Deusa mulher a que te chamam de Inspiração. Recrio-me quando pousas em minhas mãos e acaricias minha criatividade sussurrando em meus ouvidos...
Eu escuto e acompanho o ritmo com a caneta entre os dedos reproduzindo teus hieróglifos em tela de cego. Sabes dos manuscritos antigos e secretos. Teus mistérios cabem milhões de véus, recobertos com sedas indianas, cheirando a perfume da natureza e sofisticada embriaga-me em champagne frances.
Possuis ares de duqueza em meu sotaque de carioca. Ao teu lado duplicam-se rosas, buquê de margarida, violetas, copos-de-leite; de fonte límpida e fronte altiva, inabalável. Água benzida dos elementais e minerais. Sorriso de criança e coração antigo. Descrevestes os faraós e inspiraste a escritura com esculturas divinais. Interpretaste a alquimia. Desvendaste a Bíblia.
És tu, ó Mulher Divina! Só podias ser feminina exibindo teus longos cabelos carregados de estrelas do mar e do céu.
Mulher!... De ti são paridos todos os sonhos e encantos; toda a extensão do universo em teu útero fértil. Procrias bilhões de fetos e entregas ao mundo com a liberdade dos pássaros.
Todos os ritmos estão encerrados em ti. Todos os silêncios tornam-se multidões em fantasias.
Linda! Maravilhosa! É... tinha que ser mulher!...
Deusa amante dos artistas, minha companheira, dama das horas, do tempo, do eterno.