma nacionalidade alemã. A questão da nacionalidade era um tema recorrente na cultura alemã pelo menos desde o século XVIII. Acompanhando a revolução que se processava na vizinha França, primeiramente com entusiasmo e depois com desapontamento (pela ascensão do “corso” Bonaparte e pela política expansionista que ele empreenderia), diversos filósofos alemães (Fichte, Herder, Hegel etc) construíram seu conceito de nacionalidade sobre bases totalmente diversas das utilizadas pelos iluministas franceses (a ver: universalidade abstrata, liberalismo, cosmopolitismo uniformizante, racionalidade mecanicista). A nação, para tais filósofos, não era o produto do contrato entre indivíduos, nem fruto da vontade geral, mas sim uma comunidade mística, metafísica, particular e indissolúvel. Defende-se assim o particularismo, o não-liberalismo (expresso em sistemas políticos conservadores ou de cunho autoritário), o misticismo. Ratzel não escapou à influência desse conceito romântico de nação. Muito do que em sua obra apresenta-se como uma regra geral sofre, no decorrer da leitura, sucessivas particularizações. Afinal, ele também era um defensor da aproximação entre Geografia e Ciência Política; não estava preocupado apenas em ser um cientista, mas desejava, sim, fazer da Geografia um instrumento na mão dos homens de Estado – Ratzel, contudo, não foi explícito na defesa do Reich alemão como Haushofer; nunca afirmou que seu objetivo principal era municiar os dirigentes do Reich de dados geopolíticos para construir uma Alemanha hegemônica a nível mundial.

Ratzel inicia sua exposição com um determinado conceito de Estado. O Estado é, para ele, um organismo, que deve ser compreendido em íntima conexão com o espaço. A idéia de organismo Ratzel vai buscar na Biogeografia (disciplina que estuda a íntima relação entre as formas de vida mais primitivas e o solo ao qual se vinculam). A analogia, porém, não é completa; o solo, por suas características próprias, é considerado um substrato, uma base, um potencial a ser desenvolvido; o resultado final dependerá igualmente do caráter do povo que se estabelece nesse solo particular – não é o solo quem comanda a História humana de forma unilateral, nem tampouco o povo. O determinismo, se há, é de pequeno grau. Ratzel, portanto, não concebeu seu Estado como um organismo vivo, mas como um organismo moral, espiritual, responsável por articular o solo (elemento invariante, cujo potencial é latente) e o povo (elemento variável, que através de seu “espírito”, cultura, desenvolverá o potencial do solo). O Estado não pode ser um organismo biológico, já que os seres vivos estabelecem entre si relações de interdependência e, na visão de Ratzel, somente os indivíduos dependem do Estado; o Estado não se confunde, portanto, com o povo, estando acima deste (concepção de caráter conservador e autoritário, mantida por Kjellen e Haushofer). São explícitas nessa formulação as características do Reich alemão no período bismarckiano. O conteúdo ideológico das afirmações, e mesmo seu caráter instrumental direto, permitem incluí-la no espaço da “Kulturkampf” (política cultural, estimulada pelo Estado alemão no final do século XIX, de forte apelo nacionalista). Os gérmens que levariam Ratzel á Geopolítica, nos seus derradeiros escritos, já estão presentes de certa forma na sua concepção de Estado.

Ratzel deixa claro que o desenvolvimento de um organismo estatal não é homogêneo – ele tende naturalmente à fragmentação interna, havendo valorização diferenciada das partes do território; estabelecem-se relações do tipo “centro-periferia”, sendo que, ao centro, sempre cabe a totalidade do poder. A estrutura de circulação no interior dos estados, assim, é de suma importância. Tal estrutura, bem como a própria coesão e unidade no interior do Estado, para serem eficientes, requerem a aplicação de estratégias, as quais Ratzel dividiu em “territoriais” e “não-territoriais”. As primeiras refletiriam relações de domínio do Estado sobre o território (solo), mas não refletem projetos expansionistas (a valorização do espaço é mais importante do que sua extensão). As segundas englobam políticas culturais, econômicas etc, ligadas ao fortalecimento da coesão e unidade sociais. Há empecilhos à ação integradora do Estado; os donos de terras, por exemplo, considerados uma “força centrífuga” e desagregadora, não merecem a simpatia de Ratzel, na medida que, exercendo um poder local que se opõe à ação central do Estado, favorecem a fragmentação do Estado e a perda da coesão social.

Nas relações externas do Estado surge a questão das fronteiras. Ratzel afirma que as guerras fazem com que as fronteiras desapareçam – para evitar a conquista pelo inimigo, é fundamental possuir uma rede de circulação bem estruturada. A estrutura de circulação aparece novamente como fator fundamental. Não é por outra razão que o Estado é um organismo espiritual e moral – são essas características que lhe permitem organizar de forma coesa, criando uma estrutura eficiente de circulação, um território fragmentado de forma assimétrica onde coexistem diferentes populações, criando um mesmo “espírito nacional”. A extensão dos Estados (ou seja, o tamanho do solo) não é o que interessa aos geógrafos políticos e sim, as formas de se integrar um território partido em fragmentos diversos, com populações às vezes díspares. Não obstante a sua importância, essa parte da obra de Ratzel não teve ressonância nos trabalhos posteriores tanto de Kjellen quanto de Haushofer, pois não favorecia o expansionismo do Reich alemão, tão prezado por ambos.

Os últimos trabalhos de Ratzel contradizem muitos de seus conceitos anteriores, prenunciando a Geopolítica; neles surge um dado novo – o autor defende uma posição imperialista na relação Estado/território. A violência, a guerra e a conquista passam a ser consideradas elementos constituintes da História humana. O embate entre as sociedades, etnias e nações, podem resultar em comércio, assimilação ou em guerra, e estão vinculadas ao conceito de civilização; quando um povo num estágio “inferior” de civilização é englobado por um detentor de uma dinâmica avançada, o processo teria por consequências a fuga, a aniquilação ou eliminação total. Os “povos naturais” , via Guerra, obtém expressivo volume de recursos saqueados, além de escravos, enquanto que os “povos civilizados” objetivariam a conquista territorial.

O imperativo da conquista territorial, por parte dos “povos civilizados”, é explicado por Ratzel a partir de elementos apropriados de Malthus – o crescimento populacional e as necessidades de subsistência trariam para o Estado a necessidade de aumentar seu território. Surge, assim, o conceito de “espaço vital “ (Lebensraum) – até então Ratzel só havia aceitado esse conceito no âmbito da Biogeografia, remetendo a organismos biológicos, seres vivos. Aplicado também ao Estado, via adoção das teorias populacionais de Malthus, Ratzel acaba por justificar o expansionismo alemão, no que influenciará toda a Geopolitik, sem esquecer Kjellen. Nesse juízo, o colonialismo é exaltado, na medida em que funciona como elemento difusor da civilização. Ratzel adota, assim, uma postura mais explícita quanto às relações internacionais de sua época (até então havia se mantido relativamente afastado de questões “práticas”), defendendo a necessidade do Império Alemão possuir mais saídas para o mar, bem como o fortalecimento dos laços entre os povos de sangue germânico (pan-germanismo). Tal mudança de atitude, provavelmente, deve-se ao incremento da tensão a nível internacional verificado no início do século XX, fato que inflamou o nacionalismo não só na Alemanha, como também em toda a Europa. As últimas obras de Ratzel, sem sombra de dúvida, são as que mais influenciaram Haushofer e seus companheiros de Geopolitik.

CONCLUSÃO

Pôde-se perceber, a partir da leitura dos parágrafos anteriores, o caráter pouco científico dos escritos de Karl Haushofer – escassez metodológica, ecletismo desfocado, alto grau de referência a obras de terceiros, pouca ou nenhuma originalidade, nítida parcialidade, carência de argumentação. Torna-se, assim, surpreendente, verificar a vasta notoriedade atingida pela produção da escola geopolítica liderada pelo general-geógrafo alemão. Tal fato pode ser atribuído a eventuais méritos que essa obra contenha, ocultos sob o manto do pouco rigor científico? Não parece ser essa a resposta. Haushofer bebeu fartamente na fonte de Ratzel, MacKinder e Kjellen, sendo que sua produção geopolítica aparece em nítida inferioridade quando comparada à obra de seus três “mestres” (estes, não obstante, não desfrutaram da mesma notoriedade do “aluno”). Por quê?

Simplesmente, graças a um equívoco. Considerando Haushofer como o mentor da obra “Mein Kampf”, e associando os acordos estabelecidos pela Alemanha nazista com União Soviética e Japão às prescrições da Geopolitik, os meios de comunicação ocidentais passaram a considerar o Führer um “prisioneiro de uma notável escola de geopolíticos” ; Haushofer seria mesmo o “Maquiavel nazista”. Tal equívoco foi sendo desfeito paulatinamente, conforme a Segunda Guerra Mundial avançava. Mas, até ser completamente desacreditada, a lenda de uma “eminência parda” por trás das ações do blitzkrieg nazista cresceu, alcançando uma repercussão formidável. Resquícios dessa tremenda repercussão ainda subsistem (diversos “sites” da Internet, consultados para a feitura desse trabalho, conceituaram Haushofer como “teórico da geopolítica nazista, um dos mais próximos conselheiros de Hitler em questões externas”), o que é um dado deveras interessante.

Enfim, o pensamento geopolítico alemão, retirado o véu da publicidade que obteve graças a algumas ações efetuadas pelo Estado alemão nazista, erroneamente associadas à escola geopolítica liderada por Karl Haushofer, não representou de fato o que Isiah Bowman (geógrafo americano) considerou como “um período negro da história da Geografia”, nem, entretanto, possui a mesma importância, tanto para as relações internacionais quanto para a própria Geopolítica, da vigorosa obra de autores como Ratzel e MacKinder, ou mesmo Kjellen. Constitui, sem dúvida, caso emblemático da extrema mobilização de recursos, materiais ou não, ocorrida no período do entre-guerras, com a finalidade de sustentar os monumentais esforços de guerra dos Estados europeus; afinal, ainda que esse intervalo entre as duas grandes guerras do século fosse formalmente um período de paz, a frase de Hans Morgenthau, pilar do Realismo Político, é categórica: “o conflito abrange tanto o período de Guerra quanto o período imediatamente anterior, no qual ocorre sua preparação”...

BIBLIOGRAFIA

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MORAES, Antonio Carlos Robert (organizador) e FERNANDES, Florestan (coordenador). Ratzel – coleção Os Grandes Cientistas. São Paulo: Editora Ática, 1990

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MELLO, Leonel Itaussu Almeida. Quem tem medo da Geopolítica?. São Paulo: Editora HUCITEC/EDUSP, 1999

RAFFESTIN, CLAUDE. Por uma geografia do poder. São Paulo: Editora Ática, 1993

AMORIM FILHO, Oswaldo Bueno. Por uma Geografia Política Ampliada in Boletim de Geografia Teorética, 20(39): 5-20, 1990

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos. São Paulo: Cia. Das Letras, 1995

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Sites na Internet:

http://www.unc.edu/depts/diplomat/
http://www.encyclopedia.com
http://www.symmetrix.ch/Public/Ratzelschule/ratzel.html
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