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Teses_Monologos-->Tibet: A luta por sua independência -- 18/04/2000 - 05:45 (Thiago de Oliveira Domigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Monografia da minha amiga - Lorenna Souza Coelho
INTRODUÇÃO

A humanidade precisa saber o quanto a cultura do Tibet foi mutilada em função do genocídio que a China provoca neste país, desde que o invadiu. Isso precisa ser divulgado porque o Tibet depende substancialmente do apoio das grandes nações para conseguir, pelo menos, parte de sua autonomia, que é o que o Dalai Lama hoje pede ao inimigo. Sendo sua maior preocupação o fato de os tibetanos, dentro de sua própria terra, não terem a liberdade de culto de que tanto necessitam e que rege suas vidas.
Com a intenção de declarar à todos o desejo de liberdade dos tibetanos, na tentativa de conseguir o apoio das grandes nações à sua causa, o Dalai Lama tem peregrinado pelo mundo, levando sua mensagem de paz e conseguindo fazer com que o mundo, pouco a pouco comece a se dar conta do que foi e está sendo feito da cultura e do povo do Tibet.
É inadmissível que às portas do século XX e com as discursões em torno dos direitos humanos estarem cada vez mais presentes no cotidiano ainda se verifique tanta agressão à um povo, que nada tem de ambição material e no qual

suas vidas se concentram em um único objetivo: alcançar o nirvana através da elevação do espírito.
Devido ao interesse mundial por esta questão estar crescendo e por ser de suma importância o apoio mundial à causa, verifica-se a necessidade da construção de um trabalho, que explicite o contexto que antecede a invasão chinesa e mostre como e porque o Dalai Lama tem conquistado a simpatia de todos, além dos inúmeros adeptos à sua religião, o budismo, e à sua causa.











1 TIBET: UMA ANÁLISE GERAL

1.1 HISTÓRIA
O início da história do Tibet data de 2.300 anos; nos oito primeiros séculos, foi governado por uma dinastia militar. Gradativamente essa dinastia foi expandindo seus domínios no planalto tibetano, próximo às montanhas do Himalaya.
Se situa exatamente entre a China, Birmânia, Butão, Índia e Nepal e por se localizar a uma altitude média de 3.000 metros, o Tibet é considerado o “Teto do Mundo.” À noite mais estrelas brilham sobre quem observa o céu, do que se pode imaginar.
Por volta do século VI, foram enviadas diversas campanhas militares para as terras vizinhas, e com isso o povo tibetano, que era nômade, tinha uma reputação de bárbaro. Mas, no século VII, o imperador tibetano Songtsen Gampo começou a transformar a civilização feudo-militar em um império mais pacífico. Convidou monges budistas da Índia para propagar o budismo em seu país e enviou


estudantes para lá, onde aprenderam a língua sânscrita e começaram a traduzir a vasta literatura budista para a língua tibetana1.
Songtsen construiu muitos templos imperiais, milhares de mosteiros e dentre todas as suas contribuições para o Tibet, foi ainda o responsável pela criação de sua capital Lhasa, que em tibetano significa “Terra dos Deuses” . Desenvolveu a cidade como estação intermediária nos negócios entre a China e a Índia. Foi este mesmo imperador que mandou erigir um grande palácio que pode ser considerado o “Vaticano Budista”: o Potala, palácio de inverno do Dalai Lama e onde todos eles sempre passaram a maior parte de suas vidas até 1959, é considerado pelos tibetanos um local extremamente sagrado e todos sempre o reverenciaram como tal. O Potala foi construído sobre uma íngreme colina , com 110 metros de altitude e ocupando uma área de aproximadamente 130.000 metros quadrados. Ao se aproximar de Lhasa é a primeira visão que se tem, capaz de causar grandes emoções no momento em que surge no topo da colina2.
Os sucessores de Songtsen, continuaram a transformação cultural no Tibet, custeando as traduções, organizando conferências, criando instituições e

_________
1. deve-se à essa iniciativa a existência, até meados deste século, de livros tibetanos manuscritos, sendo a única forma algo até a invasão deste país de se fazer qualquer tipo de publicação.

2. começou a deteriorar-se alguns séculos depois, quando o Quinto Dalai Lama principiou sua reconstrução em 1642.

fazendo florescer diversas artes e ciências .
Uma revolta na família real fez a dinastia entrar em colapso. A nação se fragmentou e o budismo foi temporariamente perseguido, ressurgindo um século depois. E nos séculos seguintes, os estudos refloresceram , as construção de monastérios aumentou e a tradução dos textos canônicos foi concluída, dando lugar à produção de textos realmente tibetanos.
Como a força do budismo era grande, a política de não-violência impediu o surgimento de novas dinastias. As famílias nobres foram perdendo sua influência para as instituições monásticas. . A quantidade de militares diminuiu e a de monges aumentou.
No fim do século XIV iniciou-se a “renascença espiritual” do budismo tibetano, com a realização do Grande Festival das Orações em Lhasa ( era comemorado anualmente no Tibet até 1959, quando da invasão chinesa); era uma festa que contava com a presença do Dalai Lama, (numa de suas raras aparições) e era decorada por imensas figuras feitas de manteiga; toda a população da cidade participava e contava ainda com a presença de milhares de pessoas vindas de outras regiões do Tibet, enchendo assim as estreitas e íngremes ruas de Lhasa.
No século XVII, o Quinto Dalai Lama , o “Grande” foi entronado com rei do Tibet, desmilitarizando totalmente o país e promovendo a pacificação e

desmilitarização dos mongóis , uma das maiores transformações sociais da história.
O Décimo-Terceiro Dalai Lama, iniciou um processo de “modernização” do Tibet. Em 1903, as tropas britânicas forçaram o governo tibetano a aceitar um “tratado comercial” com a Índia, que só favorecia os britânicos, colonizadores da Índia .
Em 1910, houve a tentativa da China de anexar o Tibet à ela, penetrando no país, mas como o Dalai Lama estava na Índia, a invasão foi sem sucesso, mesmo com o uso de violência e de propaganda enganosa.
Atualmente, o governo popular da República Popular da China afirma que o Tibet já fazia parte do seu território, porém, os Dalai Lamas governaram o país sem nenhuma interferência chinesa até o século XX.









1.2 ASPECTOS GEOGRÁFICOS
Até a década de 50, o Tibet não possuía sequer uma estrada e a única maneira de chegar até sua capital, Lhasa, era no lombo de animais ou em peregrinação, como a maioria dos tibetanos.
De uma impressionante beleza natural, o Tibet é caracterizado por planícies amplas, diversificadas por trechos montanhosos. Seu planalto gélido é varrido pelo vento no topo do Himalaya, a cordilheira onde reluzem, em sua beleza selvagem, as montanhas mais altas do mundo. O ponto culminante é o Monte Everest, a 8.848 metros de altura.
Apresenta uma boa amplitude térmica, com temperaturas entre - 15° C e 30 °C. É detentor de uma imensa área de 2,5 milhões de Km 2.
Apesar de sua altíssima altitude e do clima gélido quase o ano todo, o Tibet possui um solo extremamente fértil com uma agricultura bastante característica e de grande qualidade; possui grandes riquezas minerais e em grande quantidade, como urânio, ouro, ferro, cobre, carvão mineral, petróleo, fontes termais, dentre outros, totalmente inexplorados pelos tibetanos. Com um ecossistema riquíssimo; quase toda a Ásia depende de rios que nascem no Tibet.



1.3 POPULAÇÃO
O Tibet vivia até meados deste século, sem nenhum contato com o mundo e com a civilização ocidentais; mantinha-se às margens da evolução e de absolutamente todos os acontecimentos do mundo ocidental. Para se ter uma noção em 1949 havia apenas seis estrangeiros em sua capital Lhasa, conhecida como a “Cidade Proibida”, pois era impossível penetrar pelo interior do país e chegar até ela, apesar do fascínio que todo o país sempre despertou no ocidente.
Devido à esse isolamento, o país era bastante primitivo, pelo fato da evolução e da tecnologia não terem chegado lá. Num modo de organização feudal (com castas, servos, nobres e o “clero”) , e com muitas características medievais.
A população, de aproximadamente seis milhões de habitantes, vivia numa situação extremamente precária em termos de conforto, saneamento básico, dentre tantas outras coisas de necessidade básica para nós ocidentais.
Sua alimentação era basicamente chá com manteiga e tsampa, uma mistura de cevada, chá com manteiga , leite ou cerveja. Os tibetanos fazem culto ao tsampa e ao chá com manteiga (que geralmente é preparado com manteiga rançosa), e chegam a tomar até sessenta taças dessa repugnante bebida, por dia.


O aspecto mais marcante da vida cotidiana é a apaixonada rezaria dos tibetanos. Todos os dias, a qualquer hora, milhares de peregrinos giram os “cilindros de orações” e fazem oferendas de ervas e incenso nos templos.
Para os tibetanos, a vida, apesar de ser apenas uma passagem, é por demais valorizada. Não se tira a vida de qualquer ser; até uma formiga ou minhoca, se machucada, é tratada na tentativa de preservar-lhe da morte. Os tibetanos não querem deixar vestígios de seus corpos após a morte, que sem alma nada significam. Os corpos são levados até o topo de uma alta montanha e são desmembrados, para servirem de alimento para os corvos e abutres.
O que realmente importa para os tibetanos é a salvação de suas almas, onde a principal crença da sua religião, o budismo, é a de que as orações e a meditação aprimoram o carma, a lei moral que governa as reencarnações sucessivas de todas as almas até atingir o nirvana, estágio de cessação de todos os desejos e fim do ciclo de renascimentos
Trata-se de um povo com uma simplicidade e pureza incomuns. Sua principal característica é a crença na religião budista; a população vive em função desta e a coloca acima de qualquer necessidade física e sentimental ou bem material. No Tibet tudo era inspirado na religião e como era de acesso à todos,


mesmo em se tratando de um regime feudal, o povo era feliz, gozando de sua plena liberdade de culto e devoção ao Dalai Lama, figura cultuada como seu Deus
Supremo e considerado “Buda Vivo”, conforme a crença popular. Todas as preces são dirigidas à ele não como governante, mas como o Deus protetor do país.
A ordem religiosa do budismo é subdividida em monges e lamas que são reencarnações de Deuses. Não há quem questione (nem em pensamento) o poder desses lamas, que são uma espécie de discípulos do Dalai Lama, o “papa budista”.














2 S.S. O DALAI LAMA

O título Dalai Lama, " Oceano de Sabedoria" , foi dado por um imperador ao monge Sönam Gyatso em 1573. Para os tibetanos, os Dalai Lamas são emanações de Chenrezig, o Buddha da Compaixão. A linhagem começou entre os séculos XIV- XV e continua até os dias de hoje.
O poder temporal e religioso passou a ser exercido pelos Dalai Lamas a partir do século XVII , com S.S. o "Grande" Losang Gyatso.
O Décimo-quarto Dalai Lama, Tenzin Gyatso, nasceu no dia 6 de julho de 1935, na vila de Takse ( região leste do Tibet).
Em 1937, monges budistas foram enviados à vila para procurar o novo Dalai Lama. Para não despertar atenção. Eles se disfarçaram de mercadores e não revelaram qual era o objetivo da visita. Eles perceberam que todas as características daquele lugar eram idênticas às descrições da visão que teve o regente do Tibet.



Foram até sua casa e o menino reconheceu os dois ( mesmo sem nunca tê-los visto), fazendo afirmações corretas à respeito deles. Dois anos depois, veio a confirmação: ele era realmente S.S. o Décimo-quarto Dalai Lama. Foi ordenado
monge budista em 22 de fevereiro de 1940, com quase cincos anos de idade e recebeu o seu nome religioso: Jetsun Jambel Ngawang Losang Yeshe Tenzin Gyatso.
O controle temporal e religioso foi assumido no dia 17 de novembro de
1950, aos dezesseis anos de idade, devido à necessidade do país em ter um líder no poder, na tentativa de entrar em um acordo pacífico com a China, que demonstrava grande interesse em invadir o Tibet.
Ele sempre foi uma pessoa muito simples e cordial, possui um fino senso de humor e uma clareza de espírito definida como uma mistura de beneditino, franciscano e jesuíta.
O Dalai Lama com sua inteligência vivaz e conhecimento pouco comum, sempre foi muito aberto à influência do pensamento ocidental e é um homem que entende o jogo político e as forças em ação no mundo contemporâneo.
Traz sempre um agradável sorriso estampado no rosto e tem o poder de transmitir paz só em olhar para ele.




3 A INVASÃO CHINESA

Em 1949, quando os comunistas chegam ao poder na China, começa-se a ouvir rumores de que os chineses estavam interessados em "libertar" o Tibet dos invasores estrangeiros e das influências imperialistas. Lembre-se que até essa data havia somente seis estrangeiros no país.
À medida em que se intensificaram esses rumores, o governo tibetano via a necessidade de reorganizar seu pequeno exército, o que não foi uma tarefa fácil , depois da desmilitarização do país. Finalmente caem na real que o isolacionismo trazia um grave perigo para o país. A Assembléia Nacional via a necessidade de estabelecer relações diplomáticas com Estados estrangeiros e declarar ao mundo que o Tibet queria ser independente. Até então a alegação da China que o Tibet era uma de suas províncias, permanecia sem contestação. Em conformidade com sua política de neutralidade, o governo se recusava a dar explicações ao mundo.
Foi então enviado missões para visitar Pequim, Washington, Londres e Nova Délhi.

Infelizmente foram atitudes tardias, pois pouco depois a China começou a instalar seu exército na fronteira. As tentativas do governo tibetano de chegar a um acordo por meios diplomáticos foram em vão. E a 7 de outubro de 1950 o inimigo atacou a fronteira em seis lugares simultaneamente, e suas tropas foram penetrando pelo interior do país.
A Assembléia Nacional mandou um apelo urgente à ONU, pedindo ajuda, declarando que "seu país fora invadido em tempos de paz sob o pretexto de que o Exército Vermelho do Povo não toleraria a influência de potências imperialistas no Tibet". Embora o mundo inteiro soubesse que o país estava livre de qualquer influência estrangeira. Não havia influências imperialistas e nada a ser libertado. Se havia uma nação que merecia o apoio da ONU, esse país era o Tibet, entretanto seu apelo fora rejeitado.
À este tempo todos já sabiam que o Tibet deveria se render ao belicoso inimigo.
O governo Chinês solicitou que o governo tibetano fosse à Pequim para um acordo. E após prolongadas negociações foi formulado o Tratado de Pequim, que assegurava a administração interna do Tibet ao Dalai Lama e garantia que a religião seria respeitada e a liberdade de culto concedida. Em retorno os chineses


assumiriam as relações exteriores do país e teriam o direito de enviar armamentos e soldados indiscriminadamente para o Tibet.
Até o outono de 1951 todo o Tibet fora ocupado por tropas chinesas. O que gerou fome no país, que não conseguia alimentar o exército de ocupação e os habitantes. Foram construídos centenas de quilômetros de estradas, conectando essa terra, antes sem caminhos, à China, que quer o Tibet por apetite territorial, interesse estratégico e destino imperial.
Durante dez anos, o Dalai Lama procurou uma solução pacífica. No dia 10 de março de 1959, milhares de pessoas realizaram um protesto contra a invasão chinesa, ocasionando a morte de mais de 1,2 milhões de tibetanos e dos 6.254 mosteiros, templos e santuários, apenas 13 foram preservados, outros 4 foram transformados em presídios e os demais foram saqueados ou totalmente destruídos. Monges foram obrigados a manter relações sexuais em público. Milhares de tibetanos foram enviados para campos de trabalho forçado. Locais sagrados foram transformados em estábulos e celeiros. Rochas inscritas com mantras foram utilizadas na construção de mictórios. Bibliotecas com manuscritos centenários foram incendiadas.



Poucos dias depois foi oficialmente anunciado que o Tibet estava sob controle Chinês. O Dalai Lama, seus familiares e mais de cem mil pessoas tiveram que pedir asilo à Índia e outros países do mundo livre.
O governo indiano, gentilmente, cedeu asilo aos tibetanos e um governo extra-oficial do Dalai Lama no exílio foi estabelecido na cidade de Dharamsala.
Além de sua riqueza mineral, o Tibet tem grande importância econômica e geopolítica. Devido à sua posição estratégica, 25% dos mísseis intercontinentais da China foram transferidos para lá , incluindo cerca de 70 mísseis nucleares. O ecossistema tibetano, apesar de ser muito rico, é extremamente frágil. Cerca de 80% das florestas tibetanas foram destruídas e diversas espécies animais correm risco de extinção. Certas regiões são usadas como depósito de lixo nuclear.
A República Popular da China empreendeu um programa de injeção de população chinesa, que agora provavelmente supera os tibetanos em seu próprio país. Se estima que em Lhasa, vivem cerca de 160.000 chineses e apenas cerca de 100.000 tibetanos.
A China está engolindo o Tibet. As lojas, hotéis e mercados são, em sua maioria, chineses. As casas tipicamente tibetanas, estão sendo demolidas e


substituídas por edifícios cinzentos típicos dos regimes comunistas. As florestas estão sendo derrubadas e a madeira enviada à China.
Desde a revolução cultural, muitos mosteiros foram em grande parte
destruídos. O trabalho de reconstrução tem sido dolorosamente lento. Os monges vivem em meio ao medo sem permissão para praticar sua religião.
As mulheres tibetanas estão sempre sujeitas à esterilização e ao aborto forçado.
Porém o verdadeiro Tibet está em via de extinção. O povo não possui quaisquer direitos. Não se tem liberdade de expressão e a religião é controlada. Os tibetanos, minoria no próprio país, são discriminados em todos os aspectos e não possuem as liberdades fundamentais; quem se manifesta contra a ditadura comunista é duramente repreendido. Quem possuir uma foto do Dalai Lama, uma bandeira tibetana ou qualquer material pró-Tibet é preso imediatamente. O simples ato de conversar com um estrangeiro pode levar à prisão.
Atualmente, há mais de 1.100 presos políticos no Tibet, incluindo S.S. o Panchen Lama3. Muitos desses prisioneiros políticos, foram detidos sem acusação ou julgamento; têm sido sistematicamente interrogados, torturados e
_________
3 Quando se travou a última batalha pela alma tibetana. Em 1995, os chineses o seqüestraram; sendo ele um menino de oito anos de idade, designado como a reencarnação do segundo homem na hierarquia espiritual tibetana, e impuseram a própria escolha, um menino de 10 anos.

maltratados. E o povo é guardado por um desproporcional número de 1 soldado para cada grupo de 12 habitantes.
Arranha-céus estão sendo erguidos e as atividades industriais, a educação e o padrão de vida estão todos em rápido crescimento. Construíram-se hospitais, escolas e pontes. Em 1997, a economia local cresceu 10%. Surge uma classe média resignada à necessidade de educar seus filhos em escolas chinesas, embora a imensa maioria dos tibetanos continue vivendo da agricultura e do pastoreio.
No entanto, a religião é o que os une e lhes dá forças para resistir. Os budistas mal olham para a seqüência de cassinos e casas de prostituição. Não que a religião proíba o jogo ou recrimine o sexo; a revolta dos habitantes e peregrinos de Lhasa é contra a ocupação do país, o exílio do Dalai Lama e a obstinada tentativa de destruir a alma e a identidade tibetana.
Se não consegue transformar a região numa província como outra qualquer, é porque a campanha do regime comunista esbarra no fervor religioso da população. Todas essas décadas de destruição, repressão, genocídio, doutrinação e imposição do progresso material, não apagam o desejo de liberdade dos tibetano, assim como suas crenças religiosas profundamente arraigadas e a necessidade do retorno de seu líder, Dalai Lama.


Acreditam piamente que seus esforços para libertá-los e recuperar sua cultura, chegarão ao fim com grande êxito. É nesta crença que se apegam; rezam todo o tempo pela proteção de seu líder espiritual e pelo sucesso nas suas várias tentativas de obter apoio mundial pela libertação de seu povo.















4 A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA

Entre 1979 e 1984, O Dalai Lama enviou à Pequim duas delegações de representantes do governo no exílio, na tentativa de fazer um acordo pacífico com o inimigo. Novamente os diálogos não tiveram sucesso, pois os chineses só queriam discutir seu retorno ao Tibet, e não os problemas de direitos humanos e a situação legal do país, como pretendia.
Hoje os chineses vêm uma grande necessidade em ter o Dalai Lama de volta ao Tibet, pois a China tem observado sua imagem se esvair e se deteriorar a cada dia, em função das andanças do líder. Que propaga aos quatro cantos do mundo como era seu país e como vivia seu povo. Mostra o que o belicoso inimigo fez da cultura tibetana.
Em 1987, milhares de tibetanos saíram pelas ruas para protestar, muitos foram presos e mortos; ocasionando cinco propostas do Dalai Lama:
1. Fazer do território uma região de paz desmilitarizada;
2. Acabar com a transferência de chineses para o Tibet;


3. Respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais dos tibetanos;
4. Restaurar e proteger o ambiente natural da região e abandonar a produção de armas nucleares;
5. Iniciar as negociações sobre a situação legal do país e sobre a possível instauração de um governo democrático.
Porém, há muito tempo, o Dalai Lama desistiu de reivindicar a independência e pede apenas autonomia, que incluiria a liberdade de culto e a restauração do ensino em língua tibetana.
Com a intenção de declarar à todos o desejo de liberdade do tibetanos, na tentativa de conseguir o apoio das grandes nações à sua causa, o Dalai Lama tem conseguido fazer com que o mundo, pouco a pouco comece a se dar conta do quanto a cultura do Tibet foi mutilada nessas cinco décadas de invasão chinesa.
Em sua peregrinação pelo mundo ocidental, tem despertado grande interesse por sua causa, além de difundir a religião budista, através de sua mensagem de paz, que conta hoje com milhões de adeptos e simpatizantes em todo o mundo, em função de sua filosofia, que prega a paz entre os homens, seu bem estar social e a fraternidade; e não faz qualquer tipo de objeção ou crítica às demais


religiões, ao contrário, as respeita e compreende o motivo da opção religiosa das pessoas; como disse o próprio Dalai Lama:
"Compreender, dividir experiências e valores, não quer dizer abdicar da própria religião para criar somente uma. (...) Sempre pensei que devemos manter as diferentes tradições religiosas, porque os seres humanos possuem disposições mentais diferentes (...) Como o mesmo alimento não se adapta a todos, assim é também a religião que nutre espírito e intelecto."
Sua simplicidade é tão grande, que chega a ponto de relevar alguns de seus atributos tradicionais, contradizendo a crença de que seja o Buda vivo.
Ouve-se falar do desejo de jovens tibetanos, em organizar um conflito armado para libertar o Tibet, o que foge à um dos principais princípios do Dalai Lama, que não aceita em nenhuma hipótese a luta armada; ele acredita que pacificamente libertará seu povo das garras do inimigo.
Em 1989, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. É reconhecido mundialmente como grande defensor da paz mundial, do desarmamento, da não-violência, do entendimento religioso e da ecologia. O que junto à veneração dos próprios tibetanos ao líder, que a maioria nunca viu pessoalmente, se tornou um obstáculo intragável, do ponto de vista chinês, que desde a premiação do líder


religioso, passou a insultá-lo. A China sabe que o líder do Tibet é pragmático no relacionamento com seu algoz.
Apesar do progresso no Tibet, em termos humanos, não estar caminhando milimetricamente e do povo viver reprimido, na penumbra da consciência internacional, para surpresa da China a demanda popular pela independência do país tem crescido no mundo todo, devido aos esforços e ao carisma do Dalai Lama que cada mais, tem conquistado a admiração e a reverência de todos.
O Dalai Lama visitou o Brasil durante a Eco 92 e em abril de 1999.
Sua visita este ano foi marcada pelo imenso número de pessoas vindas de todas as partes do país e de países vizinhos, que se amontoavam para assistir suas palestras e ouvir suas mensagens.
As pessoas que o assistiram tiveram a confirmação exata do que ele prega: compaixão, persistência, autoconfiança, contentamento. Sempre sorridente, sua "alegria infantil e a insistência em se apresentar como mortal comum fazem dele um comunicador poderoso" 4 e agradabilíssimo, com imenso poder de atrair a platéia. "As qualidades humanas do mensageiro são tão importantes quanto a mensagem. Ser gente é a maior qualidade de um ser humano que quer tocar corações" 5 .

O líder religioso S.S. o Dalai Lama recebeu várias homenagens de artistas, estudantes e intelectuais brasileiros, seguidores e simpatizantes da
filosofia budista e admiradores do "Buda Vivo".
Entretanto as grandes nações que poderiam exercer influências na libertação do Tibet, não o fazem de forma alguma, por manterem estreitos laços comerciais e financeiros com a China “o gigante do desenvolvimento”.
Muitas vezes, apenas por convenções diplomáticas ou jogadas políticas internas, alguns líderes aceitam um encontro oficial com o líder budista, quando este se encontra em seu país. Mas na maioria da vezes se negam até em vê-lo ou aceitam encontrá-lo rapidamente, em locais neutros e de maneira absolutamente informal.
Quando de sua visita ao Brasil, mesmo com todo o apoio da população, o
presidente Fernando Henrique Cardoso, à princípio nem ao menos o receberia, enfim acabou aceitando um encontro extra-oficial de quinze minutos, o que já foi necessário para chegar ao conhecimento da Embaixada, que imediatamente


__________
4 GOÉS, Marta. Reforma nos corações. Isto é, São Paulo: Três, n.1541, pp. 70-75, 14 abr.
1999.

5 Id. Ibid. Rabino Henry I,1999.

informou à China. Agora a presidência aguarda a repreensão do país, que ainda não se sabe de que forma virá.



A China diz que há liberdade no Tibet, porém possuir uma foto de um ganhador do Prêmio Nobel da Paz, o Dalai Lama, é motivo para espancamento e prisão. Por que este governo teme o ganhador de um prêmio de paz? Um homem que sustenta o diálogo, o perdão e o compromisso?
Richard Gere








CONCLUSÃO

A liberdade do Tibet, está acima de tudo nas mãos dos líderes das grandes nações.
É neste ponto que se esbarra o sucesso da luta pela independência do país. Como se trava um conflito com um grande parceiro comercial?
É nisto que estes países se apegam para se negarem a dar qualquer tipo de apoio à causa e ao Dalai Lama.
A China não aceita que algum parceiro comercial, apoie a causa do Dalai Lama. Mas os líderes das grandes nações poderiam encontrar formas diplomáticas e estratégicas para fazê-lo, restringindo os laços que os une à este país, impondo condições favoráveis ao Tibet, para que retomem novamente os laços comerciais com a China. No entanto se mantém às margens deste problema, preferindo não se indisporem com o grande e lucrativo parceiro do que salvar e preservar milhares de vidas.



O relógio está correndo contra o Tibet. Se nada for feito, o país, seu povo, religião e cultura ficarão cada vez mais esmaecidos, podendo um dia vir a desaparecer.
Mesmo com a recente comemoração do cinqüentenário da Declaração dos Direitos Humanos, e apesar do apoio popular à independência do Tibet estar crescendo em todo o mundo, infelizmente os direitos humanos são preteridos pelos objetivos materialistas.













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