O céu de um azul limpo dá sinais de um frio rigoroso. No corpo gélido, roupas que modelam e insinuam. Os ossos rangem no atrito dos passos. As ruas são infinitas, parecem não ter saída.
Os olhos percorrem os lugares procurando por algo indefinido. Olha outros rostos e tenta vislumbrar o que procura. Desalento. Nada vê, nada ouve.
Algumas batidas no chão indicam caminhada. Sem tréguas e sem destino.
Procurando ainda o caminho de volta, por sobre as nuvens densas, percebe as respostas do corpo. Os passos já não tão hesitantes procuram a saída de emergência.
O coração alterado quer correr em busca do que ficou retido no tempo.
As mãos frias se insinuam temerosas de acordar um corpo vazio. Como vulcão que, paralisado, apenas existe.
E o frio cortante que doma todos os espaços não consegue conter o tremular do corpo que se aquece na lembrança.
Enfim, encontro do ninho, que vazio recolhe o corpo só, feito pó a aquietar-se em todos os cantos.
Um corpo de mulher que no frio se acende e nas manobras que o tempo permite, se entrega ao afago das mãos frias, tornando-o exultante e destemido, dos prazeres que a carne concede, gemendo e gritando um nome. O teu
Que fica guardado nos últimos instantes de agonia, de um orgasmo estranho, de um ninho vazio.